
Desenvolvedora: Idea Factory, Design Factory
Publicadora: eastasiasoft
Gênero: Visual Novel, Otome
Data de lançamento: 1 de agosto, 2024
Preço: R$ 235,00
Formato: Digital, Físico
Quando me perguntam qual publisher vem na minha cabeça quando penso em otome game, meu cérebro imediatamente vai para duas opções: Aksys Games ou Idea Factory International. E imagine minha surpresa quando um dos primeiros anúncios de 2024 foi que a eastasiasoft iria entrar na parada com o lançamento Ocidental da versão de Switch de Hakuoki: Chronicles of Wind and Blossom, prometendo uma “versão definitiva” com uma tradução revisada. Mas será?
Entendendo a série Hakuoki e seus múltiplos lançamentos
Primeiro de tudo, é bom entender o seguinte fato: Hakuoki: Chronicles of Wind and Blossom é basicamente um dois-em-um, composto de dois jogos: Hakuoki: Kyoto Winds e Hakuoki: Edo Blossoms. À primeira vista, eu pensei que Edo Blossoms era uma espécie de fandisk pro Kyoto Winds, mas não é bem assim.
Kyoto Winds e Edo Blossoms nada mais são que “duas metades de um todo”, juntando como se fosse um jogo gigante, com os capítulos de Edo Blossoms se passando quase que diretamente após o final do Kyoto Winds. Eles são tão conectados, que inclusive, ao começar o jogo pela primeira vez, não há nenhuma escolha por parte do jogador, pois o jogo começa diretamente pelo Kyoto Winds.
Hakuoki: Kyoto Winds se passa no século XIX, em 1860, durante o período da era Edo do Japão. A protagonista Chizuru Yukimura decide fazer uma viagem para Kyoto a procura de seu pai, que após sair de casa, nunca mais voltou. Foi ai que Chizuru se depara com monstros misteriosos de cabelos brancos e olhos vermelhos, cujos gritos por sangue faz com que eles se pareçam mais demônio do que humano.

Após ser resgatada por um grupo de ronins (samurais que não possuem um mestre) que fazem parte de um grupo chamado Shinsengumi, ela aprende que o seu pai está envolvido em um grande conflito envolvendo os monstros, chamados de Furies, e que agora ela terá que manter segredo, ou arrisca sua própria vida.
Ao longo da história, vários anos vão se passando, e isso é um dos pontos que faz Hakuoki ser tão popular. Se você é um daqueles que já gostam de ler a história do Japão, poderá ver ela sendo re-contada com um twist mais fictício.
Uma história que busca ser fiel aos fatos ao invés de romance
Talvez um dos aspectos que não me fazem sentir particularmente imerso em Hakuoki seja a vibe da história, principalmente no começo. Hakuoki é tragédia após tragédia do começo ao fim, e mesmo os finais de cada uma das rotas encontra alguma maneira de te deixar um pouco triste. Eu inclusive ficava até me perguntando: “quando é que chegamos aos momentos íntimos desse otome…”

Ademais, Hakuoki tem alguns momentos mais cômicos, especialmente em certas rotas, como por exemplo a do Shinpachi, que acabou sendo a minha favorita dos demais. Porém, uma grande parte da história envolve a grande guerra entre o Império e o Shogunato, o que sim, faz jus ao período histórico em que se passa.
Em relação aos momentos românticos que eu procurava, descobri que a maioria deles ficam mais pra quando você chega aos capítulos do Edo Blossoms, que se passam após cinco capítulos. Eu certamente penso que a decisão de separar os dois deve ter sido muito odiada pelos fãs na época, pois Kyoto Winds sozinho se sente tão incompleto sem o Edo Blossoms.

Talvez um ponto levemente negativo é o fato de que quando você termina o capítulo 5 que já te coloca em uma rota específica, você imediatamente começa a rota do personagem do Edo Blossoms. Isso em si não parece ser um problema, mas como os jogos eram anteriormente separados, você terá que passar pelo prólogo, que possui uma espécie de “Anteriormente, em Hakuoki…”, te falando sobre toda a história que ocorreu até o momento, apesar que você talvez já tenha visto tudo isso há algumas horas atrás.
Uma tradução revisada?
Um dos fatores que fãs reclamavam muito de Hakuoki era a tradução, que era cheia de erros de digitação, e um palavriado que simplesmente não combinava com a intenção do script. Porém, a eastasiasoft prometeu que iria “revisar” a tradução. Infelizmente, como faz muito tempo desde que eu joguei a versão da Idea Factory International, não poderei comparar exatamente a qualidade da tradução.

Porém, olhando de leve, percebe-se que houve uma sutil mudança nos textos, deixando eles um pouco mais próximos em relação ao original em japonês. Quando a narrativa se refere aos anos utilizando o antigo calendário japonês, os tradutores decidiram só colocar o ano como nós lemos. E para os termos mais arcaicos, certas palavras são destacadas em roxo, com significados disponíveis pela Enciclopédia.
Um dos problemas que aparentemente não foram completamente removidos é o uso de palavrões que não combinam muito bem com o palavriado que se espera de um jogo que se passa no século XIX. E bem raramente, há alguns momentos que falta uma vírgula ou outra, mas são bem raros. Em geral, o texto me parece ter sido bem reorganizado.

Não há nenhum conteúdo exclusivo para o Switch
Como eu havia comentado anteriormente, Hakuoki: Chronicles of Wind and Blossom é praticamente idêntico ao Hakuouki Shinkai Fuukaden, que foi como o jogo foi lançado no oriente. Isso é tanto uma bênção quanto uma maldição. Por um lado, é muito legal que Hakuoki está agora em uma plataforma mais moderna que casa bem com o gênero de visual novel e otome (eu ainda acho que o Switch pegou o trono do PS Vita com orgulho).
Porém, em termos de conteúdo, não podemos negar que é o quinto port de um jogo de 2008, e a versão de Nintendo Switch não traz nenhum conteúdo inédito. Todos os cenários e rotas extras que eram comprados separadamente como DLC estão todos incluidos em uma aba chamada “Anexo”, onde histórias curtas podem ser liberadas após completar uma rota.

Uma experiência semi-definitiva de Hakuoki
Hakuoki é certamente um otome game muito bom de jogar, especialmente para quem curte uma trama de período que se passa nos antigos século XIX ou antes. Sua história é bem trágica, e certamente é um dos otomes em que fãs do gênero podem desfrutar de várias horas de conteúdo, com suas 12 rotas.
Porém, não se pode negar que é um otome de 2008 que já está começando a mostrar sua idade, e se você já jogou alguns dos vários ports que foram lançados no passado, irá se desapontar, pois fora a tradução revisada, e o fato de que os dois jogos estão juntos, providenciando uma história completa, não existe nenhum conteúdo exclusivo que chama a atenção da versão do Nintendo Switch.
Prós:
- Um dos otomes com a maior quantidade de conteúdo até então, com mais de 80 horas divididas em 12 rotas;
- Tradução para o inglês revisada, se aproximando um pouco do texto original japonês;
- Uma visual novel que se casa bem com o Nintendo Switch.
Contras
- Não oferece nada de novo para quem já jogou Hakuoki no passado
Nota:
7,5
- Review | 7’scarlet - 12/05/2025
- Entrevista: Jonathan Silva, CEO e fundador da Nuntius Games, fala dos planos para ajudar os desenvolvedores brasileiros, suporte ao Switch e Switch 2 e mais - 07/05/2025
- Entrevista: Eric Araki e Leonardo Wille, Country Manager e Community Manager de Pokémon GO, falam sobre o jogo nas mãos da Scopely e mais - 05/05/2025