A Nintendo é uma empresa com longo histórico de personagens femininas em diversas posições. Enquanto na franquia Super Mario, a Peach era apenas uma donzela indefesa, já no seu terceiro jogo (e segundo no ocidente) — Super Mario Bros. USA —, a princesa era jogável, sendo possível argumentar que era a melhor do jogo.
Outras franquias como The Legend of Zelda deu para a personagem que dá nome ao título um papel que muitas vezes não era exatamente físico, mas sim narrativo em suas histórias, colocando-a como uma sacerdotisa, a escolhida ou uma deusa a depender da versão do jogo, mas isso foi um aspecto que, com certeza, só melhorou com o tempo dentro da franquia.
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Isso dito, uma das franquias que podem ser consideradas mais progressistas até hoje dentro da Nintendo é Fire Emblem, e isso data desde sua concepção. Desde o primeiro jogo, de 1990, podemos ver as corajosas e destemidas aliadas do príncipe Marth como peça fundamental da franquia.
Hoje, muitos dos personagens mais icônicos e amados de Fire Emblem são mulheres, protagonistas como Lyn, Lucina e Corrin, marcaram e inspiraram uma geração de jogadores e jogadoras interessadas no RPG estratégico, e até para aqueles que nunca sequer tocaram na franquia, através dos jogos da série Super Smash Bros.
Sendo um franquia de SRPG muito amada pelos membros do site NintendoBoy, e por tudo que ela representa, resolvemos então escrever um pouquinho sobre nossa personagem de favorita de Fire Emblem, e mostrar que, apesar da Intelligent Systems continuar mais progressiva a cada jogo, o pioneirismo das mulheres em seus jogos não foi esquecido. Portanto, cada redator fará uma pontinha especial nesse texto escrevendo sobre sua personagem favorita.
Shamir Nevrand, Fire Emblem: Three Houses
por Vinicius Madeira
Embora Three Houses não tenha sido meu primeiro Fire Emblem, ele foi o primeiro jogo da franquia com os S-Support que eu joguei; e nisso, uma das minhas memórias mais vagas é ser introduzido na história a essa mercenária arqueira que trabalha para a igreja, Shamir.
Shamir é uma personagem misteriosa, no sentido que o jogo propositalmente deixa muito dela ambígua. Tudo que nos é contado inicialmente é que suas origens vieram de Dagda, uma nação vizinha à Fodlán que, até pouco tempo, travava constantes guerras com a mesma. Nisso, Shamir não aparenta apresentar más intenções e está lá apenas para seu benefício próprio.
Enfim, Shamir Nevrand foi a primeira Unit de Fire Emblem na qual eu fiz S-Support, e não me arrependo; ela é uma personagem forte e misteriosa o bastante para nos fazer interessar por ela e seu background, sem mencionar o seu incrível design.
Edelgard Von Hresvelg, Fire Emblem Three Houses
por Lucas Barreto
Fire Emblem: Three Houses representa um marco na franquia, sendo o título mainline mais vendido até então. O título, que gira ao redor de um complexo jogo político entre três distintas regiões que compõem o continente de Fódlan, é conduzido a partir da chama revolucionária de uma personagem: Edelgard. A líder dos Black Eagles e herdeira do trono do Império não apenas se destaca em sua rota individual como também aprofunda-se em várias camadas nas demais rotas que compõem a obra, sendo o núcleo de Three Houses.
Ame ou odeie, Edelgard apresenta-se como uma das personagens mais interessantes não apenas da franquia mas também como todas as obras da Nintendo. Torturada na infância, conduzida ao terror por membros nefastos da corte, e a única capaz de romper os elos de uma injusta prisão de linhagens sacras: a personagem é capaz de apresentar seus mais temerosos anseios ao mesmo tempo em que demonstra como a guerra consome o espírito humano; mostra compaixão, mesmo quando impetuosa, e amável mesmo quando temida.
Edelgard pode não ser a minha personagem favorita da franquia por sua personalidade, já que Bernadetta e Rosado poderiam ofuscar qualquer personagem nesse sentido, mas se torna por conta de sua profunda ligação com a trama a nos apresentada neste que se torna um dos melhores títulos da série no quesito narrativo. Seus Supports tanto no jogo original quanto no spin-off musou, Three Hopes brilham, apresentando camadas interessantíssimas, e nos arremessando em direção ao núcleo da obra. Mesmo em conversas com outros personagens, como Dimitri, sempre quando Edelgard é o tópico a escrita parece brilhar, e o tom do jogo se torna ainda mais soturno. Revolucionária, líder e forte, Edelgard representa uma nova esperança perante aos poderosos que sempre buscam nos derrubar.
Alear, Fire Emblem Engage
por Pablo Camargo
Alear é o ponto que liga todo o colorido elenco de Fire Emblem Engage, e mesmo sendo a tão reverenciada dragão divina, talvez seja uma das personagens mais humanas do jogo.
Alear é uma personagem extremamente simpática tanto com seus aliados quanto inimigos, que sempre vai tentar motivar os outros a serem sua melhor versão de si mesmos. Não tem medo de falar o que pensa, seja quando precisa educadamente pedir para que a tratem de uma maneira menos excepcional ou para apontar então certos traços que um aliado poderia desenvolver melhor.
E acima de tudo, é uma personagem relatável, que assim como nós, nem sempre sabe lidar com os grandes pesos de suas responsabilidades, tomando alguns tropeços no caminho, e que ainda possui seus próprios medos — desde os mais melancólicos como perder seus amigos (tanto os tangíveis quanto os intangíveis), e até mesmo os mais “cômicos” como o recorrente apavoramento dos corruptos, afinal, quem não tem um medo mais bobo né.
Rhea, Fire Emblem: Three Houses
por Luiz Estrella
Não vou negar que essa não foi minha primeira opção quando recebi a missão de escrever sobre uma das maravilhosas personagens da franquia Fire Emblem, mas quando tentei localizar uma personagem forte e memorável rapidamente ela veio a minha mente. Rhea em Fire Emblem: Three Houses representa um misto perfeito entre espiritualidade e poder, essencial para quem é a líder máxima da igreja de Seiros, religião do universo do game que é fortemente inspirado no catolicismo do nosso mundo real.
A personagem é quem faz o jogo realmente acontecer, independente da rota escolhida pelo jogador, Rhea com certeza será uma das peças centrais da história. Vemos a personagem não só em momentos de paz, calmaria e reflexão, mas também em momentos extremamente intensos no campo de batalha. O choque de ver uma personagem supostamente tão pacífica em momentos sanguinários gera algumas das melhores cenas de Fire Emblem: Three Houses.
Por fim, é claro, fica o destaque para o design marcante da personagem, com o cabelo na cor verde claro e as vestes em tons de branco, dourado e azul, entregando o visual “celestial” que é totalmente coerente com Rhea.
Lysithea, Fire Emblem: Three Houses
por Guilherme Varoto
Three Houses entre todos os seus charmes, tem como um de seus maiores os personagens, e é bem difícil escolher uma favorita. Entre as falhas presentes podemos dizer que a interação dos personagens com Byleth é um ponto fraco, já que é difícil escrever diálogos de qualidade constante com alguém com falas moldáveis que podem não significar muito além da ilusão de escolha, então a escolha desse personagem não vem da relação protagonista-personagem, e sim do que se pode observar entre os próprios personagens secundários e o que ele tem de único para apresentar à história. Lysithea encaixa no universo construído por Three Houses como uma luva, do anime colegial cômico até a tragédia que o mundo de Fódlan pode ser para seus personagens.
Lysithea tem seus momentos adoráveis e cômicos, interagindo com o que é, objetivamente, a casa mais leve do jogo, os Golden Dears de forma natural, mas um pouco de exploração com outras casas é possível ver um outro lado da personagem, que coloca muito seus pés nos Black Eagles. Por um lado, temos uma jovem que não gosta de ser chamada de criança, mas em momentos age como tal, afinal, é uma das mais jovens de todo elenco, e em outros, uma das mais melancólicas de todo o elenco, que descarrega toda a sua raiva em seus colegas de maneira inconsciente. Não parece tão charmoso, mas sem entregar nada, tudo é respondido quando se entende a ansiedade e pressa da personagem.
Gostaria de fazer uma pequena pauta para o design da personagem também. Devo admitir que cabeços brancos e olhos lilás são um fraco meu, então é lógico que houve uma atração inicial pra conhecer a personagem, mas seu design pós-time-skip é tão elegante e simples, que eu nunca troquei seu uniforme padrão pelo de classe após. Seu design é simples, charmoso e talvez, isso resuma tudo que eu sinta pela personagem por si só.
Timerra, Fire Emblem Engage
por Marcos
Inclusão e diversidade são temas difíceis de se encontrar em séries de JRPGs mais longevas. Fire Emblem por exemplo, é uma franquia que, notavelmente, vem se adequando a cada novo jogo. Claro, ainda esta longe de um ideal satisfatório; mas olha, o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo tornou-se um padrão a partir de Awakenig. Mas para além disso, o que venho notando é o avanço ainda tímido da representação negra na série.
Fire Emblem Engage no entanto, introduziu Timerra, que ao meu ver, é a maior representação da raça negra na relações de poder político e também da força feminina em Fire Emblem. Dito isso, Timerra foge dos clichês onde negros excercem funções típicas nos jogos da série como serem vassalos de seus lordes, à exemplo de Dedue, de Three Houses. Ela assume a posição de princesa herdeira de uma família real em uma sociedade matriarcal.
Contudo, sua função no jogo vai muito além de sua posição política. Timerra, é um dos lordes que acompanham Alear em sua jornada. Então podemos dizer que, finalmente, temos um papel que excede tais clichês supracitados. Claro, não é apenas por ser um símbolo que eu gosto da Timerra: seu espírito livre e aura contagiante faz dela uma das figuras mais cativantes da jornada do Dragão Divino, ainda menos estereotipada em contraste com os demais lordes.
Timerra, junto de seus vassalos Merrin e Panette, formam o “Rocket of Solm”, um grupo musical que é simplesmente terrível na habilidade de canto — o que gera interações de Supports bastante divertidas devido a insegurança e a dificuldade que Panette e Merrin têm de lidar com a crítica geral, mas que são completamente envolvidas pela confiança e otimismo de Timerra, mostrando uma relação genuína de amizade e respeito mutuo entre o trio de personagens. Eu simplesmente amo esse grupo!
Anna (todos os Fire Emblem)
por Matheus “Theus Jackson” Santana
Sempre acho interessante personagens onipresentes, àqueles que retornam em jogos mesmo quando a franquia retrata mundos ou tempos diferentes. E em Fire Emblem existe a Anna, que sempre é retratada como uma comerciante e que de um tempo pra cá, ela se tornou uma personagem jogável.
A minha versão favorita no entanto, é a encarnação que aparece no Fire Emblem Engage, onde diferente das outras, ela ainda é uma criança que tem como objetivo duas coisas: achar suas irmãs mais velhas — que também se chamam Anna por algum motivo e são idênticas a ela (me fez lembrar uma certa enfermeira de outra franquia da Nintendo) — e criar um comércio.
Contudo, o que me fez gostar da Anninha é a parte cômica quando a encontramos pela primeira vez em Fire Emblem Engage: dentro de um baú, escondida. Afinal, ela é um tesouro de criança.
Lucina, Fire Emblem Awakening
por Erick Figueiredo
Uma personagem feminina que eu curta em Fire Emblem? Bem, eu diria que é a Lucina. Apesar de ter jogado outros FE’s, Awakening foi um dos primeiros que consegui ir até o final e zerar e eu acabei gostando bastante dos personagens.
A revelação da Lucina ser do futuro foi um bom plot twist, mas o que me conquistou foi ver como suas habilidades e status eram influenciadas pela combinação de pais dela, achei aquilo muito legal. O fato dela ser OP também me fez gostar bastante dela, não vou negar hahaha.
Mas o que me vendeu mesmo a personagem foi uma cena em particular da história do jogo que se for feita com o Robin casado com ela, fica ainda mais emotiva. Interessado? Jogue Fire Emblem: Awakenig então.
Hilda Valentine Goneril, Fire Emblem Three Houses
por Gabriel Marçal
Eu acho que o que mais me encanta na Hilda é minha identificação com ela: versada em situações sociais, carregada de inteligência emocional, e preguiçosa para usar qualquer uma dessas coisas para o bem. Hilda é diversas vezes compelida pelos S-Supports a compartilhar suas sabedorias com seus aliados pela capacidade de ver através deles.
Apesar do cinismo inicial para lidar com a maioria das coisas, acho que é bem seguro dizer que as únicas coisas que vão através da preguiça cínica da Hilda que finge não ver nada pois assim nada é problema dela, são sua empatia e lealdade para aqueles que a cercam.
E se nas relações sociais ela é uma jogadora complexa, sempre conseguindo coisas com gestos e palavras, e ajudam as pessoas que estão perdidas em seus conflitos. Hilda no combate é o mais simples possível a dicotomia entre ela brandir seus machado e seu complexo jogo de palavras, a imagem da garota delicada e sensível com a etiqueta em dia em contraste com a feroz guerreira que protegerá a fronteira um dia, Hilda mostra como é possível ter personagens femininas fortes e multifacetadas em franquias tão plurais como Fire Emblem.
Viva a diversidade
Escolhemos as personagens femininas de Fire Emblem porque elas foram parte integral do que tornou a franquia Fire Emblem algo especial na nossa opinião. Muito além de um possível S-support, essas personagens que vão além de estereótipos ultrapassados de mulheres e conseguem ser reais, complexas fortes, frágeis e humanas tudo ao mesmo tempo, está profundamente atrelada a sensibilidade narrativa que Fire Emblem atinge na maior parte do tempo.
Vivendo em um mundo cada vez mais plural, a franquia Fire Emblem continua avançando, em Engage é possível se relacionar com qualquer personagem independente dos pronomes escolhidos e isso é motivo para comemorar além de algo indispensável para o crescimento da franquia.
Representações cada vez melhores e mais densas como a princesa Timerra aqui citada também engrandecem muito a experiência e é de fato isso que esperamos para o futuro da franquia.
Ah, dia 18 é o Dia do Nintendista, portanto, feliz dia do Nintendista a todos, porque ser Nintendista não tem descrição nenhuma, independente de como ou quem você é, se você ama Nintendo somos todos iguais. Está é nossa colaboração, espero que tenham gostado.