
Desenvolvedora: MAGES., Chiyomaru Studio
Publicadora: Spike Chunsoft
Data de lançamento: 08 de Setembro, 2023
Preço: R$ 303,90
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Spike Chunsoft.
Revisão: Davi Dumont Farace
“É aquele jogo daquela mesma franquia que Steins;Gate!” seria a forma mais injusta de começar a falar de ANONYMOUS;CODE, e de longe, não é a primeira vez que algo assim acontece. Não tem como evitar, Steins;Gate é a única história da franquia ScienceAdventure que teve êxito, sendo o maior responsável por isso o seu anime de grande qualidade, um luxo que seus irmãos nunca tiveram, e que tornou uma das mais populares séries de visual novel entre fãs do gênero em apenas mais um nicho encontrado no topo do ranking do VNDB.
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Não irei tirar todo o mérito da frase inicial do parágrafo, existe uma propaganda na existência de ANONYMOUS;CODE de ser do mesmo criador de Steins;Gate, mas eu preciso afirmar e reafirmar, as qualidades presentes em ANONYMOUS;CODE são as mesmas presentes no resto da franquia, tanto as positivas quanto negativas, mas você ficaria surpreso com o quão raras essas últimas são.
Por dentro de tudo
Entraremos direto na qualificação mor presente em todos esses jogos, a imersão do jogador em seu universo é sem igual. Muitos dos elementos presentes no universo apresentado ao jogador são jargões e termos que podem ser pesquisados no navegador do próprio usuário, e, chances são, que os resultados sejam muito similares ao que é apresentado meio à história. Mesmo assim, o jogo tem uma grande biblioteca que é constantemente atualizada com a apresentação desses termos para a progressão da história.
O autor faz questão que o leitor entenda seus elementos científicos, já que as discussões de como eles funcionam são as pistas das resoluções de vários dos mistérios presentes na trama, que se desenrola muito naturalmente. A necessidade de explicar para o jogador do que os personagens estão falando também é escrita com naturalidade o suficiente para não parecer que você está sendo lecionado, e sem quebra de personagens.
Takaoka Pollon é um hacker experiente, portanto ele irá não só conhecer, mas também usar jargões de computação quais vários jogadores podem não entender inicialmente, mas é sempre de fácil acesso e leitura rápida para que o mesmo não quebre sua imersão. Se isso parece um esforço bem recompensado, paciência, nem começamos a falar sobre a trama, e o quanto ela vai além.

Uma história de garoto encontra garota
Chega de quebrar a ordem, vamos recomeçar. Começar um novo save, e contar essa sinopse. Estamos em 2037, em um mundo digitalmente conectado em sua íntegra. Nós seguimos Takaoka Pollon, um jovem hacker talentoso que faz pequenos trabalhos para conseguir dinheiro de alguma forma. Pollon tem um senso de justiça grande, sendo bem infantil em vários momentos, mas tem um bom coração.
Após um serviço simples, ele comemora sua vitória com alguns amigos na base da sua equipe (que consiste apenas dele, seu amigo, Cross, e um fã do grupo, chamado Wind). Através da conversa juvenil dos personagens, Pollon é provocado por Wind, que levanta a incapacidade do protagonista de lidar com mulheres. Pollon adiciona mentira acima de mentira, afirmando que tinha sim uma namorada, e que os dois estavam fugindo, chegando a inventar um nome para ela: Aizaki Momo.
A mentira de Pollon vai longe o suficiente ao ponto de esperar a suposta garota por uma hora, com todos seus amigos esperando junto. Quando ele chega ao ponto de desistir e revelar sua mentira, uma garota vestida de maneira peculiar aparece e chama por ele, se desculpando pela demora, Pollon pergunta se ela é Momo e a garota confirma. Quando eles estão sozinhos e conversam, Momo clarifica que precisou usar o rapaz para se safar, e aceitou o nome apenas por ter sido chamada assim, mas confirma que ele pode continuar chamando-a dessa forma.

Com pouco tempo para processar do que a garota estava falando quando precisou dele para se safar, as Forças de Defesa Especial aparecem e tentam levar Momo, mas Pollon, em seu senso de justiça juvenil, foge junto à garota, iniciando uma fuga entre ele e o exército no meio de Tokyo. Pollon falha, o exército leva Momo, que é entregue ao Vaticano no aeroporto, e naquele momento, Pollon volta no tempo. Misteriosamente tendo desbloqueado um aplicativo capaz de criar saves em momentos específicos e podendo dar load.
Explorando essa sua capacidade e tentando entender os mistérios da garota que ele decidiu ajudar, Pollon entra em uma espiral conspiracional envolvente e intrigante, digna de um jogo irmão das mais bem avaliadas visual novels da comunidade. Cada pequena descoberta, cada pequeno desenrolar dos mistérios para o jogador é feito de maneira tão envolvente, fazendo com que o jogador se sinta como um dos gênios representados na tela.
O texto sobre o texto
O save não é apenas utilizado como elemento narrativo, mas também como elemento de imersão. Pollon compartilha a mesma tela de load que o jogador, e um não pode salvar no slot um do outro. É uma tela que o jogador ficará bem acostumado a ver. Pollon reconhece a existência do jogador, como se ao invés de controlarmos Pollon, estaríamos controlando alguém adjacente a ele, que o ajuda por debaixo dos panos. Em momentos específicos da história será escolha do jogador retornar no tempo, e a ausência do retorno ou o retorno na hora errada pode provocar um final ruim, que são diversos.

Ironicamente, esse elemento de imersão por meio da metalinguística de um elemento de jogo dentro de um jogo também se torna o maior ponto de frustração de ANONYMOUS;CODE. A hora da usar esses saves, muitas vezes, só serão tornadas claras ao jogador quando ele pegar finais ruins por não utilizar a mecânica, e a ausência do save do próprio jogador pode fazer com que ele retorne inúmeros minutos ou até horas de progresso até poder tentar novamente.
Os períodos para utilizar o botão de retorno também podem ser bem exigentes, e Pollon pode se negar a utilizar o recurso, mesmo o prompt estando apenas à algumas linhas de diálogo de distância. Tudo isso termina no jogador podendo pegar o mesmo final ruim várias e várias vezes, tendo que retornar ao menu principal, retornando no save do jogador, pulando todo o diálogo preparatório e só então podendo ter a chance de voltar no momento certo. Esse fato faz de ANONYMOUS;CODE uma história de ritmo rápido que se vende na imersão, sendo afetada por um elemento de mescla entre história e jogatina.
Os zeros e os uns
Falar da parte técnica é importante quando os últimos jogos da série foram lançados com problemas. A compilação dos jogos Chaos;Head e Chaos;Child foram lançados com problemas técnicos, bugs e traduções mal feitas, sem contar os elementos deixados de lado que tornam a experiência desagradável, sendo como um projeto amador. Isso também aconteceu com lançamentos anteriores, geralmente envolvendo a tradução ou bugs visuais.
É com felicidade que posso dizer que além dessa ser a melhor tradução oficial da franquia, também acompanha uma dublagem em inglês completa para aqueles que preferem. Particularmente, joguei o jogo inteiro em japonês, e não vi quase nenhum problema com a relação dublagem/tradução.
Bugs também não se mostraram muito presentes, e o jogo conseguiu manter sua (belíssima) consistência visual. Zero problemas com bugs sonoros, e a trilha sonora de Takeshi Abo, apesar de não chegar a ser o melhor de seu trabalho, continua excelente, e perfeitamente encaixada nas cenas.
Conclusão

ANONYMOUS;CODE, então, apresenta poucas falhas. Digno de ser mais uma entrada sólida na franquia SciAdv, sua popularidade estar em jogo por fazer parte da mesma franquia que um dos animes de ficção científica mais bem avaliados da indústria é algo que só depende do que vir para promover seu nome.
O marketing para o lançamento no ocidente foi ofuscado por outros jogos distribuídos pela Spike Chunsoft, e a qualidade duvidosa de SciAdv fora do mundo dos jogos colocou uma fama azeda em tudo que não é Steins;Gate, mas que fique bem claro quanto ao que foi dito aqui anteriormente e que preciso dizer novamente: ANONYMOUS;CODE é uma história muito bem escrita, com muitos detalhes em sua história e até várias referências aos títulos anteriores, caso já seja um fã de longa data. ANONYMOUS;CODE não merece ser evitado, e o pior destino para uma história tão envolvente seria ficar na sombra de seus irmãos mais velhos.
Prós:
- História envolvente de ritmo veloz;
- O uso metalinguístico dos saves e loads aumenta a imersão do jogador;
- Tradução excelente.
Contras:
- O uso do load para evitar os finais ruins pode se tornar frustrante.
Nota final:
9
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