
Desenvolvedora: Byking Inc.
Publicadora: Bandai Namco
Gênero: Ação, Luta
Data de lançamento: 02 de Fevereiro, 2024
Preço: R$: 299,90
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia gentilmente fornecida pela Bandai Namco.
Revisão: Marcos Vinícius
Entra ano, sai ano, e continuamos recebendo adaptações questionáveis de séries da Shonen Jump em formato de arena fighter. O título da vez é Jujutsu Kaisen Cursed Clash, que marca o debute da obra de Gege Akutami nos videogames.
Publicado pela Bandai Namco e desenvolvido pela Byking, a mesma produtora que assinou My Hero One’s Justice, Cursed Clash embarca no sucesso da segunda temporada do anime, sendo lançado numa janela para coincidir com o encerramento do arco “Incidente de Shibuya”, tido como o melhor por muitos aficionados pela aventura de Yuji Itadori.
Curiosamente, porém, o novo jogo revive apenas a primeira temporada, incluindo também acontecimentos e personagens do longa metragem Jujutsu Kaisen 0. Embora traga boas ideias em um esquema de combate entre duplas, Cursed Clash é, no fim do dia, só mais um bom título destinado aos fãs mais assíduos da franquia, cuja grande virtude é sua fidelidade ao material de origem. Confira nossas impressões.
Uma má impressão inicial

Muita gente diz que a primeira impressão é a que fica, e Jujutsu Kaisen Cursed Clash está aí para validar o famoso ditado. Tirando o fato de que o menu inicial parece ter saído de um DVD dos anos 2000, o modo história, um dos principais chamarizes do game de luta, é contado como se a produtora estivesse apresentando um slideshow ao jogador.
Não há nada mais frustrante que ver uma boa narrativa ser “distorcida” por diálogos rasos e cenas desinteressantes, ainda mais quando estamos falando de um anime que sempre prezou pela qualidade de suas conversas e animações. Se você ainda não pôde conhecer Jujutsu Kaisen, é bom ter em mente que Cursed Clash não é, definitivamente, a sua melhor porta de entrada.
O modo história é contado por meio de breves episódios, num segmento linear, e nos permite revisitar as lutas mais marcantes da primeira temporada, sempre com personagens fixos para as batalhas. Não há como explorar cenários nem nada do tipo, tal como na ótima adaptação de Demon Slayer, por exemplo, em Demon Slayer -Kimetsu no Yaiba- The Hinokami Chronicles.

Aqui, tudo se resume a lutas de três ou quatro minutos situadas em arenas 3D, cujo único objetivo é reduzir a barra de vida do oponente. Se você, assim como eu, é fã do anime, não há como não torcer o nariz para a baixa qualidade da campanha, estruturalmente falando.
Para mim, está muito claro que o valor de produção de Cursed Clash interferiu de maneira direta nesse quesito. Em outras palavras, a Byking parece ter feito o que o dinheiro permitiu fazer, isto é, o mínimo e olhe lá. O visual, no entanto, ao menos faz jus à qualidade do anime, com bonecos e cenários bem modelados.
O que se tira de positivo da história é o gráfico de relacionamento, um quadro que mostra, com bastante detalhes, as conexões que os personagens têm. Trata-se de uma ferramenta útil para que o jogador possa relembrar as relações entre eles e em que ponto foram construídas no contexto do enredo.

Modos de jogo e ausência de cooperativo local
Além do modo história, Cursed Clash traz uma lista decente de opções multiplayer, seja para jogar contra os amigos, seja participando de batalhas cooperativas, mais ou menos nos moldes de um modo sobrevivência – a meu ver, a melhor coisa que o game tem a oferecer em termos de diversão e profundidade. Inclusive, dá para jogar sozinho, não dependendo do modo para duas pessoas.
Como qualquer jogo de luta que se preze, Jujutsu Kaisen Cursed Clash oferece duas opções de partidas online: ranqueadas e de exibição. Em ambos os modos, você se une a outro feiticeiro para cair na porrada com outra dupla de jogadores.
O repertório de personagens não é dos mais generosos se considerarmos o valor do jogo (R$ 299,90 na eShop Brasil), até por não englobar a segunda temporada, mas traz os principais nomes da primeira. Megumi Fushiguro, Satoru Gojou, Nobara Kugisaki, Mahito e, é claro, Ryomen Sukuna estão entre os lutadores disponíveis.

Conforme mencionei anteriormente, a modalidade que se destaca em relação às demais é a sobrevivência – que ainda contempla uma opção separada da normal, com um nível de dificuldade penoso. A meta é autoexplicativa: sobreviver às ondas de criaturas, dos vilões de grau elevado às maldições menores.
Um destaque do modo cooperativo é o seu sistema de progressão, no qual é possível evoluir características de personagens com pontos de experiência acumulados nas partidas. Você também pode equipar itens, como gemas, anéis e talismãs, de modo a garantir valiosos buffs para muitos dos atributos.
Pode não parecer, mas a possibilidade de atrelar equipamentos aos combatentes contribui para dar mais profundidade à jogatina, justamente por permitir montar builds — ainda que simples — à sua maneira. Caso queira, você pode, por exemplo, focar em aumentar a barra de vida de seu feiticeiro favorito, reduzindo, por consequência, a energia amaldiçoada do inimigo.

Aos adeptos do grind, saiba que é preciso evoluir cada lutador individualmente até o nível 30. Se você estiver disposto, é bom reservar algumas dezenas de horas para elevar heróis e vilões ao limite, posto que é uma tarefa concebida para isso: drenar o tempo livre do jogador. Goste ou não de “grindar”, o ato de repetir missões e subir de level foi o meu incentivo para continuar lutando após os créditos da história rolarem na tela.
O que realmente decepciona em Cursed Clash é a ausência inexplicável de um modo cooperativo local. Você pode, sim, jogar contra ou ao lado de um amigo, contanto que seja online, cada um em seu Nintendo Switch. Para um jogo que se propõe a entregar batalhas em dupla, essa decisão não parece fazer muito sentido.
Combate: mais cadenciado e complexo do que aparenta
Quanto ao combate, não se tem a mesma fluidez dos jogos de Naruto e Dragon Ball Z, sobretudo das séries Ultimate Ninja Storm e Budokai Tenkaichi, mas dá para dizer que é um arena fighter competente, ainda que mais cadenciado e “pé no chão”.

Num esquema à la Dissidia Final Fantasy, os ataques básicos não causam tanto dano e são mais usados para preencher o medidor das investidas poderosas, aqui rotuladas de feitiços de energia amaldiçoada. Em resumo, é preciso usar golpes leves para acumular energia e, assim, desferir os ataques que realmente fazem diferença.
Ainda, há combatentes que podem ativar a expansão de domínio com um movimento despertado, assegurando vantagens para você e, naturalmente, penalidades ao oponente. É uma saída inteligente para ser fiel à obra original, ao mesmo tempo que dinamiza os confrontos, dando ainda mais recursos a quem está no calor da pancadaria.
Outro aspecto do combate que se sobressai é a diversidade de golpes de cada feiticeiro, cada qual com um conjunto de movimentos únicos. Ainda que na prática as ações não sejam tão distintas assim, as animações são variadas e reproduzem as acrobacias do anime com esmero.

Há, entretanto, duas ressalvas que gostaria de enfatizar: o tempo de recuperação do personagem é muito longo e também não é possível desferir ataques quando o rival está estirado no chão. Além disso, praticamente não há alternativas para contra-atacar. Sendo assim, a vantagem acaba sempre do lado de quem atacou primeiro — e fica por isso mesmo.
Afinal, vale a pena?
Não fosse pela ausência de um modo cooperativo local e pela simplicidade exagerada do modo história, Cursed Clash teria sido uma ótima estreia de Jujutsu Kaisen nos consoles. Apesar de carecer de polimento em certos aspectos do combate, o jogo em si cumpre o seu propósito de divertir.
Fãs da série certamente encontrarão coisas positivas aqui. Contudo, permanece a sensação de que poderia ter sido maior e melhor, algo à altura do que o anime entregou em suas duas primeiras temporadas.
Prós
- Diversão em primeiro lugar (como um bom arena fighter baseado em anime deve ser);
- Modos de jogo satisfatórios, seja contra ou ao lado de um amigo no multiplayer;
- O combate tem suas qualidades, apesar da falta de polimento;
- Visualmente agradável e com desempenho estável no Switch;
- Traz um viciante sistema de evolução de personagens.
Contras
- Ausência de um modo cooperativo local;
- Modo história genérico e maçante;
- Decisões controversas em certos aspectos do combate.
Nota
7
- Review | Capcom Fighting Collection 2 - 26/05/2025
- Review | Shadows of the Damned: Hella Remastered - 31/10/2024
- Review | Earth Defense Force: World Brothers 2 - 30/09/2024