
Desenvolvedora: Gust
Publicadora: Koei Tecmo
Gênero: RPG
Data de lançamento: 13 de dezembro, 2024
Prévia feita com base na demo testada pelo redator na Brasil Game Show.
Revisão: Davi Sousa
Durante a Brasil Game Show 2024, o stand da Samsung disponibilizou demos de dois jogos da Koei Tecmo para testes, pegando alguns fãs de surpresa. Um deles foi FAIRY TAIL 2, sequência do RPG de turnos lançado em 2020, que chega ao Nintendo Switch em 11 de dezembro.
Ele representa uma mudança ousada no sistema de combate, que agora funcionará em tempo real, similar a um Action RPG, termo que a empresa chegou a adotar para se referir ao projeto. Na verdade, não chega a ser tão ação assim, mas existe uma abordagem familiar a outros projetos da Gust, o estúdio responsável, como a própria série Atelier.
A história do novo RPG de Fairy Tail

Para quem não está familiarizado, essa franquia é uma adaptação do mangá e anime de mesmo nome criado por Hiro Mashima. Assim como no jogo original, o foco é adaptar arcos já conhecidos pelos fãs adicionando conteúdo para encorpar mais o RPG. Esta sequência, por exemplo, está adaptando Império Alvarez, começando logo após o final do anterior. É curioso que o primeiro Fairy Tail já trazia arcos mais avançados da obra, então não vamos ver ambos os jogos com todo o conteúdo canônico, mas são momentos bons da história do material original para adaptar.
Nesse quesito, a apresentação visual melhorou, apostando bem mais em cenas de corte com ângulos de câmera mais ousados e escolhas estéticas que costumam diferenciar os dois títulos. Não entenda errado: ainda é um jogo com orçamento limitado, mas a equipe de desenvolvimento faz o dever de casa para deixá-lo mais apelativo. A história se mantém como um resumo, sendo mais acessível a quem tem conhecimento da obra e lógica do universo da série. O jogo até tenta situar o jogador, mas, pela escolha de arcos, não é uma das tarefas mais fáceis.
É possível que a demo represente o início do jogo final, pois a estrutura é próxima ao primeiro, com um ritmo interessante de cenas e combate. Ela se torna até melhor aqui, já que não demora tanto para você conseguir explorar e entrar em batalhas. Os mapas são próximos ao que vimos antes, inclusive reutilizando assets, mas como estão simultâneos dessa vez, existe um ar de novidade.

O jogador continua podendo explorar a base dos protagonistas, uma cidade de tamanho razoável e os campos onde normalmente os inimigos se encontram. A forma com que você faz isso não mudou tanto, com você podendo trocar entre os personagens a qualquer momento, algo que não é tão comum no gênero nesses segmentos. O que acaba tornando esses momentos diferentes é que entrar nas batalhas é muito mais rápido, então você navega em todos os lugares em um ritmo muito superior. Parece pouca coisa, mas me lembrou o impacto de Tales of Arise no quesito ritmo em comparação aos jogos anteriores, mais restritos por telas de loading.
Gust mais uma vez muda radicalmente o sentimento do combate
Como mencionei antes, a maior ruptura de Fairy Tail 2 é o combate. Ele agora acontece é em tempo real, fazendo com que não haja intervalos entre as ações e forçando o jogador a pensar rápido. A mudança é muito comparável ao que o mesmo time de desenvolvimento fez em Blue Reflection para sua sequência, chamada Second Light. Eram turnos totalmente tradicionais que viraram um sistema frenético.
Você tem um botão de ataque que pode ser pressionado várias vezes para criar combos. Esses combos podem desmembrar em skills especiais que os finalizam, as quais consomem energia, como é esperado. A ideia é que você ataque sempre que possível e espere tais habilidades retornarem. Também é possível acionar aliados no meio da batalha, dando boosts ao jogador e até mesmo desencadeando ataques. Essas habilidades combinadas podem ser mais simples ou se desenrolar em animações mais elaboradas, conhecidas como Unison Raids. Tudo está relacionado ao seu ranking de guilda, que aumenta ao decorrer da luta, permitindo mais ações.

Ao menos a lógica de conexão é idêntica à do original, mas o fato de você quase não ter tempo para pensar já faz com que o sentimento do jogo seja totalmente diferente. Também é possível alternar entre os personagens no meio da batalha, similar à trilogia Atelier Ryza. Essa alteração é feita a qualquer momento para aproveitar as fraquezas elementais dos inimigos, então é importante variar os membros. O curioso é que você não é obrigado a trocar: é possível terminar uma luta inteira com seus aliados sendo controlados pela IA e você no personagem principal. Se seguir a lógica dos jogos que mencionei, será uma questão de ver o que é mais viável a todo momento.

Em relação a retornos, você ainda consegue utilizar a defesa perfeita para evitar um ataque do oponente antes do impacto, algo similar ao visto nos RPGs da série Like a Dragon. Além disso, os inimigos têm stamina, que pode ser quebrada, os deixando vulneráveis. Ao julgar pela demo, a party ativa do jogo tem três personagens, ainda sendo possível chamar aliados que estão no estoque do jogador para substituir um desses membros. Gosto bastante desse recurso e até queria vê-lo mais em outros games de turno.

Fairy Tail 2 tem tudo para manter o nível do original
No geral, acredito que essa combinação de mecânicas entrega um jogo muito divertido, ainda mais considerando que você precisa, a todo momento, prestar atenção em onde os inimigos estão mirando. Às vezes, a situação pode se tornar um caos, como em uma luta de chefe que consegui alcançar nessa demo. Só receio que o jogo possa ser muito automático às vezes, julgando que é basicamente esperar as ações ficarem disponíveis, seja as habilidades especiais ou ataques em cadeia. Não senti que estava pensando tanto ao jogar, resultando em uma experiência mais reativa.
Como finalizei o primeiro Fairy Tail, outro receio que tenho é a dificuldade. Entendo que essa série não pode e nem deve buscar ser difícil, mas o mínimo de desafio seria interessante para deixar os embates mais significativos. É uma demo, então ainda é cedo para avaliar, mas, na minha visão, esse é o maior defeito do original. Tirando isso, o jogo teve muito carinho em sua produção, também sendo visto nessa sequência.