
Desenvolvedora: Nihon Falcom
Publicadora: NIS America
Data de lançamento: 14 de março, 2023
Preço: R$ 209,99
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia gentilmente cedida pela NIS America.
Revisão: Marcos Vinícius
Alguns meses após o lançamento de seu predecessor, The Legend of Heroes: Trails to Azure chega ao Nintendo Switch, fechando assim a duologia de Crossbell. Com o jogo finalmente chegando ao ocidente mais de 10 anos depois, um capítulo importante da saga de JRPG da Nihon Falcom é finalizado e agora os donos da plataforma híbrida estão um pouco mais preparados para o que o futuro da série Trails lhes prepara.
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As preparações para o futuro
Sendo uma sequência direta de The Legend of Heroes: Trails from Zero, esta aventura coloca os jogadores bem na ação, com sua primeira hora sendo dedicada a amarrar as pontas soltas do enredo anterior. Aqueles que jogaram Trails from Zero irão novamente se encontrar na pele do detetive Lloyd Bannings, o líder da Special Support Section, também conhecida como SSS.

Este talvez seja um momento bem importante de mencionar isso: É essencial que você tenha ao menos jogado Trails from Zero antes de entrar em Trails to Azure. Ele não apenas é uma continuação direta, como muitos dos eventos e personagens que aparecem em Trails from Zero são referenciados várias vezes. No entanto, Trails to Azure até oferece um resumo da narrativa de seu antecessor, e é até possível aproveitá-lo sem ter jogado Trails from Zero, embora a narrativa fique mais interessante tendo experimentado o título anterior. Sem mencionar que o resumo deixa algumas pequenas coisas de lado.

Trails to Azure em si começa meses após seu antecessor. Dessa vez, uma nova ameaça paira sobre o estado de Crossbell e a SSS recruta novos membros para ajudar com o seu trabalho e a proteger o local. Os novatos são: Walzy Hemisphere, o líder de uma das gangues locais – que se interessou pelo trabalho após a aventura anterior – e Noel Seeker uma das oficiais da Crossbell Guard Force, convidada pelos membros da SSS para fazer parte do grupo.
Os dois, junto com o quarteto original (Lloyd, Elie, Randy e Tio), acabam se vendo em uma grande artimanha realizada pela misteriosa organização Ouroboros que mira Crossbell como um todo. Além da sociedade secreta, o chanceler do império Ereboniano, Giliath Osborne, também possui seu próprio interesse pessoal no estado e traz consigo uma série de problemas que a SSS vai precisar lidar, incluindo o tio e prima de Randy, líderes da força mercenária conhecida como Red Constellation.

Apesar de pertencer a duologia Crossbell, a narrativa de Trails to Azure serve como o primeiro passo para avançar os eventos que viriam a ocorrer nos próximos jogos da série Trails. O início da aventura em Trails to Azure corresponde com um outro game da série, The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel, o próximo título na ordem de lançamento da série.
Cronologicamente, Trails of Cold Steel começa logo após o final de Trails from Zero, com Trails to Azure ocorrendo meses após o início de Cold Steel. Um dos principais eventos na primeira parte da história de Trails to Azure – A conferência de Zemuria – é mencionada durante a reta final de Trails of Cold Steel. O príncipe Oliver, do império Ereboniano, faz referência aos eventos da guerra cível prestes a acontecer em Erebonia, algo que ocorre no final de Cold Steel. Existe menções a escola militar de Thors, o local do próximo jogo e para a nova versão de Trails to Azure, a Falcom até mesmo incluiu Towa, uma das personagens de Cold Steel, como uma das NPCs durante a conferência, uma vez que ela explica no próximo jogo que ela foi convidada a fazer parte do evento.
Aqueles que jogaram Trails of Cold Steel podem tirar um proveito extra de Trails to Azure. Observando alguns eventos por uma outra visão é algo que pode ser apreciado apenas neste título dentro todos os games da série, mostrando assim a importância que esta história tem no contexto geral da narrativa.
Supere a barreira, novamente
O sistema de batalha de The Legend of Heroes: Trails to Azure é similar ao seu antecessor. O game é um JRPG de turnos onde até quatro personagens participam das batalhas, com cada um podendo utilizar crafts (habilidades especiais), magias e ataques normais. Os membros restantes funcionam na reserva, podendo realizar uma ação especial uma vez ou outra durante as batalhas.

Existem duas novidades para o sistema de combate, com a primeira sendo a adição do Burst. Sendo restrito a certos momentos da aventura, uma terceira barra aparece, sendo preenchida conforme ações são realizadas nos combates. Ao se preencher, é possível apertar um botão e ativar o Burst, que concede bônus para o grupo em uma batalha e dura uma quantidade exata de turnos.
Já a segunda novidade é o Master Quartz. Sendo um Quartz especial que é equipado em cada personagem, concedendo bônus em seu status. O Master Quartz pode subir de nível, desbloqueando bônus melhores além de magias mais poderosas, como a Master Arts, que pode ser extremamente útil graças às suas opções ofensivas e defensivas.

Assim como Trails from Zero, a nova versão de Trails to Azure chega com diversas melhorias na sua jogabilidade, como fast foward e auto-save. O sistema de batalha, contudo, não sofreu grandes mudanças e teria sido o momento ideal para adicionar uma opção de batalha automática a fim de evitar os confrontos aleatórios que podem acontecer bastante dependendo do local.
Os altos e baixos de Trails to Azure

The Legend of Heroes: Trails to Azure foi originalmente lançado para o PSP em 2011 apenas no Japão. O relançamento continua utilizando seu visual original, por isso, ele pode ser visto como algo meio ultrapassado, especialmente para aqueles que jogaram primeiro os títulos da saga Cold Steel.
Utilizando uma mistura de modelos 2D de personagens com cenários 3D, o título possui um estilo visual remanescente de clássicos da década de 90. É possível rotacionar a câmera e as diversas cenas do game utilizam vários efeitos para dar um toque a mais nos momentos que requerem mais ação.
Efeitos sonoros e dublagens funcionam até que bem para o game, com dublagem em japonês estando disponível para os diálogos. A trilha sonora é boa e possui músicas que ficaram marcadas na memória de quem experimentou o título.

Por ser um relançamento, de um título antigo, Trails to Azure possui problemas. Alguns pequenos problemas que presentes no jogo original foram corrigidos, como a opção de diálogo automático, porém, outros continuam aqui presentes. Jogando no modo handheld, jogadores podem experimentar slowdowns em certos momentos aleatórios além de alguns pequenos erros de tradução.
Assim como em outros jogos da franquia, o ritmo da narrativa é um ponto desapontante. The Legend of Heroes: Trails to Azure é um jogo lento que requer bastante paciência e que o jogador gosta de ler bastante, uma vez que muitos diálogos do game são longos e a exposição da narrativa acontece de forma lenta e geralmente acompanha por enormes paredes de texto.
O primeiro passo para o futuro

The Legend of Heroes: Trails to Azure termina a duologia Crossbell de forma magnífica, preparando o terreno para os próximos capítulos da saga Trails. Com sua chegada ao ocidente, os fãs finalmente possuem todos os jogos principais da franquia traduzidos oficialmente, permitindo um melhor entendimento de todo o enredo da série.
Infelizmente, não é possível recomendar esse game aos novatos. Ter jogado o Trails from Zero é essencial para poder aproveitá-lo em todas as suas nuances. Para aqueles que o esperava, contudo, vão encontrar um bom JRPG cujo problemas tem haver com o seu ritmo e narrativa arrastada.
Pros:
- Boa narrativa;
- Sua jogabilidade continua legal;
- A adição dos novos membros da SSS dá uma dinâmica interessante as interações do grupo
- A Trilha sonora é um dos pontos altos aqui.
Contras:
- A narrativa arrasta demais, sendo um problema cronico da franquia.
- Poucas mudanças significativas na jogabilidade;
- Slowdown em certos momentos.
Nota Final:
8