Desenvolvedora: Marvelous
Publicadora: Marvelous USA
Gênero: Ação, Monster-Taming/Farming
Data de lançamento: 07 de dezembro de 2022
Preço: R$ 238,00
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Marvelous USA.
Revisão: Marcos Vinícius
Com personagens desenhados por Hiro Mashima — renomado mangaká conhecido por Fairy Tail e Edens Zero — e muito potencial, Farmagia tema proposta de entregar mais um game de Monster-Taming/Farming em meio ao domínio da franquia Pokémon sobre o gênero de criar/treinar monstrinhos.
Com uma gameplay própria que o separa completamente do que games do tipo costumam propor, o novo jogo de autoria da Marvelous, apesar de tamanhas ideias boas, falha ao executá-las na maioria das vezes, deixando claro que muitos aspectos essências deste Monster-Farming necessitavam de maior atenção e refinamento em seu desenvolvimento.
Em meio à tantas franquias de Monster-Taming e tantos indies com tamanho potencial nesta corrida pela atenção dos jogadores, neste contexto, elaboraremos o que faz com que Farmagia seja uma ótima ideia com potencial desperdiçado, a qual, se melhor pensada, poderia ser muito melhor do que é de fato.
Um shounen consistente
Por razões óbvias, tudo em Farmagia emana uma energia de anime shounen, afinal, o mesmo possui envolvimento de um famoso mangaká do gênero, em diversos aspectos: design dos personagens, histórias, lore, tudo na estética do game possui a marca de Hiro Mashima, até mesmo nomes e referências à suas criações.
Baseado nas obras de Hiro Mashima e tendo em mente expectativas realistas sobre sua história, Farmagia entrega uma boa lore sobre os Farmagia, conhecidos como pessoas que plantam, colhem e treinam monstros, a qual vai se desenrolando ao longo do tempo de maneira bem interessante. O elenco de personagens segue os mesmos arquétipos de seu gênero e muitos dos personagens possuem vozes familiares de Fairy Tail, seguindo o mesmo padrão e agradando a quem curtir.
O elenco, no entanto, soa um pouco genérico em boa parte do tempo em seu design porém, tal entrega bons dramas e um desenvolvimento de personagens bem amarrado na maioria das vezes, embora longe de ser algo extremamente profundo em sua maioria.
Seu envolvimento com a história pode ser um pouco limitado comparado a um anime devido à limitação de orçamento para as interações entre o elenco, sendo tudo em imagens estáticas assim como em jogos de visual novel, apesar de eu não considerar um problema por si só. Dentre tudo isto, há poucas cutscenes animadas em momentos chave da história, geralmente em batalhas importantes.
Em meio a isto, o ambiente que o jogador interage no game costuma ser no layout descrito acima, com trechos em 3D possuindo apenas nas masmorras das ilhas a serem exploradas. Apesar de tudo, ao pensar em Farmagia como um Battle Shonen, ele consegue executar bem seu arroz com feijão, assim como as obras do próprio mangaká envolvido no projeto.
—Agora, vamos entender melhor sobre a gameplay?
Plantar, treinar e colher… expectativas erradas?
Como mostrado em seu marketing, Farmagia visa te entregar uma gameplay de plantar monstros e treiná-los ao longo do tempo.
Dito isso, este Farm Game, apesar de todo o seu orçamento ter ido para a gameplay, acaba por deixar a desejar na execução das mesmas. O ato de cuidar de sua fazenda acaba por não ser muito otimizado devido a não ser prático plantar e colher monstros como em outros games do gênero, se tornando um processo consideravelmente maçante a longo prazo.
A velocidade em que se planta nos pequenos quadrados não faz com que o processo que deveria ser divertido, seja de fato, falhando assim no que outros jogos conseguem ser mais consistentes.
Além disto, o fator que mais me decepcionou de longe sobre o ato de se plantar criaturas novas é que em nenhum momento me senti empolgado para testar cada monstro que eu via, devido ao fato de que além de que descobrir novos monstros apenas ajudava mais com árvore de habilidades. Os monstros que eu podia usar em batalha eram “scriptados” pela história, fazendo com que as criaturas que eu enfrentasse, apenas pudessem ser usados como formas de fusão (Tópico a ser melhor elaborado na guia de combate) em vez de muitas opções em batalha como outros jogos do tipo.
Este fator de não te entregar novos monstrinhos para testar com uma maior frequência me desmotivava em relação ao que faz deste tipo de game ser tão especial para mim: O fato de testar diversas possibilidades raras ou não no decorrer do jogo,e chegar ao final com um time montado com a minha marca, sendo este, claro, um viés pessoal meu em relação à Farmagia.
Um combate que necessita de refinamento
Fora da exploração dos ambientes familiares, Farmagia coloca o jogador para ir em masmorras as quais vão aparecendo monstros e assim prosseguir por elas derrotando os obstáculos e assim seguir a história.
Com isso, Farmagia cria um sistema de combate bem diferenciado do clássico turn-based como Pokémon ou tempo real como os jogos da série Digimon World aos moldes de V-Pet costumam ter, onde você controla diversos tipos de monstros e os gerencia como uma horda em combate.
Há monstros que atacam à curtas distâncias como os Fangs (Lobos), outros de longa distância, e também arquétipos mais defensivos, tanto de organizar a manada como se suporte para infligir condições especiais no inimigo ou te curar. Além disto, inimigos possuem uma barra de atordoamento, a qual se esgota com ataques e principalmente com os dois tipos de fusões que o game lhe oferece.
A primeira, uma forma que somente uma manada de seus monstros irá se juntar e se transformar em um monstro que você pode ter plantado três vezes, a segunda é uma em que todas as suas hordas se fundem para causar um dano massivo, com novas formas desbloqueáveis por eventos da história. As fusões se fazem essenciais para se atordoar o inimigo mais rápido, para que então se utilize de um ataque especial e tire mais dano do inimigo, sendo esta a mecânica que move principalmente as batalhas contra chefes.
Além disto, Farmagia possui um pairing onde — se for um ataque possível de defender — te beneficia com toda a certeza. Mas apesar de mecânicas com ideias boas supracitadas para as batalhas, as mesmas carregam consigo problemas um pouco desagradáveis de se vivenciar.
A primeira, é que atordoar os inimigos se torna um ato meio superficial e repetitivo de se fazer na maioria das vezes, com chefes oferecendo uma dose de repetição constante no mesmo ato, sendo estes reciclagens de monstros no decorrer do game que, apesar de ser algo comum em Monster-Taming, batalhas que soam a mesma coisa o tempo todo acabam por causar uma sensação maçante em relação ao game.
A segunda, é o fato de que nas hordas de inimigos, Farmagia oferece problemas de câmera similares ao que a série Kingdom Hearts sempre ofereceu em seus títulos mais clássicos, tornando um pouco difícil enxergar tudo o que acontece a sua volta quando o ambiente está abarrotado de oponentes à sua volta. Outra coisa que causa um estranhamento é que muitas vezes, o fato de que você tem muitos monstros pra gerenciar e tantos inimigos na tela torna difícil não só entender totalmente o que está acontecendo como também prestar atenção na barra de atordoamento — se tornando uma bagunça estranha neste jogo de ação, no sentido de entender propriamente o que se está fazendo de fato.
Apesar de tamanhos problemas, reconheço que me diverti consideravelmente com o combate de Farmagia porém, tenha em mente que muitos aspectos de tudo que citei merecia um refinamento maior por partes dos desenvolvedores, por mais que a maioria do orçamento do game tenha majoritariamente para este aspecto em específico.
Possibilidades de builds
Após maior foco no aspecto de batalha, há outras questões das dungeons que merecem ser abordadas nesta review, sendo a principal as habilidades temporárias dos Fairy Dens adquiridas nas masmorras.
Tais oferecem benefícios como aumento de taxa de dano crítico para certos monstros ou um benefício muito grande com um custo alto de malefício caso o jogador queira arriscar. As mesmas funcionam como pequenos cards em que se vai adquirindo ao longo da dungeon, tanto para todos os seus monstros como para tipos específicos. Apesar de longe de se enquadrarem como uma infinidade, conseguem com sucesso criar uma pequena profundidade em relação ao game.
Assim como em roguelikes com cards temporários, as skills de fada possuem a mesma natureza aqui, valendo somente para aquele mapa o qual o jogador está a explorar naquele momento. Estas skills costumam se pagar a longo prazo, não deixando o game também muito mais fácil do que deveria (apesar de Farmagia não ser um game exatamente difícil, apenas com momentos de dificuldade no normal).
Apesar das impressões mistas, quem deve jogar Farmagia?
Como disse anteriormente, Farmagia era uma ideia com muito potencial, a qual falhou em sua execução na maioria de tudo, apesar de genuinamente entregar um jogo que consegue te divertir um pouco, em meio à maré de defeitos que consigo enxergar neste projeto.
Os designs de Hiro Mashima eram uma ótima sacada para fazer o jogo chamar atenção em meio à uma concorrência tão grande de um gênero dominado por poucos, porém o que Farmagia falha passa longe de ser culpa do mangaká. Os sistemas de fazenda tinham que ser mais otimizados para serem divertidos, batalha precisava de mais refinamento, além de aspectos no design do jogo que o tornam um pouco maçante às vezes.
As batalhas acabam por serem repetitivas e entregam problemas chatos de lidar como a câmera às vezes, tornando a experiência um pouco frustrante em alguns momentos. E em meio à tantos Monster-Taming competentes por aí, não consigo recomendar Farmagia como um dos bem executados mas, facilmente como um jogo que valha a pena o teste em uma promoção daqui a uns anos aos interessados. Sua história com viés shounen no entanto, consegue ser interessante apesar de estereotipada às vezes, executando bem o arroz com feijão de seu gênero, assim como Fairy Tail e outras obras do autor sempre o fizeram.
Em meio a todo este contexto, caso Farmagia lhe interesse, fortemente recomendo esperar um tempo para pegá-lo, não havendo necessidade de pressa com o preço oferecido pelo game.
Prós:
- História com base shounen consistente;
- Bons designs por parte de Hiro Mashima;
- Possibilidades de builds com os Fairy Dens.
Contras:
- Mecânica de simulação de fazenda mal otimizada;
- Falta de incentivo para testar novos monstros com frequência, sendo scriptados pela história;
- Problemas de câmera nas dungeons;
- Combate necessita de refinamento.
Nota Final:
5,5
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