
Desenvolvedora: Funky Can Creative
Publicadora: Funky Can Creative
Gênero: Shoot ‘em up, musical
Data de lançamento: 26 de janeiro, 2024l2
Preço: R$ 76,45
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Funky Can Creative.
São vários os jogos definidos por sua trilha sonora. Sem o clássico tema de Koji Kondo, os campos de Hyrule seriam vazios e sem vida, ao mesmo tempo em que metade do charme da Green Hill Zone reside nas notas que iniciam as aventuras de Sonic. E conforme a proliferação de diferentes tipos de jogos, a música passou a ser incorporada em elementos ainda mais estruturais de diferentes obras, marcando ritmos de progressão, adaptando-se conforme as ações de personagens de telas ou até mesmo tornando-se o jogo em si. Com todas essas questões em mente, PopSlinger nasce como uma experiência estética, mergulhando fundo em um estilo retrô, trazendo a música como sua principal identidade.
Estiloso e cativante
O jogo tem como início uma curta introdução, apresentando Ria, a protagonista, em uma jornada típica de narrativas de garotas mágicas, tendo feito um pacto com Gin, um espírito de um outro mundo. Sua cidade foi invadida por uma horda de criaturas gosmentas, lideradas por uma figura sinistra que, ao servir-se das inseguranças de outros, cria subordinados explorando suas vulnerabilidades. Dessa forma, cabe a Ria, munida de novos poderes, derrotar os vilões e libertar sua cidade do domínio tirânico.

É um pano de fundo clichê, sem dúvidas, mas que nunca interfere no que há de realmente interessante aqui. Com uma arte muito inspirada na estética de animações japonesas dos anos 1990, as animações fluem com um ritmo próprio pela incorporação de músicas “Future Funk”, evocando um sentimento nostálgico ao utilizar instrumentos sintéticos com distorções propositais (visualmente identificado em símbolos e falhas simulando fitas de vídeo), com músicas estimulantes e altivas. As composições sonoras, no entanto, adaptam-se com as diferentes ações de Ria, transformando um shooter simples em um distinto jogo de ritmo, atenção e memorização.
Em posse de armas provenientes de latas de refrigerante, a protagonista precisa aproveitar-se de seus oponentes para derrotá-los com maior eficiência. Uma vez em que os monstros são encontrados nos mapas com três variações de cores (azul, amarelo e vermelho, é necessário destruí-los em ordem, sempre encontrando grupos de quatro criaturas de mesma cor para receber um bônus de ataque ou de defesa por meio de Gin, misturando diferentes fitas cassetes no processo, elaborando um remix particular de diferentes composições. Assim, para alcançar o final de cada tela, jogadores precisam mostrar precisão de tiro em janelas de tempo estreitas, preocupando-se em eliminar as gosmas em ordem, sobrevivendo a seus ataques e desfrutando da música que se apresenta a cada turno.
Divertida frustração
Apesar de aparentar complexidade em seu sistema de jogo, PopSlinger pode ser jogado ignorando todos esses elementos. No fim, somos levados por uma progressão narrativa ciente de suas limitações, fazendo-nos interessar muito mais pelas personagens apresentadas, em um elenco cômico e de visual interessante. Seus diálogos não se estendem além do necessário, com uma escrita muito consciente e sem se levar à sério, resultando em um jogo relativamente curto, com alta qualidade e repleto de referências aos apreciadores do gêneros apresentados. Ainda assim, alguns elementos não o permitem ser perfeito.

Um elemento de elevada frustração presente aqui reside na mecânica em si do jogo. Apesar de exigir precisão, as armas disponíveis (desbloqueadas a cada chefão derrotado) não correspondem à forma como o jogo foi projetado, com hit boxes largos e com bastante área de dano, unido a uma câmera muito próxima, deixando uma sensação claustrofóbica e rendendo alguns momentos de ligeira irritação, superadas ao reiniciar determinadas fases, sempre curtas.
Por si só isso não seria um imenso problema, não fosse a exigência da fase final de se completar todas as seções uma segunda vez para buscar uma classificação mínima, baseada em dano tomado, inimigos derrotados e combos musicais realizados. Ainda assim, não consigo dizer que a experiência final é frustrante. Voltar em fases antigas com novas armas é extremamente satisfatório, e decorar o posicionamento de inimigos e descobrir diferentes combinações de cor e música é extremamente divertido.
Refazer as fases com mais poderes constrói uma confiança melhor do jogador no sistema de jogo, fazendo-nos dar mais valor à progressão aqui projetada. E quando, ao fim, nos deparamos com inimigos ainda mais poderosos, protegidos com escudos destruídos apenas com certo tipo de arma, tornamo-nos um com o cenário e com a música, cruzando telas difíceis com maior controle de Ria, em um elo imbatível com sua protetora, Gin.

Conclusão
PopSlinger é uma mistura de coisas boas, e que resulta em algo ao mesmo tempo cativo de suas inspirações e algo original. É um jogo simples em sua estrutura, sendo um shooter básico, com variações de armas e inimigos interessantes o suficiente, e um jogo de ritmo e memorização acessível e sem muitos segredos, com várias ferramentas implementadas para auxiliar a experiência geral do usuário com a obra. Sua narrativa cumpre o propósito de motivar o jogador a permanecer jogando, embora se enrole em seus mistérios, dependendo de um elenco escasso, porém agradável e com boas dubladoras.
A música e a estética, no fim, elevam a qualidade da obra a um outro patamar, sempre demonstrando visuais interessantes e estimulando a exploração sonora a partir da postura relaxa e animada de Ria. É uma fácil recomendação para aqueles que apreciam jogos otimistas, curtos e que deixam uma marca no fim, especialmente com uma promessa quanto à uma sequência futura ao se derrotar o último chefão.
Prós
- O jogo respira a estilo, com uma arte leve e saudosista;
- A música se combina com elementos de combate de forma intuitiva e original.
Contras
- Imposição de sistema de pontos tempo de jogo artificial;
- Elementos de tiro e câmera poderiam ser melhores.
Nota Final:
8,5
- Review | Moons of Darsalon - 05/02/2025
- Review | Pine: A Story of Loss - 13/12/2024
- Review | Animal Well - 07/12/2024