
Desenvolvedora: Xeen
Publicadora: Square Enix
Gênero: RPG baseado em turnos
Data de lançamento: 24 de Outubro, 2024
Preço: R$ 249,50
Formato: Digital/Fisico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Square Enix.
Revisão: Davi Sousa
A cada dia que passa, estamos mais próximos do fim do ano, e isso é um pouco assustador para mim; não pela crescente percepção de que o tempo está passando, mas sim pelo fato de que no final deste ano eu vou ter que escrever sobre meu jogo favorito, e eu realmente não saberia responder isso de forma honesta. Remakes contam? Porque se contarem, um dos maiores candidatos para o título é justamente o jogo cuja review farei hoje.
Infelizmente anunciado em uma Nintendo Direct repleta de anúncios que tiraram um pouco da atenção que o jogo poderia receber, Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é um remake de um clássico da SquareSoft que originalmente não saiu do Japão, em 1993. Eu fiz dois textos sobre este remake (um porque ele é um bom jogo para se empolgar e outro sendo uma prévia) e, apesar desta review ser separada dos outros textos, eu recomendo a leitura deles como uma forma de complementá-la!

Dando um aviso prévio, esta review é bem enviesada a favor do jogo, pois sou um grande fã da série SaGa e acabei jogando o remaster do jogo original, feito pela ArtePiazza, um tempinho atrás. Então, todos os pontos positivos e todos os negativos que falarei aqui têm base em alguém que analisou o produto comparando com o que ele é baseado e em suas melhorias, como o que ele faz de melhor, o que é diferente, etc.
Sem mais delongas, vamos aos pontos centrais da review para falar mais do grande império de Avalon e do motivo da vingança dos Sete Heróis!
Aventure-se por Varennes!
A história de Romancing SaGa 2 é um tanto interessante, pois não se passa em um período fixo. O protagonista é o imperador de Avalon, que começa como uma pequena província no norte do continente de Varennes, mas que pode se expandir com as ações do imperador. Mas como diz o ditado, “Roma não foi feita em apenas um dia”, e o mesmo se aplica a Avalon; por isso, jogamos com diferentes imperadores durante a história do jogo.
Há muito tempo, quando todo o continente de Varennes estava em uma crise por conta de monstros, sete heróis se uniram para combatê-la, mas após ela ser resolvida, os grandes magos temeram o novo poder dos sete heróis e os traíram, prendendo-os em uma dimensão paralela. Jurando vingança e que um dia retornariam, os sete heróis cumpririam essa promessa gerações no futuro, e vira o dever dos imperadores de Avalon resolver esta crise.
Romancing SaGa 2 não foge muito dos padrões de storytelling encontrados em outros JRPGs com ambientação medieval (embora eu tenha discutido em um dos meus textos sobre como o fato que você joga contra os heróis seja em si uma boa subversão), e o remake mantém muito disso, com a história e os personagens tendo um pouco mais de atenção agora que tem um bom voiceover por trás. Mas um dos maiores pontos de Revenge of the Seven é como ele pega uma história que já era boa e não apenas a expande, como melhora em alguns aspectos, como os próprios sete heróis.




E falando nos heróis, uma nova mecânica foi adicionada este jogo, e é chamada de:
Memórias dos sete heróis

Sendo uma novidade para esta versão de Romancing SaGa 2, o jogador pode encontrar artefatos espalhados por dungeons ou locais aleatórios do mundo para achar fragmentos de memórias que detalham a jornada e dificuldades passadas pelos sete heróis contra a ameaça dos cupins — É, eu entendo os seus medos, Wagnas, afinal meu sobrenome é Madeira, odeio cupins.
Essas memórias servem para dar um pouco mais de profundidade aos heróis e mostrar que eles não eram malignos antes de seu banimento. Muitos dos aspectos mostrados nas memórias não são 100% originais, pois vieram de materiais adicionais do jogo de ’93, como a peça de teatro do jogo e o mangá, ambos servindo como uma expansão da história dos sete heróis e também como um acompanhamento interessante ao jogo original.

Ver os sete heróis em suas formas humanas e ativamente tendo atos bem heroicos é algo bonito, ao mesmo tempo que é triste, pois nós sabemos como esta história termina. Assim como em Breath of the Wild (o que é irônico, já que uma das inspirações para a não linearidade deste Zelda foi justamente Romancing SaGa 2) as memórias estão espalhadas pelo mundo e você pode coletá-las em uma ordem aleatória, não precisando seguir uma cronologia, mas ao menos o menu do jogo mostra exatamente qual é o número da memória adquirida.

Lute por Avalon!

Com os aspectos da história tendo sido discutidos, vamos falar um pouco de um dos aspectos da gameplay do jogo, e algo que você vai passar muito tempo fazendo, especialmente durante batalhas de boss, é lutar. Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven é um RPG que usa de um combate por turno, mas que acaba entregando um sistema bem complexo e engajante ao jogador.
Introduzida há pouco tempo na franquia, em Scarlet Grace, as Timeline Battles são formas que a série SaGa usa para alternar os turnos dos personagens, fazendo com que o jogador veja a ordem das ações que vão ser tomadas este turno, assim como também ver de relance as que serão tomadas no turno seguinte, recomendando a quem está jogando tomar certas estratégias em cima desta ordem. Uma comparação que posso fazer com o sistema deste jogo é com a franquia Octopath Traveler, que também usa de um sistema de turnos onde você vê a ordem durante a batalha, mas claro, não é a mesma coisa.
Ao escolher os personagens para formar a sua party, o jogador deve atentar aos melhores atributos que este personagem pode ter e, com base nisso, criar um conjunto de armas que tenha uma boa variedade de combinações (personagens mais rápidos são ideais para usar arco e flecha, personagens mais fortes são melhores com machados e maças, etc.); após armar adequadamente os personagens, o jogador pode explorar as várias fraquezas que os inimigos apresentam! Com cada inimigo tem diferentes fraquezas e quanto mais você explora ditas fraquezas, mais o seu ataque em união carrega. É ideal você formar uma party que tenha todas as armas do jogo.
Para aqueles que já são familiares com a franquia SaGa, fico feliz em dizer que o jogo não segura a mão do jogador em matéria de dificuldade, mas ao mesmo tempo acaba sendo o SaGa mais acessível já feito. Mas para aqueles que não querem perder quase todos os Life Points para o Bokhohn ou o Noel, o jogo oferece muitas formas do jogador melhorar antes do combate através de outras mecânicas, e é disso que falarei no próximo tópico!


Explore e melhore o seu império!
Nem só do pão viverá o homem, pois sempre é bom colocar aquela manteiga ou requeijão… Nessa mesma lógica, nem só de combate viverá o RPG, pois são os aspectos alternativos que complementam a experiência, e Romancing SaGa 2 tem dois métodos de usar a sua gameplay fora de combate, que podem até influenciar no mesmo: a exploração do mapa de Varennes e o uso dos vários recursos coletados na jogatina para melhorar o império.




Falando da exploração, o jogador geralmente vai se aventurar por mapas vastos que estão interligados. Como a estrutura do jogo é não linear, você pode fazer as coisas na ordem que quiser após as áreas tutoriais, e nestas áreas você poderá coletar itens escondidos em baús ou em pontos brilhantes no overworld, ou começar um combate com inimigos antes, usando ataques surpresa, algo que não tinha no Romancing SaGa 2 original.
Mas por que coletar recursos? É aí que entra o gerenciamento do seu império; como imperador ou imperatriz de Avalon, é seu dever alocar recursos para a construção de novas obras na sua capital; desde um simples ferreiro para aprimorar seus equipamentos até uma universidade de arcanologia para melhorar os seus feitiços, cada melhoria traz consigo um aspecto que melhora muito a gameplay e abre mais oportunidades no combate.

Claro que, pelo jogo limitar um pouco o que você pode fazer em uma geração, vai ser difícil fazer muitas obras em uma vida só; porém, se há algo que a SquareEnix confirmou, é que o New Game + — que já era presente no jogo original — , está de volta, o que significa que há mais chances de explorar possibilidades em uma jogatina, para aprender com os erros ou experimentar outras coisas na próxima, então é algo que recomendo darem um foco quando estiverem entediados do combate no geral.
Imperialismo não é tão legal assim…
É meio difícil achar pontos para criticar de um jogo que eu tenho boas memórias com o original (ou pelo menos o remaster do original, que mantém muitos aspectos intactos), mas como um reviewer não enviesado, eu preciso dar o meu melhor e apontar as críticas que o jogo tem, algumas carregando do jogo original.
Algo que pode ser um pouco específico demais é que acredito que Romancing SaGa 2 seja um jogo melhor aproveitado com guias detalhando eventos que você precisa fazer para não perder certos aspectos. Claro que eu não acho que guias deveriam ser obrigatórios e nem reclamo pelo jogo não ter um método fácil de “se achar”, mas com tantas coisas para fazer e agora até memórias para coletar, fica difícil recomendar este jogo para uma pessoa que já não seja fã da série SaGa.



As críticas centrais vão para coisas como os erros de renderização dos gráficos que eu passei, as vezes até lembrando minhas gameplays de Xenoblade Chronicles 2, que não carregavam as texturas de uma vez só. Não tive problemas com quedas frequentes, mas o jogo deu um crash básico uma vez no comecinho do mesmo; por sorte, não fazia nem cinco minutos desde meu último save, então não tenho o que reclamar.

No fim, é isso, acabei gostando tanto do jogo que joguei que fica difícil enxergar falhas além destas! Como acredito que este seja o primeiro SaGa para muitos, recomendo vocês verem vídeos a respeito do jogo antes de pular na ideia de adquiri-lo, mas isso vale para muito JRPG por aí.
Chegando ao fim das gerações
E por fim, a conclusão que podemos tirar desta review é que Romancing SaGa 2: Revenge of the Seven pega aspectos do jogo original e trabalha em cima dos mesmos, mas acima de tudo, os aprimora. Se você teve a sorte (ou azar, o jogo era bem imperdoável nas versões originais) de jogar o remaster ou até uma fã tradução do game de ’93, você verá as melhorias que Revenge of the Seven traz.

Se você procura gastar dezenas de horas em um JRPG bem-feito e com aspectos-chaves de sua gameplay que não ficam enjoativas, eu recomendo muito este jogo! Veremos se o seu sucesso poderá finalmente fazer a SquareEnix botar um pouco mais de fé nos projetos do Kawazu, criador da franquia, para que tenhamos mais jogos da franquia SaGa com um orçamento decente.
Prós
- Um remake fiel e aprimorado de um JRPG importante do Super Famicom;
- O SaGa mais fácil de se acostumar para novatos, enquanto ainda mantém uma boa dificuldade;
- Sistema de combate único, aprimorado de jogos anteriores;
- Boa direção artística, que faz o jogo brilhar mesmo em resoluções baixas;
- Conteúdo adicional que melhora aspectos como história e worldbuilding do jogo original.
Contras
- A falta de guias pode acabar desencorajando devido à quantidade de coisas para fazer;
- Alguns erros básicos de renderização quando se entra em áreas novas;
- Telas de loading entre áreas/cutscenes podem levar de 8 a 12 segundos.
Nota
9,5
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