
Desenvolvedora: Acquire
Publicadora: XSEED Games
Data de lançamento: 20 de Julho, 2021
Preço: R$ 199,00
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela XSEED Games.
Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed é um divertido jogo de ação que coloca os jogadores na pele de um jovem otaku que protege Akihabara, a cidade dos otakus. Tendo sido lançado exclusivamente no Japão para o PSP, o game finalmente chega ao ocidente, uma década depois, em um remaster que poderia ter sido muito melhor.
A mesma Akihabara de 2012

Como mencionado, Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed tem como fundo de sua aventura, o distrito comercial de Akihabara, famoso por suas lojas de cultura otaku. Na época de seu lançamento original — conhecido como Akiba’s Trip Plus, uma versão melhorada que serve de base para a atual – a Acquire, desenvolvedora do título, recriou o local com base no ano de 2012.
Mesmo 10 anos depois, foi esta versão da cidade que foi utilizada como base neste remake. Sendo assim, Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed é um remaster totalmente fiel da aventura original lançada para o PSP. Pois além de recriar a famosa cidade o game também reutiliza modelos e animações da versão de 2012 recriando a experiência do portátil da Sony em um novo hardware.
Isso é claro, resulta em alguns pontos bem negativos que acabam por não ajudar muito o jogo a se vender como um bom produto. Para ser honesto, eu joguei a versão original no PSP em 2012 e mesmo gostando de poder jogá-lo novamente, agora em HD, devo confessar que a nova experiência me incomodou bastante em certos momentos, mas isso eu falarei a seguir, pois primeiro vamos falar da história do game.
As aventuras doidas de um Otaku

Em Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed os jogadores assumem o comando de um jovem otaku sem nome. A aventura tem início com o protagonista apanhando de um Shadow Soul (que vou me referir pelo nome japonês Kageyashi), um tipo de vampiro que caça humanos em Akihabara para se alimentar. Tendo se metido nessa situação após tentar resgatar um de seus amigos, que foi uma das vítimas da criatura, o herói acaba sendo deixado para morrer pelo monstro, após a irmã mais nova do vilão intervir na situação.
Se sentindo culpada pelo o que aconteceu, a jovem percebe que o otaku ainda está vivo e compartilha seu sangue, através de um beijo, para salvá-lo. Logo, ela foge da cena e o protagonista é encontrado por outros amigos e pela misteriosa organização NIRO.
Acordando na base da NIRO, o otaku é recebido pelo comandante geral da organização, Ryuji Sejima e seu braço direito, Satoko Midou. Ambos explicam ao herói a situação atual: Os Kageyashi estão preparando um plano para transformar os jovens japoneses em Hikikomori, jovens reclusos que se trancam em casa, e eles mesmo assumirem o comando do país. A organização super secreta foi criada para combatê-los e agora eles pedem a ajuda do herói, que acabou se transformando em um Kageyashi após o beijo.
Sem escolha, ainda mais porque os agentes dizem que o protagonista vai morrer se recusar a cooperar, o otaku concorda em se juntar a NIRO. Logo no dia seguinte, o jovem é introduzido à ameaça Kageyashi, a sua fraqueza ao sol e a forma de combatê-los, despindo-os.

A partir daí, o protagonista junto com seus amigos o grupo que se auto proclama “Os lutadores da liberdade de Akibahara”, passa a ajudar os agentes da NIRO a enfrentar os Kageyashi. Contudo, ao longo da aventura é revelado que nem todos os vampiros são maus e que as coisas podem não ser o que aparentam ser.
A história de Akiba’s Trip pode ser vista como algo bem típica de anime, mas, suas reviravoltas, apesar de óbvias, são boas e até legais. Algo que gostei foi como eles utilizam o jogo para mostrar que o hobby de ser um otaku, que é visto como algo extremamente desagradavel no Japão, pode sim ser uma atividade divertida e que serve para unir as pessoas por um objetivo em comum e bem brilhante. Assim como tentaram remover o estigma envolvido com a palavra, transformando os Kageyashis nos responsáveis por casos súbitos de Hikikomori, mesmo que a explicação seja bem fantasiosa. Com os vampiros sugando o sangue e a energia vital de suas vítimas.

Apesar de não parecer muito óbvio a história em Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed oferece diversas interações aos jogadores que permite alterar o enredo em si. Possuindo três rotas da narrativa: Continuar trabalhando com a NIRO, se aliar aos Kageyashi e uma terceira que busca se aliar a um grupo separado dos vampiros e trabalhar para buscar uma paz entre as duas raças, Akiba’s Trip oferece uma boa razão para o jogador rejogar o título mais de uma vez, observar todos os cenários.
E não é só a mudança de rota que muda a aventura, ao longo da história é possível responder ou interagir verbalmente com outros personagens. Apesar de muitas dessas escolhas servir principalmente para arrancar reações e descobrir um pouco mais da narrativa, algumas acabam por desbloquear ações secretas que podem mudar uma ou outra coisa na história. É claro, também há uma opção exclusivamente para fazer o protagonista parecer alguém que não leva nada a sério, o que acaba sendo bastante engraçado, principalmente por uma delas te dar um game over automático ao assustar o vilão principal pedindo-lhe o tamanho do seu manequim.
Ninguém consegue escapar da técnica de Strip

Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed possui um sistema de combate bem simples mas que chega a ser bastante viciante. A única forma de enfrentar os Kageyashis é despindo-os, por isso, muito mais do que socar os oponentes até eles desmaiarem, o objetivo dos embates é atacar a roupa do adversário e removê-la.
Cada personagem pode possuir até três pedaços de vestimentas equipados: Cabeça, parte de cima e parte de baixo. É preciso remover todas para derrotar o oponente, e isso serve não apenas para os Kageyashis, já que o próprio herói também tem a fraqueza das criaturas, ele também precisa tomar cuidado para não perder sua vestimenta.
Cada um dos três botões de ataque – Y, X e A – serve para atacar uma parte em específico.De começo, é possível apenas atacar duas vezes, mas eventualmente com a compra de certos e-books em lojas, é possível habilitar combos de 3 hits e outras técnicas. Também é possível adquirir técnicas subindo de nível, sendo elas bastante poderosas, uma é até mesmo o herói fazendo a pose do famoso ‘KameHameHa’.

Cada peça de roupa tem sua própria barra de vida, que vai diminuindo conforme os golpes são aplicados. A qualquer momento da luta é possível segurar um dos botões de ataque para fazer com que seu personagem agarre as roupas do adversário. Caso a vestimenta ainda tenha energia, uma briga, que dura alguns curtos segundos, para tentar removê-la começa e é possível apertar os botões para forçar o ato. Contudo, se a roupa estiver solta no corpo do oponente, o herói a remove instantaneamente.
De início, muitas das roupas que são removidas acabam sendo rasgadas em pedaços. Para evitar que isso aconteça, é necessário aprender as técnicas de strips daquele tipo de vestimenta. Sendo preciso comprar o e-book certo para dominar tais habilidades. Contudo, outras são conseguidas durante a história, enquanto algumas são recompensas por completar uma das sidequests do jogo.
Por fim, é possível se defender dos ataques segurando o botão R. Ao segurá-lo, seu personagem mantém a guarda levantada e faz um auto-dodge de qualquer ataque que vier em sua direção. Além de se proteger, a técnica também permite o uso de contra ataques e eventualmente um contra strip.

Contudo, o mesmo se aplica aos inimigos, que podem manter sua guarda levantada e se esquivar de tudo. Em dificuldades mais baixas isso não é um problema, entretanto, ao jogar nas mais avançadas os duelos acabam se tornando uma batalha de paciência, pois os adversários passam a maior parte dos embates com a sua defesa ativada desviando de tudo.
Também é possível sair do combate a qualquer momento com um simples toque do botão L. Ao fazer isso, seu personagem ajeita a roupa – o que restaura a energia das mesmas – e está livre para andar por aí. Contudo, a ação deixa-o aberto a ataques, então é recomendável fazê-la apenas quando está afastado do inimigo.
As lutas podem ser iniciadas tanto pelo jogador, quanto pelos inimigos. Pelo jogador, basta utilizar a câmera alterada do celular do protagonista para tirar uma foto dos arredores (Kageyashis não aparecem em fotos modificadas), se aproximar dos monstros e iniciar uma interação. Outra forma é apertar o botão Y, o que faz com que o jogador “moleste” os outros e assim iniciam uma luta – ou não. Por fim, o terceiro método é apenas ficar esbarrando até incomodá-los e provocá-los a lutar.

Esses dois últimos métodos funcionam tanto para os Kageyashis, quanto para os cidadãos comuns de Akihabara. Em Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed, o jogador pode ser um grande sacana e atacar pessoas comuns. As técnicas de strip ainda regem o combate com os humanos normais, com a derrota fazendo-os fugir em sua roupa íntima. Além de atacar, também é possível utilizar suas habilidades para o bem, proteger os mais fracos de bullies ou punindo aqueles que fazem atos pervertidos, como tirar fotos das calcinhas das garotas na rua.
A parte mais legal é que começar uma luta pode acabar transformando tudo em um grande caos. Isso porque, é possível fazer com que os adversários acertem outros NPCs na rua – ou você mesmo pode fazer isso – o que acaba por fazê-los se juntar ao combate. Algo que adoro fazer nesse jogo é causar um tumulto e ver os diversos NPCs lutando uns contra os outros.
Tanto os cidadãos comuns, Kageyashis e outros agentes da Niro – que também podem ser atacados – influenciam como tal grupo vê o protagonista. Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed utiliza um sistema de facções e reputação, com as ações do jogador afetando tanto positivamente quanto negativamente todos os envolvidos. Por exemplo, matar muitos Kageyashis, fará com que o herói seja atacado pelas criaturas sempre que entrar em uma nova área. Já atacar muitos cidadãos indefesos, fará com que os outros fujam de medo ao avistar o otaku. Além disso, certas sidequests também podem sumir ou não ficar disponível se você tiver uma má reputação com um grupo.

Sempre é possível aceitar uma sidequest em específico para ser perdoado por aquele grupo. Ela é uma missão bastante chata, mas vale a pena caso você queira voltar a ser bem recebido por um grupo. Além desses 3 grupos, também existem os policiais que patrulham as ruas e são um dos oponentes mais difíceis de se enfrentar. Eles podem prender o jogador, forçando-o a pagar uma fiança para ser solto.
Apesar do combate ser bem divertido, ele tem os seus problemas. A falta de um lock on é o principal deles. Sem a função, o jogador passa por algumas dificuldades durante algumas lutas, principalmente aquelas que envolvem mais de um inimigo.
Apresentação para nenhum otaku botar defeito

Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed é um remaster de Akiba’s Trip Plus lançado em 2012 para o PSP. Isso significa que o jogo é o mesmo apresentado no portátil da Sony, apenas possui gráficos melhores. Contudo, essa mudança não é tão grande assim.
Apesar dos visuais estarem obviamente melhores que na sua versão “original”, o visual de Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed é bem aquém do que o Switch pode produzir. Entretanto, isso acaba não sendo um ponto negativo, quando percebemos que o charme do jogo está ligado ao visual mais simples, encantando bastante aqueles que querem passear por uma Akihabara virtual.
Como tudo aqui veio diretamente do PSP, é possível notar que existem alguns limites. As animações são bem simplórias, não há muita variação de modelos e os pontos de exploração são pequenos. Contudo, Akihabara se sente viva quase como a da vida real. Existem lojas para explorar, os NPCs interagem uns com os outros e os efeitos sonoros recriam bem o ambiente do distrito.

Acompanhando os visuais está uma boa trilha sonora. A música de Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed é bastante legal, misturando desde melodias mais calmas, até aquelas mais rock animado para as lutas. Algumas delas são tão memoráveis para mim que eu nem precisava estar com o volume do Switch ligado para recordar delas. Impossível para mim, por exemplo, de ao visitar a “Mestra”, uma dançarina de strip que é a criadora das técnicas de strip e gosta de caçar por “cerejas” em Akihabara, e não lembrar das primeiras notas de seu tema que tem claras inspirações de músicas de jazz.
Todas as cutscenes também são dubladas e o jogo oferece ambas as vozes japonesas originais ou uma dublagem em inglês. A tradução em si não está ruim, mas eu decidi jogar o jogo todo com as vozes originais, pois já estou acostumado a elas.
O game perfeito não existe… e não existe mesmo não

Como mencionado anteriormente, Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed é um remaster da versão Plus, lançado originalmente para o PSP, cuja única diferença é ter gráficos melhorados. Tirando os novos visuais, o resto do jogo é idêntico ao encontrado no portátil da Sony. A única diferença é a adição de mais personagens na tela ao mesmo tempo.
Isso significa que todos os problemas que já eram observados na versão de PSP continuam presentes aqui. Mapas pequenos, repetição de NPCs, falta de lock on durante as batalhas, sidequests que às vezes não são explicadas muito bem e uma falta de profundidade em certas áreas do game.
Contudo, a transição para o Switch acabou por não apenas reforçar os erros do PSP, como também criou novos bugs e glitches que não existiam na versão original. Graças ao analógico direito, é possível agora movimentar a câmera e como o jogo original não foi programado para essa função, ela é extremamente problemática e acaba por atrapalhar em vez de ajudar. O problema também persiste bastante durante os embates com mais de um inimigo presente na tela.

Outro erro que notei bastante é a AI do jogo simplesmente congelando durante as lutas. Acontecendo principalmente quando se faz as sidequests onde devemos enfrentar vários inimigos ao mesmo tempo. Muitas das vezes, após fazer uma sequência de strips, apenas um oponente continuará atacando, enquanto o resto ficará parado, ao aceitá-los novamente, eles fazem a animação de perder uma parte de sua roupa e então voltam a funcionar normalmente. Apesar de isso ajudar bastante durante esse tipo de embate, em alguns casos o jogo pode bugar de uma tal maneira que faz com que esses mesmos inimigos sejam invencíveis. Nesse caso, tudo o que resta é sair da área e recomeçar a missão do início.
Contudo, o pior problema apresentado por Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed é um que não deveria existir, queda de framerate. É inconcebível que a Acquire ao portar o jogo para uma plataforma superior, fez com que ele rodasse pior do que na versão original. Algo que era quase impossível de perceber no PSP, aqui acontece quase constantemente. Novamente, o caso fica pior quando se enfrenta muitos inimigos ao mesmo tempo, o que mostra que a desenvolvedora não conseguiu otimizar tão bem assim o jogo. Ah, e esse problema ocorre até mesmo quando o Switch está no dock.
Um remaster que poderia ter sido bem melhor

Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed é um bom jogo que consegue divertir bastante os jogadores e apresenta uma história bem legal. Contudo, a Acquire vacilou bastante ao decidir não investir muito no remaster. O game está cheio de problemas que atrapalham bastante a experiência e faz ser impossível de recomendá-lo, ainda mais pelo preço pedido.
Uma pena, apesar de tudo eu tive uma divertida experiência com o game. Confesso que foi bom ter finalmente entendido direito a história e ter a chance de enfrentar certos oponentes especiais por completar certas sidequests. Contudo, se você realmente deseja jogar Akiba’s Trip: Hellbound & Debriefed, espere por uma promoção, será bem melhor.
Prós:
- Divertido sistema de combate;
- Música muito boa;
- História e personagens bons.
Contras:
- Jogo é muito mal otimizado;
- Diversos bugs novos;
- Falta de lock on atrapalha nas lutas;
- As limitações de um jogo de portátil continuam presentes aqui.
Nota
6,5
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