Desenvolvedora: CreSpirit
Publicadora: PM Studios
Data de lançamento: 30 de novembro, 2023
Preço: R$ 189,00
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela PM Studios.
Revisão: Davi Dumont Farace
TEVI é o novo jogo da desenvolvedora independente CreSpirit, que também é conhecida por ter criado Rabi-Ribi. Em um mundo de fantasia no qual os humanos convivem com homens-fera e criaturas maquínicas angelicais e demoníacas, uma genial “coelhinha” terá que usar toda a tecnologia a seu dispor para encontrar as misteriosas Astral Gears enquanto descobre pouco a pouco o que forças sinistras tem feito nos bastidores.
Uma aliança de indivíduos atípicos
Tudo começa quando a jovem Tevi é capturada enquanto invadia a base secreta de um grupo criminoso em busca de um tesouro valioso. Embora a situação possa parecer ruim, não demora muito para a garota escapar e começar a explorar o território dos vilões, que serve como a nossa área tutorial.
Ao final, ela encontra dois magitech, uma raça de indivíduos robóticos que se tornaram mais humanizados ao longo do tempo com o emprego de mana. De um lado, temos Celia, uma garota angelical a serviço da elite da raça; do outro, Sable, um menino demoníaco advindo do Tartarus.
Curiosamente, os personagens subvertem as expectativas de suas origens. Embora Celia tenha asas de anjo, a personagem tem claras segundas intenções ao ajudar Tevi, com uma personalidade surpreendentemente arrogante e prepotente, além de parecer ter uma certa inspiração ao estilo de moda japonês gyaru. Já Sable é um menino ultra meigo e inocente, tão fofinho que até mesmo Tevi se afeiçoa instantaneamente ao rapaz. É até difícil acreditar que ele é um demônio.
Esse trio se alia então para encontrar relíquias misteriosas chamadas Astral Gears que estão espalhadas por várias áreas. Durante as investigações, eles irão discutir vários detalhes sobre o mundo e descobrir coisas suspeitas que estão acontecendo por toda parte e que talvez possam estar mais relacionadas do que parecem a princípio.
Um mundo interconectado
TEVI é um metroidvania, o que significa que, como usual do gênero, precisamos explorar um mapa amplo interconectado. Embora o jogo tenha um certo foco narrativo, impedindo o jogador de avançar por algumas áreas de acordo com o avanço nos capítulos, o jogador tem uma liberdade considerável para explorar. Essa pequena limitação pode ser um incômodo para os fãs do gênero acostumados a fazer sequence breaking e à um jogo que só tenha barreiras baseadas em função das habilidades desbloqueadas.
Para os jogadores que não têm essa mentalidade e estão abertos a outras propostas, vale destacar que o jogo tem uma grande vaiedade de áreas. Cada ambiente possui um estilo próprio e há uma boa quantidade de tarefas opcionais, permitindo ao jogador ignorar a trama temporariamente para explorar.
Em especial, chama a atenção desde o início o aspecto visual dos ambientes, com belos exemplos de iluminação já na primeira cena, que mostra uma guerra de 30 anos atrás. Temos uma floresta com inimigos que espalham esporos e uma área subaquática na qual a nossa capacidade de pulo alcança uma altura maior, chamada Decay. Além de ruínas variadas e muito mais.
Ao explorar essas áreas, podemos encontrar salas escondidas e vários itens úteis que fortalecem a nossa personagem. Além disso, a exploração é recompensada como forma de obter experiência e nível. TEVI mistura o metroidvania com o RPG de ação, colocando a exploração e a vitória contra os bosses como forma de ficar mais forte, desbloqueando novas habilidades. Essa escolha reforça a sinergia entre os dois gêneros, trazendo uma proposta muito bem pensada.
Chuvas de balas e danças de lâminas
Ao longo da aventura, Tevi desbloqueia várias novas habilidades. Nas cidades do jogo, temos lojas para comprar sigilos, habilidades equipáveis à um determinado custo de pontos limitados. Além disso, o ganho de níveis com a exploração traz golpes específicos, como um uppercut ou a capacidade de girar no ar atacando.
Nos momentos mais avançados do jogo, temos uma rotina de encadeamento de golpes muito prazerosa, com a nossa personagem deixando os inimigos paralisados com a sua faca e técnicas de tiro com a ajuda dos magitechs que se fundiram com seus orbitars. Graças aos sigilos, podemos também customizar as nossas preferências, valorizando mais golpes físicos no chão ou aéreos ou adicionando melhorias às técnicas de longo alcance como redução de custo de MP.
Infelizmente, isso também significa que antes do desbloqueio temos controles mais travados. Em especial, chama a atenção que apertar para cima na hora de atacar é um rombo na movimentação até que as habilidades apropriadas sejam abertas. Embora, não seja nada tão grave que tire o brilho do jogo, é fácil perceber esses buracos na gameplay inicial, dando a sensação de trava. Ainda assim, é algo que basta se acostumar e quanto mais tempo se passa com o jogo, mais distante fica, graças ao desbloqueio das novas funcionalidades.
Os inimigos também possuem padrões bem interessantes. Muitos deles são baseados em bullet hell, exigindo que o jogador tenha reflexos rápidos para observar e reagir aos ataques sem tomar dano. Com ataques físicos de curta distância, podemos impedir alguns golpes até o ponto que o inimigo entra em um estágio de invulnerabilidade e começa a contra-atacar. Para os chefes, é possível chegar à um estágio de “Break”, que os deixa totalmente vulneráveis por um longo tempo.
O combate é extremamente fluido como uma dança prazerosa e é realmente recompensador lidar com os padrões mais complexos e deixar os inimigos paralizados com combos elaborados. Fazer isso no ar então é um show de malabarismo à parte que nos permite continuar levitando em nossos ataques e controlar a queda para um momento mais propício para evitar as trajetórias das balas inimigas.
Se o jogador tiver muita dificuldade, também é possível alterar a dificuldade durante o jogo indo ao quarto da Tevi. Temos várias opções, permitindo que pessoas mais experientes no gênero e aquelas que tem mais dificuldade com títulos de ação possam aproveitá-lo.
Por fim, gostaria apenas de destacar que o jogo tem um sistema de conquistas internas que pode ser visto dentro do menu do caderno da Tevi. Porém, infelizmente, durante o meu tempo com o jogo, tive alguns problemas com eles deixando de ser contabilizados. Esse bug é pequeno e nada influencia na experiência geral, mas isso inviabiliza a presença desse sistema e seria importante ter um update para corrigir esse problema.
Outro detalhe que pode incomodar alguns jogadores é o tamanho do texto nos menus que é muito pequeno para ler direito na tela portátil do Switch. Curiosamente, o jogo até tem uma opção para alterar o tamanho da HUD, mas não permite aumentar a letra do menu. Os diálogos em si já possuem um tamanho legível.
Um Metroidvania de alto nível
TEVI combina metroidvania e RPG de ação em uma experiência de alto nível no Switch. O novo jogo da CreSpirit e facilmente recomendável tanto para novatos quanto veteranos nos gêneros, trazendo uma variedade sólida de habilidades e localidades para explorar, assim como um bom desafio nos padrões de ataques dos inimigos.
Prós
- Boa variedade de áreas para explorar e semi-liberdade para ignorar a trama temporariamente;
- Sistema de habilidades equipáveis permite customizar bastante o estilo de combate de TEVI;
- Itens escondidos e o sistema de níveis baseado em áreas exploradas valorizam a exploração e a curiosidade do jogador;
- Os padrões variados de ataques dos inimigos, muitos deles inspirados em bullet hell, são um belo desafio de reflexo;
- Vários níveis de dificuldade, que pode ser alterado a qualquer momento.
Contras:
- Inicialmente, Tevi tem uma movimentação um pouco crua que não é tão agradável, deixando “buracos de ação” para combinações específicas de movimento e ataque;
- As barreiras da história podem incomodar jogadores mais hardcore do gênero acostumados a mais liberdade;
- Letras pequenas nos menus;
- Sistema interno de conquistas possui bugs que o tornam pouco confiável.
Nota Final:
8,5