
Desenvolvedora: Technos
Publicadora: Arc System Works
Gênero: Coletânea, multi gênero
Data de lançamento: 24 de abril de 2025
Preço: R$ 89,95
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Arc System Works.
Revisão: Davi Sousa
Com o avanço dos jogos atualmente, muitas questões que antes eram apenas deixadas de lado em prol do que viria depois começaram a ser levadas mais a sério. Um destes aspectos, e possivelmente o meu favorito pessoal é a preservação de jogos! Videogames como um todo têm mais de quarenta anos de história, então é inegável que algumas coisas estavam infelizmente fadadas a ser esquecidas ou abandonadas.
As franquias River City/Kunio-kun e Double Dragon, duas franquias que narrativamente se passam no mesmo universo, sempre me interessaram, em parte por conta de sua narrativa e inspirações em filmes de lutas com artes marciais, mas minha sede de beat ‘em ups e jogos do tipo era saciada pela CAPCOM e SEGA com franquias como Final Fight e Streets of Rage. Por isso, um nome que eu nunca havia ouvido falar passou despercebido por mim até o final da minha adolescência: Technos. A Technos foi uma companhia de jogos focada em jogos de ação e aventura, essencialmente com um certo charme por trás, e eles foram os responsáveis pelas franquias que citei anteriormente, até a Arc System Works ter ativamente adquirido os direitos das mesmas após a Technos passar por uma crise econômica.
Para nossa sorte, a ArcSys viu potencial nas IPs da Technos e percebeu como o legado da mesma era importante; então, por isso, eles não só continuaram franquias como River City e Double Dragon até hoje (alguns com parcerias oficiais com a WayForward, desenvolvedora reconhecida pelos jogos Shantae), como também fizeram uma coletânea com as aventuras antigas das franquias, com Double Dragon & Kunio-kun: Retro Brawler Bundle tendo sido lançado ainda em 2020. Mas, para cada coletânea com várias adições, geralmente há uma sequência ou variante da mesma, como a CAPCOM e suas incontáveis coletâneas.
E esta “sequência” viria na forma de Super Technos World: River City & Technos Arcade Classics, uma coleção que engloba alguns jogos spin-offs – e até um RPG de River City, além de jogos clássicos da própria Technos, que variam de um jogo no estilo “party” ou até um jogo de ação baseado na “Jornada para o Oeste” que saiu muito antes de Black Myth Wukong. Mas será que essa coletânea justifica a sua existência, ou será que alguns jogos deveriam apenas ser memórias longínquas?
São essas e outras questões que irei responder nesta análise!
Doze jogos em um só pacote
Technos Arcade Classics segue o seu predecessor, que oferecia uma quantidade impressionante de dezoito jogos, mas dessa vez se controla para fornecer apenas doze; apesar do fato da redução poder ser vista como um demérito, entrarei na defesa desta coletânea pela sua proposta, pois ela reúne apenas os jogos paralelos de River City ou jogos menores da Technos, e isso ela consegue fazer bem.
A coletânea engloba alguns jogos lançados para arcade e outros que foram lançados para o Super Famicom (muitos dos jogos só foram receber localização neste lançamento, com dois ainda em japonês). A lista inclui:

River City Renegade
Lançado em 1992 para o Super Famicom e localizado pela primeira vez neste lançamento, o jogo é um RPG de ação com elementos de beat ‘em up, destoando um pouco do resto da franquia River City. Na história, Kunio e seus amigos partem para Osaka, onde acabam se envolvendo em uma briga de duas facções rivais, a “Aliança de Osaka” e a “União de Osaka”.

Kunio’s Dodgeball Time, C’mon Guys!
Lançado em 1993 para o SFC e também recebendo sua localização neste lançamento, se trata de um jogo de esporte baseado em queimada, com elementos comuns em jogos de luta, como especiais baseados em inputs. Durante o jogo, você pode alterar o seu time e usar mecânicas de nivelamento para aprimorar habilidades e até comprar ataques especiais novos.

Downtown River City Baseball Story ~Play Ball, Kunio!~
Com seu lançamento original em 1993 no Super Famicom, o jogo é um spin-off esportivo de River City, com base no baseball, é claro. Ele se inicia de uma forma interessante para uma entrada da franquia River City, pois Kunio está indisponível no começo do jogo; desta vez, o jogador controla Sugata, que se torna o capitão da nova equipe de baseball de sua escola.

Kunio’s Oden
Tendo aparecido pela primeira vez no Super Famicom em 1993, Kunio’s Oden é um jogo de puzzle que lembra jogos como Tetris e Panel de Pon. Em um festival escolar, Kunio desafia outros estudantes para uma competição de comida na barraca de alimentos de sua amiga Misako, tornando o que era para ser um pacífico festival no Colégio Nekketsu em uma competição com estudantes de outras escolas.

Super Dodge Ball
O primeiro jogo (e único) da lista a ser lançado para o NeoGeo da SNK também foi o último da Technos antes da crise econômica que a fez parar de trabalhar em jogos, em 1996. Seguindo uma estrutura parecida com Dodgeball Time, Super Dodge Ball é um jogo com estrutura arcade que coloca o jogador na pele de diferentes times de queimada, cada qual com membros que possuem diferentes golpes especiais.

The Combatribes**
Lançado para arcades e para o Super Nintendo/Super Famicom em 1990, o jogo se trata de um beat ‘em up único, sendo uma espécie de “sequência espiritual” da franquia Double Dragon na época. O jogo acompanha três protagonistas diferentes que o jogador pode escolher, os titulares Combatribes Berserker, Bulova e Blitz. Os três passam por diversos cenários urbanos, enfrentando delinquentes e até arremessando as motos de alguns motoqueiros malucos contra eles mesmos.

SugoroQuest++ ~DICENICS~
Lançado para o Super Famicom em 1994, este é um jogo de tabuleiro com mecânicas familiares para jogadores de Mario Party. Infelizmente, foi um dos dois jogos que não acabou localizado quando finalmente saiu para o Ocidente nessa coletânea.

DunQuest
Também lançado para o Super Famicom e também sem localização, DunQuest (também conhecido como DunQuest: Mashin Fūin no Densetsu) é um RPG de 1995 com uma narrativa sobre heróis enfrentando um demônio – desculpe, estava em japonês, então não entendi.

XAIN’D SLEENA
De volta no tempo para os arcades de 1986, XAIN’D SLEENA é um plataforma de ação com uma estrutura semelhante a jogos como Ghosts ‘n Goblins, mas com uma ambientação espacial. No jogo, controlamos um caçador de recompensas que se chama Xain, que é enviado a cinco planetas diferentes para enfrentar as criaturas que ameaçam o sistema.

CHINA GATE
Inspirado em histórias como a “Jornada para o Oeste”, CHINA GATE saiu nos arcades no ano de 1988. No jogo, você pode controlar dois icônicos personagens, Sun Wukong e Tang Sanzang, em sua jornada para recuperar uma antiga escritura que foi roubada.

SHADOW FORCE
O último exclusivo de arcades da lista e o último a ser lançado de tal forma, em 1993, SHADOW FORCE é um beat ‘em up sidescroll com uma pitada de aventura. Você pode escolher entre uma (ou duas no multiplayer) de quatro opções de heróis diferentes, cada um sendo um ciborgue ninja que deve enfrentar uma organização do mal… que também usa ciborgues ninja.
Notaram um padrão na maioria desses jogos? Fora o óbvio de que 80% deles são baseados em Kunio-kun/River City, quase todos eles são jogos com suporte a multiplayer, com exceção de DunQuest, que foi uma experiência complicada para mim devido à barreira de idiomas.
Ao todo, eu não diria que é uma lineup ruim de jogos, mas fica óbvio que eles realmente quiseram trazer algumas das obras mais esquecidas da Technos de volta com essa coleção. Ironicamente, os meus favoritos acabaram sendo jogos que remetiam a algumas coisas da minha infância. Seja beat ‘em ups como River City Renegade ou a queimada de Super Dodge Ball, eu via alguma coisa boa neles.

Mas é claro, existem pontos negativos que pretendo explorar eventualmente.
Esportes, bolas & tacos
Eu confesso que parte da minha experiência com alguns dos jogos foi prejudicada por não entender a premissa de início, e o maior culpado disto foi Downtown River City Baseball Story ~Play Ball, Kunio!~. Como alguém que cresceu ao redor de esportes mais populares sendo representados em jogos, como futebol, tênis e vôlei, eu me confundi muito com as mecânicas do jogo e acabei cometendo algumas gafes, como no vídeo abaixo:
Porém, a minha alergia aos esportes foi curada com ambos Kunio’s Dodgeball Time, C’mon Guys! e Super Dodge Ball, tanto por evocarem memórias da única coisa que eu gostava das aulas de educação física como também por serem jogos divertidos por seus próprios méritos. E é até poético pensar que a Technos foi à falência pouco após o lançamento de um desses jogos. Se permitirem a piada, eles saíram “queimados”.
Inserindo só mais uma piada desnecessária a pedido do meu editor, infelizmente com baseball o meu taco amoleceu e as bolas murcharam enquanto tentei jogar o jogo. Perdões a todos os fãs de baseball que acompanham o site!
Forever alone
Minha maior crítica com Super Technos World e como as keys do mesmo foram distribuídas é que, apesar de serem jogos que podem muito bem ser aproveitados sozinhos, parte da experiência (e ouso dizer, da diversão que dá para tirar) é poder juntar de 2 a 4 jogadores em diferentes cenários.
Se fosse uma coletânea apenas com jogos de luta ou apenas beat ‘em ups como os que a CAPCOM faz, eu entenderia, pois acredito que são jogos que, devido à estrutura de seu “Modo Arcade” e gameplay consigam sustentar uma gameplay solo média, mas no caso de Super Technos World, senti que isso deixou mais a desejar, especialmente nos jogos de esporte.


Tendo dito isso, não é uma coletânea ruim pelas suas opções, mas a falta de jogadores online, somada com a acessibilidade do menu não ser tão boa quanto em outras coletâneas, como a de Marvel vs. Capcom, a prejudica em um ponto de vista moderno. Odeio ficar comparando as duas empresas, mas sinto que a CAPCOM realmente fez um trabalho excelente em como dominar a arte de compilar os seus jogos em uma única coletânea.

Até breve, Kunio-kun
Respondendo à pergunta que fiz no início da análise, sim, eu acredito que todos os jogos, independentemente de sua qualidade, devam ser preservados, e por isso, Super Technos World só merece elogios. No entanto, a forma que esta coletânea usa para apresentar esses jogos e mundos e, infelizmente, a falta de uma presença online da mesma, me fazem ter certos problemas com a qualidade do pacote em geral.
Apesar disso tudo, eu me diverti bastante com três dos jogos presentes aqui, especialmente as pérolas que são Super Dodge Ball, Kunio’s Oden e Combatribes. E apenas por estes três jogos, eu consegui ter uma boa experiência solo, mas aceito jogarmos online, só me chamar antes.
Pros:
- Uma boa preservação de vários jogos de arcade e Super Famicom;
- • Doze jogos únicos que podem ser jogados individualmente ou com amigos;
- Acessibilidade com a localização de vários jogos nunca lançados antes para o Ocidente;
- Um ótimo custo-benefício, com doze jogos saindo por menos de 90 reais na eShop.
Contras:
- Menus menos acessíveis se comparado a outras coletâneas;
- Apesar da quantidade, os jogos não são tão divertidos de se jogar sozinho, com presença online minúscula;
- Dois dos doze jogos sequer foram localizados.
Nota
6
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