
Desenvolvedora: Nintendo
Publicadora: Nintendo
Data de lançamento: 21 de junho, 2023
Preço: R$ 149,00
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Nintendo.
Revisão: Davi Dummont
Qual seria a melhor forma de antecipar o tão aguardado lançamento de Pikmin 4 se não por um lançamento surpresa dos dois primeiros títulos da série, tão clássicos do GameCube?
Desapontando quem esperava um lançamento surpresa de uma das sequências de Metroid Prime, alegrando o dia dos poucos, embora crescentes, fãs da série Pikmin e surpreendendo virtualmente a todos, os ports já estão sendo amplamente discutidos online por conta de sutis mudanças na versão do Nintendo Switch.
Nesse sentido, após ter finalizado a versão HD do primeiro jogo, trarei algumas impressões voltadas ao trabalho do port, especialmente, providenciando certa retrospectiva e argumentando para quem o jogo se apresenta. Sem mais delongas, partamos rumo ao desconhecido e ao estranho do inóspito espaço.
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Das diversas vezes que busquei comentar a respeito de Pikmin em artigos passados, busquei sempre resgatar a memória dos jogos do GameCube. Primeiro porque nunca acreditei em um port como o que recebemos, e segundo porque precisamos, a todo custo, resgatar e preservar a memória da mídia de jogos. Digo isso porque, apesar do relativo fracasso do GameCube, muitos de seus jogos foram preservados em novas mídias e na memória afetiva do campo social de discussões de jogos: desde Resident Evil 4 a Wind Waker e Twilight Princess, mas também passando por Luigi’s Mansion e Super Mario Sunshine. Esse não é o caso com Pikmin 1 e 2.
Apesar de criados por Shigeru Miyamoto, pai de The Legend of Zelda, Super Mario Bros, Star Fox, entre outros, a série nunca verdadeiramente engatou no público geral, sempre renegando-se a um espaço de nicho. Os ports, em outras palavras, apresentam uma dupla função de extrema importância: a preservação histórica de um jogo que, como muitos outros, poderia simplesmente perder-se no tempo, e oferecer aos novos jogadores uma amostra de duas obras incríveis dos anos 2000.

Bem, acredito que a pequena introdução seja o suficiente para explicar o por quê de eu achar os ports tão valiosos, valendo para ambos os produtos. Limitemo-nos, agora e de fato, ao primeiro título, explorando as melhorias e abordando todo o trabalho feito ao redor do jogo. Pikmin 1 tem como início um terrível acidente espacial, quando o destemido Capitão Olimar, de férias, choca-se com um planeta misterioso, por ver a sua nave destruída. Desolado, encontra pequenas criaturas, as quais denomina Pikmin, em homenagem à uma iguaria de seu planeta, Hocotate. O nome também faz referência ao próprio jogo: assim como Pokémon referencia “Monstros de Bolso” (Pocket Monsters), as criaturas referenciam a “homens / coisas / criaturas que podem ser colhidas / pegas / recolidas” (Pick man, ou algo do tipo).
Ao lado dos Pikmins, Olimar deve encontrar os trinta destroços de sua nave (a S.S. Dolphin) antes de seus recursos se esgotarem, visto que a superfície do planeta está recheada de um venenoso oxigênio. Assim, precisamos coletar as peças em um tempo limite de trinta dias, com cada dia tendo um limite de tempo definido, fazendo-nos priorizar pela estratégia e pela priorização do tempo. Conforme avançamos, desbloqueamos os três tipos de Pikmins: vermelho, imune a fogo, azul, imune a água, e amarelo, que salta alto e pode carregar bombas. Sendo possível carregar até cem Pikmins no mapa por vez, precisamos sempre ter uma mente tática, dividindo tarefas (como carregar itens de volta à base, destruir obstáculos, construir pontes), ao mesmo tempo em que precisamos enfrentar monstros temíveis para preservar nossa população. Ao derrotar monstros, os Pikmins podem levar seus corpos de volta à base, multiplicando seus números, equilibrando perdas em combate, que aqui podem ser um pouco brutais.

Sem dúvidas, quem tiver começado a série por Pikmin 3 sentirá um grande pico de dificuldade nos jogos antigos. Olimar não é nem um pouco resistente, e não há melhorias em sua armadura. Algumas batalhas podem levar grande parte do batalhão consigo, e sempre há uma dor inerente de ver as almas de Pikmins se esvaindo. Apesar disso, o primeiro título não é injusto com o jogador como, por exemplo, alguns momentos do segundo (mas deixemos de lado esse encunciado para a presente análise). Além disso, o nível de Design de fases, cada uma das quatro áreas principais, além da quinta que consiste em uma arena com o último Boss, todas são curtas porém de fácil compreensão, bem telegrafadas para entendermos os critérios necessários para acessarmos cada parte da S.S. Dolphin, sendo mais que possível obter mais de uma peça por dia, apaziguando a urgência do limite de tempo.
Antes de entrar na questão do port em si, vale mencionar que Pikmin é, em essência, uma franquia que valoriza a rejogabilidade. Então, apesar de sua curta duração, o título incentiva o jogador a jogar novamente melhorando sua performance. E falando em performance, essa se reflete inclusive nos possíveis finais do jogo: não encontre peças o suficiente, você será aterrorizado pelo Bad Ending; encontre peças essenciais e volte para Hocotate em uma nave arremendada, mas sem ser capaz de levar souvenirs aos filhos de Olimar; agora, caso colete todas as peças, o jogador será recompensado com o Boss final e o True Ending, que já indica planos para as continuações. Agora, mesmo ao coletar todas as peças, é possível que o jogador não veja tudo o que o jogo há de oferecer, especialmente uma vez que há mini bosses opcionais espalhados pelo mapa. Ao alcançar os créditos, é possível vê-los, instigando-nos a jogar uma vez mais para caçá-los.
Agora, ao Port!
Uma coisa que precisa ser deixada em pratos limpos: não espere dessas versões do jogo o mesmo nível de tratamento que Metroid Prime Remastered recebera. Pikmin 1, e por extensão o 2 também, são ports, e não remasterizações. Há, sim, melhorias de textura a partir de upscaling, mas não há como chegar ao mesmo nível do incrível título da caçadora de recompensa Samus Aran. Claro, uma versão modernizada sempre será bem-vinda, mas também é importante termos acesso a versões que mantenham o espírito original, com o mesmo propósito de preservação que mencionei anteriormente. Isso não quer dizer, em absoluto, que nenhum trabalho deva ser feito de adaptação, e acredito que muitos tenham sido feitos aqui.

O primeiro ponto que destaco, evidentemente, é o trabalho da textura. Os visuais estão muito mais nítidos, com modelos destacando-se de forma mais proeminente no cenários, facilitando enormemente a visualização e a percepção do jogador. Com a textura refeita, o texto é mais legível, o que é essencial no aspecto do jogo mas também para lermos as notas cheias de carisma de Olimar, e os modelos dos Pikmins na tela de seleção também ficam mais claras, facilitando enormemente os combates em momentos mais tensos.
O grande destaque, ao meu ver ao menos, precisa ser dado ao controle. Com a implementação de controle de movimento ao atirarmos um Pikmin ou ao chamá-los com o apito é uma melhoria significativa quando comparado ao controle de movimento do Pikmin 3 Deluxe, que não é ruim, de forma alguma, mas requer calibração constante e praticamente ininterrupta. Além disso, podemos mover a câmera livremente com o analógico direito. Na versão original, o analógico movia tropas de Pikmin em relação ao corpo de Olimar, que agora é acessado ao pressionar o botão L em conjunto do analógico.
Apesar das melhorias, a inteligência dos Pikmins é extremamente datada, especialmente em comparação com a do 3. Os Pikmins se distraem praticamente todo o tempo com plantas e pedaços de cerâmica que armazenam néctar, e acabam por se perder no cenário. Ao mesmo tempo, é charmoso essa desorganização orgânica, mostrando a relevância de Olimar de preservar e proteger suas tropas.
Conclusão.
Se já era suspeito antes de falar sobre a série, agora me tornei ainda mais. Com todos os títulos principais disponíveis no Switch, é difícil de pensar em uma desculpa para, ao menos, não experimentar algum dos jogos. Claro, o preço sempre será um problema, especialmente porque a coleção contendo Pikmin 1 e 2 não está disponível para redenção pelo voucher de R$ 500,00 da Nintendo. A quem se sentir minimamente interessado, recomendo testarem a Demo de Pikmin 3 Deluxe, disponível da Nintendo eShop, e aguardem a Demo de Pikmin 4, que estará disponível a partir do dia 28 de junho!
Por hora, encerro o texto voltando-me mais ao valor do port em si do que do título, que sempre será uma recomendação imediata. Eu não acredito que alguém ficaria decepcionado com essa versão, que com as melhorias da qualidade de vida e a possibilidade de se jogar no portátil já torna a versão valiosíssima, mas também entendo quem compara o preço da coleção, que está disponível a R$ 250,00, com o preço de Metroid Prime Remastered, a R$ 200,00, e fica receoso de adquirir os produtos. Nesse específico sentido, ainda acho que o melhor caminho para conhecer a franquia seria ao adquirir Pikmin 3 Deluxe e Pikmin 4 no pacote de R$500,00 da Nintendo (claro, espere um cupom de uma loja como a nuvem para adquirir mais desconto e mais cashback no meio do caminho), que compõe uma compra até mais vantajosa que comprar o 3 Deluxe em promoção, que nunca fica abaixo de R$ 200,00.

Sem dúvida alguma, os jogos foram portados àqueles que conheceram a série recentemente e querem se aprofundar em sua origem. Claro que serão sempre excelentes pontos de partida, mas acredito que a compra será feita àqueles que já têm experiência na série. Evidentemente, caso ignore tudo o que tenha levantado até aqui e adquira o jogo ainda assim, acredito que terá uma das melhores experiências no gênero, e sem dúvidas a pequeníssima comunidade de fãs de Pikmin receberá um novo integrante de braços abertos!
Prós:
- O jogo original ainda permanece incrível;
- Controles atualizados providenciam uma imensa qualidade de vida;
- Texturas mas nítidas aprimoram a legibilidade do texto e de UI / UX.
Contras:
- A Inteligência dos Pikmins ficou bastante datada, apesar de ser um elemento que contribui ao charme do jogo;
- O trabalho de textura poderia ter entregado visuais mais detalhados, mas preserva o espírito do GameCube.
Nota Final
9
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