
Desenvolvedora: Foreign Gnomes
Publicadora: Foreign Gnomes
Gênero: RPG, Ritmo
Data de lançamento: 4 de março de 2025
Preço: R$ 59,99
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Foreign Gnomes.
Revisão: Marcos Vinícius
Voltando ao mesmo mundo, com a mesma pegada, mas muitas novidades e mudanças significativas, Everhood 2 chega como sucessor, mas ainda funcionando como um título independente (inclusive eu diria que é mais independente do que sequência). Estamos novamente nesse universo musical e “viajado”, com um estilo de arte muito único para mais uma aventura inusitada.
Claro que recomendo que você leia também a review do primeiro jogo, feita também por mim, há exatos 4 anos:
Mundo Viajado
Sim, essa é a descrição que o próprio jogo se dá. Realmente parece um lugar meio underground, com muitas cores sobre um fundo preto, coisas meio esquisitas e irreais acontecendo, criaturas vivas que não deveriam sequer ser criaturas.
Ao mesmo tempo que passa uma vibe de Hora de Aventura, com cenários do que pode facilmente ser um mundo pós apocalíptico, mas com humor e suspensão da descrença que vegetais falantes com pouca consciência e um ciclo de vida curtíssimo se tornem um dos maiores reinos do deserto, mas que ao mesmo tempo são derrotados por um guri e um gato falante.

Enfim, um cenário doido, assim como o primeiro Everhood, mas de alguma forma, é tão bizarro que você quer conhecê-lo e explorá-lo cada vez mais e mais.
Do que se trata?
Diferente do primeiro jogo, aqui jogaremos com ser humano, simbolizando nós mesmos nesse mundo todo torto. Ao iniciar respondemos uma série de perguntas sobre nossa personalidade, gostos, crenças etc. , e damos nome ao nosso boneco (o meu é azul e chama Thomas, super criativo), e somos entregues ao mundo, sem muito contexto.
Resumindo bem: o objetivo principal é salvar o mundo de algum caos que está acontecendo. Também sem muita criatividade, se pensar objetivamente. Mas o que ganha aqui é como a história é contada, e todos os eventos secundários, personagens que interagimos e as narrativas que vão nos levar ao objetivo principal. Tudo é tão criativo, único e engraçado, tudo tem personalidade (literalmente em alguns casos), e sempre é divertido e cativante.
Sente o ritmo
Mantendo a proposta do primeiro jogo, Everhood 2 também é um jogo rítmico, mas traz algumas mudanças mais visíveis desde o início do jogo. Lembrando muito o clássico Guitar Hero, o jogo é um tabuleiro no qual notas musicais vem na nossa direção, e precisamos interagir com elas. Seja para desviar, ou para absorver. Agora, quando absorvemos, temos que manter a sequência de cores, sem ser interrompido por outra cor, ou por tomar um golpe de qualquer nota (mesmo que seja da mesma cor).
Mas o que acontece ao acumular uma sequência grande? O combo aumenta, e podemos liberar a energia absorvida como um ataque. Quanto maior o combo, mais exponencialmente poderoso será seu ataque, causando dano na vida do inimigo até que ele seja derrotado.

Simples né? Um principio simples, mas bem executado brilha muito, e Everhood é um exemplo disso. Mas isso não o torna fácil de jeito nenhum. A coordenação motora tem que estar em dia para conseguir bons resultados, mas não se preocupe, a primeira fase tenta te assustar, mas depois o ritmo é tranquilo, sem que fique fácil demais. Várias vezes você vai precisar repetir a partida para avançar.

Além disso tudo, o jogo também é um RPG, então itens, experiência, equipamentos e seu level são aspectos importantes. Treine bastante, escolha os melhores equipamentos, tente trocar itens de forma sábia para conseguir passar dos desafios propostos.
Vontade de jogar por horas a fio
Infelizmente isso não é possível, mas eu garanto que dá vontade. Nãos sei quanto tempo alguém levaria para zerar se tivesse habilidades melhores do que as minhas (o que não é difícil, eu não sou a pessoa mais coordenada do mundo não), mas ainda assim, é um jogo que te cativa bastante com leveza e humor presentes na forma que a narrativa é apresentada. Tudo que acontece ao seu redor te atrai a descobrir mais do que diabos está acontecendo ali. Mas não é um jogo tão curto assim, um dia não vai ser suficiente para concluir.
Lutar contra bugs de computador dentro do chip de um videogame. Trocar uma ideia com mestres da psicologia, e até mesmo Genghis Khan. Vencer Rasputin em uma batalha de dança. Salvar uma raça alienígena. Derrotar uma legião de leguminosas com muita violência, e mais alguns minigames aleatórios que só aparecem por ali porque seria divertido.
As músicas são gostosinhas, e já têm um ritmo um tanto mais animado do que o primeiro jogo, mas não são conhecidas (sem direitos autorais de terceiros envolvidos aqui — Não, não dançamos Rasputin contra o Rasputin), mas cada uma delas parece que conversa e combina com seu personagem correspondente.
Têm uma melancia que de rosto parece o Toguro de Yu Yu Hakusho; tem um tigre samurai que mantém alienígenas como trabalhadores escravos; tem um burro de terno que te dá um código secreto; e tem um rato enorme chamado Irvine que não é muito esperto, mas todos os movimentos dele vem acompanhados de som de cartoon.

Ok, mas se é legal assim, por que não jogar tudo de uma vez? Eu tenho problemas com isso: o fundo é escuro, e temos luzes neon, e tudo em movimento acelerado o tempo inteiro. O cérebro e a vista de um ancião de 30 anos não aguentam mais esse tipo de coisa. Brincadeira, eu sempre tive muita sensibilidade à luz, então, fiquei sim com um tanto de dor de cabeça. Não é pra menos que nos créditos iniciais têm um aviso para pessoas com esses e outros problemas com luzes fortes (epilepsia fotossensível).
Mas voltando a coisa boa, um ponto forte que preciso ressaltar é a dificuldade amigável. Entendam, o jogo não é fácil, sempre têm muita coisa acontecendo, padrões difíceis de acompanhar, e são muitas colunas com notas, sem tanta velocidade para trocar entre elas, fora o timing correto de apertar o botão de absorver, e o de devolver o ataque.
Mas é sempre uma sensação de “quase foi, mas agora já entendi”. E realmente, depois de duas ou três tentativas, o resultado em geral é uma vitória sim. Exceto nos chefes, esses são mais difíceis mesmo e devem precisar de umas 6 a 10 tentativas, pelo menos para mim. Então é difícil, eu me sinto desafiado, mas não me sinto sobrepujado. Nada parece impossível.

A imagem acima é uma fase real do jogo. Tudo pode mudar para te atrapalhar, pode virar ao contrário, colocar mais cores, mais efeitos que você não conhece, o inimigo pode jogar itens extras contra você. Eles agora têm também defesa extra, que precisa de tal combo para derrubar.
Hit ou Nicho?
Infelizmente eu diria que Everhood 2 cai no mesmo nicho que o primeiro sim, e não vai ser um grande hit, porque ele é diferente demais. Não ter as músicas famosas que conhecemos é um ponto afinal negativo, que prejudica muito o impacto que o jogo poderia ter. Mas ele segue sendo muito divertido e de qualidade.
Então, se você quer fugir um pouco do padrão Final Fantasy e Pokémon, Everhood 2 é uma boa experiência, muito fora da caixa, com mecânicas interessantes e bem suave de ser jogado. Eu daria uma chance com toda certeza.
Pros:
- Inusitado, criativo e único;
- Mantém a fórmula boa do primeiro jogo;
- Músicas animadas e divertidas que combinam com os personagens;
- Cativa e te prende;
- Desafio amigável.
Contras:
- Visuais um tanto esquisitos demais;
- Muito contraste – fundo preto e luzes neon – pode forçar os olhos;
- Narrativa com poucas conexões com o primeiro jogo.
Nota
9