Desenvolvedora: All Possible Futures
Publicadora: Devolver Digital
Gênero: Ação e Aventura 3D/2D
Data de lançamento: 16 de setembro, 2024
Preço: R$ 88,99
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Devolver Digital.
Revisão: Marcos Vinícius e Davi Sousa
Imagine um livro de histórias infantis que, de repente, ganha vida. As ilustrações saltam das páginas, os personagens pulam para fora das margens, e o que antes parecia apenas tinta e papel agora desafia a noção de realidade. É isso que O Escudeiro Valente provoca desde o ínicio, prometendo uma experiência encantadora ao misturar mecânicas de plataforma e puzzles com uma transição entre mundos 2D e 3D.
Ao jogar como Pontinho, o pequeno e carismático protagonista, os jogadores mergulham em uma história lúdica que promete atravessar as fronteiras da criatividade e desafiar os limites do que entendemos como jogabilidade tradicional. A premissa é intrigante, mas como essas mecânicas se desenrolam na prática?
Das páginas para o vida real
A história começa com um enredo aparentemente clássico: um pequeno herói, chamado Pontinho, vive nas páginas de um livro de histórias, destinado a cumprir grandes feitos. No entanto, esse conto ganha uma reviravolta quando nosso herói descobre que o vilão, Enfezaldo, planeja escapar das páginas do livro e conquistar o mundo além dele.
O que começa de forma simples rapidamente se transforma em algo maior. Com a ajuda de Barbaluar e seus amigos, Pontinho, o escudeiro valente, é convocado para enfrentar seu eterno rival, o astuto Enfezaldo. Ao chegar lá, a história tem uma reviravolta: Enfezaldo agora domina a metamagia, uma habilidade que nenhum personagem jamais viu em qualquer página ou aventura passada.
A trama toma um rumo inesperado quando Pontinho é arremessado para fora das páginas do livro. A partir desse momento, o jogo se expande para o universo 3D, trazendo inovações tanto na narrativa quanto na jogabilidade.
Um elo entre mundos
A mecânica central de O Escudeiro Valente é sua transição em tempo real entre o plano 2D, dentro das páginas do livro, e o plano 3D, no mundo “real”. Em 2D, o jogo se assemelha a um clássico de plataforma, onde Pontinho precisa correr, pular, lutar e interagir com o ambiente. Dentro do livro, Pontinho lida com puzzles baseados em texto e manipulação de objetos, que são essenciais para desbloquear novas áreas e avançar na história.
Essa exploração 2D é bem-aproveitada pela interação com a narrativa visual: você não apenas lê as páginas do livro, mas também altera a própria história ao manipular palavras. Por exemplo: se o livro descreve “um caminho bloqueado”, você pode reescrever para “um caminho aberto”, o que muda o cenário ao seu redor. Essas mecânicas de escrita criam uma jogabilidade dinâmica que brinca com o conceito de como as palavras podem moldar o mundo do jogo.
No entanto, o destaque mesmo são as seções 3D, que se passam no quarto de uma criança muito criativa. Ao sair das páginas do livro, Pontinho literalmente pula para fora do papel e interage com objetos no mundo físico, sejam mesas, xícaras ou brinquedos. A mudança para o 3D adiciona uma camada de verticalidade e complexidade ao level design. É quase como se o jogo tivesse dois gêneros integrados: plataforma 2D clássico e uma aventura em mundo aberto em miniatura.
Quebrando a quarta parede
O combate varia conforme você alterna entre os dois mundos. No 2D, ele lembra jogos como The Legend of Zelda: A Link to the Past, com Pontinho empunhando sua espada para enfrentar inimigos em cenários com perspectiva isométrica. Em alguns momentos, o combate é simples e direto, mas o jogo também introduz variações nos encontros. Você precisará usar o ambiente a seu favor, às vezes explorando elementos de puzzle para derrotar inimigos mais fortes.
Já no 3D, as batalhas são mais esparsas, focando mais em elementos de exploração e interação com o ambiente. O jogo equilibra bem essas duas abordagens, garantindo que os jogadores nunca se sintam entediados ou presos em mecânicas repetitivas.
Falando em puzzles, nisso O Escudeiro Valente não decepciona. Além dos desafios de manipulação de palavras, há uma série de quebra-cabeças espalhados pelas fases, desde minigames até desafios mais complexos que exigem observação e raciocínio. Em alguns momentos, você precisará mover objetos no mundo 3D para afetar o que está acontecendo nas páginas 2D, e vice-versa. Isso faz com que o jogador esteja constantemente trocando de mentalidade, mantendo a experiência de gameplay fresca e envolvente.
Minigames e variedade na jogabilidade
Outro ponto forte do jogo são os minigames, que quebram a rotina e adicionam um toque de diversão inesperada. Esses desafios vão desde puzzles de ritmo, em que você precisa apertar botões em sincronia com a música, até minigames de tiro ao estilo Contra, onde Pontinho deve derrotar hordas de inimigos em uma perspectiva de cima para baixo. A variedade é grande e, apesar de alguns desses minigames serem curtos, eles mantêm o ritmo do jogo dinâmico.
Cada novo ambiente apresenta mecânicas diferentes. Em uma fase, por exemplo, você pode precisar ajudar um grupo de caracóis a se defender de insetos, o que envolve um combate em múltiplas frentes, quase como um minigame de tower defense. Já em outra, o jogo vira um RPG baseado em combate por turnos.
Desempenho no Nintendo Switch
Apesar de toda essa criatividade e variedade nas mecânicas, a versão de O Escudeiro Valente para o Nintendo Switch sofre tecnicamente. As transições entre dimensões, que são o principal charme do jogo, não são tão suaves quanto em outras plataformas. As quedas de frame rate, especialmente nas seções 3D, afetam diretamente a experiência, já que Pontinho necessita de precisão nos saltos e no combate. Essas quedas são mais perceptíveis em áreas maiores ou com mais detalhes gráficos, o que pode tirar um pouco da imersão.
Embora não seja algo que quebre completamente a experiência, é uma distração que pode desanimar alguns jogadores mais exigentes.
Uma Jornada que brilha, mas também se desgasta
O Escudeiro Valente é, sem dúvida, um jogo que traz algo novo e refrescante para o gênero de plataforma. Sua transição entre 2D e 3D, misturada com a narrativa criativa, oferece uma experiência engajante. Os puzzles são inteligentes, os personagens são carismáticos e o humor sutil permeia toda a história. A habilidade de Pontinho de navegar entre as páginas do livro e o mundo real torna cada desafio uma alegria de se desvendar, ecoando a genialidade encontrada em clássicos como Zelda.
Infelizmente, a jornada, que começa com tanto vigor, acaba se arrastando um pouco na parte final, pois o jogo estende sua duração desnecessariamente. Esse prolongamento pode resultar em um desgaste que torna a experiência menos envolvente, repetindo alguns conceitos que já foram explorados ao máximo. O jogo também sofre com problemas de ritmo e coesão narrativa: personagens como Barbaluar e Enfezaldo são cativantes, mas às vezes suas interações se alongam demais, desviando o foco das mecânicas de gameplay que tornam a aventura tão especial.
Mesmo com esses tropeços, O Escudeiro Valente ainda oferece uma experiência envolvente. Os pontos positivos superam as falhas, principalmente se você valoriza uma aventura cheia de criatividade, nostalgia e inovação. No entanto, para aqueles que priorizam performance, pode ser mais interessante experimentar o jogo em outra plataforma, onde as transições e a gameplay fluem de forma mais suave. Em última análise, é uma aventura que merece ser vivida — mas talvez em condições mais estáveis.
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