Desenvolvedora: Leikir Studio
Publicadora: Dotemu
Gênero: RPG Tático
Data de lançamento: 5 de novembro, 2024
Preço: R$ 99,00
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Dotemu.
Revisão: Marcos Vinícius
Anunciado em 2021, Metal Slug Tactics finalmente foi lançado. O spin-off da franquia clássica da SNK traz uma nova cara a uma série conhecida por seu estilo veloz e desafiador, unindo elementos conhecidos dos fãs com uma pegada mais estratégica.
Os falcões peregrinos retornam em uma nova missão
A franquia Metal Slug é um Run N’ Gun desenvolvido pela SNK para os fliperamas. O primeiro título foi lançado em 1996 na placa MVS da desenvolvedora e, até o momento, a série recebeu sete jogos principais e inúmeros spin-offs em diferentes plataformas, incluindo algumas da Nintendo, como o Game Boy Advance.
Os jogos da série principal são conhecidos por sua dificuldade, onde um tiro significa morte para o jogador, que tem vidas limitadas para completar a aventura. São títulos onde é preciso estar sempre em movimento para desviar de balas e acertar os muitos inimigos que aparecem a todo momento.
As aventuras seguem o esquadrão Falcão Peregrino, composto pelo quarteto, Marco, Tarma, Fio e Eri, em sua luta contra o exército rebelde liderado pelo general Morden. Outros personagens também se tornam jogáveis ao longo da série, com Metal Slug Tactics trazendo os principais grupos que já ajudaram os Falcões durante a franquia como personagens jogáveis.
Apesar de possuir uma pequena história, a série não foca tanto em uma narrativa séria, com seus títulos podendo ser aproveitados sem problemas. Metal Slug Tactics, apesar de ser um spin-off, ainda referência alguns eventos do passado, especialmente ao fato de os Falcões sempre enfrentarem Morden, que aqui, fugiu após sua última derrota e agora tomou o controle de Siroco City e suas regiões adjacentes para lançar seu novo plano de dominação mundial.
Os Falcões, junto com seus aliados, precisam enfrentar Morden e seus comandantes para dar um fim a esta guerra. Como já é de praxe com a série, não será apenas as forças rebeldes de Morden que estarão no caminho dos heróis. Outras criaturas como múmias e nativos da floresta também vão criar problemas. Por sorte, o esquadrão veio com carga pesada para o campo de batalha, trazendo suas próprias habilidades e armas para completar a missão.
Um elenco divertido de personagens
Inicialmente, temos à disposição três personagens: Marco, Fio e Eri. Uma escolha bizarra que Tarma, que era um dos personagens disponíveis no primeiro jogo da série ao lado de Marco, precisa ser desbloqueado aqui. Além do quarteto, a dupla Trevor e Nadia, que havia aparecido em Metal Slug 4, também está presente como personagens secretos para serem desbloqueados.
A introdução da dupla no jogo é até uma pequena surpresa, considerando sua existência em geral para a série. Para um contexto, Metal Slug 4 foi lançado durante o período em que a SNK teve sua primeira falência. O título foi desenvolvido em parceria pela Mega Enterprise, uma empresa coreana, e a Noise Factory, uma empresa japonesa focada em desenvolver música para jogos.
Trevor e Nadia foram adicionados ao jogo no lugar de Tarma e Eri, e após este título, eles simplesmente sumiram da série principal, aparecendo apenas em spin-offs. A SNK costuma evitar utilizar certos personagens criados durante seu período de falência em suas séries, como é o caso de May Lee em KOF, por exemplo, em jogos principais, contudo, como este título foi feito pela Dotemu, a adição da dupla é uma esperada surpresa.
Além deles, o trio dos Ikari Warriors, Ralf, Clark e Leona, também marcam presença como personagens secretos. Ralf e Clark são figuras presentes na série desde Metal Slug 6, e Leona apareceu anteriormente em Metal Slug XX, a versão melhorada de Metal Slug 7, exclusivo de Nintendo DS, que foi lançado no PSP. O trio é conhecido por sua aparição em The King of Fighters, e como já é esperado, traz algumas das habilidades da série de luta para o campo de batalha.
Estratégia de uma forma diferente
Cada partida de Metal Slug Tactics começa com a escolha de três personagens que serão as únicas unidades jogáveis até a partida terminar. Cada um dos oitos personagens possuem habilidades únicas, além de quatro opções diferentes de equipamentos, com uma clássica já habilitada e as outras três precisando ser desbloqueadas. Cada membro do time é especialista em uma certa opção de ataque, como pistolas para ataques a longa distância, granadas para AOE’s e Facas para combate corpo a corpo, sendo recomendado um time equilibrado para superar os obstáculos.
Com o trio escolhido, o próximo passo é escolher uma das quatros regiões para desafiar. Inicialmente, apenas três estão disponíveis, com a quarta e última ficando aberta após completar ao menos uma região. Dentro dessas regiões, existe um mini-mapa com batalhas específicas que os jogadores podem escolher participar. Cada batalha possui um desafio principal, que precisa ser completado para alcançar a vitória e um secundário que lhe concede uma recompensa adicional.
As batalhas variam entre confrontos básicos com o objetivo de eliminar todos os inimigos ou apenas alguns escolhidos, sobrevivência até um certo turno, oferecer apoio à NPC’s ou destruir comboios inimigos. Completando três batalhas em uma região desbloqueia o chefe daquela área, que ao ser derrotado completa a região.
As batalhas seguem o estilo tradicional de um RPG estratégico em grinds. Similar a jogos como Fire Emblem, o jogador possui seu próprio turno onde ele move e realiza todas as ações de sua unidade, antes de passar a vez para a CPU com um toque de botão. Cada personagem pode se mover e atacar/ ativar habilidades, uma vez por turno com algumas exceções ocorrendo, resultando de suas habilidades passivas.
Cada unidade possui seu próprio alcance ao atacar os inimigos. Quando mais de uma unidade está em uma posição para atacar o mesmo oponente, uma sincronização ocorre, fazendo com que os múltiplos personagens ataquem o adversário sem gastar sua ação. A estratégia em Metal Slug Tactics se resume a posicionar suas unidades de forma a aproveitar a sincronização para eliminar a maior quantidade de inimigos possíveis antes de poder passar seu turno.
Para ajudar a atingir esse objetivo temos as habilidades passivas dos personagens, que se ativam conforme certas ações são realizadas. Habilidades essas que são desbloqueadas conforme subimos de nível.
Metal Slug Tactics possui elementos de roguelike, com cada partida começando o jogador a partir do nível 1. Conforme vamos ganhando experiência e subindo de nível, temos a opção de escolher entre uma de três diferentes habilidades, sejam novas habilidades passivas, ativas ou melhorias para alguma que já temos desbloqueadas. Essa mecânica incentiva a replayabilidade, pois cada partida ocorre de maneira diferente graças às opções que ficam disponíveis.
Cada partida termina quando o jogador perde todos os seus personagens, sofrendo uma derrota em uma batalha, ou ao derrotar o chefe final. Dependendo do resultado, moedas são recompensadas, que podem ser utilizadas na base para desbloquear armamentos adicionais ou melhorias para as armas que podem ser conseguidas ao completar certos desafios em algumas missões.
A principal característica que torna Metal Slug Tactics em um jogo de estratégia único é a forma como ele combina os elementos da série com o estilo do gênero. Diferente de outros títulos, onde posicionamento e proteção são a parte mais importante, aqui, somos incentivados a correr pelo campo de batalha sem se preocupar em ficar no meio de um grupo de adversários e a atacar sempre que possível, igual aos jogos originais.
Se movimentar pelo campo de batalha oferece adrenalina e esquiva para os personagens. Adrenalina funciona para ativar habilidades especiais, enquanto a esquiva serve como defesa, com uma alta esquiva ajudando o personagem a se desviar dos ataques. Sendo assim, quanto mais longe for a distância viajada, melhor será em termos de sobrevivência e causar o maior dano possível às forças inimigas.
Outros elementos dos originais incluem a utilização de “fichas” para ressuscitar personagens nocauteados durante os embates. Além disso, também temos as armas especiais da série como um segundo equipamento para cada personagem, permitindo formas adicionais de ataques. Por fim, o famoso Metal Slug, tanque poderoso que os personagens podem utilizar, também está presente em certas batalhas, além de ser possível requisitar auxílio do seu próprio tanque.
O seu próprio toque de nostalgia
A série Metal Slug sempre foi bastante elogiada pelo seu trabalho artístico, apresentando alguns dos mais belos sprites e animações 2D do mercado durante os anos 90s. Com ótimos detalhes e especialmente memoráveis sons, que são até hoje reconhecidos por qualquer pessoa que tenha jogado jogos durante aquele período, a apresentação sempre foi um dos pontos altos dos jogos da franquia.
A Dotemu criou seu próprio estilo artístico para o jogo, que busca inspiração no original para entregar algo familiar aos fãs. As sprites e animações são boas, mas é claro que não se comparam ao nível apresentado pela SNK, ainda assim, elas possuem seu charme. Existem muitos elementos visuais que são bem nostálgicos, inspirados nos cenários e personagens cartunescos da saga principal. Soldados inimigos relaxando tomando um sol, os protagonistas se divertindo antes de partir para missões e outros pequenos detalhes podem ser vistos durante a experiência.
Se visualmente o jogo busca utilizar a nostalgia visual para agradar os fãs veteranos, ele acaba por desapontar em outro quesito de sua apresentação, os efeitos sonoros. Metal Slug ficou marcado por possuir icônicos efeitos sonoros ao utilizarmos suas armas especiais ou até mesmo durante a morte de aliados e soldados inimigos. Os icônicos gritos de morte dos soldados foram substituídos por vozes genéricas. Até mesmo os poucos reféns presentes não falam seu clássico THANK YOU ao serem resgatados.
Muita espera e pouca otimização
Como mencionei no início deste texto, Metal Slug Tactics foi anunciado em 2021. Entre os três anos em desenvolvimento, o título deu uma sumida, aparecendo apenas em poucos momentos, como uma forma de lembrar que ele estava sendo desenvolvido. Sabemos que três anos de desenvolvimento não é sinônimo de um bom tempo no atual mercado de games, ainda mais quando um estúdio tão pequeno como a Dotemu está responsável pelo desenvolvimento, mas pelo pouco que a empresa se propôs a entregar e estava mostrando, parecia que o tempo era mais do que suficiente para termos algo bom em nossas mãos.
Metal Slug Tactics me divertiu bastante, especialmente quando desbloqueei novos personagens e ia habilitando suas habilidades adicionais. O ritmo da jogabilidade é bem viciante, especialmente conforme você fica mais forte e ganha acesso a equipamentos variados. O título incentiva bastante a experimentação e descobrir a melhor combinação de personagens e equipamentos, não apenas para finalizar o jogo, mas também para completar objetivos mais facilmente.
Apesar disso, existe uma razão para eu ter começado essa parte mencionando o período entre o anúncio do jogo e seu lançamento. Metal Slug Tactics é provavelmente um dos piores jogos que joguei esse ano de um ponto de vista técnico. O título roda com muitos slowdowns, existem vários glitches gráficos, além de efeitos sonoros ocorrendo fora de ordem e até mesmo alguns crashes.
Inicialmente pensei que isso só aconteceria com o jogo rodando em modo portátil, mas os problemas ocorrem até quando o Switch está no docked. Uma busca rápida na internet me indicou que alguns dos problemas apresentados na versão de Switch também se faz presente nas outras versões. Para um título que ficou em desenvolvimento por três anos, eu esperava algo que fosse um pouco mais estável em questão de performance. Além desses problemas, a versão de Switch também sofre com o tamanho da fonte sendo extremamente pequeno, até mesmo no modo TV.
MISSION COMPLETE
Metal Slug Tactics é um jogo divertido que combina muito bem estratégia com os elementos tradicionais da série. Infelizmente, eu não posso recomendá-lo neste momento. Os problemas, especialmente de performance e crashes aleatórios são bastante chatos e estragam o que deveria ser uma boa experiência. Além disso, os menus com fonte pequena e a tradução PT-BR, que não está 100% com muitas palavras ainda em inglês, também são outros pontos que podem ser melhorados. Se a Dotemu focar em consertar esses erros e torná-lo mais estável, Metal Slug Tactics pode ser tornar mais uma divertida opção do gênero de estratégia na plataforma.
Prós:
- Divertida mistura de estratégia com os elementos tradicionais da franquia Metal Slug;
- Alguns elementos nostálgicos estão presentes para os fãs da série;
- Elementos de roguelike incentivam o jogador a se adaptar e testar novas estratégias.
Contras:
- Bastante slowdowns e glitches visuais;
- Crashes que podem acabar com sua run;
- Fonte muito pequena até na TV;
- Tradução PT-BR não está 100%;
- Falta de certos efeitos sonoros que são icônicos da série destacam um pouco a apresentação.
Nota Final
6,5
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