Desenvolvedora: ILCA, Inc.
Publicadora: BANDAI NAMCO Entertainment
Gênero: RPG baseado em turnos
Data de lançamento: 26 de Julho, 2024
Preço: R$ 299,90
Formato: Digital, Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela BANDAI NAMCO Entertainment.
Revisão: Marcos Vinícius
Após mais de 27 anos desde o início de seu mangá, 25 anos de anime, uma série Live Action muito bem-sucedida, e diversos jogos licenciados da IP, ainda há quem não esteja familiarizado com a obra de Eiichiro Oda, One Piece? Luffy, o homem que se tornará o Rei dos Piratas, já passou por diversas aventuras em sua longa jornada, e ONE PIECE ODYSSEY, o mais recente RPG de turnos da série nos videogames, chega para nos apresentar a mais uma nova, embora familiar, história do bando do chapéu de palha.
História nova, com cara de velha
Após atracarem numa ilha desconhecida de uma maneira nem um pouco convencional, Luffy e o bando do chapéu de palha começa a explorar a ilha de Waford, um local cheio de ruínas e criaturas misteriosas. Eventualmente se depararem com Lim, uma garota com um passado rancoroso com piratas, que ao se sentir ameaçada pelos visitantes, usa seus poderes para privá-los de todas as habilidades que desenvolveram nos seus dois anos de navegações, as colocando em pequenos cubos que se espalham por toda Waford.
Após mostrarem que não são tradicionais piratas malvados, a tripulação agora tem que explorar a ilha atrás de seus poderes, derrotando os guardiões que tomaram posse deles. No entanto, acontece que nem todas as habilidades podem ser recuperadas apenas reivindicando os cubos para si — alguns deles só podem ser reativados com os personagens revivendo as experiência que os tornaram mais fortes, e é aí que entra Memoria, um espaço que recria completamente aventuras passadas da equipe com base em suas lembranças.
Mesmo que estejamos repassando por arcos antigos da história de One Piece como por exemplo, Alabasta e Water Seven, é importante notar que estas não são recontagens 1:1 dos arcos como costumamos ver em outros jogos de animes. Os protagonistas também estão revisitando estes momentos, por isso já possuem conhecimento prévio do que deve ser feito para acabarem com as ameaças o quanto antes.
A premissa deste mundo de Memoria também é bem interessante, por ser uma criação alternativa dos locais, baseando-se em como os personagens se lembram da jornada. Isto permite que eventos e localizações sejam ligeiramente diferentes do que eram de verdade na história principal, se adequando à construção do level design de um RPG, e inimigos que hoje em dia seriam risonhos para o bando, se tornam tão fortes quanto são lembrados pelos protagonistas na época em que vivenciaram seus confrontos.
Apesar da história de ONE PIECE ODYSSEY ser ligeiramente previsível e construída bastante na base do fanservice, é de se destacar como é divertido acompanhar o bando do chapéu de palha revisitando locais marcantes e podendo interagir novamente com algumas figuras de seu passado. Os diálogos também são muito bem escritos, todos personagens estão muito bem caracterizados, e acompanhados da excelente dublagem original japonesa, a sensação que dá é como se estivéssemos assistindo um dos arcos fillers do anime.
O jogo é muito bonito também, conseguindo recriar o artstyle do Oda de uma maneira bem interessante, e a versão do Switch, apesar de ser relativamente serrilhada num geral, ainda se mantém fiel aos demais consoles e com quase inexistentes quedas de frames. Mas é de se destacar que seu level design é muito linear: temos claramente o caminho a seguir em nossa frente, com poucos momentos como em dungeons que resolvemos pequenos puzzles e temos de ponderar para onde ir a seguir. A aventura também conta com um certo problema em fazer o jogador seguir até certos destinos para ver uma cena de poucos segundos e, imediatamente, mandá-los de volta para onde vieram antes de poder prosseguir.
Algumas áreas mais pra frente até que acabam sendo um pouco mais abertas como o grande deserto de Alabasta, mas raramente contam com algo notável para se explorar além de ingredientes e alguns eventuais cubos de melhora de habilidades. O maior destaque para o conteúdo secundário são side-quests e caçadas a piratas procurados que podemos concluir durante a aventura, que apesar de serem simples, sempre contam com diálogos divertidos.
Gomu Gomu no…
Algo de interessante em ONE PIECE ODYSSEY é seu gênero! Apesar de ser uma série tão grande, é surpreendente a pouca variedade que temos de jogos da IP recentemente, sendo a grande maioria jogos musou, alguns poucos jogos de luta, e um ou outro jogo de ação/aventura que não fez tanto barulho. Mas surpreendentemente esta é a primeira grande aventura que Luffy recebe no gênero RPG de turnos (a menos que vocês queiram considerar alguns jogos de Game Boy que nunca saíram do Japão…), gênero que sinceramente, encaixa perfeitamente com este universo.
É de certa maneira mágico poder ver todos os icônicos movimentos dos integrantes do bando serem recriados com animações bem animadas e fluídas, desde a icônica pistola de borracha de Luffy até a movimentos como o Elástico de Usopp e o “Esmaga Joias” de Robin. Todos estes movimentos são um colírio aos olhos e nunca perdem a graça mesmo depois de vermos diversas vezes durante os diversos combates do jogo.
As batalhas em ONE PIECE ODYSSEY como já comentadas seguem a clássica fórmula de turnos, onde os personagens agem intercaladamente, sendo possível observar pela UI quando a próxima ação será de um inimigo ao invés da sua. O jogo ainda conta com um sistema triangular de vantagens e desvantagens de personagens, temos acessórios para equipar, ataques elementais, e tudo mais que um jogo do gênero costuma oferecer. A grande novidade que ele traz à mesa de fato é o sistema de áreas, onde os personagens não apenas atacam qualquer inimigo que estiver em tela, mas precisam se mover até a área em que eles se encontram, ficando presos em combate no local até que todos os inimigos da zona sejam derrotados antes de poderem ir à outra.
O sistema é muito criativo e traz um certo dinamismo que é muito bem-vindo ao gênero, já que, por exemplo, podemos ter ocasiões onde um personagem se encontra travado em combate com 4 oponentes ao mesmo tempo enquanto o resto da equipe está enfrentando adversários individualmente. O método incentiva um pouco o pensamento fora da caixinha, em que procuramos maneiras de terminar uma luta sofrendo os menores danos possíveis, utilizando de ataques a distância (que podem ser utilizados contra inimigos fora de sua área), ataques de atordoamento, ou alguns buffs para reduzir danos, etc.
Porém, ao mesmo tempo que os desenvolvedores da ILCA trouxeram uma mecânica super interessante e que poderia se tornar bem desafiadora, ONE PIECE ODYSSEY ainda tem uma proposta bem casual. Quero dizer, raramente temos combates que precisamos utilizar de todos os recursos do jogo para sairmos vitoriosos, já que o jogo também fornece muitas vantagens ao jogador, por exemplo: como pontos de habilidades fáceis de recarregar para sempre estarmos utilizando as nossas habilidades mais poderosas; o fato de podermos trocar os personagens ativos com os personagens “no banco reserva” a qualquer momento, sem penalidades nem limite de usos por turnos, o que até mesmo torna possível trapacear o sistema de áreas, já que eu poderia simplesmente jogar o luffy, que está preso numa zona indesejada, ao banco e então alterná-lo com o outro personagem que está onde eu quero colocá-lo.
Durante os confrontos também podemos receber certos desafios, como derrotar o oponente com um personagem específico ou ter algum membro auxiliando outro se movendo a sua zona, estes desafios ajudam a quebrar um pouco a monotonia das lutas e ainda recompensam o jogador com uma quantidade absurda de Exp. bônus, sendo a melhor maneira de subir os níveis durante a campanha.
Conclusão
ONE PIECE ODYSSEY é um jogo certamente ambicioso do popular mangá, que conta com ótimos modelos dos personagens que são muito bem animados, tem uma trilha sonora surpreendentemente memorável, e possui diálogos super divertidos. Porém, o mesmo sofre um pouco por tentar agradar todos os públicos ao mesmo tempo com ideias e mecânicas contrastantes, tentando trazer tanto uma história nova que ao mesmo tempo é uma recontagem de arcos passados; e conseguindo criar um sistema de combate inovador, mas que ao mesmo tempo é acompanhado de diversas mecânicas que não te fazem precisar engajar com ele em todo seu potencial.
Prós
- Modelos e animações bem feitas;
- Diálogos e caracterização do bando super divertidas;
- Combate traz mecânicas inovadoras;
- OST surpreendentemente boa;
- Totalmente localizado em PT-BR.
Contras
- Começo muito arrastado;
- Pode ser fácil demais para experientes no gênero;
- História não traz grandes surpresas;
- Muito “vai e volta” durante a história.
7
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