
Desenvolvedora: LEVEL-5
Publicadora: LEVEL-5
Gênero: Slow Life RPG
Data de lançamento: 21 de maio de 2025
Preço: R$ 299,90
Formato: Digital
Nota: Esta análise foi escrita quando o jogo estava na versão 1.2.1. Durante o processo de review, a LEVEL-5 fez diversas atualizações ao jogo. Nossa nota considera apenas até esse patch, e não será mudada caso um novo patch venha a ser lançado após a data de publicação que possa consertar alguma crítica do jogo.
Finalmente aconteceu! Depois de muitos atrasos, e também com o possível risco ser levado para o cemitério dos jogos cancelados (eu ainda não irei perdoar o Keiji Inafune pelo que ele fez, marquem minhas palavras), FANTASY LIFE i: The Girl Who Steals Time está finalmente entre nós. Eu ainda lembro da época que eu peguei o primeiro jogo no meu 3DS e simplesmente adorei.
Confesso que eu tinha muito receio de que a LEVEL-5 tentaria trazer uma sequência do jogo, visto que só tivemos depois um gacha game pra dispositivos móveis que sequer durou muito tempo no mercado. Mas pelo visto, o CEO da companhia, Akihiro Hino, resolveu por a mão na massa e terminar esse projeto no lugar do fanfarrão do Inafune. E então, será que está aguardada continuação consegue se marcar nessa era de volta da LEVEL-5?
Era uma vez, um pequeno explorador…
Ao começar a nossa aventura, precisamos primeiro criar o nosso própio avatar que se juntará ao Professor Edward, um arqueologista que encontrou um fóssil misterioso de um dragão. Não leva muito tempo até que o broche dele começa a brilhar e apontar para uma ilha deserta, e claro, como vocês são os primeiros a descobri-la, é lógico que ela precisa de um nome, coisa que o jogador também pode dar.

Porém, ao avistar a ilha, um dragão misterioso começa a destruir o seu navio. E é nesse momento que o fóssil volta à vida e se transforma em um outro dragão, abrindo um portal para uma outra dimensão, e no meio dessa confusão toda você descobre que na verdade viajou no tempo. A ilha que antes era desconhecida volta 1000 anos no tempo, para ser mais específico. E agora cabe a você retornar ao seu mundo para continuar sua expedição e saber as respostas para as várias questões que provalvemente irão aparecer.

Eu não vou me enrolar com minhas palavras. Se você veio aqui esperando uma verdadeira história digna de um Oscar e cheia de plot twists, a história de FANTASY LIFE i definitivamente não é uma. Mas isso não é necessariamente uma coisa ruim. Eu particularmente gostei dos momentos engraçados da história, especialmente no começo, onde o rei de Mysteria basicamente grita que se você não pegar uma profissão, você irá se transformar em um monstro.
Talvez a única coisa que eu achei que me faltava é a presença de alguma dublagem sem ser a parcial. Você consegue ouvir os personagens falando uma palavra ou outra, mas não muito mais que isso. Uma pena, mas pelo menos eles não são completamente mudos. Eu também achei que o jogo poderia ter adicionado um pouco mais de história extra para as profissões do jogo, igual tivemos no 3DS. Do jeito que tá, os aprendizes que a gente conhece não passam de plantas depois que você completa o tutorial, e isso eu acho um desperdício.
Três jogos gigantes em um

Em FANTASY LIFE i nós temos 14 “classes” que o jogador é capaz de escolher, chamadas de Lives. Cada uma delas possui desafios diferentes, mas elas são dividas em três grupos: Combate, Coleta e Criação. Em cada uma dessas classes, nós temos missões variadas, mas todas elas seguem um padrão que não é difícil de entender. Pegou uma profissão de Combate? Derrote inimigos específicos. Coleta? Então pegue X items. Criação? Então construa items com uma receita específica.

Também temos um mapa de mundo aberto gigante chamado de Ginormosia. Espalhado por esse mapa nós temos várias “Shrines”, e cada uma delas possui um desafio diferente. Ao completá-los, você consegue pegar um Strangeling, que é um objeto falante que anteriormente era um humano. Também há vários desafios aleatórios espalhados por Ginomorsia, e você poderá ganhar pontos de experiência para deixar os inimigos mais difíceis, mas também aumentar a qualidade das recompensas.
Completar a side story de Ginormosia é completamente opicional, mas acredite em mim: vale a pena explorar esse mundo. Os desafios são curtos, mas providenciam uma ótima experiência para você poder jogar por horas e horas. Sem querer dar muito spoiler, a história de Ginomorosia é algo que eu também considero muito importante para você entender o contexto de um certo personagem…

E finalmente temos o seu Base Camp, ou “modo Animal Crossing”, como eu passei a chamar ele. Nele, você é capaz de customizar o seu acampamento como quiser com a ajuda de um simpático robô chamado Hagram. Os Strangelings que você pegou em Ginormosia também podem voltar a serem humanos com a ajuda de flores chamadas de “Presentes de Celestia”, em tradução livre.
Revertendo eles de volta ao corpo humano permite com que você coloque eles na sua ilha como “villagers”, e sério, eles agem igual aos do Animal Crossing. Esses villagers também possuem uma Life, e podem te acompanhar na sua aventura offline, te ajudando em vários aspectos. Por exemplo, o Chakpo é um Cozinheiro. Se você tiver que fazer alguma receita com essa classe, você poderá escolher ele para te ajudar com um pequeno boost nos seus status, e à medida que você vai aumentando a affection dele, ele pode aprender skills que podem ser usadas para te ajudar a fazer as receitas muito mais rapidamente.
Ufa! Que tanto de coisa, hein? Mas esse é um dos charmes de Fantasy Life i na minha opinião: a liberdade que o jogo te oferece. A main story em si possui aproximadamente 30 horas de jogo, mas durante o pós-jogo, o mundo se abre de uma maneira violenta: Quer ficar craftando por horas? Ou talvez explorar o mundo aberto do jogo matando inimigos? O jogo tem um grau de polimento absurdo, que parece até que temos múltiplos jogos em cheio, que quando se juntam, fazem uma combinação perfeita. Nenhuma gameplay de FANTASY LIFE será a mesma, pois cada jogador irá fazer algo diferente, e isso pra mim é algo que eu fico feliz que a LEVEL-5 conseguiu acertar em cheio.

Jogue em casa, no ônibus, onde você quiser!

Originalmente, FANTASY LIFE i: The Girl Who Steals Time era um jogo que era exclusivo para Switch e PC. Porém, depois que Akihiro Hino assumiu a produção do projeto, versões para Switch 2, PS5 e Xbox também foram adicionadas, e existe uma feature que permite que faça com que você possa jogar no Switch enquanto está fora de casa, e quando chegar e ligar seu PC continuar a sua aventura de onde parou. Isso tudo parece que funciona lindamente na teoria, mas pelo visto, a LEVEL-5 decidiu usar o sistema da Epic Games — ou seja, se você não possui uma conta da Epic Games Store, não há como usar esse sistema.
Não dá pra culpar a LEVEL-5 em querer usar um sistema que já está disponível ao invés de desenvolver um novo todo do zero, mas sinceramente eu acho o sistema da Epic Games um lixo. Já tive muitos problemas de sync com minhas contas, e só digo isso: quando funciona é uma maravilha, mas quando não funciona… prepare-se pra ter uma verdadeira dor de cabeça procurando no Google como resolver, mesmo que a solução seja só a Epic Games sendo chata mesmo.
Multiplayer com um asterisco no final

Uma das frases que foram faladas pelo CEO da LEVEL-5 durante o teaser do FANTASY LIFE i era que o “i” minúsculo significava várias palavras, como “Internet” por exemplo. E realmente, jogar online com seus amigos era algo mágico no Nintendo 3DS. Porém, o modo multiplayer que temos aqui é… estranho, por assim dizer. Ao liberar a opção de jogar o multiplayer, você pode criar uma sessão online para três coisas diferentes. São elas: Explorar uma área fixa do mundo do passado, explorar o mundo aberto de Ginormosia, e finalmente juntar seus amigos para fazer Treasure Groves.
Mas o que são as Treasure Groves, você me pergunta? Bem, são dungeons que são geradas aleatoriamente a partir de uma planta que você consegue obter como um drop de certos inimigos. E nela há vários “andares” com um certo objetivo para você completar. No andar final, seu objetivo é derrotar o grande chefão, que pode ser desde um dragão gigantesco até uma árvore gigantesca.
Ok, isso tudo parece ser bem legal, mas eis um problema: Se você escolher jogar uma dessas dungeons com seus amigos no online, um timer de 60 minutos é colocado na sua tela, e após esse limite o jogo simplesmente volta os jogadores pro lobby da sua ilha, e você tem que basicamente começar a sessão novamente. Esse limite de tempo é muito chato, e eu sinceramente não consigo entender o porquê de ele existir, especialmente considerando que para acessar o modo multiplayer você precisa ter uma assinatura válida no Nintendo Switch Online.

Além do multiplayer online, também há um modo “co-op”, onde uma pessoa pega um controle extra e passa a controlar o Trip, o pássaro azul que sempre te acompanha. Eu digo modo co-op com muitas aspas, pois o que o Jogador 2 pode fazer com o Trip é extremamente limitado, e ele meio que fica “colado” em você, o que significa que não é possível vocês jogarem em modo de tela dividida, por exemplo. O jogo também só possui uma única save file por usuário no console, o que limita bastante o potencial de múltiplos jogadores nesse quesito.
É muito difícil rodar no Switch em 2025?

Eu sei que o Nintendo Switch 2 está prestes a lançar, mas FANTASY LIFE i era originalmente um jogo exclusivo de Switch nos consoled, então é de se pensar que talvez os desenvolvedores tenham feito uma otimização própria no console? Bem… o jogo parece estar em um limbo entre 30 a 40 quadros por segundo, e é bem comum você sentir um certo gargalo na performance, especialmente em Ginomorsia. Eu também pude notar um brilho meio estranho em personagens que possuem certos acessórios, como anéis e braceletes.
Porém, a LEVEL-5 anunciou que para quem adquirir esse jogo no Switch 1, o pacote de atualização que permite jogar a versão de Switch 2 custará menos de 3 dólares, que é um preço até que acessível ou até mesmo irrisório. Mas mesmo assim, isso não desculpa a falta de otimização na plataforma. Claro que isso não chega a deixar o jogo “injogável”, mas é um ponto importante caso você possua apenas o Switch como seu console principal.
Um jogo perfeito pra relaxar no fim de semana
FANTASY LIFE i: The Girl Who Steals Time faz realmente jus ao seu nome em vários sentidos. Esse jogo é tão viciante que é muito fácil você simplesmente esquecer do tempo e ficar horas e horas jogando por ter tanta coisa pra fazer. É como se tivéssemos três jogos completamente diferentes em um só, e os delays realmente mostraram o cuidado que foi tido para garantir um jogo bem polido. Sério, acho que tem muita coisa pra falar que eu acabei não podendo, senão eu acho que ficaria aqui tagarelando até o fim do dia.
Por mais que eu tenha achado o multiplayer e a falta de uma side story própria para cada uma das Lifes algo ruim, pelo que pude ver, a LEVEL-5 parece empenhada em atualizar o jogo, prometendo uma DLC gratuita, então eu fico feliz que não deixaram esse projeto ser adicionado aos “projetos que o Inafune deixou morrer por ter saído da empresa”. Agora, veremos se o novo “Yo-kai Watch” vai conseguir ser tão bom quanto…
Pros:
- Não falta coisa pra você fazer nesse jogo;
- Ótima trilha sonora;
- Character designs bonitinhos.
Contras:
- Não há tradução em português;
- As limitações do Multiplayer são um absurdo;
- Cross save é uma roleta russa com o sistema da Epic Games.
Nota
8,5
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