
Desenvolvedora:
Publicadora:
lançamento:
Preço:
Formato:
Gênero:
Plataformas:
Stormteller Games
Thunderful
17 de junho, 2025
R$ 60,00
Digital
Ação | Roguelike
Nintendo Switch, PlayStation 5, Xbox Series X|S, PC
Desenvolvedora: Stormteller Games
Publicadora: Thunderful
Gênero: Ação | Roguelike
Data de lançamento: 17 de junho, 2025
Preço: R$ 60,00
Formato: Digital
Plataformas: Nintendo Switch, PlayStation 5, Xbox Series X|S, PC
Análise feita no Nintendo Switch 2 com cópia fornecida gentilmente pela Thunderful.
Revisão: Manuela Feitosa
Por vezes, encontrar uma nova obra é como um jogo de sorte. Podemos contar as cartas do baralho, estudar as probabilidades de Jackpot e até tirar, das perdas e ganhos de outros, uma expectativa da experiência. Apostar dinheiro e horas de vida em troca de um bom jogo sempre parece valer a pena, mesmo com um grande risco do prejuízo financeiro e mental ao encontrar aqueles títulos que… bem, o bom leitor deve saber onde quero chegar.
Fico feliz em dizer que no teste de habilidade, Lost in Random: The Eternal Die tira um número alto no D20, não o suficiente para ser um ataque crítico, mas bem acima do número requisitado. A sequência do jogo de 2021 publicado pela EA mantém seu tema de fábula, ao mesmo tempo que abraça um gênero bastante diverso, indo de encontro ao Roguelite, amplamente popularizado por Hades, que é bastante referenciado aqui.
A Rainha Má
Random é um reino caído, flagelado pela mesma rainha que a governa. Massacres, guerras e divergências dividem o mundo, com uma rainha mantendo seu poder com o Black Dice, onde prende seus inimigos para manter sua hegemonia política. Em uma virada do destino, a rainha se vê presa no mesmo dado, tendo consigo a companhia de Fortune, um pequeno dado com quem tem uma antiga história.
Confesso que, ao iniciar The Eternal Die, não conhecia o jogo original, e tenho certeza que deixei passar alguns detalhes da trama por não conhecer a lore de antemão. Não acredito, contudo, que esse detalhe impacte na experiência do jogo. Mas deixemos tais detalhes para considerações mais adiante.
Em uma estatura reduzida e com seus poderes perdidos, a rainha se vê em uma dimensão que se alimenta da aletoriedade: um tabuleiro em constante reorganização, com peças se reestruturando a partir de novas regras. A partir desse ciclo randômico que devemos assumir o manto da líder decaída, desbravando os corredores de andares estranhos, enfrentando oponentes para, enfim, sermos capazes de retornar à Random.

A apresentação do jogo é curta, com uma apresentação dos elementos do universo breve que já nos prepara para aquilo que iremos encontrar no labirinto de masmorras dentro do dado negro. Sendo controlado por um cavaleiro sombrio, o ciclo clássico de roguelites se inicia nos corredores de um castelo, expande-se em pântanos, cruza uma fábrica armamentista e termina no centro caótico do cavaleiro.
Há uma variação interessante de cenários, com localizações diferentes entre si, evitando fatiga temática, e que não se extendem além do necessário. Em cada run, devemos explorar piso após piso, enfrentando os desafios que são apresentados em cada sala, colhendo recursos e recompensas, fortalecendo-se para sobreviver tempo o suficiente para enfrentar o boss final.
Os peões do tabuleiro
Independente se o jogador conhece ou não o jogo original, é um conceito interessante assumirmos o manto da vilã do universo. Claro, há uma força maligna maior controlando o dado, mas ao encontrar bosses e NPCs nós temos várias interações que mergulham não apenas na personalidade da personagem, mas nas consequências de suas ações. Sentimos pesar em certas interações, enquanto outras não vemos um pingo de pesar, ajudando-nos na imersão do jogo e fazendo-nos importar em interagir com o máximo de personagens possível.
Falo dos NPCs mais adiante, por ora voltemo-nos para os oponentes que iremos enfrentar. No início de cada run, temos apenas uma arma, que pode ser usada em ataques rápidos ou em um ataque carregado, Fortune, um dado companion que pode ser arremessado contra oponentes, dando dano a partir do número rolado e recebemos uma carta aleatória, que para ser utilizada consome uma barra de energia carregada ao darmos dano. Além das opções ofensivas, temos um botão de dash para esquivar dos ataques de oponentes.

A partir de então, resta-nos explorar o mapa. O layout é sempre aleatório, com bifurcações, áreas de desafios e salas de repouso, mas o piso pode ser livremente revisitado. Ou seja, caso queiramos voltar a uma sala anterior para explorar 100% do mapa ao invés de correr para a saída do mapa, seja para conseguir uma skill passiva a mais ou para arriscar encontrar algum colecionável, temos ampla liberdade para o fazer. Os pisos não são longos mesmo quando os exploramos por inteiro, portanto é do encargo do jogador o melhor curso de ação.
Claro, a maior parte das salas reserva combates, sempre intensos. Cada cenário apresenta inimigos diferentes, não apenas no visual, mas também no estilo de combate, o que é ótimo para evitar fatiga e pegar-nos desprevenidos ao entrar pela primeira vez em um novo mapa. Podemos encontrar salas de armadilhas, desafiando nossa coordenação motora e a compreensão do jogador a respeito da diferença entre as adversidades apresentadas a cada andar. Há, ainda, salas com um mercador, onde trocamos moedas por diferentes ganhos passivos, e salas de desafio, onde devemos rodar fortune para ganhar jogos apresentados por um NPC um tanto obcecado com a ideia de jogos de sorte (como todo o elenco desse universo, diga-se de passagem).
De vez em quando, encontramos salas onde eventos únicos são ativados, em que a protagonista reflete sobre seu passado, seus feitos e contempla seus traumas que a levaram até onde se encontra. São momentos ricos, quando mergulhamos de vez no universo, apesar da trama não ser a mais profunda de todas. A comtemplação das consequências das ações da personagem é mais interessante que qualquer lore extremamente profunda que os roteiristas poderiam criar.
Por último, a cada andar iremos encontrar mini-bosses, que são desafios à parte, podendo ser inimigos únicos ou um oponente reaproveitado, em maior escala, e bosses propriamente ditos. Ambas categorias são desafiantes, mantendo a tensão alta o tempo todo, e dando recompensas justas para o desafio. Os bosses que encerram cada piso são personagens já conhecidos pela protagonista, e encontrá-los significa mais profundidade na construção de universo. A seleção é bem ampla, com padrões de ataque bem diversos e que criam um desafio digno da posição de destaque.

Aumentando as chances
Ao morrer, a personagem é transportada para um hub composto de elementos descartados daquele microcosmo de sorte e azar. A princípio vazio, a clareira ganha vida conforme encontramos novos personagens, rendendo interações únicas ao cumprirmos certos critérios, desde eventos únicos nos embates à coleta de colecionáveis espalhados no mapa.
A nível narrativo, os diálogos únicos enriquecem o mundo apresentado ao jogador, com referências a eventos passados e tentativas de reconciliação. Há, ainda, uma personagem que libera a customização da protagonista, e encontrar certas vestimentas ao longo do labirinto de desafios é critério para ativar diálogos especiais, dando uma razão além da cosmética para efetivamente irmos atrás de vestes especiais.

Eventualmente, ao chegarmos ao fim do arco narrativo entre protagonista e NPC, recebemos um item com leves consequências no pós-game (limito-me à explicação para evitar spoiler). Basta dizer que o jogo incentiva a interação máxima dos personagens para chegarmos no final verdadeiro.
A nível de gameplay, o hub serve para encontrarmos upgrades perenes no jogo. Aqui podemos desbloquear novas armas, aumentar dano e efeitos passivos, além de ser possível melhorar atributos da rainha. A economia é pautada por colecionáveis no labirinto, bem comum a jogadores já acostumados com Hades, com a diferença que, ao invés de termos um item comum para o aumento da afinidade, cada NPC requer um colecionável distinto. É uma mudança bem-vinda de ares aliada à possibilidade de explorar o mapa mesmo após proosseguir em futuras salas, com direito até mesmo de teleportes rápidos, com loadings praticamente imperceptíveis, ao menos com o Switch 2.
Assim, aumentamos nossas chances perenes, abrindo espaço para exploração de diferentes formas de combate. Dessa forma, começamos um novo loop, e com ele ainda mais possibilidades de upgrades, embora temporários.

Seguindo o estilo comum do gênero, encontramos itens que dão efeitos passivos distintos ao jogador, abrindo em muito o leque de possibilidade de gameplay. Além dos efeitos adquiridos, precisamos organizar os upgrades em uma grid, e com o cruzamento de três cores na diagonal, vertical ou horizontal, recebemos bônus de acordo com elas. Assim, em uma run podemos focar em um estilo mais hostil, com ataques maximizados, enquanto em outra pode ser interessante buscar posições defensivas enquanto atributos mágicos passivos liquidam oponentes. Tudo é uma escolha ao jogador, que encontra bastante liberdade para permanecer um bom tempo preso no loop.
A mão da mesa
Em um jogo de poker, The Eternal Die pareceria inseguro com a mão, mesmo segurando uma Full House. Não forte o suficiente para bater um Royal Flush de um Hades, sua clara inspiração, mas o suficiente para surpreender a mesa que esperava, no máximo, um par.
Com uma performance estável, visuais estáveis e amplo material para gameplay, fica fácil recomendar o título àqueles que gostam de um bom jogo de ação, com ampla gerência de recursos entre runs e que entendem o caráter repetitivo intríseco ao gênero. Não consigo indicar como o jogo pode impactar aqueles que já jogaram o primeiro Lost in Random, mas sei que, após chegar aos créditos, devo fazer mais algumas runs e descobrir o original, já certo de que a aposta não é tão arriscada assim.
Pros:
- Combate fluido, com curvas de aprendizado e dificuldade coerentes;
- Visuais originais, com uma harmonia entre tema narrativo e gameplay;
- É perfeito para jogatinas curtas em um handheld.
Contras:
- Sua semelhança com Hades e outros jogos do gênero o faz perder pontos de autenticidade;
- Alguns NPCs poderiam ter mais aprofundamento.
Nota
8
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