
Desenvolvedora: Compile Heart
Distribuidora: Idea Factory International
Data de lançamento: 03 de Agosto, 2021
Preço: USD$ 29,99
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Idea Factory International.
Se aventure e abrace a mitologia fantástica de Dragon Star Varnir, o JRPG da Compile Heart recém-chagado no Nintendo Switch que se passa em um mundo de fantasia medieval trazendo em sua trama o embate de gerações entre os cavaleiros do reino e as profanas bruxas! No jogo, nosso protagonista Zephy é um cavaleiro que acaba sendo atacado por um dragão, os monstros desse mundo, e posteriormente resgatado por bruxas.
Venha conhecer as delicadas e perfeitamente equilibradas forças hostis que regem o mundo de Dragon Star Varnir, e mudar o rumo das coisas com suas próprias mãos. Fiquem com nossa análise!
Bruxas e Mitos

Após o resgate, as bruxas, que estão atrás de uma de suas companheiras, resolvem curá-lo para usar como moeda de troca. O problema é que as feridas causadas pelo dragão foram intensas e ele não seria capaz de sobreviver nem mesmo com magia de cura. Elas então tomam medidas desesperadas, dando a ele sangue de dragão, liquido que possui a propriedade de curar bruxas mas não costumam possuir efeito em humanos. Nesse momento o destino de todos eles muda para sempre, pois além de o sangue servir como cura, também despertam poderes adormecidos de bruxa em nosso protagonista.
Embora as Bruxas sejam bastante inofensivas por si só, elas são amplamente odiadas nesse mundo e por isso caçadas até a beira da extinção. Em um primeiro momento, a impressão que o a história passava era de que as bruxas eram fruto de preconceito basicamente e que eram caçadas sem motivos, apenas por serem as únicas usuárias de magia daquele local, mas a realidade não é bem essa…
Como já se espera de Dragon Star Varnir, todos os monstros nesse mundo são dragões, desde os mais fracos e comuns até os grandes e monstruosos chefes. A grande sacada é que, para sobreviver bruxas, precisam da carne desses seres, porém, quanto mais elas são expostas a tal alimento, mas elas alimentam seus dragões interiores, e eventualmente acabam mortas por eles de dentro pra fora. Assim que nasce um dragão, se tornando parte do ciclo da vida, e justificando sua relação com as bruxas. Em suma, elas são basicamente chocadeiras para dragões.
Ao saber disso, você como nosso protagonista deve trabalhar para procurar uma maneira de voltar ao normal enquanto conhece cada vez mais sobre a cultura das bruxas pela ótica do outro lado. Cheio de desconfiança, mas sem ter como retornar aos cavaleiros agora que seus poderes de bruxa acordaram, resolve cair de cabeça nessa aventura.
Personagens

Nosso protagonista Zephy está bem dentro dos padrões de personagens de JRPG. Ele é objetivamente bom, possui forte senso moral e de dever. Nossa aliadas também se encaixam bem nos estereótipos de anime, enquanto Minessa seria a garota mais despreocupada e gentil com o protagonista, Karikaro é uma tipica Tsundere, personagem que força indiferença e hostilidade para esconder a ternura, e Laponette que é a típica garota tímida, mas que se mostra decidida quando necessário. Infelizmente eu tenho problemas com essas personagens. Além de serem inerentemente bondosas demais mesmo com alguém que minutos atrás teria as exterminado sem hesitar, elas são bastante superficiais.
Veja bem, esse jogo foi feito pelos mesmos desenvolvedores e se encontra na mesma linha (embora não no mesmo universo) de Death end re;Quest, jogo no qual fiz a analise alguns meses atrás. Nele, boa parte das personagens seguem essa mesma linha de não serem personagens incrivelmente profundas, mas isso se deve ao fato de elas serem orginalmente NPC´s de um jogo que adquiriram consciência. Então personalidades básicas com desenvolvimentos lentos funcionam muito bem lá, mas não aqui.
Para Dragon Star Varnir, isso parece muito fora de lugar, além delas viverem vidas extremamente difíceis, serem responsáveis pelas bruxas mais novas e serem constantemente caçadas, elas raramente demonstra alguém tipo de trauma, desconfiança ou sentimentos fortes sobre a situação em um geral. No fim das contas elas caem no típico estereotipo de personagens femininas em muitos JRPG, sem ao menos tentar criar uma profundidade por trás disso como na entrada citada acima. Além das personagens Bruxas, temos outros núcleos em volta dos quais a história se desenvolvem. No entanto de maneira geral seus personagens são ainda mais rasos sendo mais representantes das ideias de seus grupos.

Algo que Dragon Star Varnir faz muito bem, é criar uma ambientação para o mundo em que se passa, integrando bem o ambiente à sociedade apresentada, e ao seus grupos. O primeiro deles seriam as Bruxas que vivem isoladas e escondidas em florestas encantadas. O segundo, são os já citados Cavaleiros que trabalham para o rei e tem como objetivo defender as pessoas dos dragões e bruxas. O terceiro grupo são os “Ravens“, um grupo de mercenários que foca no abate de ladrões e não mede escrúpulos para conseguir partes de dragões. Isso se deve ao fato de que são capazes de transformar partes de dragão em armas mágicas. Tais armas são de grande valor, tendo em vista que os únicos capazes de usar magia real nesse mundo são as bruxas.
O atrito e as relações entre esses grupos é feita de maneira orgânica e cada um deles sempre está de olho em seus objetivos e atento aos outros grupos, dando um senso realista e dinâmico nessas estruturas políticas por assim dizer. Sendo que seria fácil pela proposta da história tornar um grupo a obsessão do outro sem outros objetivos maiores ou desenvolvimento. Então, de certa forma o que essa obra falha no micro dos personagens acaba tendo sucesso no tênue equilibro social.
Profecia

Caso você tenha visto qualquer anime de fantasia medieval do tipo que é lançado toda temporada, você já tem uma noção da estrutra da história de Dragon Star Varnir. Cada capitulo do jogo possui um objetivo especifico, como se fosse um pequeno arco, e culminam numa dungeon. Esses objetivos variam entre resgatar uma bruxa, impedir e confrontar inimigos, caçar dragões, procurar uma cura para as bruxas e por ai vai, sendo que alguns aliados são conquistados durante a história.
Fora a trágica e interessante mitologia da associação das bruxas com os dragões, não existe nada de muito inovador para se ver aqui, ainda assim é uma história extremamente agradável de se acompanhar. É o tipo de jogo para qualquer otaku que queira apenas uma história simples mas divertida e vale a pena para fãs do gênero.
Vamos voar!

Uma grande marca das bruxas desse mundo, e arriscaria dizer de boa parte da cultura pop, é a capacidade delas de voar! Aqui as já características vassouras são substituídas pelas lanças e armas de haste longa, além do protagonista que usa uma espada imensa para surfar. Além de tornar o visual dos personagens mais descolado, você pode usar essa função para se locomover mais rápido de um local para o outro, mas a principal aplicação dessa mecânica e diferencial desse jogo é a no combate.
O jogo oferece um combate simples de turno, a diferença é que graças a mecânica de altura existem três níveis para voar, suas habilidades possuem alcance tanto vertical quanto horizontal e isso adiciona, literalmente, uma dimensão a mais ao combate. irão existir situações de inimigos estarem em zonas extremamente opostas, existirão inimigos que ocupam mais de um espaço seja para cima ou para os lados, tornando muito importante o uso correto das skills adequadas.
Além disso algumas habilidades irão mover seus inimigos de um local para o outro, como por exemplo empurrar uma zona para baixo ou para o lado, assim você pode se aproveitar dessas habilidades para alinhá-los e acertar suas melhores skills fazendo uso consciente de sua mana.
A outra mecânica diferenciada de combate desse jogo é a “Devour”, uma classe especial que todas as Bruxas possuem. Quando essas habilidades forem ativadas elas possuem uma taxa de acertar um golpe que executa instantaneamente. Quanto mais próximo da morte o alvo estiver, mais alta a porcentagem, alguns outros pequenos fatores também poderão alterar a taxa como a habilidade especifica sendo utilizada, o nível, os acertos críticos, entre outros.

Além disso, todos os personagens possuem uma barra chamada “Dragon Gauge” conforme o personagem batalha essa barra se enche. Quando o Dragon Gauge se encher completamente uma transformação chamada Dragon Awakening irá ocorrer. Além de seus golpes ficarem exponencialmente mais poderosos, uma habilidade nova de Devour será disponibilizada, tendo uma chance maior de ter sucesso. O ponto principal de usar habilidades Devour, além de claro abates instantâneos oportunos, é que um inimigo abatido por elas irá conceder um Dragon Core.
Esconderijo e Núcleos

O personagem que abateu o inimigo ira receber o Dragon Core, e ao gastar alguns pontos para abri-lo, o jogador poderá desbloquear novas habilidades. Graças à isso, todos os personagens se tornam bastante versáteis podendo ser buildados de diferentes formas. Pois possuímos as passivas, mágicas e físicas, e é importante escolher em qual delas você gostaria que seu personagem fosse um mestre. Além desse sistema que é o mais diferente e interessante, temos diversos outros mais comuns do gênero, como alquimia, compra e venda de itens, um mural de quests, equipamentos poderosos, entre outros.
Destaques para o sistema de convocar dragões a partir de elixires, que ao elimina-los boas recompensas lhe serão concedidas, e para um outro voltado para exploração: cada bruxa possui uma habilidade de campo, para se usar fora de batalha, quebrar barreiras, retirar selos, escapar da dungeon, entre outros.
A beleza fantástica

O jogo é muito bonito em um geral, a maior parte se comporta como uma visual novel, com lindas e diversas artes de todos os personagens, nas dungeons, os modelos 3D são simples mas satisfatórios. O port em si para o Nintendo Switch não deixa a desejar de forma geral, mas é possível notar quedas de fps durante a exploração, isso em suma não atrapalha em nada, mas pode incomodar os mais atentos a taxa de quadros. A qualidade também fica reduzida na versão portátil como de padrão, mas as artes da parte novel do jogo continuam lindas. O design de personagem e level design bonito e muito criativo ajudam bastante a fazer do jogo um lugar aconchegante.
A música não tem nada de muito especial, mas ainda assim é extremamente prazerosa de se ouvir. São músicas que poderiam ambientar qualquer RPG medieval e embora não sejam um destaque são bem posicionadas de acordo com as cenas e a necessidade do jogo.
Monte seu dragão!

Embora Dragon Star Varnir seja uma experiência simples, ela ainda é feita com muito carinho e atenção ao detalhe, e mesmo possuindo alguns elementos mais genéricos do gênero consegue trazer diversas ideias criativas e inovadoras.
O combate é o ponto alto, extremamente divertido e estiloso, sendo que mesmo após horas seguidas do mesmo combate ele se não se torna cansativo, já que cada batalha é única graças a possibilidade de formação dos inimigos em 3 andares. Fora o Devour que possui uma chance que sempre trará um pouco de fator sorte para a batalha. De uma maneira geral recomendo essa obra para os amantes de JRPG e entusiastas desse tipo de anime pois é o jogo que eles sempre sonharam, eu incluso.
Prós:
- Ambientação bem convidativa para entusiastas
- Combate criativo e denso
- História simples, mas coesa
Contras:
- Quedas de taxa de quadros
- Personagens rasos
- Mecânica de voo poderia ter sido melhor explorada fora do combate
Nota Final:
8
- Pokémon GO: Safári Urbano em São Paulo, um sonho realizado! - 10/12/2024
- Review | Monospaced Lovers - 12/11/2024
- Review | Eternights - 29/10/2024