
Desenvolvedora: MONKEYCRAFT Co. Ltd.
Publicadora: D3 Publisher
Gênero: Puzzle, Coletânea
Data de lançamento: 20 de Julho, 2024
Preço: R$ 32,99 e R$ 32,99
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela D3 Publisher.
Revisão: Marcos Vinícius
Você conhece aqueles jogos? Sabe, quando você tá navegando em um site qualquer e aparece a propaganda de um suposto jogo de celular sendo jogado? Pois é, esses jogos têm uma característica em comum muito interessante: eles não existem! Se você clica em um desses anúncios, eu duvido muito que você seja redirecionado para um local onde você possa de fato jogar esses jogos (não vou dizer que sempre é golpe mas… bom, grandes chances de ser golpe).
O interessante é que esses “jogos” são feitos sob medida para captar o nosso interesse. Usualmente eles utilizam duas estratégias: a primeira são elementos visuais que tragam algum tipo de satisfação para o lado mais rudimentar e básico do nosso cérebro, a segunda estratégia é que quase sempre nessas propagandas a suposta pessoa jogando está fazendo tudo errado, tomando decisões obviamente ruins que fazem com que você pense “eu preciso jogar isso para fazer da maneira certa!”.
Com essa questão gravíssima trazendo frustração para milhares de usuários da internet no mundo inteiro, os desenvolvedores da Monkeycraft — sim, os mesmos da versão “REROLL” de Katamari Damacy e We Love Katamari — decidiram materializar esses “jogos” em duas coletâneas, para que finalmente você possa joga-los e mostrar como é que se faz.
É isso mesmo!
Acho que esse é provavelmente o jogo mais honesto que eu já fiz análise aqui para o NintendoBoy. O título literalmente já entrega tudo. Se você tem o conhecimento prévio de saber quais são “aqueles jogos” vai rapidamente sacar qual é a proposta daqui. Sim, temos duas coletâneas com 5 minigames cada, e esses minigames são inspirados nas famosas propagandas genéricas e ridículas que ficam espalhadas pela internet anunciando jogos completamente falsos.
Os desenvolvedores trouxeram uma certa coerência estética para interligar esses jogos aqui na coletânea, utilizando os famosos bonecos palitos para ilustrar os personagens do jogo. Abrindo o primeiro jogo logo de cara a gente se depara com provavelmente o mais famoso desses “fake games”: “Puxe o pino”.

Aqui o objetivo é retirar pinos do cenário para que o seu personagem possa chegar em segurança até o tesouro, sem deixar com que ele seja atingido por nenhum obstáculo ou atacado por um monstro. É absolutamente básico e você tem mais de 50 níveis para se divertir, com as fases ficando progressivamente mais complexas.

Além de puxe o pino, “Torre de número” também é um clássico, onde o jogador precisa derrotar inimigos na ordem correta para aumentar seu nível de força. “Corra pela grana” é outro clássico, onde você anda coletando dinheiro mas também usa esse dinheiro como escada para desviar de obstáculos, uma profunda metáfora para a vida adulta no capitalismo.
Os jogos são sempre bem simples e fáceis de entender, me lembram um pouco a era de ouro dos aplicativos de celular, com os lendários “Cut the Rope”, “Angry Birds” e “Where’s my water?”, mas sem ter nem metade da criatividade e profundidade desses clássicos citados.

A tosqueira é essencial
Quando um jogo me aparece com essa proposta, acho essencial que ele tente replicar também a tosqueira dos jogos originais. O problema da proposta do boneco palito, é que alguns minigames acabaram ficando com uma cara mais genérica do que deveria, o que é um problema visto que umas das características marcantes “daqueles jogos” é como eles conseguem ser absolutamente ridículos.
Na segunda coletânea temos o minigame “Pergaminho Fascinante”, que é provavelmente um dos mais rídiculos. Nele o jogador controla uma moça que precisa enfeitiçar vários homens para que eles se apaixonem. O nível de “tosquice” consegue ser perfeitamente replicado quando na tela itens como “trabalheira”, “doces” e “stress” deixam a personagem menos atraente. É absolutamente besta, machista e idiota, porém, é o minigame que mais consegue trazer a verdadeira energia tosca da sua inspiração.

De resto, a falta de personalidade da coletânea deixou tudo um pouco mais sem graça, esperava que os desenvolvedores abraçassem um pouco mais o absurdo da própria ideia deles, mas as vezes tive impressão que eles se levaram um pouco a sério demais.
Mas peraí, eu realmente quero “aqueles jogos”?
Rapidamente enquanto eu jogava, algo começou a ficar claro para mim: talvez tenha uma razão do por que estes jogos não existem. Não sei se posso exatamente culpar essa coletânea por isso, por que o gameplay desses minigames aqui são de fatos bem fiéis as mais famosas propagandas que vemos na internet, no entanto a conclusão que cheguei com pouco tempo de jogo é que eu estava jogando algo feito mais para se assistido do que jogado.

Eu esperava que no final das contas, esses minigames fossem ao menos uma boa distração por alguns minutos, porém poucos me interessaram por um longo período de tempo e como alguns são bem semelhantes, não há uma variedade interessante para manter o jogador interessado. Na prática, temos vários jogos relativamente parecidos uns com os outros na lógica de funcionamento.

E o problema nem é a quantidade de conteúdo, já que cada minigame tem bastante fases, mas a sensação de repetição e pouquíssima profundidade é evidente independente do que você decidir jogar.
Muitas pessoas de fato queriam jogar esses jogos, matar essa vontade, mas assim, você vai matar essa vontade em alguns minutos. Lembrando que joguei no switch que é um console portátil, então tive a possibilidade de levar o jogo comigo para onde eu quisesse, mas ainda assim, não bateu a mínima vontade de jogar no meu tempo livre.
A raiz do problema
Serei sincero com você, leitor, quando recebi esse game para análise eu não esperava nenhuma obra prima, mas achei que iria ao menos me divertir um pouco com a ideia por trás do que foi criado aqui. Mas no final das contas achei tudo bem sem graça e fui levado a seguinte conclusão: o jogo entrega exatamente o que promete, mas o que ele promete passa longe de ser uma boa experiência.

No final das contas o máximo que os rasos minigames da coletânea conseguiram me oferecer foram alguns minutos de distração, que depois se tornaram minutos em que me vi obrigado em jogar várias e várias fases só para ter certeza que a coisa não iria melhorar lá na frente.
Caso você realmente esteja morrendo de curiosidade, recomendo que compre apenas um dos dois jogos, a segunda coletânea em particular é um pouco melhor, não é tão caro e rapidamente você vai matar essa absurda vontade de finalmente jogar “aqueles jogos”.
Prós
- Finalmente materializa “aqueles jogos”;
- Boa quantidade de fases para cada minigame;
- Está em Português.
Contras
- Minigames rasos cansam rapidamente;
- Pouca variedade nos minigames;
- Não captura a estética ridícula da inspiração.
6
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