
Desenvolvedora: Core Design, Aspyr
Publicadora: Aspyr
Gênero: Aventura, Coletânea
Data de lançamento: 14 de fevereiro, 2024
Preço: R$ 159,95
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Aspyr.
Revisão: Manuela Feitosa
Assim como os três primeiros jogos ganham uma versão remasterizada com melhorias gráficas e alguns ajustes extras, The Last Revelation, Chronicles e The Angel of Darkness finalmente tiveram seu momento de brilhar. Será?
Sendo uma trilogia meio polêmica, falando sobre os bastidores do desenvolvimento e até sobre as decisões criativas tomadas, têm recebido muitas avaliações positivas na Steam e da sua própria comunidade de fãs. Por isso, trouxe a Érica para me ajudar novamente com as partes que dependem muito mais do olhar do fã de longa data.
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O que é Tomb Raider?
Se você está lendo esse post, você provavelmente já sabe, é um fã, ou está querendo conhecer a franquia, algo nesses extremos. Então vamos só fazer um apanhado rápido aqui da proposta do jogo, mais pra frente tratamos do roteiro de cada um dos 3 jogos do remaster, e futuramente postamos um texto exclusivo para falar da franquia, que tal?
Então vamos lá: Tomb Raider é uma franquia bastante grande de jogos de aventura e exploração focados em Lara Croft, uma caçadora de tesouros/arqueóloga/pesquisadora que é apaixonada por perigos e artefatos antigos. Tem um lado também de “salvar a história”, mas isso vai mudando dependendo do jogo. Ela é sempre apresentada como uma mulher linda, habilidosa, ousada e inteligente.

A jogabilidade sempre gira em volta de fases com armadilhas à lá Indiana Jones (que fez uma pontinha em The Last Revelation como um easter egg), com puzzles para resolver, seja para encontrar um item escondido, ou pulos difíceis, com ações focadas em tiros de pistola e outras armas especiais.
A história é também divertida e gira em torno dos mesmos temas: aventura, exploração, magia muito louca antiga desencadeada por algum artefato antigo, e ação.
Remasterizando — Upgrades
Legal, vamos então pra parte dos relançamentos, que são do que viemos falar aqui, né?
Primeira inovação mais óbvia foram os gráficos. É inacreditavelmente mais bonito em todos os aspectos. Personagens, texturas, água, armas, e efeitos estão muito melhores, elevando demais o prazer de jogar. Os fãs que me perdoem, mas os originais eram terríveis de feios (sim, eu sei que na época era o que dava e etc.). É fácil de mudar do gráfico novo para o antigo (basta apertar o + no Joy-Con), o que pode te dar uma nova perspectiva e/ou ajudar a ver para onde ir.

Segunda e talvez mais importante melhoria: controles. Como eram os originais? Batizados de “Tank Controls”, a boneca se comportava exatamente como um tanque. O motor só anda pra frente, e para ir pros lados você gira em relação ao seu eixo central usando os direcionais esquerda e direita, e aí sim anda pra frente. É assim que se faz curva no tanque… Evidentemente, isso só funciona em teclado de computador, sendo impraticável usar um analógico. Mesmo nas setinhas do Switch fica bem esquisito.
Por sorte, foi incluído Modern Controls, que agora sim são em 3D. Você anda com o analógico super tranquilo e agradável. Só têm um problema: quando nesse modo, o botão de ação para de funcionar corretamente, e ainda de bônus ganhamos um segundo botão de ação. Cada um deles vai funcionar direito só em algumas coisas e com outras não, então é bem esquisito também, mas dá pra jogar.
Adicionalmente, os modern controls trazem uma dificuldade adicional em termos de precisão. Os dois primeiros jogos da coletânea são montados em um grid geométrico onde precisão para acrobacias é importante, então os tank controls tem uma consistência maior em termos de resultados, pois sua matemática foi feita dessa forma. O Modern adiciona ‘variáveis demais’, e um grau de liberdade extra que pode dificultar uma coisinha ou outra.

Digo com certeza que esse ponto foi o que mais me incomodou, exatamente pela jogabilidade e necessidade de “fazer acrobacias” ser enorme, então tudo é super impreciso e esquisito de fazer, até mesmo se posicionar sobre o item do chão que você quer pegar. Pulos entre plataformas podem ser fatais só porque sim, e não ter um autosave por perto me fez regredir tantas vezes que perdi a conta. Além disso, a câmera, embora também controlada por nós, muitas vezes muda para outra posição, outro ponto de visão, e os direcionais tentam acompanhar, então volta e meia estamos andando feito bobos para lugar nenhum.
Já falando de um ponto positivo, o jogo recebeu novas dublagens, incluindo português brasileiro! Legendas também (algumas empresas podem ver isso como indireta).
Ah, no Switch, especialmente no modo portátil, as telas de carregamento são MUITO demoradas. Uma tela preta de transição entre cenas, ou mesmo só de pausar e abrir o menu e salvar o jogo já são alguns bons segundos que aguardamos para algo voltar a acontecer. Novamente, faltou capricho. Isso acontece pois os dois antigos receberam seus upgrades moldados pelo Angel Of Darkness, que já tinha naturalmente esse problema. Rodar isso com upgrades no Switch simplesmente acaba sendo um pouco demais.
Sobre a progressão dos 3 jogos, a impressão é a mesma: Nada é muito explícito, pois o jogo parte do princípio que você vai procurar por tudo, afinal, é um jogo de exploração, certo? Não é algo de todo mal, mas me peguei preso várias vezes em partes idiotas por não ter entendido como algo deveria funcionar, mas é que na verdade eu deixei de explorar uma sala no andar debaixo, e abrir uma porta para “ficar mais forte”, e conseguir arrastar uma caixa… Mas como cada um deles têm uma proposta narrativa/de jogo um tanto diferente, até que dá pra perdoar.

Um pouquinho sobre cada jogo
4 – The Last Revelation

Começando essa trilogia de remasterizados, o quarto jogo da franquia já começa com a nossa Lara adolescente, em um tutorial. Muito. Marcado. Por. Pausas. Obrigatórias. Onde Von Croy, mentor de Lara, ensina a ela a respeito de saquear tumbas e como enfrentar os desafios que virão a seguir. Logo após o tutorial, temos uma competição (nada justa, mas a gente consegue ganhar, se tentar várias vezes) em busca da Iris, artefato guardado pelas ruínas. Von Croy, ao pegar o artefato, ativa uma armadilha, onde a caverna ameaça ceder e Lara escapa, deixando seu mentor ferido para trás.
Anos depois, Lara, agora já uma exploradora experiente, vai ao Egito (pela primeira vez durante gameplay com um guia local) explorar a tumba de Set, deus do caos. Ao encontrar com a ajuda de seu guia um amuleto de Horus e retirá-lo de seu devido lugar, ela descobre ter libertado Set. Seu guia, apavorado, foge para dedurar tudo que aconteceu para Von Croy, que o havia contratado pra espiar nossa heroína.
Com a ajuda de seu amigo Jean Yves, Lara descobre que existe uma forma de conter Set novamente e partimos então em uma aventura escalando pirâmides em um mapa muito, mas muito maior que todos os anteriores, com níveis interconectados, levando a exploração e a experiência de ser um saqueador de tumbas a outro nível.
Embora nem todas as inovações sejam maravilhosas, vide usar um item perdido que nem parece interativo pra resolver um puzzle em outro lugar em outro artigo do cenário que não parece interativo (níveis do Cairo, vocês são confusos), o jogo supera expectativas em uma narrativa envolvente com muitos, muitos puzzles inteligentes e cativantes. Uma experiência que vale a pena ser vivida sem mais spoilers da minha parte. Permitam-se explorar. Este jogo é a obra prima deste remaster.
5 – Tomb Raider Chronicles

Tomb Raider Chronicles retoma a história da Srta. Croft de uma forma bem diferente dos anteriores: em uma coletânea de aventuras perdidas da nossa protagonista. Contada do ponto de vista de seus amigos em uma homenagem póstuma (já que ela teria supostamente morrido no final do jogo anterior), passando por 4 cenários únicos com propostas diferentes, chegando a flertar com terror e filmes de ação no estilo James Bond. Embora o jogo não se aprofunde em detalhes da história como os anteriores, temos duas aventuras em particular que destaco aqui: Irlanda e VCI Headquarters.
Na primeira acompanhamos uma Lara adolescente em 3 fases completamente sem armas, enfrentando demônios, fantasmas e lobisomens em busca de ajudar seu amigo, o padre Patrick, a derrotar as assombrações de uma ilha mal assombrada. Já na segunda, vemos Lara invadindo o prédio da Von Croy Indústrias e tomando de volta pra si a Iris (todos sabemos que a Lara ganhou aquela aposta no TR4), artefato usado pelo seu antigo mentor em experimentos científicos em 3 fases desafiadoras com munição limitada (isso mesmo, sem as clássicas pistolinhas), contra ciborgues, helicópteros, metralhadoras com sensor de movimentos e muito mais.
6 – I feel stronger now, oops… Angel of Darkness

No jogo mais sombrio da franquia, Von Croy pede ajuda a Lara após se envolver com uma organização secreta, mas acabam brigando como consequência de… desentendimentos sobre o “dono” dos artefatos e dela ter sido abandonada para morrer enterrada na areia.
Durante esta discussão, Von Croy é assassinado e a loira (esse erro de dublagem foi difícil de ignorar) é considerada culpada. Fugindo da polícia, Lara investiga por conta própria a morte de seu antigo mentor, e descobre que uma organização criminosa está coletando pinturas antigas que guardam o segredo da restauração dos Nefilim (termo bíblico que se refere a gigantes, filhos de anjos caídos e mulheres humanas) e assassinando todos aqueles em seu caminho.
Em busca destes artefatos, Lara passa pelos guetos de Paris, esconderijo de mafiosos, fortificações militares, o Louvre (uma sequência memorável e muito mais interessante agora que o sistema de furtividade finalmente funciona), e claro, uma das tumbas mais impressionantes da franquia. Embora o jogo deixe muitas pontas soltas e tenha um “protagonista” masculino de gosto duvidoso e responsável por umas cenas mais cringe dessa franquia, creio que seja uma obra que tem pouco reconhecimento pelo que faz.
A restauração do conteúdo cortado, embora ajude a esclarecer um pouco mais da história, ainda soa como apenas uma amostra do potencial do que o jogo poderia ter sido. Ainda assim, os plot twists e os cenários muitas vezes impressionantes (Hall of Seasons e Bio Research Facility, tô falando de vocês) fazem desse jogo um must play. Uma vez acostumado com os controles, vale super a pena a experiência de ter que superar tantas pausas pra ouvir ela dizer: Estou mais forte agora.
Bônus – The Times Exclusive Level
Originalmente lançado como um nível bônus em parceria com o jornal The Times, temos um nível único incluído como “DLC” de The Last Revelation. Uma fase que era praticamente impossível de se encontrar pra jogar, agora está implementada nesse remaster e poucos falam o suficiente sobre.
Uma parceria inusitada, onde nossa protagonista recebe a informação em primeira mão de um jornalista de que novas escavações estão sendo feitas na tumba de Tutankhamun e ela parte em uma jornada de ser a primeira a descobrir seus segredos.
Obs.: Pode ser jogado antes ou depois de Tomb Raider 4, lembrando apenas de ter cuidado, pois os slots de save são compartilhados.
Afinal, é pra quem é fã?
Sei que muitas das minhas reclamações são de “quem não jogou os originais e não está acostumado com esse tipo de coisa, seu gamer nutella”, mas acaba que temos tantas coisas melhores e mais bem polidas que eu honestamente esperava um remaster muito mais bem feito, elevando completamente o nível do que era para patamares mais próximos dos de hoje.
A Érica ficou muito feliz de rever os jogos que ela jogou de forma remasterizada, com inovações e tudo mais, mas ainda assim pra ela funcionou melhor no PC, de qualquer forma. Não é pra menos que as notas das versões da Steam estão altas, pois está sim superando a do Switch. Mas, se assim como eu você é um jogador de console, talvez você fique um tanto chateado com o resultado.
Pros:
- Gráficos remasterizados bem mais bonitos;
- Controles modernos;
- Disponível em português brasileiro;
- Restauração de conteúdo cortado dos lançamentos originais.
Contras:
- A nova iluminação, apesar de linda, tirou alguns efeitos de ambientação que deixariam tudo ainda mais completo;
- Os controles (saltos, posicionamento) ainda são duros e imprecisos;
- Loadscreens MUITO demoradas no Switch;
- Muitos bugs.
Nota
7,5