Desenvolvedora: INTI CREATES
Publicadora: INTI CREATES
Gênero: Aventura e ação 2D
Data de lançamento: 21 de Novembro, 2024
Preço: R$ 24,29
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela INTI CREATES.
Revisão: Paulo Cézar
Estão espalhando alguns rumores de que o nosso site talvez seja otaku. Eu quero esclarecer antes de tudo que, nós falamos de jogos em geral, não estamos presos às suas estéticas e referências gerais, por isso não admitirei que chamem a mim ou a nosso editor-chefe de otakus!
Porém, esses meus comentários são inúteis no instante em que o jogo que estou analisando hoje é super otaku, não apenas em estética e referências, mas em sua gameplay e a forma que parodia certos arquétipos. É impossível ser fã da INTI CREATES sem ser ao mesmo tempo um pouquinho “weeb”, pelo visto.
Divine Dynamo Flamefrit foi um projeto interessante, anunciado no primeiro de abril deste ano, o jogo já foi revelado como um projeto real que a INTI CREATES estava desenvolvendo, que iria lançar pouco tempo depois do seu projeto mais “focado” do ano, sendo este Card-en-Ciel (onde os personagens de Divine Dynamo Flamefrit aparecem pela primeira vez, aliás).
Mas, entre tantos lançamentos menores e maiores que a INTI está fazendo, com alguns tendo sido anunciados antes desses jogos lançarem, será que Flamefrit é mais um projeto pequeno que não acaba clicando com os jogadores, ou será que ele tem um mérito próprio? É isso que eu gostaria de explorar por completo enquanto faço essa review!
O mundo de Hologard
Se passando no mundo paralelo de Hologard, a história do jogo é um tanto direta: Yuto -nosso protagonista e mais três jovens do Japão acabaram sendo teleportados para este mundo estranho, no pretexto de agora serem Cavaleiros Dynamos, os lendários heróis que pilotam os Dynamos Divinos, robôs poderosos que com suas armas e magias podem controlar os elementos.
Com os quatro cavaleiros Dynamo espalhados por Hologard, é dever do jogador controlar Yuno em sua jornada para os reunir e então derrotar o arquidemônio, o motivo pelo qual Hologard sofre.
O jogo não possui um foco tão grande na exploração, mas cada área nova do jogo (as vezes apresentada com contextos de Flamefrit, o Dynamo Divino de Yuto) foi feita com uma pixelart bem vibrante e que brilha junto do jogo!
Apesar do que falei, a narrativa do jogo pode ser admirada pela sua tentativa de misturar conceitos comuns como a ideia de um “Isekai” com o exagero presente em vários animes de mecha e Tokusatsus; mas isso não salva a história ou até mesmo a gameplay de problemas que falarei nos seguintes tópicos.
Acredite nos espíritos!
Divine Dynamo Flamefrit, ou DDF para abreviar, é um jogo de ação e aventura com um ponto de vista isométrico, a comparação mais óbvia a se fazer com um jogo desse tipo seria logo com a franquia The Legend of Zelda, porém eu vejo DDF puxando mais aspectos de uma outra série também da INTI CREATES, essa série sendo: Blaster Master Zero.
Assim como nas sessões top-down de Blaster Master Zero, o jogador segue em uma perspectiva isométrica limitada, mas lotada de inimigos e alguns puzzles simples, com o moveset do Yuto sendo um pouco mais limitado que o de Jason, mas possuindo semelhanças como o ataque básico, a esquiva e até uma forma de contra-atacar diversos oponentes ao desviar de ataques, sendo muito útil em situações onde os inimigos correm em sua direção.
O combate é importante, mas fica ainda mais interessante quando misturado com aspectos dos puzzles; Yuto tem o poder de controlar as chamas, logo essa habilidade acaba sendo útil para incendiar coisas como grama; essa grama incendiada, então, se torna uma arma ao destruir inimigos que são pegos em seu alcance e até obstáculos. Porém, o aspecto elemental, embora bem pensado, cai em terra quando apenas fogo e água são usados para a exploração, com vento sendo um “screen Nuke” e terra sendo um jeito de quebrar objetos mais rápido, mas que ainda poderia ser feito com Yuto.
Somando ao valor potencial do jogo para atrair a sua atenção, e a do seu fã de mecha interior (porque sejamos honestos, todos amamos um robô gigante), o combate e exploração top-down do jogo são apenas uma forma que o jogo te faz esperar para a verdadeira cereja deste bolo:
Alda-Flame-Thurs
Ao recitar a pequena invocação acima, Yuto chama para si o Dynamo Divino Flamefrit, e o jogo parte de uma pequena aventura 2D top-down para um jogo de ação em primeira pessoa. Odiando fazer uma comparação tão específica e estranha, o jogo nessas horas me lembra “Teleroboxer”, um jogo do Virtual Boy onde você controla um robô boxeador.
Controlando os braços direito e esquerdo de Flamefrit, o jogador precisa reagir aos ataques inimigos, atacando com um lança-chamas poderoso ou com golpes de espada os golpes do inimigo, bloqueando ataques físicos na hora certa, e então lançar uma barragem de cortes que fazem com que o oponente perca um pouco mais de vida.
Estes momentos de Divine Dynamo Flamefrit são extremamente reservados, então você não vai precisar ficar muito tempo neles, mas são altamente divertidos e até perdoam bastante o jogador caso ele consiga perder nas lutas, mesmo que as mesmas se facilitem eventualmente, já que o jogador reuniu os outros Dynamos para auxiliá-lo em combate, com golpes especiais que sugam bastante do HP do oponente.
Mas nem tudo são flores, chegou a hora de falar dos meus problemas com o jogo.
Uma piada de 1º de abril
Não é incomum empresas de jogos fazerem pegadinhas de primeiro de abril ao anunciarem jogos “falsos” que acabam sendo projetos reais, ano passado tivemos o lançamento de The Murder of Sonic the Hedgehog na Steam, ou um exemplo que também saiu para o Nintendo Switch, o Sol Cresta da Platinum Games. Mas entre esses exemplos, eu acredito que os jogos conseguem se sustentar sem o contexto de ser um jogo de primeiro de abril; infelizmente não é o caso de Flamefrit.
Apesar de não ter muitos problemas em gameplay, com a mesma sendo bem firme e cumprindo o que propões, o jogo é algo que muitos desenvolvedores não gostariam que chamassem o seu jogo: esquecível. Os cenários são bonitos, mas o jogo só tem umas três áreas ao todo para se explorar, as músicas não são ruins, mas também não são marcantes, são esses pequenos fatores que vão se juntando para formar algumas críticas válidas para com o jogo.
Certos aspectos do humor puxam demais o lado anime e podem acabar sendo de mal gosto; no último mundo que você explora eles introduzem personagens que entram claramente no arquétipo de anime dos “okamas” –Drag Queens japonesas, e isso pode ser um choque cultural para alguns. Por um lado positivo, apesar de usadas para o humor, o jogo não diminui ou ofende essas personagens, então não vou estender minhas reclamações desse aspecto.
Porém, vou apontar que o jogo é muito curto, comigo tendo o zerado em apenas três horas e meia (uns trinta minutos desse tempo sendo provavelmente do quão péssimo eu era nas Boss Fights), então é uma experiência curta e rápida que está ali para ficar só enquanto você joga. A INTI CREATES provavelmente não dedicou muito do seu tempo no desenvolvimento de Divine Dynamo Flamefrit, então creio que isso explica porque o jogo é tão rápido assim.
Nos despedindo de Flamefrit… Por ora
No geral, embora seja uma experiência bem pouco memorável, eu gostei de passar meu tempo com o jogo e espero que a IP não fique presa a apenas um jogo e participações em Card-en-Ciel! Eu tenho fé nos espíritos de que Yuto e Flamefrit ainda terão mais aventuras, e pelo preço atual do jogo, acho que fãs da INTI CREATES deveriam dar uma chance ao jogo, especialmente para aqueles que sentem falta da gameplay de Blaster Master Zero.
Só lembrando, pessoal, esse site não é otaku, então não nos chamem assim!
Prós
- Combate no overworld e nos Dynamos é divertido e engajante;
- Uma dificuldade justa com o jogador, com o jogo tendo vários Saves espalhados;
- Referências e paródias a cultura japonesa que acabam melhorando o humor do game.
Contras
- O jogo não é memorável em vários aspectos;
- Em cerca de três horas você já terá completado o jogo
Nota
8