
Desenvolvedora: EA Vancouver, EA Romania
Publicadora: EA
Gênero: Simulação, Esporte
Data de lançamento: 27 de Setembro, 2024
Preço: R$ 299,00
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia adquirida pelo redator.
Revisão: Davi Dumont Farace, Erick Figueiredo
O apito confirma, o jogo se inicia!
A franquia de futebol da EA apareceu de cara nova no ano passado, sendo possivelmente um dos mais agressivos da franquia em relação a mudanças (o que não é difícil, para ser completamente honesto).
Ir de FIFA para EA FC significava dar um novo passo com a marca (além do fato de que renovar a licença com a FIFA seria extremamente caro). O que resultou no EA SPORTS FC 24, um jogo que dividiu opiniões, tendo qualidades interessantes e defeitos patifes; embora tenha sido o primeiro do Nintendo Switch que não foi completamente negligenciado pela desenvolvedora, sendo até então, o jogo de futebol definitivo da plataforma naquele momento. Como já é tradição, a EA retornou ao console trazendo o seu lançamento anual mais recente para a plataforma: o EA SPORTS FC 25.
Substituições em campo? O que mudou?
No mundo do futebol em si, antes de puxar pro videogame, às únicas mudanças consideráveis, sem contar as transferências de temporada, são o aumento de calendário e o novo modelo da UEFA Champions League. Sendo a competição de clubes mais popular do mundo, o torneio teve uma mudança em seu formato, ocorrendo em um sistema de pontos corridos e com uma divisão maior de equipes que avançam para as próximas fases do torneio. Todas essas novidades já estão incluídas em EA SPORTS FC 25.

E não só isso, o título conta agora com Modo Carreira do Futebol Feminino, podendo usar uma técnica ou jogadora já existente, ou criar a sua própria atleta. A mudança é extremamente bem vinda, especialmente considerando a importância da valorização do futebol feminino, que tem crescido bastante pelo mundo. Um ponto positivo para se levantar em relação a customização de personagem, foi que ela ficou extremamente mais ampla, possivelmente, a melhor de um jogo de futebol que vi até então. Um grande acerto!

E falando do Modo Carreira, é ele que conta com as principais mudanças. Sofrendo uma grande repaginação, o modo é altamente customizável em diversos aspectos, como por exemplo a liberdade para a escolha do momento da temporada você quer começá-lo, treinamentos possíveis para jogadores ou time, grau de dificuldade em si, que fica a critério do jogador, dentre muitas coisas.
As mudanças são muito bem vindas, embora alguns recursos que tentam colaborar na imersão as vezes acabam atrapalhando, como as mensagens dos jogadores ao técnico no modo carreira quando se joga como técnico, que chegam a se repetir demais, e as notícias simuladas que aparecem num feedzinho do menu que às vezes passam informações erradas (como chamar um atacante de goleiro) e os comentários genéricos gerados, que uma hora cansam. Outra novidade bacana do modo é a introdução de um torneio para as bases dos times, uma adição interessante que colabora para a imersão, apesar de ser enjoativa a longo prazo e feita de um jeito extremamente básico.

Outra adição é a inclusão de jogar com ídolos nesses modos carreiras. Temos uma seleção de craques do passado no jogo base bem limitada para falar a verdade. Temos nomes de peso como Andrea Pirlo, um dos mais famosos meio-campistas italianos do mundo e Thierry Henry, o lendário atacante francês que foi carrasco do Brasil na Copa de 2006. Como já é costume com jogos da EA, a desenvolvedora oferece um maior leque dessas feras do passado como bônus de pré-venda. Entre os nomes que só podem ser utilizados por aqueles que compraram o título dessa forma estão o francês Zinedine Zidane, o astro da Inglaterra, David Beckham e, para representar nosso país, Ronaldo Nazário, o Fenômeno. Uma escolha péssima, em minha opinião, visto o tamanho desses 3 jogadores para a história do esporte.

Outra novidade é a adição do Modo Rush, um modo 5 vs 5 num campo menor, sem muito segredo, que mesmo sendo longe de ser uma adição ruim, considero-a apenas fraca para se promover como uma grande novidade para esse título como a EA costuma fazer.

E por fim, o que eu considero o melhor elemento novo desse jogo: a adição do modo Simulação, um estilo de gameplay que tenta puxar pro realismo, tornando o jogo um tanto mais lento e estratégico, algo mais semelhante ao que o rival Efootball (que infelizmente não se encontra disponível no Nintendo Switch, inclusive) faz, entregando uma opção de jogabilidade interessante para quem não quer um futebol completamente baseado em firulas e palhaçadas, onde os jogadores parecem que tem sabonete nos pés.
Desfalques desse time, marcando os impedimentos da partida
Apesar das mudanças parecerem (e serem até) interessantes, não são nada que justifiquem um lançamento anual a preço cheio, pelo menos do modo que foram introduzidas, considerando a penca de desvantagens que restam em cima da mesa.

Pra começar temos a pedra mais clara e dura possível no meio do caminho, a ausência do campeonato brasileiro, que está fora da franquia de forma oficial desde FIFA 17 (outros FIFA‘s mais recentes tiveram o campeonato, mas com jogadores falsos). A falta do nosso campeonato no título é um dos problemas criados pela Lei Pelé, que determina que a imagem de um jogador deve ser negociada com ele mesmo e/ou com sua agência, o oposto do que ocorre no resto do mundo onde os direitos são negociados com a própria liga. Um empecilho esse que faz com que o país do futebol não tenha uma representação digna no jogo.
Os únicos representantes do nosso futebol são aqueles que participam da Libertadores e Sudamericana, os dois principais campeonatos de clubes do nosso continente. O único porém, é que enquanto temos escudos e uniformes oficiais, os jogadores desses times são genéricos e em nada representam os atletas reais, além de não poderem ser editados ou customizados, uma decepção para quem deseja jogar com seu time do coração no console.
Temos alguns jogadores do futebol brasileiro no jogo, mas são poucos e obviamente não se encontram nos clubes. Um exemplo é o jogador Memphis Depay, holandês que se encontra atualmente no Corinthians, está disponível no jogo através de sua seleção, a Holanda.
E para ressaltar o quão o campeonato brasileiro é interessante, segue uma listinha breve que fiz, com jogadores que enxergo uma mínima importância ou relevância que seriam válidos pro jogo, contando nomes que brilharam no passado “recente” e alguns que são interessantes no presente, além de atuações em seleções e alguns outros critérios (tentei incluir figuras de todos os times então algumas escolhas podem soar forçadas):
- Atlético Goianense – Joel Campbell
- Athlético Paranaense – Fernandinho
- Atlético Mineiro – Hulk, Scarpa, Deyverson, Alonso e Arana
- Bahia – Éverton Ribeiro, Caio Alexandre, Cauly, Luciano Rodriguez…
- Botafogo – Thiago Almada, Luiz Henrique, Alex Telles, John, Vitinho, Gatito, Igor Jesus…
- Cuiabá – Pitta
- Corinthians – Depay, Garro, Fagner, Hugo Souza e Romero
- Criciúma – Bolasie
- Cruzeiro – Cássio, Matheus Pereira, Matheus Henrique, Villalba, Romero, Kaio Jorge, Dinenno, Wallace, Romero, Lucas Silva, Ramiro e William
- Flamengo – De La Cruz, Arrascaeta, Pedro, Gabigol, Alex Sandro, Fabrício Bruno, Michael, Ortiz, David Luiz…
- Fluminense – Marcelo, Thiago Silva, Ganso, Felipe Melo, Fábio e Renato Augusto
- Fortaleza – Tinga, Lucero, Yago Pikachu…
- Grêmio – Braithwaite, Cristaldo e Soteldo
- Internacional – Rochet, Alan Patrick e Enner Valência
- Juventude – Nenê
- Palmeiras – Weverton, Estevão, Richard Ríos, Murilo, Mayke, Marcos Rocha, Giay, Moreno, Felipe Anderson…
- Redbull Bragantino – Capixaba, Jhon Jhon, Sasha…
- São Paulo – Rafael, Alisson, Rato, Lucas Moura, Lewis e Alan Franco
- Vasco – Payet, Coutinho,Jardim e Vegetti
- Vitória – Muriel e Wagner Leonardo
E falando em seleções, elas têm diminuído a cada novo jogo de futebol da EA lançando, com este sendo de longe o pior catálogo de seleções. Temos apenas sete representantes não europeias, sendo uma sul-americana (Argentina), duas norte-americanas (EUA e México), uma asiática (Qatar), duas africanas (Gana e Marrocos) e uma da Oceania (Nova Zelândia). 12 seleções que disputaram a copa de 2022 foram deixadas de lado, com algumas relevantes como a tricampeã do mundo Uruguai e a pentacampeã Brasil. O continente europeu, bastante representado, também tem seus desfalques. Provavelmente, isso é parte dos problemas de direitos de imagem dos jogadores e por isso a EA decidiu não ir atrás de licenciar essas equipes.
Ainda sobre os direitos de imagem, alguns times italianos não estão licenciados no jogo, apesar de possuírem alguns jogadores e cores similares. Neste caso, o problema é algo fora das mãos da EA. Os times que não estão licenciados, Atlanta, Lazio, Milan e Inter de Milão, possuem contratos de exclusividades com a Konami, sendo representados oficialmente em Efootball 2025. Esses quatro times são bastante relevantes, não apenas em seu país, como também em um contexto mundial. …E não tê-los para EA Sports FC 25 é uma pena.

Agora partindo para outro assunto, fugindo das imagens de jogadores ou clubes, tenho que comentar a ausência ou falta de capricho de alguns modos. O Modo Rush parece ter vindo a tona pra substituir o modo de futsal, este que foi removido do EA Sports FC 25 e embora na prática mal existam diferenças, considero algo completamente sem sentido, inclusive como escolha de novidade para promover o novo grande título da franquia FC, além da falta do modo “Volta Football”.
Sinto falta de modos básicos como disputa de pênaltis. Também podemos notar a falta de atenção em alguns modos, que até tentam dar uma diversificada no esporte, mas claramente não tiveram a atenção necessária e a execução bem encaixada, parecendo que foram feitos para “dizer que tem”. Existem opções tão específicas que não são interessantes nem para os que jogam partidas competitivas nem os jogadores mais casuais.

Um exemplo de como eu acho que poderiam dar uma variada bacana nesses modos pode ser visto nos Fifas de Nintendo 3DS, que adicionavam opções de jogo fantasiosas e que fogem do futebol convencional. Paredes invisíveis, alterar o tamanho da bola, velocidade dos jogadores, liberdade dos goleiros, dentre outros. São algumas opções interessantes de customização que poderiam existir aqui. Não que a EA flerte com a ideia de fugir da simulação do esporte, mas poderiam existir para justificar um lançamento anual.
Estádio “Switchago Bernabeu”, como se encontra o gramado?
Desde que a franquia FIFA virou FC, no ano passado, com o título EA Sports FC 24, o que tem sido lançado para plataforma da Nintendo tem sido de fato um jogo novo, e não um FIFA antigo com trocas visuais para se camuflar. Basicamente, não temos aqui uma Legacy Edition, como era o caso com as versões anteriores desde FIFA 19.
O fato de termos o mesmo jogo que é vendido nas demais plataformas, apesar das limitações do Switch, já seria algo bom, porém, as coisas não são tão simples. Estamos falando de um console de 2017, com um hardware bem limitado comparado aos outros, o que resulta em um jogo com comandos travados, gráficos que deixam a desejar e cutscenes rodando em poucos frames de animações. Durante minha experiência com o título, o mesmo chegou a travar meu console algumas vezes, o que serve como um exemplo do trabalho ruim de port da EA.

Já um aspecto que eu não identifiquei se é do jogo em si ou da versão que aqui está sendo analisada são algumas travadas de colisão. Mesmo que poucas, não achei exatamente minuciosas a ponto de serem ignoradas, considero um ponto negativo.

A duração do contrato e suas possíveis cláusulas
Apesar das versões da franquia serem lançadas anualmente, a EA sempre busca vender o mais novo título de sua série de futebol pelo preço completo de um novo lançamento. Honestamente, apesar da gameplay altamente customizável para o futebol tradicional, não existem muitas mudanças que façam esse preço valer a pena, especialmente pois, esses jogos geralmente são abandonadas rapidamente, com edições passadas ficando sem atualizações.
Existe, porém, um ponto interessante a se levar em conta caso tenha interesse em adquirir o título. Com rumores cada vez mais reais de um possível sucessor do Switch, surge a dúvida sobre se teremos algumas séries marcando presença na plataforma, incluindo o EA Sports FC. Então, essa pode ser a última vez que os donos de Switch podem aproveitar o jogo bonito em seu console.
E tem o que creio que seja o ponto mais óbvio: o futebol, assim como tudo na vida, está em constante mudança. Transferências de técnicos e jogadores, uniformes, patrocínios, mudanças em campeonatos e outros, sempre estarão acontecendo; então cabe ao jogador saber com o que ele realmente se importa. Jogar com o máximo de fidelidade que ele conseguir se for extremamente apaixonado pelo esporte, ou se quer apenas um jogo maneiro pra jogar com o pai ou com filho. Se algumas dessas coisas lhe fizerem repensar quanto a comprar o jogo, talvez não valha a pena.
Além de que, em 2025, a FIFA estreará sua nova grande competição no esporte, O Super Mundial de Clubes, que funcionará como uma Copa do Mundo voltada para clubes, que irá incluir times do mundo todo, dentre eles os brasileiros – Flamengo, Fluminense, Palmeiras (e pode contar até com Atlético Mineiro ou Botafogo se um deles ganhar a Libertadores desse ano). Pensando nisso, a EA deve tentar investir como uma grande novidade para o próximo título, embora no meio dos participantes tenham clubes sem licenciamento da franquia (como os próprios brasileiros), Saber como ela deve lidar com isso é meio imprevisível, logo, cabe a cada um identificar o que quer no jogo e pesar para ver se compensa comprar ou não.
Chamaram o VAR: Algumas coisas nunca mudam
Falando sobre coisas que não mudam, o modo Ultimate Team vulgo “capitalismo FC™” continua presente na versão de Switch de EA SPORTS FC 25. Não chega a ser minha praia, mas tem seu apelo, com uma galera vendendo a alma pra conseguir cartinha meta de um competitivo bugado.
A inteligência artificial dos jogadores está levemente mais realista, embora seja extremamente variável dependendo da técnica que você jogue. Existe uma boa margem de melhora com a nova tecnologias de progressão de jogador e time inserida, embora a inteligência artificial do goleiro continue ruim, apesar das leves melhoras. A arbitragem também continua inconstante, com bastante espaço para melhoras no futuro.

Os controles e jogabilidade geral seguem bem dinâmicos e bem passível de customização como mencionado anteriormente, sendo um bom ponto positivo deste lançamento. Para aqueles que curtem jogar com amigos e família no mesmo console, o co-op local existe e funciona muito bem. Uma vantagem do Nintendo Switch é a possibilidade de cada pessoa utilizar um joy-con, facilitando a jogatina com mais de uma pessoa.
Em aspectos mais artísticos como interfaces visuais e trilhas sonoras não tenho muito o que comentar, com exceção das interfaces dos modos carreiras, que continuam idênticas ao jogo anterior. Já a trilha sonora não chega a fugir muito do convencional da franquia. Curiosamente, duas músicas da trilha tem uma pegada mais latina, “Vem – Nonô” e “Samba de Rua” do artista Pastelmusique, mas não temos nenhum hit realmente brasileiro. Na parte de narração, contudo, a dupla Gustavo Villani e Caio Ribeiro continuam aqui fazendo um bom trabalho.
Fim do campeonato! Ganhou o título?

Em conclusões gerais, EA SPORTS FC 25 é um jogo de esporte tradicional pro Nintendo Switch, o que é muito bem vindo considerando que ele é a única opção do gênero na plataforma. Como jogo próprio, contudo, considero algo razoável, sendo uma boa pedida para quem não é crítico em aspectos em sua maioria minuciosos e para quem tem dinheiro sobrando, principalmente. Como continuação, é um jogo de futebol da EA e apesar deles irem mudando cada vez mais em relação a novos lançamentos, ainda não é o bastante para uma franquia que tem um novo título lançado todo ano.
Prós
- É um jogo de verdade, não apenas um FIFA antigo recuperado como a EA fazia anteriormente, além de ser funcional para quem quer uma experiência mais pé no chão com o esporte.
- O melhor do futebol convencional para o Nintendo Switch;
- Licenças com diversas ligas de alto escalão;
- Gameplay altamente customizável visando diversos níveis de dificuldade;
- Customização de personagem e de carreira bem ampliados, uma ótima pedida para os jogadores focados em offline;
Contras
- Port imperfeito para a plataforma;
- Colisões um tanto questionáveis, somados a bugs e congelamentos de tela nessa versão.
- Ausência de times grandes italianos, da liga brasileira e de muitas seleções;
- Falta de campeonatos relativamente recentes e relevantes no modo torneio, como a Eurocopa e Sul-Americana;
- Falta de capricho nos demais modos de jogo fora o tradicional e os carreira;
Nota
6,5
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