Desenvolvedora: Apollosoft, Mebius
Publicadora: Red Art Games, Bushiroad Games
Gênero: RPG Tático
Data de lançamento: 15 de novembro, 2024
Preço: R$117.96
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Red Art Games.
Revisão: Marcos Vinícius
O momento em que um jogador decide jogar um jogo licenciado, é o lançar de uma moeda. O resultado é apenas definir se seu tempo valeu a pena como jogador ou como um fã. O lance dessa moeda tem resultados completamente diferentes quando não se trata de um fã da franquia. Ele se torna mais polarizado, se tornando uma simples aposta de ser um jogo bom por si só ou apenas mais produto licenciado.
Eu não falo aqui como um fã da franquia Goblin Slayer, apenas como uma pessoa que está ciente da sua existência e é indiferente a tal. Porém, posso falar como um fã de RPGs táticos. Goblin Slayer -Another Adventure- Nightmare Feast faz apenas o essencial para poder se categorizar como um, mas além do nome que carrega — que não possui peso fora de seu nicho —, não faz um bom trabalho em se manter firme. O maior mérito que consigo dar para esse jogo é que ele consegue ser o que ele se apresenta como.
Sabor baunilha
Não imagine por um segundo que irá se livrar de todos os tropes de fantasia presentes em animes contemporâneos. Temos o pacote completo: uma guilda de aventureiros, missões, ranques, recompensas e todo tipo de adversário que você pode imaginar que apareceria em um jogo como este.
O universo de Goblin Slayer em um geral nunca teve como premissa ser inovador, apenas seguindo um personagem com uma obsessão com goblins em um mundo muito maior. Um mundo pouco desenvolvido pode funcionar se não estamos lidando com escalas mundiais e apenas com circunstâncias que seriam cotidianas.
Em contraste, quando estamos em um videogame, adicionalmente, em um RPG, um mundo pouco interessante deixa de ser algo ignorável e se torna pouco empolgante, pois é o mundo que o jogador vai interagir por toda a extensão da história.
A história não é apenas um produto secundário para dar cenário a gameplay, ela é presente em cutscenes grandes, apresentadas em estilo visual novel. Cada personagem tendo uma média de 2 imagens nessas cenas, e com poucas ilustrações espalhadas entre cada uma. Esse método pode muito bem só ser visto como pouco empolgante e preguiçoso, mas as cenas estão dubladas, então caso o jogador queira parar e prestar atenção nelas, não será em um desconfortável silêncio.
Por consequência de não conversar muito com a gameplay, o jogador pode muito bem ler as cenas às pressas ou simplesmente pular as cenas, mas ignorar um elemento do jogo como passo positivo não é algo tão louvável quanto pode transparecer.
Se lerdo tivesse um nome
A escolha de Goblin Slayer em ser um RPG tático em grades foi uma excelente escolha. A série flertava com a ideia de ser um mundo inspirado em um RPG de mesa, com a imagem dos dados sendo usadas em alguns momentos, e para aqueles que já estão conectados com este hobbie paralelo, sabem que o mais famoso deles é um RPG em grades. Essa inspiração não é muito usada além de magias e habilidades terem usos por fases, o que também não é incomum ao gênero.
Apesar desse leve contato, o jogo ainda está mais centrado em ser um SRPG padrão. Se movimentando entre a grid, podendo interagir com aliados e inimigos baseados na ação escolhida. Tudo funciona como deve funcionar, mas na metade da velocidade. A velocidade das animações e cursores são lerdos, e isso é refletido em vários outros momentos do jogo.
Mesmo nas próprias cenas, existe um atraso entre o apertar dos botões, isso vale para a maioria dos menus na interface, até a falta de qualidades de vida, como a ausência de um pulo de turno automático quando todas as unidades terminam suas ações. Todos esses elementos que desaceleram a dinâmica em soma com o alto tempo de abate de cada inimigo individual torna a experiência maçante.
Sem contar o ritmo da história, que é curta, é alongada por meio de missões taxadas como “missões normais”, mas que em funcionalidade são apenas missões secundárias com outro nome. Portanto, até o ritmo da história é lerdo.
Números e personagens
Como de costume da franquia Goblin Slayer, os personagens, incluindo os protagonistas, são nomeados por meio de sua função, característica ou papel na história. Devido os nomes mais genéricos serem utilizados por personagens que aparecem na série principal, a maioria dos personagens que o jogador vai utilizar terá um nome que não irá indicar nada, mas a silhueta é o suficiente para indicar a função do personagem.
Os personagens podem equipar novos equipamentos, mas nenhum deles vai além de “número maior, melhor”, então não é necessário muita estratégia no jogo de estratégia. Simples e bom posicionamento será o suficiente lidar com a maioria dos inimigos, e por não ter uma mecânica de morte permanente o jogador pode ser ousado com suas unidades sem ter medo de perdê-las para sempre, tirando uma leve perda de exp, que pode ser facilmente recuperada com as missões de treinamento infinitas.
Uma última mecânica são as “estratégias” da protagonista, a Mestre da Guilda, que ao atacar podem, aleatoriamente, conceder ao jogador uma rolagem de dados que gera benefícios se dois dados de seis lados passarem do número proposto pela estratégia. Não é uma mecânica inútil, mas por ter um filtro inicial de sorte para ativar mais um filtro da rolagem dos dados em si, não é confiável o suficiente para fazer parte da estratégia. É o único momento em que o jogo usa a representação da rolagem de dados, apesar de ter várias rolagens de dados secretas escondidas do jogador. Potencial perdido.
Não impressiona, mas também não ofende
A previamente mencionada moeda cai aqui como mais produto licenciado. Infelizmente com pouco a apresentar, tanto para jogadores do gênero, que já conhecem todos os elementos de universos de fantasia, como fãs de Goblin Slayer, que sequer tem acesso ao personagem titular desde o começo.
Não é uma aberração de game design ou injogável, com bugs que quebram a experiência, é apenas sem graça. Por causa de seu ritmo lerdo, sua pouca customização e ritmo de história pouco empolgante, o jogo se torna mais uma tarefa do que qualquer coisa.
Caso você seja fã de Goblin Slayer, esse é um dos casos que o jogo pode valer seu tempo como fã, mas recomendo esperar uma promoção, apesar de cumprir tempo suficiente de um RPG, há ofertas de jogos melhores. Se você não é fã de Goblin Slayer, apenas ignore, e encontre SPRGs melhores no mercado.
Prós:
- Simples;
- Historia enxuta.
Contras:
- Lerdo;
- Pouco empolgante para um RPG tático;
- Apenas uma inovação. Pouco usada.
Nota Final
5
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