
Desenvolvedora: Morteshka
Publicadora: HypeTrain Digital
Data de lançamento: 10 de Agosto, 2021
Preço: R$ 127,45
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela HypeTrain Digital.
Black Book se trata de um jogo RPG de cartas numa Rússia sombria da era czarista, onde vivem monstros, demônios e bruxas que amedrontam a vida dos moradores das vilas. Aqui controlamos Vasilisa, que após perder seu amado, decide se tornar uma bruxa e destravar os selos do “Livro Sombrio”, que é dito poder realizar qualquer desejo, para tentar reviver seu amor.

A apresentação do jogo é boa, em momentos de conversas costumamos ter os clássicos renders dos personagens conversando com diálogos dublados como em Visual Novels, porém admito que não sou muito fã da maioria das vozes e atuações do jogo, principalmente da protagonista, apesar de sim, ter algumas boas. E em outros momentos, geralmente em partes importantes da história temos uma área onde podemos caminhar com modelos 3D e com cutscenes mais elaboradas, com um visual mais cell shading bem bonito, pra uma ideia por comparação, me lembra bastante o estilo do Untitled Goose Game, esse mesmo tipo de modelos é usado para as batalhas, dando um visual prazeroso às mesmas.
ATRÁS DOS SELOS
Nossa história segue um padrão bem episódico, onde em cada capítulo devemos desbloquear um novo selo do livro, ajudando NPCs com outros problemas no caminho, como um soldado que está querendo ajudar uma moça a voltar para seu estado humano, e resolver alguns ocasionais puzzles. Tudo com um tom bem sombrio e místico, cheio de referência a cultos, mas apesar da boa premissa, não posso deixar de sentir que em vários momentos a história se arrasta bastante, já que direto somos jogados para outros objetivos e a gameplay nunca varia muito, e além de diálogos novos, só sentia estar fazendo as mesmas coisas de novo e de novo até o jogo falar “tá, agora você pode resolver o caso”.

E Vasilisa, apesar de estar no caminho para se tornar uma bruxa, ela não precisa necessariamente ser uma má, guiada por seu avô, ela adota o título de “Knower”, algo como a sábia do vilarejo, identidade a qual os cidadãos se encaminham para solicitar ajuda com acontecimentos místicos, seja pedindo conselhos ou a eliminação de pestes demoníacas. E nós nos pés da personagem temos que usar nosso raciocínio bem para poder acertar nesses conselhos.

As ameaças do mundo também podem ser enfrentadas pelo sistema de combate do jogo, que se baseia num combate de turnos, onde nossas ações são escolhidas por cartas, algo que apavora todo fã de Paper Mario.
HORA DO DUELO
O sistema é bem fácil de se entender, temos uma quantidade limitada de cartas para usar por turnos, dividas em “slots” que as marcam como pergaminhos ou chaves. Além dessa divisão de marca, temos duas principais cores, as brancas que costumam representar cartas de defesa que anulam pontos de danos dos oponentes em mesma quantidade, e as pretas que costumam ser ofensivas. Além é claro de algumas com efeitos especiais como buffar outras cartas, causar dano no inimigo quando ele se mover, entre outros.

O principal objetivo do combate é achar os melhores combos entre suas cartas para conseguir dar o maior dano possível num turno, porém devido a seleção da sua mão ser baseada no RNG nem sempre isso é possível, e podemos nos encontrar em situações sem cartas para atacar o oponente, aumentando a quantidade de turnos desnecessariamente, ou então não ter nenhuma para se defender também, o que em lutas contra chefes pode ser um problemão. Para tentar aliviar esses eventos, o jogo também conta com um sistema de companheiros, que lhe auxiliam em batalhas, mas só podemos levar 1 personagem conosco, que só possuem uma ação que precisa ser recarregada em alguns turnos, logo não sendo tão efetivo quanto deveria.

Contudo, apesar desses infortúnios, a dificuldade não é algo a se preocupar, mesmo com momentos de azar, é difícil perder uma luta, pois temos bastantes itens de cura, e caso realmente estejamos com muita dificuldade e só queiramos prosseguir logo com a história, podemos pular a batalha como se tivéssemos ganhado para automaticamente seguir com a trama.
DIA CONTURBADO
Além do combate, temos outras atividades para exercer no jogo que é dividido entre dia e noite, na parte do dia estamos na nossa cabana, onde podemos conversar com o avô de vasilisa, e ouvir cidadãos que nos procuram em ajuda, nos dando missões secundárias para realizar, ou pedindo nossos conselhos, que se bem dados, podem nos dar mais pontos de experiência e dinheiro. Além de um minigame de cartas e uma sala de gerenciamento dos demônios que tomamos posse como bruxa para manda-los atormentar outras vilas, ação que se não fizermos, nós mesmos seremos atormentados. Também podemos acessar o livro para comprar mais cartas, aumentar nossa skill tree entre outras funções.

E quando terminamos com nossas ações na cabana podemos ir para a sessão de noite, onde o jogo nos coloca em um mapa que escolhemos qual caminho queremos seguir. Essa parte me lembra um clássico RPG de mesa, escolhemos nossos caminhos, nos deparamos com situações que decidimos como reagir, como se aproximar de um local após ouvir um barulho, ou fugir depois de avistar um demônio. Apesar de a ideia ser bem legal no começo, no resultado final ela acaba sendo bem repetitiva, com muitas situações parecidas e nem sempre com recompensas tão boas, nos desincentivando de explorar caminhos secretos do mapa, a menos que sejam para cumprir missões secundárias.

Uma mecânica interessante que temos é que nossas escolhas, se pensadas com maldade podem adicionar pontos de pecados no nosso perfil, que altera alguns diálogos e a história, também é possível perder esses pontos realizando boas ações, o que é necessários depois de mandar nossos demônios para atormentar os outros, que causam pontos de pecado em Vasilisa.
CONCLUSÃO

Black Book não tenta inovar muito no gênero, conta uma clássica história mística com um simples combate, e apesar de às vezes ser bem arrastado, conseguimos perdoar pela boa apresentação e o clima de mistério da trama. Porém um ponto mais difícil de esquecer é alguns problemas técnicos, como textos mal organizados, tendo casos em que nem mesmo conseguimos ler todas informações de alguma carta, e um problema com o salvamento.
Teoricamente podemos salvar o jogo a qualquer momento, porém ao carregar não voltamos do mesmo lugar, e sim do último salvamento automático do jogo, mas caso não tenhamos salvo manualmente, ainda podemos voltar do ultimo automático ou pro ainda mais antigo manual, mecânica que pode gerar confusões e poderia ter sido melhor implementada. Isso tudo torna o jogo numa modesta experiência, mas que ainda tem o potencial para melhorar muito.
Prós:
- Temática sombria e misteriosa
- Estilo artístico
- Combate simples de entender
Contras:
- Problemas com a UI
- Pode ser arrastado em vários momentos
Nota final:
7
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