
Desenvolvedora: Grimorio of Games
Publicadora: Grimorio of Games
Gênero: Dungeon Crawler, ação
Data de lançamento: 23 de janeiro de 2025
Preço: R$ 125,00
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Grimorio of Games.
Revisão: Marcos Vinícius
Há algum tempo, Sword of the Necromancer era lançado pela Grimorio of Games, contando a história da trágica aventura romântica de Tama e Koko, a qual é contada por flashbacks ao longo da trajetória de Tama para salvar sua falecida amada. Com claras inspirações na atmosfera de Shadow of the Colossus, o jogo volta com uma estética diferente: Uma adaptação 3D sobre a nova leva de indies que vem se inspirando em renovar-se com a estética de jogos tão queridos como Mega Man Legends e similares.
Dentre muitas questões a serem abordadas nesta review (claro, evitando spoilers da história), a maior delas é sobre o quão bem a Grimorio of Games soube refazer seu clássico título nesta nova estética 3D e o quão agradável ficou de fato.Mas também adianto que dentre acertos e erros, apesar de um jogo muito divertido, há aspectos técnicos que precisam ser melhorados para que o game atinja seu ápice como jogo de videogame; vamos elaborar?
Uma nova estética
De um jogo em pixel art com muita inspiração em Zelda clássico (com uma frenesi a mais devido aos dashes) para um game 3D com estética retro como muitos indies vem revivendo as eras de PS1 e N64 —claro, com modernidades aplicadas assim como jogos independentes sempre souberam fazer muito bem no quesito de preservar o que estes tempos nos deixaram como um movimento histórico na história dos games de fato—, o quão bem Sword of the Necromancer conseguiu ser passado para isto?
Se a proposta do game já emanava uma similaridade com Shadow of The Colossus, é incrível como no 3D ele consegue homenagear ainda mais, apesar do lobby principal do santuário não mudar muito em relação à sua ideia principal. A direção artística do game o faz muito bem ao adaptar a estética artística similar à Mega Man Legends no game, a qual outros games vem apropriando-se disso como o novo game das devs de UNSIGHTED, Abyss x Zero, o qual ainda há de ser lançado.
Apesar disto, Sword of the Necromancer: Resurrection não entrega uma gameplay datada, muito pelo contrário, acerta muito ao entregar uma ótima modernização de um ótimo jogo linear. Em toda a minha experiência como o jogo, questões como ambientação, estética, direção de arte nunca foram o incômodo, sendo este de longe o maior elogio que tenho a fazer a este remake.

Os monstros da charmosa pixel art do original exalam o mesmo carisma, as dungeons conseguem passar a sensação que o game almeja passar. Acredito que a minha única reclamação neste quesito seja o fato de que eu tive que aumentar o brilho de meu Nintendo Switch para o máximo para enxergar bem o ambiente, já que com o mesmo na metade as masmorras acabavam por serem escuras demais infelizmente.
Tirando este pequeno empecilho, visualmente, o remake de Sword of the Necromancer exala carisma, como deve ser, ficando aqui um grande elogio ao membro do time de desenvolvimento que cuidou desta parte. Nunca imaginei que uma mistura tão peculiar de atmosferas pudesse funcionar tão bem, além do fato de que esta estética anime combina perfeitamente com o que o jogo original almejava como produto, casando perfeitamente um com o outro.
Uma frenesi diferente
A transição deste remake me lembra muito a transição dos Zelda top-down para enfim Ocarina of Time, a qual de fato, possui muita similaridade com este, já que o original, como eu disse anteriormente, lembra muito A Link to the Past, com maior velocidade. O mesmo se faz aqui, ficando a pergunta, como a locomoção nas masmorras funciona? E o combate? Naturalmente, a perspectiva em 3D muda tudo, tudo mesmo…
O combate consegue ser divertido pelo fato de que o dash consegue funcionar muito bem para a rapidez e fluidez do mesmo. Os monstros por si só vão aumentando a dificuldade gradualmente. Por óbvio, fizeram bem em limitar o uso dos dashes, assim como no original, havendo uma necessidade muito grande por parte do jogador de saber manusear isto.

As armas conseguem ser genuinamente interessantes, sem contar a que dá nome ao jogo, a Espada do Necromante. Esta, adiciona ao game um elemento de Monster-Taming por ventura, lhe permitindo reviver monstros derrotados e usá-los como aliados, com direito até mesmo a subir de nível, aprendizado de golpes, como todo bom jogador do gênero está acostumado.
Apesar deste aspecto de criá-los, o jogo acaba te desanimando um pouco disto ao perceber que utilizar os monstros novos e mais fortes que vão aparecendo acaba por compensar mais do que utilizar sua aventura para fortalecer um deles, já que inimigos interessantes são jogados em seu caminho o tempo todo em um curto período de tempo. Há também um menu de táticas para dizer o que o monstro vai fazer, que apesar de uma boa ideia, acaba por ser meio problemático às vezes.

Com a rapidez com que nosso personagem se move pela dungeon, mesmo com o game transportando monstros aliados lentos para perto de você com o tempo, mesmo programando-os para segui-lo, é um pouco frequente a situação de enfrentar uma enxurrada de inimigos sozinho, fazendo com que nem sempre seus companheiros cumpram bem seu papel.
Além disto, o game precisa de fato melhorar a hitbox, principalmente em certos bosses. Houve vezes em que eu pulava normalmente para escapar de bosses ou ataca-los e meu personagem travava no ar ou simplesmente parava, um bug mesmo, tornando certas batalhas um pouco estressantes, apesar de não tirar minha diversão com o game. O fato do game utilizar os monstros como parte essencial para resolver puzzles é algo que, além de fazer muito sentido ao ligar a mecânica e a estória do game, também obriga o jogador a pensar um pouco.
A única questão complicada é que há certos puzzles que exigem elementos, me fazendo reviver vários monstros de um mesmo elemento para então ser um em específico, onde, sinto que apenas de ter um monstro daquele elemento seria um pouco mais intuitivo, já que houve vezes em que o game me fez duvidar se eu não tinha deixado algo passar, o qual chequei e não, meu raciocínio estava certo, apenas, mesmo após tantas tentativas, não havia conseguido o monstro certo.
Há puzzles em que necessitamos deixar monstros parados em botões, porém, me incomoda que, mesmo testando e procurando esta função em vários monstros, só consegui fazer isto apenas com os slimes, criando mais uma vez esta questão de que a resposta que pensei para o puzzle estava certa, porém não parecia certa. Particularmente, mesmo com algumas destas respostas não sendo tão intuitivas assim, acabava criando uma situação de dúvida a qual eu dava um volta mental onde, eu havia pensado na resposta certa, algo do game complicava, eu voltava atrás achando que estava errado, para então descobrir que meu raciocínio por volta estava certo. Isto acabava por criar um certo desanimo com o game certos momentos, apesar de não tirar a diversão.
Um bom conteúdo extra, com uma ressalva
Sword of the Necromancer: Resurrection oferece um ótimo conteúdo extra para farm disponível desde o início do game, sendo estes dungeons extras com boas recompensas para aumentar stats de suas armas e uma Boss Rush com os chefes disponíveis no jogo com dificuldade maior, sendo este o aspecto de não permitir invocar monstros aliados para ajuda.
Apesar de muito bons, infelizmente eu não consegui completar nenhum destes ou mesmo chegar perto do final pelo simples fato de que todas as vezes que eu ia nestes modos, o game crashava, não sendo poucas vezes, mas literalmente, todas as vezes. Coincidentemente, eram sempre em momentos de muita frenesi na tela, seja em fases com muitos inimigos ou em bosses mesmo.

Por mais estranho que pareça, no modo principal, mesmo com muitos inimigos na tela, isto não acontecia, acontecendo apenas na Boss Rush e nos desafios para ganhar stats em suas armas. Sem contar os incontáveis bugs que já me fizeram perder batalhas várias vezes, atrapalhando consideravelmente. Acredito que este jogo será sensacional ao corrigirem estes problemas, para que não se tornem uma experiência frustrante ao jogador. Além disto, o game possui alguns problemas de desempenho consideráveis infelizmente.
Uma boa transição do 2D para 3D
Sword of the Necromancer: Resurrection possuía um desafio de adaptar uma aventura do 2D para o 3D, e conseguiu isto com maestria. Com uma estética retro e muitas inspirações e referências, o game exala carisma, com os monstros passando longe de perder este aspecto no processo, sendo um grande acerto.
Uma direção de arte que abraça o estilo anime do game, sendo a escolha certa em relação ao que o jogo original almejava. Uma diversidade muito legal de monstros, com direito à aspectos de Monster-Taming, apesar de muitas vezes não compensar upar um desde o início, mas sim, ir testando-os de tempo e tempo, em um curto período.
Certos aspectos técnicos do game deixam a desejar, desde desempenho até mesmo bugs e problemas da hitbox, me fazendo perder batalhas com uma certa frequência. Por alguma razão não explicada, os modos extras de Boss Rush e Challenge mode, apesar de muito legais, não consegui aproveitá-los devido a constantes crashes nos mesmos.
Um combate frenético e muito bem adaptado, divertido de fato. Variações de dashes, armas interessantes, monstros como aliados e possíveis builds e combinações. Em suma: Sword of the Necromancer: Resurrection é um ótimo remake, o qual, consertados seus problemas técnicos, oferecerá o ápice de seu potencial, com ótima execução em diversos aspectos.
Pros:
- Estética, direção de arte e atmosfera excelentes;
- Arsenal de monstros interessantes;
- Combate frenético e muito divertido;
- Boa adaptação do 2D para o 3D.
Contras:
- Problemas técnicos de bugs, hitbox e crashes;
- Certas questões nas dungeons são anti-intuitivas.
Nota
8