
Desenvolvedora: Arc System Works
Publicadora: Arc System Works
Gênero: Luta 2.5D
Data de lançamento: 23 de Janeiro de 2025
Preço: R$259.90
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Arc System Works.
Revisão: Manuela Feitosa
Após o sucesso de Guilty Gear -Strive-, era questão de tempo até a Arc System Works portar o jogo para o Nintendo Switch. Talvez a questão desses relançamentos hoje nem seja se vai rodar bem ou não, mas sim o quanto o estúdio terá que abrir mão para fazer títulos mais pesados terem uma experiência satisfatória, e para a surpresa dos fãs de jogos de luta, essa versão até supera o aclamado trabalho feito pela desenvolvedora em Dragon Ball FighterZ.
Logo de cara, houve um esforço em reapresentar o jogo para os novos jogadores, trazendo os 28 personagens jogáveis — o que inclui os do jogo base e as primeiras três temporadas de DLC em uma edição única. Ou seja, você já recebe a maior parte do elenco lançado depois com exceção do passe atual que conta apenas com um lutador no mercado. Além disso, os desenvolvedores ainda incluem o rollback netcode que faz as partidas online se aproximarem do jogo local, apesar de outros desenvolvedores costumarem ter problemas em o levar ao Switch.
Bruxaria tecnológica
As novidades supracitadas por si só já chamam atenção, mas a conversão parece alguma bruxaria feita pela empresa. Tenho esse jogo tanto no PS5 como no PC e realmente ele não deixa muito a desejar no quesito de fidelidade gráfica, as maiores concessões estão em cima da resolução e no tipo de solução usada para o jogo serrilhar menos. Também é possível notar que ele tem menos efeitos, mas ao menos no modo portátil, ele parece estar bem próximo dos 720p máximos e com uma estabilidade de 60fps invejável. Ele parece até usar resolução dinâmica como o FighterZ, mas parece depender menos disso nesse cenário.

Consistência é a palavra-chave aqui, e os loadings são bem satisfatórios também, sendo a maior demora deles resultante dos servidores quando você entra no jogo pela primeira vez, similar às demais plataformas. Em alguns cenários, as transições são até mais rápidas que a versão de PS4 que também não usa SSD. As coisas carregam muito rápido e o máximo de diferença que vi foi o uso de um pequeno vídeo pré-renderizado na ave que aparece entre as transições de tela de seleção e gameplay, mas note que isso está apenas no momento em que ela voa para fora de uma área interna, quando está no céu, já é um modelo in-game.
Essa solução, no entanto, não funciona bem quando falamos do modo história, o qual também é feito na íntegra com cenas já gravadas e em baixa resolução. Imagino que foi uma escolha para reduzir o tamanho do jogo, julgando a limitação do cartucho da plataforma, mas não diria que se torna um grande problema por esse modo ser um grande vídeo que você acompanha sem jogar de fato. Sendo o jogo focado nas batalhas como o próprio gênero pede, essa decisão tende a não influenciar tanto em longo prazo, mas sim, é de longe o maior ponto negativo do porte.
E o jogo?
Admito que falei bem mais do porte do que do jogo em si, mas o Strive como game de luta merece a reputação que tem. Seguindo a premissa do anterior em visuais de anime com um 3D que chega até a emular uma taxa de quadros mais baixa dessas animações, o título entrega uma qualidade técnica bem impressionante em todos os sentidos. Isso obviamente se reflete no combate, o qual é um pouco mais cadenciado dessa vez, mas sendo acessível para novatos e veteranos.

O jogo tem boas opções de combos graças aos cancelamentos de comando já conhecidos pelos fãs e existem diferenças bem substanciais entre os lutadores. O dash aéreo, por exemplo, pode ser usado por alguns no ar, enquanto outros sequer possuem esse recurso. Os Overdrives também retornam sendo especiais que consomem metade da sua barra de energia, sendo ferramentas boas para estender o dano ou criar oportunidades. A maior perca aqui é a ausência dos ataques de morte instantânea, os quais até hoje não vieram para o jogo.

Strive também conta com uma barra de burst podendo quebrar combos dos oponentes e transições de cenário, permitindo que você jogue os adversários de uma área para outra (ou seja jogado também, por que não?). Tal mecânica também gera um status positivo em quem executou a ação, carregando a barra de energias dos especiais mencionados antes.
A base do jogo é em 2 rounds, mas isso pode ser customizado caso você queira que a luta dure por mais tempo, mas a ideia é ter um dano alto e lutas mais rápidas. Também vale notar que todas as atualizações anteriores já vem instaladas no Switch, incluindo o refinamento do balanceamento do título conforme os anos. Isso também significa melhorias no combate.
Um elenco ainda melhor
O jogo contava originalmente com 15 personagens, um número até baixo em comparação a concorrentes, mas o nível de detalhes de cada um era impressionante. Tínhamos Nagoriyuki que apresentava mobilidade limitada, mas com alto dano e direito à um modo vampiro e até a brasileira Giovanna com alta versatilidade. Retornos dos jogos anteriores também foram muito bem tratados aqui com atualizações relevantes no moveset para continuarem com um ar fresco ao mesmo tempo que mantém sua base de jogadores.

Só que após as DLCs, isso foi elevado a novos patamares, o nível de aprendizado que os desenvolvedores tiveram conforme os anos foi claramente aplicado aqui. Os lutadores disponíveis logo de cara nessa versão são muito divertidos de jogar e também foram feitos para agradar todo tipo de público. É até difícil pra mim falar de uma adição mediana, acredito que tudo que veio cumpriu um papel de certa forma, então é legal você ter Baiken e Elphelt já disponíveis, por exemplo.

Outra coisa que também foi expandida foram os estágios, trazendo várias áreas com qualidade visual impressionante até mesmo no Switch. É realmente um jogo muito bonito, principalmente no modo portátil.
Modos para dar e vender
Outro ponto positivo do Guilty Gear mais recente é a boa quantidade de modos de jogo. Se você for jogar offline por exemplo, pode enfrentar um segundo jogador ou a CPU nas lutas locais, participar do arcade onde cada partida influencia na dificuldade do próximo adversário e até sobreviver lutando contra vários inimigos com uma leve recuperação de vida. De longe o mais diferente é o arcade, mas o último citado também apresenta lutas inesperadas contra lutadores sombrios.

Além disso, Strive apresenta um dojo com três modalidades diferentes. Você pode aprender o básico do jogo em um tutorial, se aprofundar sobre ele no modo missão e praticar livremente no treinamento livre que já estamos acostumados em outros jogos. As mecânicas são tão bem explicadas que é até possível funcionar como uma introdução para quem não joga tanto games de luta.
Uma novidade que chegou por atualização e que está inclusa na versão de Switch é o modo de criação de combo, permitindo a inventividade do jogador e também o compartilhamento das sequências de ataque online. Você pode, obviamente, baixar e aprender em cima de sequências de outros jogadores.

Como mencionei antes, Strive também possui um modo história. Ele continua os acontecimentos dos jogos anteriores e não faz tanto esforço para situar os jogadores na narrativa principal ao menos. Isso é feito usando um glossário e linha do tempo agregando todo o conteúdo da série. Não vou me aprofundar tanto aqui até pra evitar spoilers, mas ele entrega um desfecho interessante para personagens consagrados e estabelece novos caminhos. Inclusive, essa versão já conta com a história extra lançada via DLC.
Sobre o online, a maior parte da ação ocorre dentro de um lobby 2D que foi bem criticado na época de lançamento. Ele oferece customização de um avatar com uma gama de opções boa e faz você ter que ir em máquinas de arcade para lutar contra outras pessoas. Atualmente ele está bem refinado, apesar de não ficar no nível visto em outros jogos da Arc System Works, mas não há nada que atrapalhe aqui por conta das correções feitas na vida útil do Strive.
Um dos acertos dele no entanto foi incluir as salas em uma torre que permite a subida dos jogadores de acordo com seu desempenho, então cada espaço seria um andar dessa estrutura. Para quem não se importar com isso, salas livres são disponibilizadas sem a mecânica.
O título também tem como opção as partidas por jogador e pesquisa rápida, as quais dão uma ignorada maior no sistema de lobby, sendo mais práticas para quem quer só cair na porrada. O grande destaque em geral do modo é o rollback já visto antes nas demais versões com uma conexão tão boa quanto, ainda que você jogue usando Wi-Fi, justamente a forma que testei.

O maior problema é a ausência de crossplay com o PlayStation e PC, resultando em um isolamento da base do Switch. Em menos de um mês de lançamento, já era um pouco mais difícil encontrar salas com muitos jogadores, o que poderia ser contornado com essa integração. Não está claro para mim qual o motivo disso, mas pode ser uma possível influência das diferenças gráficas entre versões, julgando o fato desse netcode ser mais complexo de implementar em comparação ao antigo código baseado em delay.

Galeria, pescaria e outros extras
Também houve um investimento em conteúdos secundários, como um modo de pescaria que permite jogadores pegarem peixes que garantem itens de galeria e lobby. Basicamente um loot de pescaria, mas nada que seja crucial ou prejudique a experiência.
Na galeria você pode ver artes, ouvir músicas e até assistir trailers de Guilty Gear. É até incluído faixas de jogos anteriores que podem ser usadas no versus, deixando a experiência sonora ainda melhor. E sim, esse jogo tem músicas bem acima da média e o uso de faixas vocais. Só pesquisa “Smell of the Game” por aí para você me entender.
Outro extra, também vindo de update, são os dioramas. Você pode criar situações usando cenários, personagens, efeitos e objetos para bater algumas fotos e compartilhar com amigos. É bem completo contando com várias opções.

O porte dos sonhos
Se você é fã de jogos de luta, Guilty Gear -Strive- é uma baita pedida no monstrinho híbrido da Nintendo. Ele mostra o poder de uma excelente otimização aliada a um jogo já muito bom. Com os conteúdos adicionais inclusos, tudo fica ainda melhor. Minha ressalva e o motivo da pontuação não ser ainda maior, é a ausência de crossplay, decisão que vai influenciar na base de jogadores.
Pros:
- Conversão impressionante no Switch;
- Inclusão da maioria das DLCs de lutadores;
- Guilty Gear -Strive- em sua melhor forma.
Contras:
- Ausência de crossplay.
Nota
8