Desenvolvedora: Gemdrops, Inc.
Publicadora: Square Enix
Data de lançamento: 02 de Novembro, 2023
Preço: R$ 249,50
Formato: Digital/físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia cedida gentilmente pela Square Enix.
Revisão: Marcos Vinícius
Star Ocean: The Second Story R, o remake do segundo título da franquia de JRPG com temática sci-fi da Square Enix chega ao Switch trazendo uma excelente mistura de jogabilidade e belos visuais. Com ótimas melhorias introduzidas à sua fórmula, utilização de visuais quasi-HD-2D e recompensando os jogadores que exploram suas mecânicas, o título é uma excelente pedida para os amantes dos JRPGs.
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Como o nome sugere, Star Ocean: The Second Story R é o segundo título da franquia Star Ocean. Lançado originalmente em 1998 para o PlayStation, o game marcou a estreia da série nos consoles da Sony e no ocidente, visto que a primeira aventura da saga ficou exclusiva no Japão.
Ocorrendo anos após First Departure, o primeiro título, Star Ocean: The Second Story R segue a jornada de dois protagonistas diferentes: O cadete da Federação Pangaláctica, Claude C. Kenny e a misteriosa garota do planeta Expel, Rena Lanford. Ambos os protagonistas se encontram quando Claude acaba sendo teletransportado para o planeta de Rena e juntos eles acabam por explorar o mundo em busca de respostas sobre um misterioso cometa que caiu no local e lentamente está matando o planeta, o Sorcery Globe.
A narrativa simples e direta, segue as aventuras de ambos os protagonistas, com apenas algumas pequenas mudanças dependendo de quem é escolhido para liderar a jornada. Apesar de possuírem boas intenções, ajudar as pessoas de Expel a descobrir o que é o Sorcery Globe, cada um possui suas próprias motivações para a jornada.
Com Claude, temos a história de alguém que deseja sair da sombra de seu pai, o almirante Ronyx J. Kenny, que se tornou um herói famoso na Federação Pangaláctica após os eventos de Star Ocean: First Departure R. Já Rena deseja descobrir mais sobre sua verdadeira família.
Assim como foi o caso com o primeiro Star Ocean, a história é bem mais uma narrativa medieval do que um conto espacial, com a justificativa de se passar novamente em um planeta subdesenvolvido. Porém, diferente de First Departure, os poucos elementos de sci-fi se fazem mais presentes aqui. Claude começa o jogo com uma pistola laser (que fica sem bateria logo no início), a mais menções a naves espaciais e tecnologia avançada e há até mesmo uma viagem para outro planeta.
Esta última parte em si me lembrou muito o primeiro jogo, que também fazia com que os personagens visitassem um segundo planeta. Aqui, passamos mais tempo no novo local e há um pouco mais de exploração, mas a narrativa ainda é bem curta nesta parte, com tudo ainda sendo muito rápido e sem muita explicação. Parece que novamente, a Tri-Ace quis fazer algo grandioso e acabou ficando sem espaço no disco para poder colocar toda a história que queria.
O Herói Espacial
Similar a First Departure R, The Second Story R é um JRPG de ação com sprites 2D se movimentando em um plano 3D. Os personagens podem atacar com suas armas e utilizar ataques especiais com L e R. Assim como foi o caso com o jogo anterior, o estilo ainda é baseado na fórmula criada pela Tri-Ace no Super Famicom, com os jogadores apenas podendo utilizar dois ataques especiais e com a limitação de que só é possível utilizar ataques especiais a uma certa distância do inimigo. É um sistema de combate bem simples e bem fraco, em minha opinião, mas existem algumas melhorias em relação ao primeiro título da série e até mesmo ao lançamento original de Star Ocean: The Second Story.
A engine original de The Second Story era uma versão modificada para PS1 da engine utilizada em Star Ocean de Super Famicom, que já era uma versão modificada da engine de Tales of Phantasia do mesmo console. Entre suas desvantagens, existia um limite sobre partículas e animações que podiam ser ativadas no combate, que geralmente afetava os magos do grupo. Sempre que um feitiço era ativado, a ação congelava e só se resumia após os efeitos ocorrerem. Tal efeito, acabou recebendo o nome de “Spell Pausing” pela fanbase, e também marcou presença nos primeiros títulos da série Tales of para o PS1, Tales of Destiny e o remake de Tales of Phantasia.
Essa limitação aliado ao fato de que magia possuía a regra de ser um único hit, fazia com que os magos do grupo fossem um pouco fracos, em relação aos atacantes físicos. Pela primeira vez, o Spell Pausing foi removido de The Second Story, algo que levou bastante tempo, especialmente em relação a série Tales of, que removeu a limitação bem cedo em sua vida. Agora, feitiços ocorrem em tempo real, além disso, eles também finalmente se tornaram multi hits, fazendo com que os magos finalmente tenham uma chance de se tornarem poderosos membros do seu grupo.
Só é uma pena que apesar de ter “consertado” esse problema, os desenvolvedores não consertaram outro problema vital de The Second Story, a AI dos personagens. Tirando os personagens físicos, a AI dos magos, especialmente de Rena, a healer designada do elenco, é terrível quando eles ficam sem opção de utilizar seus feitiços. Eles simplesmente param em campo, ficando aberto para ataques inimigos e sem mesmo atacar com ataques normais. Junto com o fato de que não é possível dar ordens muito detalhadas para a AI, faz com que o combate de Star Ocean: The Second Story R não seja tão profundo quanto poderia ser.
Duas grandes adições ao sistema de combate são a introdução de um sistema de formações, que podem ser desbloqueadas ao longo da aventura e concedem diferentes bônus nos status e a introdução do sistema de Assault Formation, onde é possível “invocar” os outros personagens da party — ou os protagonistas de outros jogos da série – para realizar um poderoso ataque. Ambas as adições mudam bastante o combate de The Second Story R e acabam por fazer com que o jogo seja bem fácil.
Obviamente, o problema de dificuldade é causado por dois fatores. O primeiro são as já mencionadas adições ao sistema de combate, que além de ajudar o jogador ofensivamente, também auxilia bastante em subir de nível rapidamente, graças aos bônus oferecidos por uma das primeiras formações desbloqueadas. Já o segundo tem haver com o expansivo sistema de habilidades da série Star Ocean, que continuam sendo o charme do título e o que o destaca em relação aos rivais.
Quebrando o jogo sem querer
Star Ocean: The Second Story R possui um rico sistema de habilidades que é similar ao que existe em First Departure R, o que não é uma surpresa, visto que aquele jogo se baseava no sistema do Second Story original. Existem algumas diferenças aqui, habilidades de batalhas são separadas e possuem sua própria pontuação e todas as habilidades estão disponíveis desde o início precisando apenas que o jogador as habilite com os Skill Points.
Essa segunda mudança acaba por quebrar demais a experiência de Star Ocean: The Second Story R. Graças a disponibilidade de habilidades, que no original só estavam disponíveis bem mais tarde, fazem com que jogadores que saibam o que estão fazendo ou pesquisem direito, possam acabar quebrando o pouco de dificuldade do título em mil pedaços com algumas poucas horas de jogo.
Não me leve a mal, eu adoro o sistema de habilidades deste jogo. Poder criar os mais diferentes tipos de itens, armas e armaduras, além de utilizar ações extras é muito legal. The Second Story R recompensa muito bem jogadores que explorem todos os seus sistemas e isso é um dos pontos fortes do jogo. Contudo, utilizar o sistema de habilidade, mesmo que em sua mais básica essência, acaba por resultar em equipamentos muito poderosos.
A Tri-Ace com o The Second Story original mostrava sua ambição com o sistema de habilidades e os itens introduzidos neste jogo. Contudo, a desenvolvedora também mostrava que ela não possuía nenhum senso de controle. O resultado são alguns itens muito poderosos que combinado com certos personagens e habilidades fazem com que o jogo não ofereça nenhum desafio.
The Second Story R permite a utilização da dificuldade Hard, batizada de Universe, desde o começo. Mesmo assim, não adianta muita coisa, pois os efeitos de equipamentos combinado com as adições do sistema de formação e as habilidades de combate fazem com que o jogador sempre esteja mais poderoso que os oponentes enfrentados. A única forma que o jogo utiliza para tentar reverter isso e fornece um desafio adicional é em sua reta final com vários inimigos utilizando ataques que paralisam ou petrificando seus personagens. Mesmo assim, isso só mostra que a Tri-Ace, apesar da ambição e boas intenções, não tem o menor controle sobre si mesmo e nem sabe como balancear um jogo de forma justa.
Para completar, o sistema de achievements dentro do jogo quebra-o ainda mais. Completando algumas simples missões, recompensa os jogadores com milhares de FOL, a moeda do jogo. Antes mesmo da metade da aventura, é bem capaz de que você tenha muito dinheiro e pouco uso para o mesmo.
Uma bela combinação de velho e novo
Star Ocean: The Second Story R utiliza o estilo artístico similar ao HD-2D, que a Square Enix tem introduzido em Octopath Traveler e TRIANGLE STRATEGY, sendo aqui chamado de “remake 2.5D”. Combinando as sprites originais, com novos modelos 3D’s e efeitos visuais, Second Story R é um belo jogo, com uma apresentação sensacional e muito boa.
Na parte sonora, o jogo tem ótimas opções para veteranos e novatos que nunca o experimentaram antes. Oferecendo três opções de dublagem, duas japonesas – a dublagem da versão PSP e uma nova – e uma inglês. A música também oferece duas versões para a escolha do jogador, a trilha original do PS1 e uma nova trilha remixada por Motoi Sakuraba, o músico original.
Essa mistura de coisas velhas e novas ajuda a dar uma identidade para Star Ocean: The Second Story R. O game é um remake puro, mantendo toda a essência do original, incluindo seus elementos de designs clássicos da década de 90, porém, introduz diversas melhorias de vida que conseguem atualizar o clássico para a era moderna. Fast Travel, inimigos presentes na tela, dicas e outras adições já mencionadas fazem com que este seja um dos melhores remakes já desenvolvidos pela Square Enix.
Também vale muito mencionar a nova opening do jogo, que possui uma canção muito boa e animação linda. A opening original da versão de PlayStation 1 ainda está presente, refeita com novos modelos 3D’s, assim como outras cutscenes da aventura.
O melhor Star Ocean disponível de uma forma ainda melhor
Star Ocean: The Second Story R é um dos melhores remakes lançados pela Square Enix este ano. A versão original de Second Story sempre foi considerada um dos melhores títulos da franquia e seu remake torna as coisas ainda melhores. Trazendo o que é basicamente um JRPG dos anos 90 para a era moderna, as adições feitas aqui fazem com que esta seja a melhor forma de poder aproveitar este clássico.
Seja você um veterano de JRPGs de ações, da série Star Ocean ou apenas um novato que quer conhecer a franquia, Second Story R é uma excelente pedida para entrar de cabeça na série.
Prós:
- Diversas melhorias que melhoram bastante a experiência;
- Sistema de habilidades continua divertido;
- Ótima combinação de sprites 2Ds com visuais 3D;
- Música remixada é sensacional.
Contras:
- AI dos membros do grupo é bem ruim;
- Muito fácil.