
Desenvolvedora: Koei Tecmo
Publicadora: Koei Tecmo
Gênero: Musou, Roguelike
Data de lançamento: 13 de Fevereiro de 2025
Preço: R$ 133,00
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Koei Tecmo.
Revisão: Manuela Feitosa
Ao longo dos anos, o Nintendo Switch foi aumentando sua biblioteca de tal forma onde não é incorreto afirmar que vários tipos de jogos de variados gêneros fizeram um “lar” no console. Um desses gêneros que aumentou muito mais a sua presença no console foram os jogos “Warriors” da Koei Tecmo, que seguem a mesma premissa de colocar um personagem altamente poderoso lutando contra centenas de personagens mais fracos.
Embora sejam tratados como simples jogos de ação com um loop um tanto repetitivo, os jogos Warriors sempre têm algo que os diferenciam das suas variantes. Seja em matéria de ambientação, franquia ou gameplay, é difícil você ter um Musou (como propriamente são chamados devido ao seu nome japonês) igual ao outro; e com isso aparentemente os desenvolvedores da Omega Force tiveram uma ideia bizarra:
“Imagina se nós misturássemos a nossa fórmula com o popular jogo indie Hades”?
O que parecia ser uma escolha um tanto ousada, na verdade foi uma ideia genial! Misturar dois gêneros de jogos que geralmente tem um combate mais simples, mas que tem um aspecto chave: a constante repetição.

Mas o que WARRIORS: Abyss faz para se destacar entre os Musou e entre vários rogue-likes que se espelham em Hades? Como ele consegue usar uma repetição constante para seu mérito? É com essa review que eu responderei essas perguntas, enquanto levo vários heróis até as profundezas do inferno – porque esse é o objetivo do jogo.

O rei Enma
A história de WARRIORS: Abyss se passa exclusivamente no mundo dos mortos, o inferno, onde após ter o poder do reino roubado de si, o rei Enma precisa invocar múltiplos heróis para ajudá-lo a derrotar o demônio Gouma e enfim restaurar a harmonia do submundo. Os heróis invocados por Enma são de diferentes períodos de tempo, variando entre a era dos Três Reinos da China e o período Sengoku do Japão…
Que coincidentemente são os períodos que se passam os jogos Dynasty Warriors e Samurai Warriors.

Enma pede a ajuda destes heróis que desbravam as várias camadas do inferno; com cada camada explorada, mais o jovem rei recupera suas forças e garante bônus extras para os diferentes personagens controláveis. A história certamente não é o foco do jogo e existe para justificar Abyss como uma forma de crossover entre os dois Warriors principais, mas o carisma de Enma ajuda a carregar a história, especialmente porque ele é o único personagem central com falas de fato.
Com cada andar do submundo explorado, mais explicações de como este funciona são reveladas ao jogador, além de narrar como Enma parou em sua atual situação contra Gouma. Apesar de não ter uma história interessante quanto a outros Warriors, WARRIORS: Abyss usa sua simples narrativa ao seu favor para focar em seu ponto forte:




Um contra mil!
Apesar de inspirado por rogue-likes modernos como Hades e Vampire Survivors, a base de WARRIORS: Abyss continua a mesma que Dynasty / Samurai Warriors: combates de proporções épicas que colocam um soldado poderoso contra centenas de soldados menores, culminando em uma luta contra um Boss, geralmente reservada para missões e/ou no fim de uma área do inferno.
O combate do jogo é um tanto simples, só se utilizando de uma combinação de ataques básicos (Y) e ataques pesados (X), o que pode transformar em alguns combos (Y > Y > X, Y > X, Y > Y > Y > X, etc.) específicos que cada personagem tem. Com um elenco base de 100 personagens, o jogo pode parecer intimidador de início, mas como você vai começar com menos de vinte personagens no começo do jogo, dá tempo para focar em alguns estilos específicos de combate enquanto você coleta Karma Embers, o colecionável do jogo, para desbloquear outros heróis.
Vale apontar também que o jogo possui uma espécie de sistema de “party”, onde em vários andares você pode recrutar a ajuda de um herói que você pode chamar em combate durante especiais ou em finalizações de combos – é parecido com o sistema Kizuna de Pirate Warriors 3, onde você pode até ganhar alguns bônus específicos de certos pareamentos dependendo dos personagens que você coloca junto. Misturando isso com o sistema de formações de equipe, pequenos boosts que você ganha ao longo do combate e alterações nos stats, é possível chegar até seis bilhões de combinações diferentes para diferentes jogatinas.
Repita tudo…
Rogue-likes são a minha droga pessoal, e é isso que eu costumo dizer para os meus amigos, sendo aparentemente essas as palavras que fizeram esse jogo parar nas minhas mãos. Todo rogue-like ou roguelite é diferente em certos aspectos, mas todos têm um fator em comum…
Toda jogatina possui algum aspecto diferente, seja o layout da fase, os tipos de inimigo, as diferentes alterações nos stats possíveis; e WARRIORS: Abyss não se difere do modelo, o que indica duas coisas do jogo:
- Ele possui uma dificuldade elevada, de certa forma.
- Alto incentivo no fator replay.
Durante diferentes níveis do submundo, o jogador pode se deparar com missões no meio da fase, geralmente envolvendo um boss secundário ou uma escolha que altera um stat por algumas fases, mas sacrifica outro por uma quantidade menor de fases. Com dois tipos de coletáveis no jogo (uma moeda que pode ser usada por jogatina, mas que não é salva quando você morre, e as Karma Embers que mencionei anteriormente), o jogador deve ser cuidadoso sobre quais caminhos tomar no submundo, pois assim como Hades, uma vez que você termina uma fase, o prêmio final da próxima é escolha sua.
Eu não me empolgo em fazer tantas comparações com Hades, mas todo o sistema do jogo tem uma estrutura semelhante ao hit da Supergiant Games, e isso não é demérito para WARRIORS: Abyss, muito pelo contrário! Mas, assim como acho que o jogo pode satisfazer quem busca por algo semelhante a Hades, tem coisas nele – especialmente na versão de Switch – que me fazem pensar duas vezes antes de recomendar o jogo.
Quinto dos infernos

Antes de tudo, minhas desculpas a Omega Force pelo subtítulo, o port não é horroroso, mas a piada estava na mão para ser feita. Porém, vou falar que essa versão de WARRIORS: Abyss comete alguns erros que, apesar de comuns em outros jogos “Musou” do Nintendo Switch, parecem deslocados em uma versão um tanto simplificada dos mesmos quando olhamos para o Abyss…
Um dos exemplos sendo a sua história, para início, que como mencionei na primeira parte do texto, é uma desculpa pra inserir um crossover entre Dynasty e Samurai Warriors. Assim como disse antes, não diria que é uma história ruim, mas é algo que só funciona, no máximo.

O sacrifício do framerate de 60 FPS das outras plataformas para os 30 no Switch já era esperado, mas infelizmente estes 30 FPS não são fixos, e no instante onde você desce as camadas do inferno, que enchem cada vez mais de inimigos, ou ousa usar um especial, essa taxa de quadros pode cair para algo por volta de 14 a 20 FPS (com base em análises mais detalhadas que vi). Dá pra argumentar que 30 FPS para esse jogo é inaceitável, mas nos instantes onde o jogo rodava bem, eu não me importei de fato.
Por esse motivo, o pecado maior do jogo para mim foram as telas de carregamento após um tempo de jogo; as vezes esperando quinze segundos para o jogo me levar para a próxima área do submundo! Posso estar exagerando um pouco, mas quinze segundos são bem notáveis quando todo o resto do jogo tem um ritmo frenético.

Não quero soar negativista aqui, a KOEI TECMO fez um jogo em escala menor, com um tempo de desenvolvimento pequeno, e lançou esse pequeno experimento de surpresa. Mas acho que eu teria apreciado um pouco mais se não fossem esses detalhes técnicos, que foram de fato o meu maior problema com o jogo.
Até logo, bravos guerreiros
Se eu pudesse resumir a minha experiência com WARRIORS: Abyss no Switch, diria que foi um jogo divertido que dediquei horas enquanto jogava outra coisa paralelamente. Os gêneros Musou e rogue-like se misturaram perfeitamente e me surpreende ter demorado tanto tempo para fazerem algo assim.


Tendo dito isso, as experiências de performance e especialmente os enormes carregamentos que o jogo tem de uma área para outra realmente afetam a experiência; é um fator que para mim reduziu a minha avaliação do jogo de algo “ótimo” para um “bom, mas com problemas técnicos frustrantes”.
Pros:
- Jogabilidade divertida e viciante, como é esperado de um rogue-like;
- Cem personagens variados com movesets próprios;
- Alta variedade de customização por rodada, com aproximadamente seis bilhões de alterações que o jogador pode fazer;
- Uma boa homenagem às séries Dynasty / Samurai Warriors enquanto ao mesmo tempo é um bom jogo em seus próprios méritos.
Contras:
- Uma história original um tanto fraca que pode acabar não sendo do gosto de todos;
- Problemas de performance como queda de quadros e carregamentos longos, que afetam a experiência geral.
Nota
8