Kat Oliveira 
Desenvolvedora: Compile Heart
Publicadora: Idea Factory International
Gênero: Ação com motocicleta
Data de lançamento: 28 de janeiro de 2025
Preço: R$ 230,60
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Idea Factory International.
Revisão: Davi Dumont Farace.
Neptunia Riders VS Dogoos é mais um dos vários spin-offs da série Neptunia, e assim como todos os outros, pode ser aproveitado separadamente com quase nenhum contexto da série. Por essas e outras razões, o jogo não se esforça muito pra entregar qualquer contexto a respeito do que trata a série Neptunia, ou um esclarecimento sobre quem são aquelas personagens. Afinal spin-offs dificilmente são os melhores lugares para começar qualquer série e aqui também não é diferente.
Neptunia é uma série de JRPG cujo charme está em satirizar a indústria de jogos em seu humor leve e o clima de um anime moe, com personagens fofas que representam consoles e empresas antigas e novas em um universo que é análogo ao que acontece ou que já aconteceu no mercado de jogos. Apesar de ter um foco maior em RPG, a série vem começando a explorar gêneros e propostas de gameplay diferentes em seus spin-offs, como é o caso de Neptunia Riders VS Dogoos.
Ataque dos Dogoos
Neptunia Riders VS Dogoos tem como protagonista Uzume Tennouboshi, diferente da habitual personagem principal da série, a Neptunia (ou as diversas versões que existem dela). Neste jogo, a garota deusa de Gameindustri é transportada à uma dimensão diferente onde Dogoos ameaçam dominar a realidade a partir de lavagem cerebral nas personagens da série.
Uzume é capaz de escapar do controle mental dos Dogoos e começa a combatê-los através de batalhas, utilizando uma moto que a personagem misteriosamente sabe dirigir mesmo sem nunca ter subido em uma na vida. Conforme o jogo vai avançando, o jogador irá encontrar personagens recorrentes da franquia, as quais poderão ser recrutadas, auxiliando o jogador nas batalhas contra os Dogoos. Juntos, o time formado parte para desvendar o mistério em volta dessa dimensão diferente e o comportamento estranho dessas criaturas.
Mas afinal de contas, o que são Dogoos? Para quem não tem muita familiaridade com a série, Dogoos são basicamente os slimes de Neptunia. Isto é, são inimigos de nível baixo, que costumam aparecer principalmente no início dos jogos e que possuem forma gelatinosa, semelhante aos próprios slimes clássicos de JRPGs, como Dragon Quest. No entanto, diferente do design comum de slimes, os Dogoos possuem rosto de cachorro, e daí vem o trocadilho dos seus nomes, da junção das palavras goo (gosma) e dog (cachorro).
No entanto, Dogoos não são particularmente carismáticos ou fofinhos, mas sim claramente uma piada com o quão comuns são esses monstrinhos em RPGs. Apesar da sátira, funcionam muito bem especialmente pelo contexto do jogo, considerando que os monstrinhos são constantemente distorcidos em formas esquisitas, dando-os corpos humanos proporcionalmente realistas e formatos diferentes que acrescentam muito no aspecto cômico do jogo.
Basicamente essa é toda a premissa de Neptunia Riders VS Dogoos. O jogo é extremamente curto e por conta disso acaba não comportando uma história maior. A série não é especialmente conhecida por histórias grandes e ambiciosas, mas sim pelo seu senso de humor único e personagens carismáticas que satirizam a indústria de videogames. Esse aspecto do jogo está muito bem representado em Neptunia Riders, no entanto, é perceptível como o jogo melhora exponencialmente conforme mais personagens vão sendo adicionadas ao elenco. Não que Uzume não sustente um jogo inteiro sozinha como protagonista, mas a gameplay se beneficia muito das interações entre as personagens, sendo possivelmente a parte mais divertida não só deste jogo em questão mas da série como um todo.
Por ser um spin-off, Neptunia Riders VS Dogoos acaba tendo que fazer algumas concessões visuais. Apesar de aproveitar modelos dos jogos anteriores, o jogo ainda não tem o mesmo nível de qualidade gráfica dos maiores da série. Algo que faz bastante falta por exemplo são os retratos das personagens em 2D nas cenas em formato de visual novel, que poderiam facilmente substituir os diálogos com os modelos 3D das personagens paradas conversando. Considerando que esses momentos do jogo não são muito focados em ação, fica difícil entender o porquê de não terem optado por essa abordagem para os diálogos.
Vroom-vroom na motinha
Alguns jogadores podem chegar desavisados nesse jogo pensando que é alguma espécie de jogo de corrida, e não podiam ter chutado mais longe da realidade. A verdade é que esse jogo não tem absolutamente nada de corrida e chega mais perto de uma missão de coletar competitivamente Dogoos. Uma coisa que pode preocupar jogadores que acompanham a série Neptunia e chegaram a jogar Neptunia Game Maker R:Evolution é que naquele jogo foi apresentado um minijogo de corrida, em que Nep utilizava sua moto para competir contra inimigos, mas que também era utilizada no mapa das dungeons do jogo.
Algo que pode se dizer a respeito do controle da moto em Game Makers Revolution é que ele simplesmente não é bom, e é muito mais um inconveniente do que algo que acrescenta na experiência do jogo como um todo. Felizmente, o controle da moto em Neptunia Riders é infinitamente mais responsivo e melhor no geral, especialmente se considerar que o level design é feito com ela em mente ao contrário dos mapas de Game Makers Revolution. Não que controlar Uzume na moto seja a melhor coisa do mundo, mas com certeza é no mínimo decente e exponencialmente melhor do que poderia ser se considerar seu antecessor.
O gameplay de Neptunia Riders VS Dogoo funciona da seguinte maneira: O jogador escolhe uma personagem para controlar e uma personagem que o auxiliará no embate contra os inimigos. A partir disso, o jogo o colocará em uma arena grande, repleta de Dogoos que deverão ser coletados até uma certa quantidade. Basicamente, quem conseguir chegar ao número estipulado primeiro vence. Soa bastante simples, mas o que deixa a gameplay interessante são os efeitos que Dogoos diferentes podem causar no jogador ou nos inimigos ao redor.
Alguns Dogoos podem dar buffs ou debuffs, e para se livrar das condições negativas, o Dogoo que está causando o efeito pode ser atirado em direção aos inimigos e o efeito será passado para ele. Alguns efeitos são mais interessantes do que outros, como o Dogoo rosa, que pode abrir passagens especificas no mapa, ou o Dogoo que diminui significativamente o tamanho da personagem, fazendo com que seja possível acessar áreas especificas no mapa.
No fim das contas, a duração das batalhas, a dificuldade geral do jogo e o tamanho dos mapas atrapalha muito qualquer uma dessas mecânicas a brilhar. A maioria das fases podem ser terminadas em menos de 2 minutos, algumas podem ser finalizadas em cerca de 50 segundos, além de serem tão fáceis que chegam até a perder a graça. O jogo tenta contornar um pouco isso dando desafios opcionais bem básicos, como completar a fase com uma só personagem ou em um tempo mínimo especifico, que no final também são bem fáceis mas dá uma sobrevida maior a essas mecânicas que podem parecer um tanto subaproveitadas.
Com esse intuito, o jogo também possui cosméticos que podem ser adquiridos ao trocar por pontos que são recebidos conforme partidas vão sendo jogadas. Não existe nada especial nesses itens, exceto o fato de que eles tentam ser engraçadinhos e fazem referências até interessantes a outros jogos, animes, etc.
O coração de Gameindustri
Deixar o jogador com uma sensação de “quero mais” não é nem de longe a pior coisa que um jogo pode fazer, no entanto, Neptunia Riders VS Dogoos é um jogo muito curto e que por conta disso acaba deixando um sentimento de potencial pouco aproveitado. Sem contar o tutorial, o jogo em sua totalidade possui 5 mundos diferentes, cada um com 3 fases e uma personagem desbloqueável na fase final de cada mundo. Isso nos dá um total de 15 fases diferentes com pelo menos 5 mecânicas únicas.
O que foi desenvolvido em Neptunia Riders VS Dogoo parece muito com uma ideia boba que alguém dentro do estúdio teve e decidiram transformar em um “jogo de verdade”. E na minha humilde opinião é o que os spin-offs de Neptunia deveriam ser, afinal existem diversas outras maneiras interessantes de satirizar a indústria de jogos enquanto outros gêneros e ideias são explorados.
Prós
- Estilo de gameplay interessante;
- Aproveita bem o que a série tem de melhor a oferecer.
Contras:
- Fácil demais;
- Fases terminam muito rápido;
- O jogo é muito curto e deixa um sentimento de potencial desperdiçado.
Nota Final:
6
