
Desenvolvedora: Tose
Publicadora: Square Enix
Data de lançamento: 13 de Dezembro, 2022
Preço: R$ 249,90
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Square Enix
Revisão: Marcos Vinicius
Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion chega ao Nintendo Switch para encerrar o ano de 2022 da Square Enix. O clássico título de PSP foi atualizado, com visuais melhorados e um novo sistema de combate que melhora em muito o que já era uma experiência memorável. Após Final Fantasy VII (a versão clássica) chegar ao Switch, é hora dos donos da plataforma conhecerem a história do homem que salvou Cloud Strife.
Uma reunião que não é bem uma reunião

Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion é um pseudo-remaster de Crisis Core: Final Fantasy VII, um título lançado para o Sony PlayStation Portable em 2007. Isso significa que o mesmo conteúdo do original está disponível aqui, exceto com visuais melhorados e inspirados em Final Fantasy VII Remake, disponível nas outras plataformas do mercado.
Mesmo que a sua base esteja toda presente, Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion não pode ser considerado um remaster. Sua jogabilidade, um dos pontos negativos do original, foi totalmente reformulada, aproximando-o mais do recente “remake” de Final Fantasy VII. O que se pode admitir, é que esta é a versão definitiva de se experimentar Crisis Core, graças às melhorias introduzidas neste lançamento.
Zack Fair, o SOLDIER de primeira classe esquecido

A premissa da narrativa de Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion é no mínimo curiosa e intrigante. Um jogo inteiro cujo protagonista fosse Zack Fair, o amigo de Cloud Strife que salvou o futuro herói e era um dos seus modelos de idealismo em relação aos membros da SOLDIER, o esquadrão de elite da corporação Shinra.
A ideia de fazer um título dedicado a Zack é interessante por um motivo importante, sua presença em Final Fantasy VII. No jogo de PlayStation 1, Zack Fair é apenas mais um dos muitos NPCs que existem no mundo do game. Curiosamente, o personagem está morto durante a aventura do título e apesar de ele ser importante para a história de Cloud, Zack só está presente em duas cutscenes em todo o jogo, com uma delas sendo secreta e que muitos jogadores acabam não assistindo por estar bem escondida.
A cutscene que a maior parte dos fãs estão acostumados com o personagem de Zack, é um importante flashback de Cloud. Inicialmente, a ideia com Crisis Core era exatamente a de expandir tal flashback, além de introduzir mais um pouco a amizade entre os dois personagens e o relacionamento de Zack com Aerith, outra personagem importante da história de Final Fantasy VII. Por conta de limitações do UMD, a mídia do PSP, a ideia foi modificada, com a história passando a ser sobre a jornada de Zack em se tornar um herói.

Como tal, Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion, foca na vida de Zack durante um período antes do início de Final Fantasy VII. A ideia serve para mostrar uma visão diferente, mas familiar, para os fãs do título de PS1. Por ser uma prequel da narrativa do famoso RPG, podemos encontrar muitos lugares do clássico sobre um novo olhar, além de reencontrar rostos famosos com novas aparências e observar a empresa Shinra, de um novo angûlo, dessa vez como aliados em vez de uma corporação maligna que só se preocupa consigo mesmo.
Zack é um membro da SOLDIER, um esquadrão de elite dentro do exército da Shinra que se divide em classes. Começando como um soldado de escalão médio, seu sonho é um dia chegar à primeira classe e se tornar um herói. O jovem é mentorado por Angeal, um poderoso e honrado SOLDIER 1st class que lhe ensina importantes lições que Zack carrega por sua vida.
Após ajudar a Shinra a vencer a guerra contra o país rebelde de Wutai, Zack se vê preso em uma conspiração dentro do próprio SOLDIER. Genesis, um SOLDIER 1st class, trai a companhia, se rebelando contra seus antigos aliados e começando o que parece ser uma guerra. Zack é forçado a entrar nesta nova guerra, onde ele conhece novos aliados, como os Turks, o grupo de inteligência especial da Shinra, e até mesmo o mais famoso SOLDIER vivo, Sephiroth, antes dele se tornar o vilão icônico da franquia Final Fantasy.

A narrativa de Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion é um dos pontos fortes do game. Apesar de ser uma prequel, ela pouco menciona seu material original, sendo algo que pode ser aproveitado sem experiência prévia de Final Fantasy VII. Zack é um protagonista muito bom, possuindo personalidade que chama a atenção durante as cenas e mostrando bem uma evolução conforme a história avança. As interações do herói com outros personagens é um dos pontos fortes da trama, com as reações e respostas do protagonista e dos outros ajudando as cenas a ter um impacto a mais e ficar na memória do jogador.
O elenco de suporte também é muito bom. Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion brilha quando utiliza os velhos personagens de Final Fantasy VII de novos jeitos. Aerith e Cloud aparecem mais novos e com personalidades bem diferentes do encontrado no original, brilhando nas cenas graças a esse novo olhar. Sephiroth é a chave de ouro aqui, sendo bem mais explorado do que no título original. Podemos ver aqui um personagem com uma nova faceta, a de um homem que sabe ser gentil e se encontra preso a suas incertezas e dúvidas, um total contraste com suas outras aparições.
O presente da Deusa

Assim como a narrativa é um dos pontos fortes de Crisis Core Final Fantasy VII Reunion, ela também consegue ser um de seus maiores defeitos. Alguns dos principais problemas estão relacionados aos novos personagens introduzidos na trama e como suas adições fazem retcon a um dos eventos mais importantes de Final Fantasy VII.
O vilão de Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion, é Genesis, um ex-membro do SOLDIER. Seu design foi feito por Tetsuya Nomura, responsável pelos designs de icônicos personagens da série. Genesis teve seu rosto baseado em Gackt, um famoso cantor japonês que fazia sucesso durante os anos 2000. O personagem é aquele que move a narrativa do título com suas ações de rebeldia contra a Shinra, e é o responsável por muitos dos eventos que resultam na aventura vista em Final Fantasy VII.

O vilão, entretanto, é um dos personagens mais odiados pelos fãs, por sua incansável repetição do poema LOVELESS, uma peça criada dentro do universo do jogo. Além disso, Genesis não possui muita personalidade, algo que é compartilhado com Angeal, outro novo personagem que acaba ganhando um foco enorme da história por sua relação com Zack. Sendo alguém que coloca honra acima de tudo, Angeal é o melhor amigo de Genesis e até chega a se aliar com ele, mas a dinâmica logo morre rápido e ele se reduz para um papel de mártir, que se torna chato após alguns capítulos.
O outro grande problema da narrativa do jogo é seu pacing. Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion é um jogo curto, contendo 10 capítulos. Seu tamanho acaba por impactar bastante em como a história é contada. O relacionamento entre personagens avança rápido demais e não existe muito espaço para desenvolver as relações entre certos personagens. Os eventos também são bem diretos e tudo corre sem oferecer chances para explicar melhor as nuances da narrativa. Tirando algumas poucas exceções, fica até difícil de imaginar que a história do título se expande por vários anos, uma vez que é bem difícil de observar reais mudanças visuais que indique uma passagem de tempo visível.
ACTIVATE COMBAT MODE

Em seu lançamento original, um dos pontos mais criticados de Crisis Core: Final Fantasy VII era seu sistema de combate. O título buscava ser um pseudo RPG de ação com uma grande limitação nas ações de Zack de forma a recriar a experiência das batalhas de Final Fantasy VII, só que mais ativo.
Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion muda isso completamente, adotando finalmente o sistema de um RPG de ação. A movimentação de Zack foi melhorada e o protagonista agora pode realizar combos com seus ataques e habilidades. Os ataques em si se tornaram bem mais dinâmicos e a esquiva recebeu algumas mudanças que a tornaram mais útil ainda. As diferenças fazem com que seja extremamente recompensador participar dos duelos.
As materias, os itens especiais de Final Fantasy VII que concedem habilidades e magias aos personagens, sofreram uma reformulação aqui, podendo ser acessadas com um toque de botão. Assim, fica bem mais fácil realizar ações como utilizar magias ou ataques especiais enquanto está no meio da ação.

A nova versão do título ainda mantém algumas das ideias únicas de jogabilidade do lançamento original. O Digital Mind Wave retorna aqui, ainda com as mesmas regras. Esta mecânica é basicamente uma roleta que fica ativa durante as batalhas, com seus resultados podendo oferecer bônus para Zack, como buffs e Limit Breaks.
Tendo sido inspirada em máquinas de cassino, a mecânica do DMW é interessante, porém, irritante dependendo do momento. Tudo ligado ao sistema de combate, está interligado a roleta, isso inclui o level up de Zack e de suas materias. Existe uma barra invisível de exp que influencia no resultado do DMW (um triplo 7) para conseguir um nível, mas as materias, buffs e limit breaks ocorrem de forma aleatória, o que em não pode ser útil em alguns casos.

Elevar o nível das materias ajuda a deixá-la mais forte e afeta o sistema de fusão. Introduzido na versão original de Crisis Core, é possível combinar materias para conseguir outras ainda mais poderosas, expandindo o leque de opções de ataques e magias de Zack.
O sistema de DMW, porém, tem suas funcionalidades. Removê-lo iria não apenas retirar o que faz o combate de Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion ser único, como também iria impactar bastante o final do game, que utiliza a mecânica de forma magnífica para finalizar o que já é um evento final que fica marcado para sempre na memória de quem testemunhou.
Um trabalho a mais da Square Enix

Crisis Core: Final Fantasy VII era considerado um dos games mais bonitos do PSP. De fato, a Square Enix poderia apenas ter atualizado as texturas do jogo para HD e melhorado a resolução e tudo já estaria perfeito. A empresa decidiu ir além, utilizando assets e efeitos visuais e sonoros de Final Fantasy VII Remake para oferecer uma versão ainda mais bonita do icônico título portátil.
A melhoria gráfica é extremamente notável aqui, com Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion parecendo ser um título bem diferente de sua versão original. Como mencionado, a Square Enix decidiu utilizar assests já criados para Final Fantasy VII Remake, assim esta versão do clássico de PSP se parece bastante com o recém lançado RPG da companhia.
Desde seus modelos de personagens, com visuais atualizados, até menus atualizados e mais modernos. Este game passa uma boa vibe de Remake-lite, o que é bastante irônico. Um dos principais pontos esperados pelos fãs na época do lançamento original de Crisis Core: Final Fantasy VII, era conferir como estariam os locais e personagens de Final Fantasy VII em gráficos melhores.

Algo precisa se deixar bem claro, contudo, sobre essa melhoria de visual. Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion foi feito na Unreal Engine 4 com assets de Final Fantasy VII Remake, porém, mesmo com esta reutilização, seus visuais não chegam ao mesmo nível do encontrado no game de 2020. O que é esperado, visto que este título foi feito para rodar em plataformas com menos poder, como o Switch. Ainda assim, o jogo é bonito.
A parte sonora recebeu algumas melhorias, em especial as músicas. A trilha sonora de Crisis Core: Final Fantasy VII foi composta por Takeharu Ishimoto, um compositor que trabalhou nas músicas de alguns jogos que fazem parte do universo de Final Fantasy VII. As melodias do jogo de PSP são uma mistura de remixes de temas presentes no RPG com novas criadas especialmente para a aventura, e são de um todo modo, muito boas.
Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion utiliza remixes das músicas presentes na trilha original. Ishimoto foi convidado para trabalhar na mixagem dos temas e o resultado final é muito bom. As novas versões das músicas mantém a mesma sensação de suas originais, animando duelos e sendo delicadas nos momentos que a narrativa precisa.
A crise tem seus pontos baixos

A versão original de Crisis Core: Final Fantasy VII foi produzida para um aparelho portátil que possuía uma quantidade limitada de memória em sua forma física. Assim, enquanto seus elementos principais, apresentação e narrativa, foram bem trabalhados e receberam uma atenção a mais dos desenvolvedores, o resto de seu conteúdo é onde podemos sentir uma falta de um carinho extra.
Por ser um jogo de PSP, as áreas são bem curtas e com pouca exploração. Com designs simples e reutilizando bastante assets, o game não é visualmente distinto e não oferece muito incentivo para aqueles que gostam de descobrir segredos enquanto exploram um mundo novo.
Seu conteúdo adicional também é pífio. Além de avançar na história, o jogador pode cumprir missões adicionais que são desbloqueadas conforme se avança na narrativa. Infelizmente, tais desafios secundários são resumidos a um só tipo, enfrentar um inimigo ao final de um pequeno corredor. Não há variedade de missões e a reutilização de cenários e inimigos é algo que mostra as limitações da plataforma original que Crisis Core: Final Fantasy VII foi desenvolvido.

Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion tinha a chance de consertar ambos estes problemas. Infelizmente, ambos continuam presentes aqui, visto que a Square Enix decidiu não mudar nada vital do título. Como o Switch possui opção de handheld, não fica tão estranho esse tipo de jogo, mas para um produto que foi lançado para consoles de mesa, faltou um pouco de interesse da desenvolvedora japonesa para adaptá-lo melhor para as novas plataformas.
A nova versão também tem seus próprios problemas pessoais. O primeiro envolve a nova iluminação do título. Sendo reutilizada de Final Fantasy VII Remake, ela não combina muito bem com o estilo de arte original de Crisis Core: Final Fantasy VII. Cenários ficam escuros demais e outros elementos visuais ficam mais pesados, tirando assim um pouco do charme que a versão original possuía.

A segunda parte é em relação a dificuldade do game. Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion introduz algumas novas mecânicas, que são desbloqueadas ao avançar na história, que ajudam a restaurar vida e energia para Zack. São pequenas coisas que podem ser abusadas para dar uma relaxada na dificuldade do título. Também é possível recomeçar batalhas do mesmo ponto onde foi derrotado, sendo possível até mudar seus equipamentos e materias, o que é mais uma garantia de que morte não é uma grande punição.
Por fim, existe um ponto que é preciso mencionar, já que ele fez bastante burburinho nas redes sociais, a dublagem. Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion, passou por um trabalho de redublagem para utilizar o elenco de dubladores introduzidos em Final Fantasy VII Remake. A dublagem original é um dos pontos mais memoráveis de Crisis Core: Final Fantasy VII e enquanto os novos dubladores não são de todo ruim, o trabalho aqui deixa um pouco a desejar em relação a certos personagens e cenas.
A honra de um SOLDIER que poderia ter sido mais respeitada
Crisis Core —Final Fantasy VII— Reunion é uma boa experiência com o nome da série Final Fantasy. Expandindo ainda mais o universo de Final Fantasy VII, o game tem seus altos e baixos, com uma narrativa que busca introduzir jogadores a um personagem bem importante para a narrativa do clássico de PS1.
Existem alguns pontos negativos aqui, a maioria sendo resquícios de suas origens no PSP, mas, se você conseguir enxergar além delas, vai encontrar um jogo bem divertido. Para aqueles que jogaram o original, vale a pena experimentar a nova versão para conferir seu novo sistema de batalha, mas para quem nunca teve a oportunidade de jogá-lo, esta é a forma ideal de fazê-lo.
Prós:
- Combate atualizado e melhorado;
- Visuais receberam uma boa melhoria;
- Zack continua sendo um personagem bem legal de se acompanhar;
- É a versão definitiva de CC até o momento.
Contras:
- Limitações do PSP continuam presentes aqui;
- Iluminação e outros efeitos visuais do remake tiram o charme único da versão original;
- Não existem novidades significativas para aqueles que jogaram o original.
Nota:
8,5
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