Em comemoração aos 35 anos de Final Fantasy III, a Square Enix convidou duas figuras-chave para relembrar os bastidores do remake em 3D lançado para Nintendo DS em 2006: o criador original Hiromichi Tanaka e o produtor Tomoya Asano. O papo rendeu boas histórias e um olhar sincero sobre como dar nova vida a um clássico.

Tanaka explicou que a ideia de refazer Final Fantasy III surgiu do desejo de levar o jogo para o Nintendo DS, que ainda era novidade na época. Enquanto os dois primeiros títulos da série já tinham ganhado versões para outros consoles, FFIII permanecia exclusivo do Japão. Isso, por si só, já tornava o jogo um candidato natural para um remake completo e, finalmente, acessível ao mundo todo.
Para comandar esse desafio, Asano, que até então trabalhava em jogos de Fullmetal Alchemist, assumiu o projeto. Desde o início, a equipe tinha um objetivo claro: aproveitar ao máximo o que o DS podia oferecer.

Um dos aspectos mais marcantes da nova versão foi dar nome e personalidade aos quatro protagonistas. No original para Famicom, eles eram apenas “Guerreiros da Luz”, figuras anônimas a serviço do bem. Agora, eles tinham identidades, histórias e até conflitos. Pequenos toques, mas que mudaram a forma como os jogadores se conectavam com os personagens.

Curiosamente, Tanaka revelou que ele mesmo escolheu os nomes, seguindo uma regra pessoal: preferia nomes tão únicos que gerassem pouquíssimos resultados em buscas online. Detalhista ou excêntrico? Talvez os dois.
Para colocar o plano em prática, a Square Enix contou com a desenvolvedora Matrix Software e trouxe nomes de peso para a parte artística, como Ryosuke Aiba e Akihiko Yoshida. Asano destacou como o cuidado de Aiba com os visuais e a interface influenciou até mesmo os futuros títulos em HD-2D da empresa. Dá pra perceber como algumas ideias continuaram ecoando anos depois.
Mas nem tudo foi simples. Logo no começo, a equipe percebeu que o DS não conseguia exibir tantos inimigos na tela quanto o original. A solução? Rebalancear os combates e aumentar os atributos dos inimigos. Um desafio técnico que virou uma oportunidade criativa.

O famoso sistema de jobs também passou por ajustes. A intenção de Asano era permitir que qualquer classe fosse viável do começo ao fim do jogo. Já Tanaka defendia que algumas profissões deviam, sim, ser mais poderosas do que outras afinal, essa era parte da diversão estratégica.
No fim, o remake marcou não só a volta de um jogo querido, mas também um ponto de virada nas carreiras dos envolvidos. Asano, por exemplo, seguiu liderando projetos como Final Fantasy: The 4 Heroes of Light e Bravely Default — este último, segundo ele mesmo, é a culminação de tudo que aprendeu com Final Fantasy III.
Hoje, Final Fantasy III pode ser jogado tanto em sua versão Pixel Remaster, disponível no Steam, quanto na versão em 3D, lançada para DS. Mais do que um remake, ele é um exemplo de como respeito ao passado e vontade de inovar podem andar lado a lado.
