
Desenvolvedora: Three Rings, FURYU Corporation
Publicadora: XSEED Games
Data de lançamento: 25 de abril, 2023
Preço: US $ 49,99
Formato: Físico/Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela XSEED Games.
Revisão: Davi Sousa
Quando foi a última vez que vimos um RPG japonês oferecer uma experiência cooperativa, onde você poderia desfrutar do mundo e da história do jogo com mais de um amigo? Pois é, são raros os jogos hoje em dia que proporcionam tal experiência, e você mal deve lembrar de algum, de tão escassa que é esta abordagem.
Trinity Trigger é um JRPG de ação que pode ser jogado individualmente ou com outros dois jogadores. Ele é descrito como uma carta de amor aos clássicos dos anos 1990 para a era moderna, com nomes notáveis como Nobuteru Yuuki (Trials of Mana, Chrono Cross) como designer de mundo, música de Hiroki Kikuta (Secret of Mana), Raita Kazama (Xenoblade Chronicles X) como designer de personagens, e o roteirista Yura Kubot (Octopath Traveler).
Nesta aventura, acompanhamos os heróis Cyan, Elise e Zantis enquanto vão na contramão de seus destinos para salvar o continente de Trinitia. Eles então se unem para acabar com a antiga guerra dos deuses e contarão com a ajuda dos Triggers, que são criaturas mágicas capazes de se transformar em armas poderosas para usarmos no combate.
Aventurando-se por Trinitia
Trinity Trigger se passa no continente de Trinitia, que uma vez foi palco de uma guerra antiga entre o Deus da Ordem e o Deus do Caos. Sem qualquer resultado, o conflito se estendeu para o continente, onde cada deus escolheu um “Guerreiro Deus” para dar continuidade à guerra em seu nome. A partir daí somos introduzidos ao protagonista Cyan, um jovem que vivia uma vida tranquila ao lado de sua irmã enquanto trabalha como um Scarvancer para o seu sustento.
Em um dia de trabalho explorando um Arma — as dungeons que normalmente conhecemos —, Cyan se depara com uma presença mágica. Trata-se de um Trigger, um ser capaz de se transformar nas armas dos deuses para auxiliar o Guerreiro Deus no combate. A criatura, no entanto, está com amnésia, e acredita que estando com Cyan, suas memórias podem vir à tona. Também aprendemos que existe uma terceira facção que quer a cabeça do rapaz, e por conta disso ele se junta a Guerreiros Deuses de facções opostas que desafiam o destino para salvar Trinitia.

A trama ganha contorno enquanto nos aventuramos pelas terras de Trinitia com biomas variados. Em nossa jornada, desbravamos outros Arma com intuito de aprimorar nossos Triggers. O enredo do jogo é honesto ao mostrar o quão cru e subdesenvolvido ele é, embora os mistérios em torno do protagonista ainda sirvam de estímulo para a progressão da narrativa para além da ação.

Trinity Trigger se destaca pela sua lore. Ainda na introdução fui envolvido por sua construção de mundo e mitologia: uma batalha entre deuses pelo domínio do continente, onde mortais que herdam a vontade desses deuses lutam contra um destino cruel; é minimamente interessante. Entretanto, a lore é realmente a única coisa que importa aqui, já que o design narrativo é pífio — Sem contar que o jogo herda clichês de estórias de fantasia de JRPGs que tornam as coisas muito previsíveis.

Agora, sobre os personagens centrais, eles também são construídos com base em estereótipos de grupos de heróis que você provavelmente já viu em jogos como Bravely Default ou qualquer outro título que envolve o tema “a jornada do herói”, porém carentes de aprofundamento.
Cyan é gentil e honesto, e acaba aí; Zantis possui uma aura envolvente que deixa os momentos de diálogos mais descontraídos e talvez seja o que mais me apeguei; enquanto Elise, à primeira vista, é uma garota determinada e parece saber bastante das coisas, mas na verdade é apenas uma cabeça de vento fácil de provocar.

Olha, eu não estou apenas implicando com Trinity Trigger: ele é realmente vazio nestes pontos, e sinceramente, eu estava com uma certa expectativa pelo fato de que nomes relevantes estarem envolvidos no projeto, embora no fundo eu já esperava alguma deficiência por se tratar de uma produção da FuRyu (conhecida por oferecer experiências medianas em projetos de grande potencial). Contudo, o jogo ao menos brilha na sua principal proposta: o combate!
Combate de ação que traz toques de Secret of Mana
Trinity Trigger oferece um combate de ação onde podemos alternar entre os três membros da party durante o embate. O sistema de Trigger, como irei chamar aqui, permite uma ação dinâmica que explora as fraquezas dos inimigos com base nas armas.
O combate é descomplicado e intuitivo, consequentemente tornando-o acessível a jogadores inexperientes; porém, ainda existe uma camada de profundidade na parte de customização de armas, onde podemos fazer upgrades nos Trigger Attacks gastando Trigger Points (TPs) em cada arma que obtemos no arsenal, ou equipar Manatite (uma espécie de gema) nos Triggers para conceber efeitos adicionais, como aumento de stats.

Eu falei lá no começo do texto que os nossos companheiros, os Triggers, podem se transformar em armas, certo? Isso dito, existem um total de oito armas para coletar nos Arma espalhados por Trinitia. Cada arma possui um combo de três ataques e um ataque especial que usamos após uma barra no ícone do personagem se encher. Existe também um ataque supremo em trio chamado Trinity Impact, um golpe em área superpoderoso que requer os três membros da party vivos.
Explicado o sistema de batalha, eu só preciso dizer que ele é simples, porém funcional e surpreendentemente divertido. Na verdade, foi o combate que me manteve engajado na maior parte do tempo. As lutas contra bosses ao chegar ao fim de um Arma também proporcionam momentos intensos devido à singularidade de cada adversário; você sempre espera um desafio diferenciado com gimmicks baseadas no tema daquele Arma em questão.

Deixo claro também que é importante entender que Trinity Trigger não reinventa a roda e nem parece querer isso. Seu intuito, como supracitado, é ser uma carta de amor aos clássicos de outrora enquanto oferece uma experiência cooperativa bem gostosinha de curtir, embora seja muito inclinado a se inspirar mais em Secret of Mana, do Super Nintendo.
É mais divertido jogando com alguém
É isso mesmo que você leu no título do tópico: o combate em single-player de Trinity Trigger é decente, porém tem suas falhas devido à CPU inconsistente, enquanto no modo cooperativo o jogo corrige essa falha e traz aquela sensação nostálgica de jogar em companhia no sofá com um amigo ou familiar.
De fato o co-op faz diferença, e eu pude experimentá-lo por algumas horas com meu irmão mais novo após desbloquear esta função. A comunicação, a estratégia, e claro, a cooperação tornam as coisas mais divertidas, eu não sentia isso há algum tempo. O melhor de tudo é que, ao contrario de algumas experiências cooperativas atuais, como Pokémon Let’s Go, Trinity Trigger não é um grande limitador para o segundo jogador, entregando uma experiência bastante agradável a ambos os players, que podem aproveitar o jogo até o fim.

A única ressalva quanto a isso é que ele só oferece o multiplayer cooperativo de sofá para até 3 jogadores, o bom e velho “multiplayer raiz” sem conexão online. Para encurtar as coisas, este tópico é uma propaganda para você que, se por acaso estiver interessado em adquirir Trinity Trigger, leve em consideração a sua proposta. Ele vai te proporcionar uma boa experiência jogando sozinho, mas é ainda melhor quando estamos jogando com alguém.
O RPG quando quer ser simples não quer guerra com ninguém
Trinity Trigger diz ser claro sobre o que quer, mas parece encontrar dificuldades em entregar algo razoavelmente bom quando se trata da história. O elenco de personagens também merecia um trabalho melhor aqui; contudo, ele ainda se sustenta pela sua gameplay.
No fim das contas, a simplicidade em seus comandos e sistemas, além de uma proposta cooperativa, faz desta uma experiência agradável. É um pouco decepcionante que nomes tão relevantes da indústria não puderam extrair todo o seu potencial. Talvez tenha sido a barreira do baixo orçamento? Quem sabe… No mais, é um título que não é de se jogar fora, tampouco uma experiência medíocre, mas dado o que ele poderia entregar, a conclusão é que fica como apenas mais uma experiência que diverte, mas não será tão memorável.
Prós
- Combate simples e intuitivo, porém mais divertido se estiver jogando com um amigo;
- Os modelos chibi in-game são agradáveis, incluindo a arte de Raita Kazama durante os diálogos;
- Trilha sonora agradável, tanto no combate quanto as músicas de ambiente;
- Lore interessante.
Contras:
- Diálogos fracos, com um elenco de personagens sem carisma algum;
- Enredo subdesenvolvido com diversos clichês do gênero, que chegam a ser muito previsíveis;
- Design de mundo sem alma;
- A IA da CPU no modo single-player falha em momentos mais intensos durante a batalha.
Nota Final:
7
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