
Desenvolvedor: Sam Enright
Publicadora: United Label
Gênero: Aventura, RPG
Data de lançamento: 24 de Setembro, 2024
Preço: R$ 54,99
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela United Label.
Revisão: Marcos Vinícius
Com uma grande inspiração em icônicas franquias da cultura pop como STAR WARS e também em aclamados JRPGs como Chrono Trigger, “Beyond Galaxyland” entrega de maneira concisa e consistente uma aventura memorável, à qual estará marcada positivamente em sua memória .
Não se limitando ao que suas referências fazem, Beyond Galaxyland mistura o que há de melhor em suas inspirações e cria sua própria receita, embora não inove no que diz respeito a ir além do arroz com feijão de seu gênero. Dentre os altos e baixos de nosso tempo em Galaxyland – ou além dela, como o nome sugere – gostaria de passar a você, leitor, o porquê de este indie entregar uma experiência tão marcante e tão incrível.
Um worldbuilding competente
Gamers costumam cobrar um excesso de conteúdo na atual indústria, como se inflar um jogo com diversos conteúdos repetitivos o fizessem necessariamente melhor. E se em vez disto, um título optasse por condensar menos conteúdo, porém com uma maior atenção aquilo?

Variando de caso para caso, nota-se que vez sim vez não, menos é mais, principalmente em matéria de qualidade do produto final. Um título que compartilha da mesma ambientação do objeto desta review e também se enquadra neste aspecto de que um excesso de conteúdo, é Starfield, recente título da Bethesda.
Tão imenso, tão expansivo e tão vazio ao mesmo tempo… Isto que falei é para mostrar que, apesar de que ao se pensar em explorar a galáxia pense-se em algo gigante, Beyond Galaxyland mostra que mesmo com tão poucos recursos comparado ao exemplo acima,é possível compensar seu tamanho com um worldbuilding conciso e devidamente interessante. Dentre as poucas áreas galácticas que exploramos, não me lembro de nenhuma que não entregasse algo que me perdia apreciando, muitas vezes com referências à outras.
Além de ótima lore, estes lugares se faziam ainda mais incríveis com a bela pixel art presente no game. Os cenários com 3D e texturas do mais usado estilo em games indie faziam disto tudo incrível, nunca deixando de serem interessantes. Cenários diversos em beleza, monstros, histórias relacionadas , recompensas por explorar o local, mesmo com ausência da obrigatoriedade. Estes – e outros também – faziam com que as pequenas aventuras no meio do caminho me mostrassem algo novo sobre aquele universo, sempre em um ritmo agradável.
Embora o game te recomende explorar um pouco, não te pune por seguir direto à história se quiser, dando uma liberdade leve para o usuário. Em nenhum momento este ato parecia como se o game estivesse recheado de conteúdos descartáveis e irrelevantes para a trama principal, com muitas coisas secundárias sendo muito interessantes ao se colocar o mundo construído do game em perspectiva.

Cada lugar, cada cenário, se fazia encantador ao mostrar um pouco de Beyond Galaxyland, nunca perdendo o ritmo, com o game sempre renovando os ares quando necessário. Não estando recheado de excessos, também não oferece menos do que deveria, uma dose equilibrada de tudo está presente em Beyond Galaxyland mais do que nunca.
Há quem prefira o excesso mas, o equilíbrio consegue ser bem-vindo também, há espaço para todos. Todos estes fatores – muito bem interligados – fazem da pequena parcela destas galáxias que exploramos, uma experiência extremamente prazerosa com ritmo e medidas certas.
Uma bela inspiração em clássicos JRPGs
Beyond Galaxyland bebe muito da fonte de JRPGs clássicos, desde Chrono Trigger até mesmo outras referências completamente inusitadas. Há momentos que se associa com seu predecessor naturalmente na narrativa, além de outros ícones do gênero homenageado.
Neste incrível recheio em seu mundo, Beyond Galaxyland é muito competente ao executar seu sistema de batalha de maneira tão funcional. O game possui uma barra de carregamento em tempo real, além de duas formas diferentes de lutar as quais coexistem de maneira eficiente uma com a outra.
O desenvolvedor optou por não se limitar a criar apenas MP como um recurso e repetir um padrão, mas sim uma barra de pontos de habilidade que a party compartilha, obrigando o jogador a saber manusear o recurso com sabedoria.

Em estágios mais avançados da aventura, o jogo demanda que o jogador utilize de habilidades especificas para lidar com dificuldades impostas pelo jogo, como condições especiais que dependem de uma skill de um personagem para serem contornadas.
Isto se torna uma dificuldade ao notar-se que estas consomem uma quantidade considerável de pontos, os quais colocam o usuário em uma situação mais passiva, não o permitindo ser tão agressivo quanto gostaria. Como uma alternativa, o game te permite capturar monstros e usá-los como invocações, até mesmo tendo que enfraquecê-los, assim como nos monstrinhos de bolso.
Estas duas alternativas consomem recursos diferentes, sendo muito possível criar uma sinergia conforme sua estratégia. A maioria dos buffs é debuffs do jogo demandam que monstros sejam adicionados a seu arsenal. Enquanto os pontos de habilidade são para o time, os pontos de invocação são individuais, assim como uma barra de MP padrão.

Os personagens também representam arquétipos de RPG, como guerreiro ou ladrão, de maneira um pouco mais sutil. O elenco principal é bem pequeno e infelizmente são poucos destes, não fugindo totalmente das convenções de um belo RPG clássico. Tudo isto e outras coisas, fazem com que Beyond Galaxyland finque suas raízes em RPGs, e os homenageie.
Uma exploração plataforma
Apesar de um worldbuilding incrível e uma forte raiz como RPG, Beyond Galaxyland me decepcionou um pouco ao executar sua exploração overworld.
É importante frisar que o problema não é a escolha do estilo, apenas sua execução.Exploramos os planetas como um jogo de plataforma – o que não é um problema – porém a física do pulo e das plataformas me causou um estranhamento, sendo frustrante às vezes. Os puzzles em si não eram um problema, apenas as partes em que o game te exigia saber pular no lugar certo como Mario e Sonic the Hedgehog que haviam vezes em que eu me perguntava se era somente culpa minha.

O pulo de Doug vezes era muito menor do que deveria, acredito que um balanceamento possa resolver isto. Tal fator, está longe de tirar os méritos deste game, apenas sendo algo que pode fazer alguém desistir antes das partes onde este título brilha.
Uma aventura memorável
Recomendo com muita certeza Beyond Galaxyland para quem quer viver aquela clássica aventura incrível e memorável de sua infância, pois o game se propõe a fazer isto.
Este título é um RPG que, além de não ser longo, também possui um ritmo muito bom em seus acontecimentos, algo que sinto falta em muitos títulos do gênero com frequência. A pixel art deste jogo com toda a certeza é um dos aspectos que fazem com que todos os cenários e planetas a serem explorados sejam únicos e incríveis de se apreciar, junto com os elementos 3D na tela. A lore além de incrível, não se prende tanto à suas referências, optando por sua própria abordagem.
Minha única crítica a este título é o fato de que a questão da exploração em formato de jogo de plataforma 2D poderia ser melhor executada de fato. O jogo está em um bom preço na eShop e genuinamente recomendo à quem quer uma aventura curta e interessante, com fortes inspirações no aclamado universo de George Lucas e afins.
Tenho muito mais a elogiar do que reclamar deste jogo, apenas cabendo a mim ressaltar que por mais que pontos fortes prevaleçam, não acho que o jogo beire uma nota máxima infelizmente.
Prós
- Worldbuilding e lore interessantes;
- Sistema de batalha bem executado;
- Pixel art belíssima;
- Localizado em PT-BR.
Contras
- Exploração em plataforma com pequenos defeitos.