Desenvolvedora: Gust
Publicadora: Koei Tecmo
Data de lançamento: 29 de Outubro, 2019
Preço: US $ 59,99
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia adquirida pelo redator.
Atelier Ryza: Ever Darkness & the Secret Hideout é o mais recente título da franquia clássica de JRPG da Gust, e também o maior sucesso comercial na história da desenvolvedora até então. É claro que como grande fã de JRPGs, eu não poderia deixar passar uma experiência como está. Contudo, apesar dele não ser meu primeiro Atelier, foi só após jogar Ever Darkness & The Secret Hideout que me despertou um imenso interesse na franquia, e não poderia deixar de compartilhar minha experiência com este título no qual posso dizer que curti bastante.
Se você não conhece os jogos da série Atelier, que já conta com mais de 20 títulos mainline lançados, esta é uma franquia que combina o clássico RPG com elementos de Slice of Life e um curioso sistema de Synthesis que na verdade é um sistema de craft mais robusto. Em sua essência, jogos de Atelier apresentam protagonistas femininas que acabam de alguma maneira se envolvendo. Normalmente, os jogos da série são RPG’s com historias não tão complexas, batalhas em turnos e um foco maior em crafting, este último sendo um dos núcleos da franquia. Atelier Ryza não é diferente de tudo isso que citei, embora haja algumas mudanças aqui e ali em relação aos seus antecessores.
Junte-se a Ryza e seus amigos em uma inesquecível aventura de verão
Atelier Ryza aconhece em um vilarejo pacato e rural localizado em uma ilha. Lá, somos introduzidos a jovem e travessa Reisalin “Ryza” Stout e seus amigos Tao e Lent. Cansada da vida tranquila, Ryza e seus amigos exploram lugares desconhecidos em busca de aventura, onde cada dia para Ryza é algo diferente que ela pode descobrir. No entanto, uma de suas explorações levou a conhecer personagens que mudarão para sempre sua vida entediante, além também do gatilho para que a heroína possa se interessar logo cedo por alquimia.
No jogo, conhecemos o alquimista veterano Empel e sua parceira Lila, introduzidos após salvarem Ryza e seus amigos de um ataque de pequenos monstros. Ryza passa a ter um grande interesse por alquimia a partir da performance de Empel, ficando deslumbrada com o que pode se criar a partir de materiais aleatórios que encontramos por ai. Embora Empel não possa ser tutor de Ryza devido uma certa circunstância, ele a ensina alguns troques básicos para que Ryza possa dar os primeiros passos.
Não apenas com Ryza, mas Empel e Lila passam a ajudam também Tao e Lent em seus objetivos: Lent quer se tornar forte e provar seu valor aos moradores da vila e também ao seu pai problemático, enquanto e Tao gostaria de decifrar um livro antigo por pura sede de conhecimento. Lent e Tao se tornam pupilos de Lila e Empel, respectivamente.
Eu citei Ryza, Lent e Tao como o elenco principal do jogo até o momento, certo? Mas também há um quarto elemento importante que compõe a trama, seu nome é Klaudia. A tímida adolescente de cabelos loiros e longos foi encontrada na floresta sendo perseguida por um Puni (uma criatura comum na franquia, como os Slimes em Dragon Quest). Ryza e seus amigos decidem ajudá-la e, logo em seguida, descobrem que a jovem é filha de um aristocrata que recém chegou à ilha para negócios envolvendo a Kurken Fruit, uma tradicional fruta que só pode ser obtida na ilha em que Ryza vive.
Apesar de tímida, Klaudia é doce e gentil e cria laços com Ryza e seus amigos rapidamente – principalmente com Ryza, no qual acabam tendo um laço ainda maior. Embora de início a jovem sirva apenas como um NPC da história, eventualmente ela acabará entrando na sua party, assim como outros personagens nesta história.
Synthesis e o sistema de batalha dinâmico
Já falei de forma breve sobre cada personagem central, mas e o plot de Atelier Ryza? Bem, o desenrolar da trama vem de forma um pouco lenta, pois assim como seus títulos passados aqui estamos falando de um JRPG com uma pegada slice of life, uma combinação da série que serve para que você passe mais tempo conhecendo os personagens do jogo enquanto vive uma experiência relaxante. Mas isso não significa que o jogo não avançará para algo interessante, pois como a narrativa é centrada em Ryza e seus amigos você verá o amadurecimento de cada um deles ao longo da jornada.
Particularmente falando, o ritmo de Atelier Ryza foi bastante conveniente, onde não precisei me apressar com o avanço da campanha e me foquei mais no sistema de Synthesis do jogo, que para mim é o ponto mais alto dos jogos de Atelier.
O sistema de Synthesis em Atelier Ryza funciona como um sistema de crafting que costumamos ver em jogos do gênero para adquirir armas e armaduras. Entretanto, aqui temos algo ainda mais rico e ao mesmo tempo complexo. Sendo bem direto, todo Atelier depende de você “craftar” algo para progredir na história, então é meio inevitável fugir desta etapa. Além do mais, é no sistema de Synthesis que você irá criar os itens necessários para o combate como poções de recuperação de HP, por exemplo. Se você gosta de um bom sistema de crafting, Atelier te oferece uma interface no qual você pode ver até onde poderá expandir a criação de um item a partir do que já foi feito. Criar todos os itens do jogo pode-se considerar uma verdadeira “Platina”.
Partindo para o sistema de batalha, diferentemente dos jogos passados, aqui temos algo como o estilo em ATB similar aos jogos modernos de Final Fantasy. No combate, você deverá prestar a atenção nos ícones dos personagens da sua party e nos inimigos no canto inferior esquerdo. Quando o ícone de um personagem passar pelo circulo você poderá realizar uma ação que pode ser desde ataques comuns e utilização de itens, a ataques especiais que consomem uma parte dos seus “APs”. Embora você possa alternar entre cada personagem na party durante a batalha, é possível administrar a ação apenas em um personagem enquanto a CPU lida com o resto. Confesso que por não estar familiarizado com este tipo de sistema, demorei bastante para pegar o jeito da coisa. Agora, se o sistema de batalha é divertido? Posso dizer que é no mínimo interessante e funcional, embora eu prefira que mantivessem o sistema tradicional baseado em turnos.
Entre outras mecânicas que Atelier Ryza apresenta, temos o Photo Mode, uma divertida e ampla feature que você pode arrumar os personagem em belos cenários pelo jogo e compartilhar pelas redes sociais. Recomendo inclusive que se for bater uma boa foto jogue no modo TV, se possível, pois a resolução menor no modo portátil pode estragar a qualidade das fotos até mesmo quando for compartilhado no Twitter onde comprime ainda mais.
O fanservice foi um fator determinante para o sucesso de Atelier Ryza?
Abrindo espaço para opinar sobre um tópico referente ao fanservice. Até onde possuo conhecimento, os jogos de Atelier não costumam apelar para o uso abusivo desta pratica de forma direta (dentro dos jogos, é claro), embora eu tenha lido sobre praticas que acabaram por serem um fracasso dentro do âmbito da série.
Todavia, é questionável o fato da personagem Ryza ser um material ambulante de fanservice para vários públicos, principalmente o popular fetiche japonês por coxas e meias apertadas. Mesmo que haja um resquício de fanservice aqui e ali no jogo, Atelier Ryza é, em sua essência, um tradicional e saudável jogo de Atelier, que não atrairá um público mais pervertido em toda sua campanha.
No entanto, mesmo que a Gust não possa enfiar um fanservice massivo no jogo para não afastar sua base fiel de fãs de longa data, a desenvolvedora dribla isso vendendo a parte tapeçarias com ilustração sexys no varejo, ou roupas de praia para os personagens via DLC paga. Posso dizer que o jogo em si não é uma propaganda direta para esse tipo de conteúdo, mesmo Ryza é genuinamente preservada nele. Porém, o fato do designer de personagens do jogo – Toridamono – estar acostumado a desenhar algo mais peculiar por assim dizer, Ryza infelizmente não fugiu de ser um material de marketing de forma indireta para esse público específico, o que compra pelo fanservice.
Conclusão: não! Atelier Ryza não foi um sucesso pela personagem ser atrativa para um público que gosta de conteúdo fetichista. Ele de fato é um bom JRPG ao que se propõe e espero que Atelier Ryza 2 siga pelo mesmo caminho. Compreendo em partes a necessidade de venderem esse tipo de material para um nicho adicional, mas relacionar a série Atelier ao fanservice é como arrancar todo o valor que a franquia construiu nessas ultimas décadas.
Conclusão
Atalier Ryza: Ever Darkness & the Secret Hideout continua sendo um JRPG nichado dentro do próprio gênero mas que manteve alguns aspetos bons o suficiente para que seguramente possa ser um bom Atelier para velhos e novos fãs, ao mesmo tempo que deixa ausente — ou não trabalha tão bem — outros fatores que já eram bem desenvolvidos em jogos passados, como a rica interação com entre personagens. O jogo também revitaliza a franquia de modo positivo mesmo que em partes pode ser prejudicial ao longo prazo devido preocupações envolvendo fanservice.
O sistema de batalha ATB demanda atenção e ao meu ver tira um pouco parte do que é ser um RPG mais descontraído para jogar. O que quero dizer é que, há muita coisa na tela para gerenciar, no qual ainda fica mais difícil de se lidar com muitos inimigos na tela. Talvez seja apenas por eu ainda não ser adepto ao estilo de combate, mas por estar acostumado com batalhas em turnos nessa série acho plausível e compreensível que nem todo mundo tenha gostado ou se adaptado.
No geral, Atelier Ryza é um bom RPG, com personagens marcantes e uma trilha sonora agradável, juntando isso a uma história lenta porém divertida de se acompanhar. Se quer Atelier Ryza como seu primeiro jogo da série, eu acho que ele é mais que adequado para apresentá-lo a franquia, isso não considerando as diferenças do sistemas entre ele e antecessores.
Agora, se você é um fã hardcore de JRPGs, Atelier Ryza não oferece uma dificuldade satisfatoriamente elevada e nem builds complexas para trabalhar, talvez você possa se decepcionar se, por exemplo, acabou de sair de uma aventura épica em Final Fantasy VII Remake ou Xenoblade Chronicles: Definitive Edition. Contudo, se já é um fã de longa data, Atelier Ryza é a evolução natural da franquia após a trilogia Mysterious, já que ele não só oferece um retoque visual como também traz adições ‐ mesmo que experimentais – para enriquece-lo com uma experiência variada de Atelier.
Prós:
- Visualmente lindo;
- Bom elenco de personagens;.
- Ideal para iniciantes na franquia;
- Ótimo sistema de crafting (vulgo Sinthesys).
Contas:
- Peca na interação com personagens do jogo;
- Pouca quantidade de personagens secundários para interagir;
- Pequenos travamos após cada transição de cenários.
Nota Final
8,5
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