
Desenvolvedora: Summitsphere
Publicadora: Summitsphere
Gênero: Plataforma 2D
Data de lançamento: 13 de dezembro de 2024
Preço: R$ 39,90
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia adquirida pelo redator.
Revisão: Lucas Barreto
Dizer que eu estava animada para a EXPLOSÃO que esse jogo prometia seria uma simplificação da minha parte!
Desde o seu anúncio de Kickstarter em 2022, com uma demo super promissora, contendo elementos e forte influências de minhas franquias favoritas, o humor que se comunicava comigo e o retorno da fórmula de plataforma de Wario Land 4, ANTONBLAST logo me fisgou! Embora o elenco de personagens já tenha sido introduzido antes no jogo estilo fliperama AntonBall Deluxe, essa aventura é uma total reinvenção com uma nova atitude… e já usei a expressão EXPLOSIVA!?
Embora o elenco de personagens já tenha sido introduzido antes no jogo estilo fliperama AntonBall Deluxe, essa aventura é uma total reinvenção com uma nova atitude… e já usei a expressão EXPLOSIVA!?
Espelho, espelho meu!…
Nas profundezas do submundo, Satã contempla sua vermelhidão em seu espelho mágico, mas descobre que há “outro” mais vermelho que ele! Num ato de inveja, manda seus capangas roubarem tudo que há de mais amado do seu concorrente e atraí-lo para suas armadilhas diabólicas! O outro tão vermelho é nosso protagonista Dynamite Anton, que junto da sua colega de quarto, Dynamite Annie, vai atrás dos seus tão preciosos “Spirits” roubados (código para bebida alcoólica) e dar uma lição no pomposo lorde do inferno!
O maior ponto forte de ANTONBLAST é ser convidativo e estimulante para todos os sentidos sensoriais; logo de cara você será recebido com pixel art de altíssimo nível, com efeitos de scaling e rotação em tempo real vistos nos jogos de fliperama e consoles 32-Bit dos anos 90; partículas por toda parte durante a destruição constante em seu gameplay e um design de som que, além dos temas empolgantes compostos pelo o próprio diretor do jogo, Tony Grayson (que também é a voz de Anton), é complementado por efeitos sonoros que são ao mesmo tempo super adequados e caricatos e os sons de explosões mais genéricos e stock que você pode imaginar, com certeza fazendo parte da piada da apresentação!
Nunca um jogo capturou tão bem o tom caótico de dois experts em demolição lutando contra as forças satânicas! E devo dizer que isso se aplica também ao uso de vibração dos controles! Nos Joy-Cons especialmente, a tremedeira de todo tipo de interação destrutiva no jogo é notória! Você obviamente pode desativar ou diminuir a frequência nas opções, mas digo que manter isso ligado faz parte da experiência.

Se você está familiar com jogos como Wario Land 4 e Wario Land: Shake-It!, ANTONBLAST irá ser reconfortante! Todas as fases requerem que você recupere um dos Spirits roubados, colete a maior quantia de fichas de poker para aumentar a sua pontuação (e elas são usadas como moedas de compra também) e no final do seu trajeto, ativar o detonador para uma HAPPY HOUR!, com uma contagem regressiva intensa pra que você retorne para o início do estágio antes do tempo se esgotar.
E embora o formato já estabelecido em jogos do Wario esteja retornando com força ultimamente, aqui você terá um twist único na abordagem, tanto nas mecânicas entre fases como no próprio segmento de escapada que pode te pegar desprevenido não retomando seu caminho de ida.
Pavio curto e parafuso solto!
Os movimentos de Anton e Annie (que são idênticos em gameplay) são mais voltados a energia cinética do que qualquer outro contemporâneo do gênero; Sua investida pode ser acelerada diversas vezes com o apertar de botão no momento correto em que sua barra de “embreagem” estiver no pico, e reagir imediatamente com um pressionar de botão no contato com um inimigo ou obstáculo no seu caminho, impede que seu movimento se interrompa; e manter esse fluxo é importante nos momentos de escapada em pulos para carregar seu impulso e nos momentos que é necessário quicar em alguma coisa na correria.
Para mais movimentos você conta com uma rasteira instantânea que atinge inimigos por baixo e te ajudam a entrar em lugares estreitos, um ground pound (hilário) que, típico dos jogos do estilo, quanto maior for a altura executada, resulta em um impacto no chão ainda maior, afetando inimigos e objetos ao seu redor… e ah! tem também um botão para gritar! Por razão nenhuma… talvez você queira aliviar a raiva, não é? E quem não quer…

Ainda dentro do tópico de Anton lhe deixar com uma forte impressão, as fases são construídas de forma que nunca terão temas repetidos, ainda que utilizem de mecânicas anteriormente introduzidas. Todas elas são únicas em como você as aborda no seu caminho até o detonador, seja resolvendo puzzles com correntes de água pra prosseguir, tentar impedir que um cofre seja violado por um ladrão ou mesmo ficar preso no pesadelo existencial que é uma piscina infinita, sem um caminho claro de volta!
E isso também reside nas sequências de escapada, que não só irão te pôr contra o tempo pra retornar ao seu ponto de origem na fase, mas podem propor um novo elemento pra te apressar ainda mais.. talvez seja um robô gigante lhe perseguindo, talvez seja ácido que irá lhe cercar de todos os lados.. isso sem falar nas diversas transformações ocasionais. Embora, o relógio regressivo seja tão generoso, que nunca perdi a chance de alcançar meu objetivo, mesmo que a tensão ainda estivesse lá, com as saídas falsas, vez ou outra, alimentando mais ainda essa sensação.
Apesar das ferramentas pra atropelar tudo e todos a sua frente, o jogo não incentiva apenas um tipo de aproximação ao level design. Permitindo que você tome seu tempo para calcular pulos e criar suas próprias estratégias de como lidar com obstáculos. Se apresse apenas quando é estritamente necessário! Checkpoints são abundantes, vidas são infinitas e sempre haverá caixas para restaurar sua saúde no momento mais conveniente. Não esquente se o desafio é muito de início, pois com suas fichas de poker, você pode comprar itens no bar do angustiado Brulo que irá te ajudar na jornada, como mais pontos de saúde.

Não tenhas medo!
Os chefes também, que são muitos ao longo do jogo, são extremamente memoráveis e cada um com sua forma de derrotar. Nada em ANTONBLAST é entregue pela metade, e esses chefes, especialmente os maiores de cada mundo, são um espetáculo visual e de combate utilizando das mecânicas básicas do jogo.
Tudo com uma energia que vai lhe fazer perseverar e persistir até nos padrões mais complexos e intensos. E aqui os efeitos mais caprichados e sofisticados do jogo são apresentados, com os chefes sendo sprites gigantescos, expressivos, e aplicando rotações, ângulos e formas de ataque absurdas que tornam cada encontro um recorte da ambição da direção do jogo ir bem além dos títulos que tomou inspiração.

Mas assim como a dívida que Anton deixou no bar do Brulo, há alguns pontos feios no jogo que merecem ser chamada atenção. Estamos obviamente lidando com um jogo altamente desafiador, porém justo, mas existem momentos que há má telegrafia para ensinar jogadores de primeira viagem com certos elementos funcionam, como o uso das transformações e montarias ou mesmo como ferir os chefes (é mais um problema contra as toupeiras Bossbusters), o que pode gerar frustração.
Alguns dos coletáveis secretos e opcionais podem estar atrás de situações que requer o conhecimento prévio da fase, talvez exigindo que você use de um objeto que é destrutível com uma única chance de alcançá-lo. Ou quem sabe ao contrário, não destruir um certo bloco, pois assim você consegue chegar numa área secreta usando-o de plataforma.
E infelizmente, no Nintendo Switch, tenho que mencionar que a performance pode deixar a desejar, com soluços quando há muita coisa ocorrendo na tela (que é uma constância no jogo, convenhamos) e a penúltima fase do jogo, que é extremamente frenética e exigente, me deixou boquiaberta do quão baixo chegou a taxa de frames! Pessoalmente, não diria que são problemas que afetaram a minha experiência, pois ainda consegui executar os desafios mais difíceis do jogo, mas um patch de melhoria desempenho foi prometido, apesar de ainda não estar disponível até a publicação dessa resenha.
Após a conclusão da campanha básica do jogo, você com certeza ainda terá muito o que fazer, se assim desejar, como os itens colecionáveis escondidos em cada fase, as fitas cassete que desbloqueiam a excelente trilha sonora do jogo pra ouvir à vontade, Time Attack para os entusiastas de Speedrun, um modo totalmente voltado a manter um combos de movimentos, e as tantas cores alternativas para Anton e Annie para desbloquear que são recheadas de referências.
No fim, Summitsphere conseguiu entregar um jogo extremamente bem projetado, na maior parte polido, com um atrativo único para quem deseja ser o caos personificado (especialmente como Annie), homenageando suas diversas inspirações e criando sua própria identidade EXPLOSIVA. Hoje no cenário Indie, há muitos jogos inspirados no clássico Wario Land 4, mas te garanto que não há nada como ANTONBLAST por aí, e com convicção eu digo que tive minha antecipação recompensada!
Prós
- Apresentação fantástica, desde os designs, efeitos visuais, trilha sonora e tudo que compõem a energia caótica do jogo;
- Apesar de desafiador, não é punitivo, e se adequa para todo tipo de jogador, do mais experiente e impaciente ao iniciante e metódico;
- Não há uma repetição em temas de fases ou escapadas;
- Chefes são espetaculares e possivelmente os melhores já vistos num jogo de plataforma 2D.
Contras:
- Momentânea má telegrafia de como ensinar certas mecânicas para jogador;
- Desempenho decaí em momentos de ação muito intensa (pré-patch);
- Não disponível em Português Brasileiro.
Nota Final:
9
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