Desenvolvedora: Thousand Games
Publicadora: Kemco
Data de lançamento: 14 de Dezembro, 2023
Preço: R$ 119,95
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Kemco.
Revisão: Paulo Cézar
Metro Quester é um RPG recém-lançado para o Nintendo Switch com uma proposta única e peculiar a qual, certamente, dividirá a opinião dos jogadores: não é para todo mundo.
Em um mundo pós-apocalíptico – se passando no universo criado pelo mangaka Kazushi Hagiwara – após o mundo ser abalado por uma pandemia, tudo foi dizimado por desastres naturais, águas poluídas e um outro fator: criaturas horrendas saindo do subsolo. O conceito de sociedade já não existe mais e a maioria das pessoas morreram no processo, existindo apenas resquícios do que a humanidade um dia já foi.
Nos restos do que antes fora uma civilização, na esperança de sobreviver, humanos exploram as masmorras, em busca de algo. Tal recompensa não viria sem o perigo que o lugar o oferece: monstros por toda parte e você, Quester, deve explorar o local e conseguir o que procura.
Mecânicas de sobrevivência
De longe o ponto mais forte deste jogo são suas mecânicas, as quais são bem nichadas, mas como o bom fã de RPG que sou, apreciei, apesar de suas limitações. O jogo vai além de ser mais um RPG com uma simples batalha por turnos, introduzindo mais complexidade a isso.
Seu objetivo é ir explorando as dungeons, onde neste sistema – conversando com a lore citada anteriormente – você há de coletar uma quantidade mínima de comida em um prazo de 10 dias (quantidade sujeita a aumentar conforme mais companheiros se juntam à sua equipe) e recursos importantes são consumidos caso não seja coletada a quantia necessária, o que cria uma tensão e expectativa em cima disso.
Estes os quais citei, são materiais, os quais são utilizados na maioria das vezes em batalha, mas também para aprimoramento dos equipamentos para seus personagens.
Há um deles que me lembrou muito Digimon World 2: combustível para limitar sua exploração, utilizando o nome de “combustível de purificação” o qual conversa com a história deste mundo, onde é necessário para manter os questers purificados do vírus, exceto pelo fato de ser uma desculpa para criar a sensação de falta e obrigar o jogador a saber gerenciar o que tem e como gastará seu tempo na masmorra: saber utilizar tudo da forma certa é a parte mais importante.
Sistema de classes e batalha complexos
Bom, estamos falando de um RPG de turnos mas, com um pouco mais de complexidade que o comum, o que é um ponto forte, realmente gerando um desafio interessante.
Cada classe possui o que jogadores do gênero já estão acostumados, exceto que as habilidades de seu time utilizam de recursos coletáveis, como se fossem peças para se utilizar certas coisas. Um curandeiro (que neste jogo é um budista) utiliza de recursos medicinais, um atirador precisa calcular quantas balas possui para os tiros e, até mesmo debuffs sacrificam materiais e acredite: eles são extremamente necessários contra inimigos mais difíceis do jogo, que aparecem bem cedo.
Uma das coisas que liga o saber usar recursos entre batalhas e exploração, é o fato que você pode regenerá-los utilizando combustível de purificação, o que às vezes sai consideravelmente caro, sendo que essa atividade de regeneração depende diretamente de seu personagem possuir uma habilidade que lhe permitirá fazer isso.
Desafio prazeroso no início mas, o ciclo se torna exaustivo a longo prazo
Nas primeiras horas, o ciclo é prazeroso pois, é interessante explorar, se permitir errar, ver seus personagens subindo de nível e eventualmente descobrir coisas, aprender a lutar contra os inimigos mas, este prazer eventualmente se transforma em exaustão.
Há dias que não compensa explorar muito (principalmente quando você está no começo do ciclo de juntar comida) pois o jogo te manda monstros muito fortes logo de cara, muitas vezes você não está exatamente forte o suficiente, mas nada que torne impossível a exploração em sua totalidade.
Entretanto, há oponentes intermediários que exigem uma quantidade considerável de debuffs, os que muitas vezes faz com que demore bastante para que se sinta que se progrediu consideravelmente.
As batalhas de chefe são um desafio interessante, mas, sentir que 90% do que eu fazia era simplesmente grinding e não progredir tirou um pouco o balanceamento do jogo, pois quando jogo um JRPG, sinto que ambos devem estar equilibrados, para que o tempo que você passe no jogo seja prazeroso.
Conclusão
Se RPGs de turno não são atraentes para muitos jogadores, eu compreendo que este é ainda mais nichado. A sensação de que não havia orçamento para muitas coisas serem executadas da forma que deveriam, é nítida. Sistema extremamente complexo, mas não há monstros animados, as batalhas não são envolventes por não haver animações e isso foi um fator que fez o jogo se tornar tedioso.
Se eu fosse recomendar este jogo, eu diria que seria para fãs de RPGs do gênero que gostam muito e são acostumados com uma gameplay mais datada e que buscam por um desafio mais complexo que uma série conhecida no mainstream possa lhe oferecer, em suma: jogadores hardcore.
Prós
- Mecânicas originais e complexas, ideias boas;
- Sistema de batalha com ótimo desafio e complexidade.
Contras:
- Loop de gameplay exaustivo;
- Tutorial mal planejado, introduzindo muitas informações de uma vez;
- Jogo sem vida em muitos pontos pela falta de orçamento;
Nota Final:
6,5