
A abertura “Pokketto monsutaa, ou somente Pokémon (…)” acompanhou o desenvolvimento e histórias de muitas crianças que cresceram na década de 90. Satoshi Tajiri, o Ash Ketchum da vida real, mal podia imaginar que o pequeno e simples hobby de capturar e estudar insetos perto de sua residência se tornaria no futuro um fenômeno mundial, que renderia variados jogos e anime, além de pesquisas e textos feitos a partir da época. Partindo sempre da mesma ideia inicial, ilustrada pela frase “gotta catch them all“, partimos em aventura explorando rotas e caminhos, mares e cavernas, florestas e cidades, aprendendo sobre valores éticos e de amizade transmitidos também pelos monstrinhos os quais nunca nos abandonam.
Ao longo de 26 anos o fenômeno japonês percorreu vários lugares e culturas para ambientar seus jogos e anime em cenários reais do mundo que podem ser conhecidos e explorados por todas as pessoas. Suas quatro temporadas iniciais se passam no Japão, sendo que especificamente cada uma delas tem como palco determinada ilha nipônica. A temporada seguinte se passa em Nova York, e, a partir de então, Pocket monsters acompanha o sucesso mundial deixando também seu país de origem. Na geração futura chegamos à França, e graças à tecnologia de 2013 o fenômeno foi mais ambientado à cultura do país, com um ginásio inspirado na Torre Eiffel e a valorização de seu doce típico, com o fã podendo lembrar-se do Chespin que adora macaron. Avistamos o Havaí e toda sua exuberante natureza na sexta geração e conhecemos o Reino Unido neste atual ciclo da série. Em um futuro próximo, exatamente no dia 18 de novembro de 2022, pessoas e treinadores do mundo inteiro poderão embarcar à Península Ibérica, revelando segredos e imergindo nesta nova e colorida aventura que promete ser de mundo aberto.
Acompanhando a globalização e o público que cresceu com a série, e também a fim de convidar mais e mais pessoas a aventurarem-se ao misterioso mundo de Pokémon, novas formas de evolução, conhecidas pelo nome de “mecânicas”, foram adicionadas à sua história desde a sexta geração. Para cada cenário em específico criou-se uma nova mecânica, que dialoga com a própria ideia de evolução da série e consequentemente pretende inovar as estratégias competitivas de seus jogos. Dialogando os países das aventuras às recentes mecânicas, temos mega evolução em Kalos, Z-Move em Alola, Dyna/Gigantamax em Galar, e agora Terastalize em Paldea. Com a licença que Pokémon nos permite, podemos dizer que estas adições que acontecem desde 2013 são evoluções também do nosso mundo cada vez mais competitivo e globalizado, onde o desenvolvimento anda ao mesmo ritmo da inovação. Abaixo listamos os estilos competitivos já criados e tentaremos descobrir a lógica que motivou cada um a vir ao mundo. Qual será então a mecânica das futuras aventuras? A resposta pode estar escondida no país…
A exuberância francesa e a mega evolução

O fenômeno da mega evolução se dá quando um Pokémon se coloca em perfeita sintonia com seu treinador. O monstrinho então muda sua aparência física mas seu treinador no entanto permanece igual e também não sente os mesmos sentimentos da criatura mega evoluída. A mecânica pode interferir também em sua tipagem, mudando suas estatísticas e podendo adaptá-lo melhor à batalha. Modificando então sua biologia, em algumas entradas na Pokédex podemos ver inclusive que o monstrinho sofre ao fazer esse tipo peculiar de evolução. Concluindo, em conformidade também à história do jogo, apenas uma parte das 721 criaturas existentes até então podiam fazer o fenômeno.
Além de se frisar que a mega evolução é um fenômeno raro e difícil de se alcançar, é notável a exuberante beleza que o Pokémon adquire nesta forma e também os sacrifícios feitos para atingir tal objetivo. Isso se coloca bem intrínseco à cultura da França, que emociona e atrai o mundo inteiro através de suas marcas de moda e personalidades únicas e históricas. Paris é vista por muitos com a alcunha de “cidade luz” e todo o país respira e preserva sua beleza e hábitos cordiais e requintados. Dialogando também com a mecânica, o próprio iluminismo nos diz sobre essa epifania de um escurecido e tenebroso tempo que se aclarou pelas luzes de novos pensamentos.
Tribos havaianas e os Z-Moves

Os Z-Moves são acessados pelos Pokémon através de cristais que existem em todo o arquipélago alolano. Ditas criaturas ainda sim continuam com quatro ataques, sendo que um deles será convertido em “Z-Move” pela força do cristal adicionada aos movimentos sincrônicos e curtos de seu respectivo treinador. Assim como na mecânica anterior, ambos os envolvidos têm de estar em sintonia para realizar o movimento, porém não há aqui nenhuma mudança física ou de tipo. A técnica aumenta consideravelmente o ataque selecionado, podendo em alguns casos modificá-lo, e pode ser usado uma vez a cada batalha.
A cultura havaiana é carregada de simbologia e divindades para qualquer fenômeno ou aspecto da natureza. A fim de aquecer o corpo e intimidar adversários e perigos, as antigas tribos havaianas elaboravam passos e criavam danças que são passadas de geração em geração e fortemente enraizadas ao seu povo. Pokémon fez, portanto, um belo e interessante trabalho ao retratar e valorizar a fauna e flora deste estado e transmitir a atmosfera praiana à sua aventura sob o Sol e a Lua de Alola. Segundo isto, os Z-Moves são como partes das danças tribais de seu povo e relembram a sincronia que todo o corpo de baile tinha de ter para se proteger dos perigos e das intempéries do tempo.
Os Dyna/Gigantamax e as conquistas do povo inglês

Os fenômenos dynamax e gigantamax permitem que o Pokémon cresça e alcance inimagináveis estaturas físicas. No primeiro, observa-se que o monstrinho apenas cresce de tamanho e no segundo vê-se uma mudança nítida em seu visual, podendo ocorrer ainda uma alteração de seu tipo. Diferentemente dos fenômenos anteriores, não é necessária uma sincronia do treinador para com o Pokémon e mais uma vez a franquia inovou com a adição de duas mecânicas, as quais todos os monstros de bolso podem usufruir respeitando-se determinados critérios.
Acompanhando o crescimento expressivo das mecânicas, a história do povo inglês foi perpassada por conquistas e imposição de suas culturas frente à outras. Seu próprio idioma, o qual hoje é língua de comércio e muitos almejam falar por vários motivos, está presente em várias esferas e inclusive inserido em outras línguas, onde podemos ver um ou outro estrangeirismo. Mais ainda, o personagem fictício Rose e seu monopólio de toda Galar exemplificam isso e, seguindo similar lógica, podemos ver que o monstro pode assumir um aspecto mais intimidante e impor respeito através de seu colossal corpo. Logo, as formas dynamax ou gigantamax das anteriormente pequenas criaturas dizem sobre o domínio histórico do povo inglês e de projeção de suas culturas em outros países e pessoas.
E por último, o colorido espanhol do Terastalize

Uma vez que a nona geração ainda não estreou, não se sabe tudo sobre dita mecânica. Porém, através do segundo trailer percebemos que o fenômeno adiciona um aspecto de cristal ao Pokémon e concede ao mesmo um adorno que é colocado sobre a sua cabeça. Todos os monstrinhos existentes poderão usufruir de tal estratégia, que previsivelmente potenciará os ataques do seu tipo específico. No entanto, existem tesouros especiais que podem mudar o tipo do monstrinho e, assim como algumas mega evoluções e padrões gigantamax, concedê-lo resistênciaras ou vantagens novas que ele habitualmente não tem.
Os povos da Península Ibérica se formaram historicamente através de influências da cultura celta, celtibera, latina, visigótica, católica romana e islâmica. Especificamente o povo espanhol, o qual ocupa grande parte do território, é muito ligado à geografia, conhecimento que se reflete diretamente em variadas áreas como gastronomia, literatura, música e tradições. Os idiomas falados nesta região são muitos, alguns parecidos e outros distantes, e em toda a península nos saltam a vista várias cores locais. Esse banho de culturas e povos diferentes prospera, à arte Pokémon, ao fenômeno terastalize. A mecânica também dá ao monstrinho um aspecto mais exagerado e pretende juntar às vezes duas figuras que parecem não combinar muito bem. No entanto, isto pode refletir ainda ao próprio povo espanhol, o qual por sua central posição geográfica administra todo o colorido e informações do país através de suas diferentes pessoas e sotaques.
E isso é tudo pessoal. Obrigado por terem lido. Apesar de nada ter sido comprovado até então, podemos ver nestas novas estratégias de marketing uma espécie de padrão como a que talvez ainda exista à teoria mais aceita sobre os iniciais de fogo. Verdade ou fake news, continua no próximo episódio.
Leia também:
- O Fenômeno da Pokévolução - 07/07/2023
- Coluna: Hogwarts Legacy e as Escolhas de Cada Um - 16/11/2022
- Mecânicas nos jogos Pokémon – Escolha a sua - 03/09/2022