Gabriel Marçal 
Desenvolvedora: Otomate
Publicadora: Aksys Games
Data de lançamento: 18 de Maio, 2023
Preço: R$ 253,41
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Aksys Games.
Revisão: Marcos Vinicius
Winter’s Wish: Spirits of Edo é uma visual novel Otome desenvolvido pela Otomate e publicado pela Aksys Games para o Nintendo Switch no Ocidente. Nesta história, acompanhamos Suzuno, uma garota solitária que mora em um templo onde cuida do túmulo de seu pai sem ninguém para lhe fazer companhia.
Suzuno possui um poder especial de enxergar as emoções das pessoas, bem como quando elas estão em perigo, e por isso é convocada pelo Shogun, um imperador japonês, para servir de apoio a um esquadrão de samurais que caça monstros que nascem das emoções negativas que ela consegue visualizar. Sendo uma aventura romântica cheia de ação e com bastante densidade, a jornada de Suzuno é uma das que já tive maior prazer em acompanhar em um jogo do gênero.
Com um elenco carismático e extensamente diverso, uma delicada direção de arte e bastante ambição, o Winter’s Wish: Spirits of Edo traz uma leitura gostosa e bem ritmada. Sem mais demoras, venham conhecer o Japão feudal dessa aventura apaixonante!
O Japão do Período Edo
Um dos pontos fortes de Winter’s Wish: Spirits of Edo logo de cara é a sua ambientação como um todo: o jogo se passa em um Japão feudal do Período Edo, que data de 1603 a 1868 — e parece respeitar bastante sua base, pelo menos em comparação com outras obras do gênero que se passam neste mesmo período, a época em que se passa.
Os termos usados e a estrutura social é bastante razoável no entanto, enquanto o modo de pensar dos personagens na maior parte do tempo também é bem coerente com o momento da história, o que torna a ambientação do jogo bastante rica.
Fora isso, a estrutura da cidade principal do jogo, que se divide em distritos com funções, é bem lógica e intrigante. E a maneira com o que o jogador interage com ela faz do world-building bem mais interessante que na maioria das obras.
Além disso, os personagens que constituem um esquadrão exclusivo que trabalha para o imperador, possuem trabalhos secundários e uma “vida normal” de fachada, expandido esses personagens e lugares e complementando as lacunas da história. Por fim, a parte mais interessante da construção do mundo ao meu ver não se dá no Japão feudal retratado em centenas de obras, mas sim em sua parte fantástica, diversa e criativa.
Não quero entrar em spoilers para não atrapalhar a experiência, pois tudo é extremamente bem explicado e ajuda na trama da história, mas a maioria dos personagens de Winter’s Wish não são humanos e sim integrantes de outras raças bem pouco usuais. Isso somado aos poderes da protagonista e a explicação para os inimigos torna toda a construção do mundo da história bem rica.
Por fim, acho curioso ressaltar que esse tipo de história onde um grupo de humanos especificamente capacitados luta contra algum tipo de monstro tem tomado os holofotes na indústria dos shounen nos últimos anos: Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba-, Chainsaw Man, Jujutsu Kaizen e Shingeki no Kyojin seguem essa estrutura e são provavelmente os animes de maior sucesso da atualidade. Por isso foi bem interessante ver o “take” dos Otome Games sobre esse tropo nessa aventura.
A calma e dinâmica narrativa
O pacing de Winter’s Wish: Spirits of Edo é excelente. O principal divisor de águas de um Otome Game no entanto é seu ritmo de leitura, porém este jogo acerta em cheio.
Para aqueles que acompanham minhas reviews, sabem como eu valorizo isso, sendo o ritmo o principal fator que distingue obras medíocres como Olympia Soirée e Dairoku: Agents of Sakuratani, de obras excelentes como Birushana: Rising Flower of Genpei e BUSTAFELLOWS — Winter’s Wish: Spirits of Edo com certeza está ao lado dessas últimas.
As rotas são bem traçadas em um momento do jogo, e a obra te dá conteúdo o suficiente sobre os personagens antes da decisão, tudo isso sem depender de longas explicações entediantes ou flashbacks. A apresentação e exposição se dá principalmente através de diálogos com os personagens, e Suzuno, a protagonista, não faz papel de boba, ela entende as coisas, raciocina e se antecipa. Ela não é apenas vítima das circunstâncias, o que seria bastante comum.
O único tropo que realmente me incomoda nesse jogo é o do “pet” que encontra Suzuno na reta final do primeiro capítulo e fica ao lado dela durante a aventura, servindo para ser uma espécie de alívio cômico e vetor da fofura. Ele é na maioria das vezes apenas irritante e perda de tempo, mas isso é definitivamente apenas um “nitpicking”, ou seja, estou caçando pelo em ovo, pois isso é plenamente irrelevante para o todo da experiência.
Os seis samurais
Não adianta ter uma excelente história, ótimo passo e world-building se não tiver o principal ponto de venda de uma Otoge: macho! Felizmente estamos bem servidos disso por aqui.
Enquanto na maioria dos Otoges que já joguei sempre fui capaz de encontrar um personagem que me interessasse, aqui foram quase todos. Mesmo aqueles que não se encaixam nos estereótipos que costumam me interessar são bem escritos o suficiente para me fazer se apaixonar por eles. Além disso, o cast que conta com 6 opções que traz bastante variedade. Não existem duas opções semelhantes nesta histórias, todos os rapazes são únicos.
Até por isso tive bastante dificuldade de escolher a rota no começo já que são 3 rotas com uma dupla e eu fiquei com exatamente um interesse em cada uma delas, mas isso é claramente ótimo e expande o conteúdo do jogo incentivando o jogador a jogar todas as rotas. Além disso, seus designs também são impecáveis e devem agradar a jogadores com diferentes gostos.
Facilmente uma ótima indicação para fãs de Otoges
Uma história completa que começa abordando solidão e preconceito com o diferente e vai a todos os lugares a partir disso, a representação da negatividade e das ansiedades sociais como ameaças palpáveis e a relação entre duas pessoas como resposta para muita coisa torna essa uma narrativa bastante interessante e com bons valores.
Com muitas opções de romance, um ritmo frenético e uma delicada direção de arte, ótimas artes, designs e trilha sonora, Winter’s Wish Spirits of Edo é uma aventura completa e de fácil indicação para leitores de visual novels Otome, sejam veteranos ou novatos.
Prós
- Ótimo ritmo de narrativa;
- Boas opções românticas;
- Ambientação baseada no Período Edo bastante convincente;
- Direção de arte se destaca pelos traços delicados e detalhados;
- Abordagem de temas interessantes como por exemplo, solidão e preconceito.
Contras:
- Mascote irritante.
Nota Final:
9,5
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