Desenvolvedora: MAGES., GameLoop Inc.
Publicadora: Rocket Panda Games
Data de lançamento: 15 de Março, 2022
Preço: R$ 75,49
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Rocket Panda Games.
Phantom Breaker: Omnia é um remaster de um fighting game 2D lançado em 2011 apenas no Japão – Phantom Breaker: Extra – com algumas adições que devem agradar muito os já fãs da franquia. Com um extremamente cativante e apaixonante elenco de personagem, o jogo não traz muitos destaques em relação a outros do seu gênero, mas foi capaz de divertir todos aqui de casa por várias horas com sua encantadora inspiração dos jogos de arcade.
Além do mais, o jogo também me fez levantar um questionamento, aonde me indaguei se as características de uma obra devem ser comparadas as outras de seu gênero, ou outras obras em geral. Eu deveria tirar pontos da história rasa de Phantom Breaker: Omnia, ou elogiar que já que está acima da média para jogos de luta? Bem a resposta para esse dilema irei discorrer durante minha analise.
A história
Phantom Breaker: Omnia possuí uma história com um conceito interessante mas que é bastante rasa. Neste caso, a história gira ao redor do vilão, Phantom, que disponibiliza armas poderosas forjadas através da vontade das pessoas. Os portadores dessas armas, chamados de duelistas devem então travar duelos entre si. Quem tiver muitas vitórias em duelos poderá ter seu desejo realizado pelo Phantom. A ideia em si é boa, mas a motivação dos personagens é razoavelmente repetitiva, sendo em geral algum parente que está com problemas/morto, que é um atalho bem clichê para criar motivação fácil para um personagem.
Ainda assim a história não é ruim. Ela é feita de forma que entrelaça bem a jornada de cada personagem do roster, os personagens são simples mas consistentes em suas motivações, e mesmo aquilo que fica “mal explicado” em uma história é esclarecido em outra. O Design de personagem atraente e detalhista também garante uma boa dose extra de carisma aos personagens já que são baseados em amados estereótipos fáceis de entender e se relacionar.
Ou seja mesmo com uma história extremamente simples no geral, não acho que ele fique muito atrás da maioria dos jogos de luta e ele consegue compensar em outros sentidos o que torna a experiência agradável. Para conhecer a história de cada personagem você deve passar por uma espécie de arcade feito especialmente para eles. Alguns desses arcades pedem que você conclua missões especificas conforme avança, como ganhar a batalha com um ataque especial ou usar 10 vezes algum tipo de ataque o que aumenta a dificuldade da progressão.
Os Phantom Duels
Os combates dentro Phantom Breaker: Omnia, chamados de Phantom Duel, seguem uma estrutura padrão de jogos de luta 2D inspirados em arcade. Uma melhor de três, ou seja quem vencer dois rounds vence a partida. O jogo ainda oferece três variações da maioria dos mapas para essa situação do terceiro combate servir de desempate. Mas o que mais interessa aqui é a jogabilidade, e ela é exatamente o que prometeram.
De maneira geral, quando você encara um jogo de luta no estilo anime, você espera fluidez e exagero como estamos acostumados a ver na maioria das obras Japonesas como um todo. E mesmo alguns jogos que se propõe muito intensamente conseguem atingir a sensação de leveza e velocidade que o jogador se propõe. Sem medo algum de arriscar, Phantom Breaker: Omnia apresenta uma boa quantidade de golpes especiais, e uma ampla diversidades de “Magias” de fácil execução.
Embora seja de se esperar que isso tenha impacto negativo no balanceamento, o que realmente acontece muitas das vezes, o jogo se balanceia bem em relação a isso. O jogo conta com diversas mecânicas voltadas ao simular ao máximo a ação do “anime”, como por exemplo os “crash” de golpes que se chocam e criam animações de impacto que forçam ambos os jogadores a recuar. O jogo ainda possui uma grande variedade de “range” nos estilos dos personagens, assim com três opções de configuração de status.
O range por sua vez, causa um desbalanceamento, já que alguns personagens ranged tem a capacidade de manter seus inimigos afastados com relativa facilidade e ainda puni-los caso se aproximem. Como por exemplo a nova personagem extra “Artifactor” que é de longe a mais poderosa do Roster a um nível casual. Os estilos no entanto colaboram para tornar isso um pouco mais tranquilo no geral, já que você pode se adaptar ao inimigo com um o hard ou Quick Style.
No Quick você abre mão de força em troca de velocidade e no hard é o contrário. Além de ambos possuírem uma espécie de despertar que facilita combos. Ainda existe o Omni Style que balanceia os status e não possui um despertar.
Roster
Como já citei mais de uma vez até agora, o Roster dessa aventura é digno de ser elogiado. Composto basicamente integralmente por mulheres, ele conseguiu integrar os estereótipos favoritos dos fãs dessas estéticas em um jogo. Sem precisar apelar sexualmente de maneira degradante de qualquer maneira para as personagens femininas, todas mulheres, lindas, fortes, determinadas e poderosas atrás de seus objetivos.
Os poucos personagens masculinos dessa história também tem designs e histórias interessantes e não deixam a desejar. Lembro-me que quando eu era criança meus amigos discutiam sobre a melhor “versão do Ryu” no Street Fighter e enquanto eles debatiam ferrenhamente entre Ryu, Ken e Akuma, eu pacificamente escolhia a Sakura. Por isso foi muito fácil me conectar com esse jogo e seu elenco, e se você cresceu escolhendo times de mulheres no The King of Fighters, esse jogo é para você também. Isso dito, ainda existem problemas nesse sentido.
Temos a protagonista, Mikoto, que possui uma versão alternativa, Shiro Mikoto (Mikoto branca em bom português) que ocupa um slot de personagem sendo apenas uma Mikoto com lock no hard Style. Ainda existe outra personagem introduzida neste jogo, a Maestra, que possui o mesmo moveset da Mikoto também. Ou seja, em um grupo de aproximadamente 20 personagens 3 são variações da mesma, é compreensível, mas acaba sendo um pouco incomodo dado o tamanho já limitado do cast.
Um ode à cultura Otaku
É bastante difícil analisar a qualidade objetiva de Phantom Breaker: Omnia, pois muitos detalhes da arte do jogo são feitos com o único objetivo de servir de fanservice par ao publico Otaku. Por exemplo, os cenários do jogo são bonitos? Bem e eles são bastante simples, mas fazem referencias a diversos locais clássicos genéricos e específicos dessa cultura. Podemos lutar em um templo, em uma sala de aula, na torre de Tokyo, em akihabara e em Shibuya por exemplo. Ou seja, embora sejam cenários bastante simples eles são muito certeiros em vender o que seu publico alvo deseja.
As músicas também cumprem essa função de serem empolgantes e genéricas musicas do estilo anime, e contam com a versão clássica do jogo original e uma versão modernizada e remixada que pode ser escolhida durante a seleção de fases. O jogo ainda conta com algumas convidadas especiais de títulos famosos fortalecendo ainda mais seu apelo para o publico Otaku.
De todo modo, foi difícil avaliar Phantom Breaker: Omnia de uma maneira geral no primeiro momento justamente pois sou o absoluto publico alvo desse jogo. Desde o cast primariamente feminino, até as escolhas que favorecem o público Otaku, tudo parece ter sido feito para mim.
Mas com o tempo percebi que é exatamente esse tipo de atenção ao detalhe que torna esse título muito especial apesar da simplicidade. Então resolvi abraçar completamente meu “lugar de fala” nessa obra, e enaltecer o apelo do jogo ao invés de o aparente baixo custo de produção. Afinal sempre preferi jogos de luta 2D e a maioria dos jogos de anime fluidos tendem a saírem em 3D atualmente (desde Naruto Ultimate Ninja Storm pelo menos), fazendo com que Phantom Breaker: Omnia ocupasse uma lacuna existente no mercado.
Por fim recomendo muito Phantom Breaker: Omnia a todos os fãs da cultura de anime que sempre procuraram o melhor jogo 2D para suprir suas demandas por batalhas frenéticas e coloridas entre personagens com designs estonteantes. E também para aqueles que curtem um combate em 2D e procuram algo mais exagerado.
Prós:
- Elenco carismático;
- Uma história coesa;
- Muito fanservice para o publico Otaku.
Contras:
- Desbalanceamento notável;
- Jogo bastante nichado;
- Elenco pequeno.