
Desenvolvedora: INTI CREATES
Publicadora: INTI CREATES, PQube
Gênero: Metroidvania
Data de lançamento: 26 de março de 2025
Preço: R$170,00
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela PQube.
Revisão: Manuela Feitosa
A Inti Creaters retorna em 2025 com uma nova aventura 2D. Gal Guardians: Servants of the Dark é uma sequência para Demon Purge, o spin-off da franquia Gal☆Gun. Estrelando uma nova dupla de personagens e com mecânicas expandidas, o título mostra que o spin-off tem força o suficiente para assumir o posto da série principal.
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A narrativa de Gal Guardians: Servants of the Dark é estrelada pelas irmãs Kirika e Masha. Ambas são empregadas domésticas demoníacas a serviço do lorde demoniaco Maxim. A aventura começa com as irmãs retornando de um período de férias, encontrando o castelo de seu lorde sob ataque e partindo para protegê-lo.
Elas chegam tarde demais e Maxim é morto por um lorde rival. A tristeza em perder seu senhor dura pouco, quando é revelado que Maxim ainda está vivo, porém reduzido a uma caveira. O lorde pede a ajuda das irmãs para reunir seus muitos ossos e reconstruir seu corpo e ambas, é claro, aceitam a missão.

Como é de se esperar, as irmãs Kirika e Masha seguem alguns padrões já estabelecidos do mundo dos animes em relação a subcultura das “Maids”. Kirika é a irmã mais velha e elegante, agindo com suas emoções sob controle e sempre falando em um tom mais formal. Já Masha é a famosa “maid kawaii”, com um tom de voz mais doce, colocando apelidos nos outros e agindo de forma mais “desajeitada” que sua irmã.
Assim como o título anterior, Gal Guardians: Servants of the Dark não foca muito nos elementos ecchis da série Gal☆Gun. Eles ainda marcam presença, é claro, assim como alguns elementos narrativos dignos de animes mais românticos. A lealdade de Kirika a seu mestre, por exemplo, vai muito além da simples lealdade de uma empregada a seu patrão. Algo que achei legal, contudo, é a forma como o humor também é implementado, lembrando um pouco Disgaea em alguns pontos, especialmente em relação ao fato de o jogo admitir ser um jogo. A mudança de dificuldade, por exemplo, é colocada como se as irmãs estivessem mudando seu destino.
Não mexa com o lorde de uma maid

Um de meus principais pontos negativos ao jogar Gal Guardians: Demon Purge era de que o jogo sofria de uma crise de identidade. A aventura era inspirada nos clássicos jogos da série Castlevania, mas ele também possuia alguns elementos de metroidvania afim de incentivar a exploração dos cenários. Sua gameplay também tinha boas ideias, mas que acabavam se limitando para se adequar ao estilo de jogo apresentado.
Dito isso, é bom saber que a Inti Creates decidiu qual caminho seguir com Gal Guardians: Servants of the Dark. O novo jogo é um metroidvania que expande bastante a jogabilidade apresentada em Demon Purge, oferecendo uma experiência direta que não se utiliza de recursos baratos, vide forçar uma segunda jogatina em estágios repetidos como no primeiro jogo para fazer com que o jogador explore os cenários e aproveite ainda mais o título.
Primeiramente, o jogo é um metroidvania com cenários interligados que vão se abrindo conforme novas habilidades são desbloqueadas. Existem alguns segredos, como novos itens e caminhos a serem descobertos e o jogo possui um mapa muito bom que deixa bem vísivel pontos de interesse, como portões e báus, que podem ser descobertos pelos jogadores.

Contudo, este vasto mundo possui alguns problemas. Os cenários são enormes e há poucas formas de se navegar entre os locais. Estamos tecnicamente explorando o reino dos demônios, então temos uma variedade boa de diferente tipos de cenários, mas a forma de travessia rápida deixa a desejar.
O hub principal é o castelo de Maxim, onde podemos retornar sempre que encontramos um save point. O castelo também é importante por outros dois elementos, NPC’s que podem ajudar as irmãs com sua jornada e a sala do trono, onde elas podem subir de nível e ganhar novas habilidades.
Graças ao ataque inicial ao castelo, todos seus habitantes foram mortos. Por sorte, suas almas ainda estão vagando no mundo demoníaco e as irmãs podem resgatá-las e recolocá-las em seus corpos, ressuscitando-os. Alguns NPC’s estão ali apenas para conversa, mas outros fornecem auxílio de diferente maneiras, como um ferreiro que melhora as sub-armas ou um chefe que prepara itens de cura.

Já a sala do trono envolve os ossos de Maxim. Encontrado pelos cenários ou derrotando inimigos e chefes, as irmãs podem oferecer os ossos de seu mestre ao trono para subir de nível, aumentando sua vida, ataque e adquirindo novas habilidades. Apesar disso ser uma forma legal de progressão, ela infelizmente está ligada ao problema de navegação pelos diferentes cenários.
Save points estão espalhados pelos mapas e eles permitem que o jogador além de salvar seu jogo também possa retornar diretamente ao castelo ou a sala do trono. O principal problema é que isso é um caminho de via única, sendo muitas vezes necessário voltar a pé até o ponto em que você estava antes. Existe uma NPC que funciona como uma forma de transporte instantâneo, mas ela é limitada para alguns poucos locais específicos.
As ferramentas de trabalho de uma maid

Gal Guardians: Servants of the Dark continua com a jogabilidade do título anterior, fornecendo aos jogadores o controle de duas personagens distintas que podem ser alternadas com um toque de botão. Assim como as irmãs Kaminozo do primeiro jogo, a dupla de maids possuem suas próprias peculiaridades nas formas de ataque.
Kirika usa uma metralhadora, podendo atacar os inimigos à longa distância. Sua novidade em relação a Shinobu, é que com um toque do L e o botão de ataque, a maid utiliza uma espingarda para causar maior dano ao custo de munição adicional. Já sua irmã mais nova, Masha, funciona como a ofensiva de curta distãncia usando seu chicote. Ela também pode utilizar certas sementes, adquiridas como drops de inimigos, para realizar um ataque carregado poderoso.
Tirando essas peculiaridades, a dupla também pode utilizar sub-armas dropadas dos inimigos. Graças a um novo sistema de inventário, é possível carregar várias sub-armas e equipar até duas delas. Desde kunais a espadas gigantes, existem diversos tipos de armamento que podem ajudar as irmãs a derrotar seus inimigos. Cada sub-arma também pode ser dropada com efeitos adicionais que são ativos ao equipar as maids.

Acompanhando a dupla está Maxim em sua forma de caveira. O lorde pode equipar tesouros especiais que fornecem efeitos extras para as irmãs, e conforme o jogo sobe de nível, é possível até desbloquear poderes especiais, como uma cura para as maids.
Um ponto que foi extremamente melhorado em Servants of the Dark é a movimentação das personagens. Temos um dash funcional no melhor estilo Mega Man Zero para a dupla e conforme desbloqueando novas habilidades, as maids ganham acesso a pulo triplo, dash aéreo e muitas outras formas de movimentação. Explorar os locais é extremamente satisfatório, graças as muitas habilidades das irmãs. Ouso dizer que este é um dos melhores títulos da Inti em 2D nesse quesito.
O mundo de Gal Guardians

Se em termos de jogabilidade Servants of the Dark é uma evolução do que foi apresentado no título anterior, no resto de seu pacote o jogo não tem evoluções tão drásticas. Sua apresentação, tanto visual quanto sonora, continua quase idêntica a Demon Purge.
O spritework das personagens é bem feio e os inimigos são reutilizados da aventura anterior. Assim como em Demon Purge, a Inti Creates ainda utiliza efeitos visuais exagerados de sangue quando os inimigos são derrotados, tentando fazer com que ele tenha um estilo de horror gótico que não combina muito com o estilo artístico e design de suas protagonistas.
A influência de sua série original também se faz presente no seu visual. Certos chefes específicos são bem detalhados, especialmente em certas partes de seus corpos. Mas, de uma maneira geral, os gráficos e visuais são bem simplistas e alguns poderiam ser melhores, especialmente quando comparado à outras séries 2D que a Inti Creates desenvolveu.
Um novo caminho para a série Gal☆Gun

Gal Guardians: Servants of the Dark é uma boa experiência que mostra que a Inti Creates aprendeu com os erros de seu título anterior e buscou desenvolver seus elementos e criar algo que pudesse se destacar por seus próprios méritos. A mudança para um estilo Metroidvania e excelente mistura de habilidades de movimentação faz com que o jogo seja divertido e prazeroso de se jogar.
Com a série Gal☆Gun em hiato e as empresas cada vez mais apertando o cerco em torno de jogos que usam o ecchi para se vender, Gal Guardians pode ser um interessante caminho para o futuro da franquia. Não seria a primeira vez que um spin-off assume o posto de produto principal no lugar de seu jogo original.
Pros:
- Kirika e Masha são divertidas de se controlar;
- Adição de mapa ajuda a explorar os locais e não se perder;
- Sistema de sub-armas com efeitos incentiva a derrotar inimigos em busca de itens melhores;
- Protagonistas são Maids.
Contras:
- Spritework das personagens continua ruim;
- Falta de uma opção melhor de fast travel;
- Mapas às vezes são muito grandes com nada para distrair os jogadores;
- Trilha sonora ruim.
Nota
7