Review | The Red Bell’s Lament

Desenvolvedora: Voltage
Publicadora: Voltage
Gênero: Otome Game
Data de lançamento: 05 de junho, 2025
Preço: R$ 285,00
Formato: Digital
Plataformas: Nintendo Switch

Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Voltage.

Revisão: Manuela Feitosa

Em The Red Bell’s Lament, as pessoas vivem constantemente sob o medo de serem mortas ou transformadas em vampiros. Juliet, quando criança, perdeu seu único parente para uma dessas criaturas e prometeu caçar cada uma delas como vingança.

Anos mais tarde, a “oportunidade perfeita” surge para aniquilar a população vampiresca, mas o que inicia como um sonho rapidamente se torna o pior dos pesadelos. Muito mais envolvida no que parecia ser só uma caça, Juliet se vê carregando o pesado destino do mundo em suas costas, onde a escolha errada pode se provar fatal não só para ela, como a todos ao seu redor.

Com um início eletrizante e surpreendente, o jogo cativa logo de cara o interesse do jogador, com muitas batalhas, drama, e a perda de personagens que pareciam relativamente importantes para a história. O ritmo frenético e misterioso, com um roteiro escrito de uma maneira não convencional, nos instiga e nos faz perguntar sobre quem seria o verdadeiro vilão desse universo, que a princípio, parecia ser apenas mais uma história comum sobre vampiros e sua sede insaciável.

Um dia é da caça e o outro do caçador

O prólogo de The Red Bell’s Lament não perde tempo em nos apresentar o universo do jogo. Juliet Rose é uma talentosa caçadora de vampiros, cheia de desejo para se vingar do vampiro que assassinou seu irmão mais velho. Um dia, ela recebe uma misteriosa carta que a convida para visitar uma mansão na capital.

Ao chegar lá, descobre ser uma intimação do próprio rei de Hemeria pelo Comandante do Exército Real. Ela e mais outros talentosos caçadores (que são intitulados como Elpis 7) foram convocados para invadir o reino de Nyx, o lugar onde os vampiros habitam e que até então era impossível de se entrar.

E rapidamente o motivo da convocação fica claro: o príncipe de Hemeria foi sequestrado e seu resgate deveria ser imediato. Com a abdução do pequeno príncipe, foi descoberto uma passagem para o reino dos vampiros, que até então, só eles conseguiam ter acesso ao reino humano. Com o ânimo renovado pela descoberta, Juliet e seus novos companheiros logo se preparam para invadir Nyx, resgatar o príncipe Roderick, e exterminar o maior número de vampiros possível enquanto cumprem a missão dada.

A missão que aparenta começar com tudo logo sofre um baque quando o grupo passa pelo portal para Nyx: Ciaran, o membro mais forte do Elpis 8, é encontrado morto do outro lado do portal, completamente drenado de sangue e crucificado na parede do salão que eles se localizavam. E um recado é dado: o Duelo da Agonia está, oficialmente, se iniciando.

Que comecem os jogos

Com regras desconectas e sem muito sentido, o grupo de caçadores rapidamente se desgasta e se vê caindo em armadilhas atrás de armadilhas. Quando Juliet cai numa enroscada, parece que o fim finalmente tinha chegado para a jovem.

Entretanto, ao ser morta, a protagonista percebe estar jogando xadrez uma dimensão alternativa. Sem entender o que está acontecendo, ela decide trapacear no jogo, movendo uma peça sem que seu oponente perceba seu movimento. Ao terminar a jogada, a dimensão começa a mudar e Juliet se encontra no passado novamente. Ao perceber que voltou no tempo, a jovem decide mudar o destino de todo seu grupo antes que seja tarde demais.

E é assim que se desdobra a história de The Red Bell’s Lament, com a Juliet sempre se encontrando em um beco sem saída e sendo morta, revisitando a dimensão alternativa e conversando com um anjo, trapaceando no xadrez e voltando no tempo em outro momento completamente aleatório. Com experiência acumulada devido ter vivido em inúmeras linhas do tempo, a jovem consegue ficar cada vez mais próxima da verdade e, também, de levar a vitória não apenas para o Elpis 8 como para o mundo inteiro.

Tanto os humanos como os vampiros foram feitos de peões pelos seus reis, estes que estavam envolvidos em seus desejos por mais poder, botando em cheque seus súditos em jogos organizados pelo próprio anjo que a Juliet encontrara na dimensão alternativa. O que era para ser apenas uma missão de resgate do jovem príncipe se torna um jogo mortal contra o anjo, que se cansou do mundo e deseja destruí-lo.

A longa jornada finalmente chega ao seu fim

Por ter tido um começo empolgante, a medida que a história se desenrola o plot começa a ficar meio desinteressante e sem graça. Você começa a entender o motivo real pelo sequestro do príncipe, porque os vampiros e os humanos batalham e porque o Ciaran foi assassinado no início.

Só que tudo dá a sensação de superficialidade e você se pega não se importando mais para o que acontece naquele universo. Ao chegar no final do jogo, você meio que já está de saco cheio e percebe que você está se forçando para terminá-lo para que possa ver o desfecho da história.

A execução do roteiro de The Red Bell’s lament é falha, e essa falha é ainda mais perceptível pois o jogo anterior da Amulit/Voltage utiliza da mesma fórmula de uma forma condizente. Enquanto que em even if TEMPEST o jogo trata da história da protagonista e cativa os jogadores, em Red Bell a Juliet parece ser apenas um peão que não importa muito para o desfecho da história.

Ela é proativa, ela é uma garota que justifica o fim pelo seus meios, mas passa a sensação de ser tão rasa quanto um protagonista de mangá shounen. Você não consegue se enxergar criando um vínculo afetivo pelo universo que The Red Bell’s lament da mesma forma que even if TEMPEST causou.

O jogo traz alguns mini-games inicialmente interessantes, mas também ficam cansativos à medida que você se aproxima do final, pois são extremamente mal otimizados e levam tempo para serem concluídos. A jogatina também foi acompanhada de certos bugs, como escolhas sem texto em seu corpo. E, apesar de sprites e CGs extremamente cativantes, infelizmente é possível observar o uso de IA nos cenários do jogo.

Acho que se tivessem dado mais profundidade para os personagens, principalmente para a Juliet, o jogo seria mais prazeroso de se jogar. Uma protagonista mais real e com um desenvolvimento amoroso mais natural entre ela e os interesses românticos mudariam completamente o tom final da história. Mas a falta de charme é crítica, nos entregando um jogo como um belo prato de comida onde o cozinheiro esqueceu de colocar sal enquanto cozinhava a refeição.