Desenvolvedora: SUNSOFT
Publicadora: Red Art Games
Gênero: Coletânea
Data de lançamento: 06 de setembro, 2024
Preço: R$ 36,95
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Red Art Games.
Revisão: Lucas Barreto
A preservação dos games é sempre uma pauta em voga. Dar acesso a jogos pouco conhecidos no passado ou mesmo relançar clássicos que estavam confinados a plataformas obsoletas tornou-se uma iniciativa honrável de algumas publicadoras empresas, como é o caso da Red Art Games com sua SUNSOFT is Back! Retro Game Selection. Será que essa coletânea merece sua atenção?
SUNSOFT… quem?
Calma, somos o NintendoBoy, não seu YouTuber preferido que apenas lê o roteiro sem aprofundar muito o assunto porque o vídeo não pode passar de 10 minutos. Então vamos dar um breve histórico para situar vocês do porque uma empresa “desconhecida” merece uma coletânea de jogos: a Sun Electronics Corporation foi criada em abril de 1971. “Mas André, não vamos falar aqui da SUNSOFT? Que raio de Corporation é essa aí?” Calma, jovem, segue o pai.
A empresa começou produzindo equipamentos para computadores pessoais (PC) e só se aventurando no mundo dos games 7 anos depois de sua criação, com os títulos para arcade Block Challenger e Block Perfect. A marca Sunsoft passou a ser usada para designar seus produtos referentes a jogos por volta de 1985, quando passou a desenvolver massivamente para o console 8 bits da Nintendo.
Um dos primeiros títulos a chegar no console foi Ikki, que recebeu uma espécie de revival recentemente no Nintendo Switch, utilizando os personagens em um jogo com mecânicas similares a Vampire Survivors, intitulado Ikki Unite. Grandes marcas globais trabalharam com a Sunsoft, como Batman, Looney Tunes e Família Adams, mostrando que a qualidade de seus produtos alcançou grande influência mesmo além do Japão.
A desenvolvedora atualmente está focando em trazer suas antigas IPs para um novo público, com o já citado Ikki Unite, Uforia: The Saga 2 e Acro Bat 1 e 2. Agora não parece tão estranho uma desenvolvedora desse calibre receber uma coletânea de jogos que nunca saíram de terras nipônicas, né?
Quais os jogos da coleção?
Foram reunidos jogos de 3 gêneros bem distintos: ação, rpg e narrativa, sendo que dois deles compartilham algumas semelhanças por terem mecânicas de progressão lateral em 2D. O primeiro deles trata-se de Firework Thrower Kantaro’s 53 stations of the Tokaido. Nele temos o protagonista Kantaro, que estava feliz por poder retornar para os braços de sua amada noiva Momoko-chan, após completar seu treinamento da produção de fogos de artifício. Porém sabemos que as aventuras dos heróis nunca são fáceis, não é mesmo?
Um mercador chamado Gonzaemon, sabendo de todo conhecimento adquirido por Kantaro sobre fogos de artifício, resolve mandar capangas para roubar os segredos do pobre rapaz. Através das 53 estações da rota de Tokaido (daí o título do game) o jogador vai ter que fazer o uso de fogos explosivos e bombas para superar as 21 fases do jogo, onde você deve enfrentar vários inimigos que querem acabar com a sua raça, como ninjas, samurais e pistoleiros, incluindo algumas figuras extravagantes que parecem quererem apenas atrasar o seu lado, como fantasmas e uma prostituta (sim é isso mesmo).
O jogo é um plataforma de ação 2D onde você progride da esquerda para direita sem chance de retorno. Como um jogo de NES, o gameplay gira em torno de poucos comandos, sendo um para o pulo e outro para desferir as bombas e fogos usando uma variação de comandos junto do direcional digital. A cada nova fase o jogador recebe dicas pontuais em uma tela que antecede o gameplay, contextualizando sobre o que vai enfrentar naquele nível para que você possa se preparar um pouco melhor, porém não é uma grande ênfase na narrativa. Nem preciso te falar que é difícil que doi né?
O próximo jogo da coletânea é o jogo narrativo Ripple Island. Nele, o jovem Kyle parte em busca da filha do rei da ilha, que foi sequestrada pelo maléfico emperador Gerogeru. Todas as ações do jogo são realizadas através de ícones de um menu na tela do jogo, situado abaixo do quadro onde temos a visão em primeira pessoa do jogador. Os botões de ação e o direcional do controle do NES são apenas para interagir com o mesmo. Até ações como andar devem ser iniciadas neste menu para só depois serem utilizadas as setas.
O jogo possui 5 áreas para serem exploradas, contando com 4 finais, sendo que um deles pode ser alcançado mesmo sem derrotar o chefe final. Os outros três finais restantes são alcançados dependendo das ações do jogador ao longo da aventura. O seu lançamento original bem próximo de um tal de Dragon Quest III, o que ajudou o jogo a não ser nada lembrado. Um cartucho original Ripple Island pode ser incrivelmente difícil de se adquirir devido ao seu preço nada módico nos dias atuais.
E por último temos The Wing of Madoola, onde a protagonista Lúcia deve reaver a estátua que dá nome ao jogo das mãos Rameru, um descendente do seu clã, os Rameru. Aqui temos uma aventura com pitadas de RPG com a necessidade de coletar melhorias para os equipamentos da personagem situadas em câmaras escondidas nas fases.
As ações envolvem atacar com a espada, magia, pular, subir escadas como em um título 2D padrão. Outros materiais relacioados a obra foram lançados, como mangás e álbuns musicais.
Melhorias dos dias atuais
Diferente de muitos relançamentos recentes, a coletânea conta com uma bela apresentação desde o seu menu, onde é possível interagir com modelos 3D dos cartuchos originais, podendo até rotacionarmos o modelo livremente. Ao selecionar o cartucho referente ao título, abre-se um menu onde é possível iniciar a jogatina ou conferir uma galeria recheada com artes originais e rascunhos da época do desenvolvimento. Ainda na parte dos elementos visuais extras, também é possível selecionar um plano de fundo caso você opte por manter a proporção do jogo em 4:3.
Os loadings são temáticos, envolvendo personagens pertencentes ao game escolhidos. Pode ser um detalhe pequeno para muitos, mas mostra o nível de cuidado que tiveram com esse relançamento. Porém não só de melhorias visuais vive esse coletânea, contando com save state e a possibilidade de voltar um pouco no tempo. E não vem me falar que você não vai usar porque você vai, devido a alta dificuldade dos títulos, sobretudo os de plataforma.
Testamos o game tanto em sua versão de Nintendo Switch quanto na de Xbox Series, e mesmo se tratando de uma plataforma muito mais poderosa a nível de hardware, o desempenho é muito semelhante. Apenas a questão dos loadings são ligeiramente mais rápidos na plataforma da Microsoft, mas nada que possa ser colocado como uma desvantagem da versão de Nintendo Switch, pois ela em si já é bem rápida. Sem contar com a vantagem de poder levar o seu console para tudo quanto é canto que só o console da BIG N possui.
O pacote vale a suas moedas de ouro?
Aqui eu coloco um grande depende. Mesmo com os facilitadores, o gameplay continua com uma dificuldade bem elevada para os padrões atuais, podendo afastar os mais casuais. Era uma época onde os jogos deveriam ser excessivamente difíceis para que pudessem ter uma vida útil maior na mão do jogador.
Além disso quando você compara o refinamento do gameplay com pérolas como Super Mario Bros 3 ou a série Mega Man, o jogador tem a sensação mais de frustração do que de ser desafiado a tentar novamente. O produto se destina aqueles que têm nostalgia com o console (como o autor dessa review) e querem conhecer mais do seu companheiro de longas tardes de sábado ou aquele jogador curioso que gosta de explorar jogos pouco conhecidos por essas bandas.
Agora, se for levada em conta a questão de serem títulos que até então eram exclusivos do Japão e estão chegando pela primeira vez ao ocidente, torna a coleção mais do que indispensável para todo fã de videogame, mesmo que seja apenas por curiosidade.
Pros
- Menu de seleção dos jogos com os cartuchos do Famicom;
- Artes e material promocional dos jogos;
- Telas de loading com personagens de seus respectivos jogos;
- Opções de personalização da tela de jogo.
Contras
- Refinamento do gameplay;
- Ausência de um manual de instruções virtual.
7
- Review | SUNSOFT is Back! Retro Game Selection - 17/09/2024
- Review | Parasol Stars: The Story Of Bubble Bobble III - 11/07/2024
- Review | MEGATON MUSASHI W: WIRED - 04/07/2024