
Desenvolvedora: Kumi Souls Games
Publicadora: Playstack
Data de lançamento: 15 de novembro, 2023
Preço: R$ 99,00
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Playstack.
Revisão: Marcos Vinícius
Relegado quase sempre ao segundo plano pelas grandes empresas, o subgênero Metroidvania tem conseguido prosperar graças aos esforços de desenvolvedoras indies como The Game Kitchen e Team Cherry, responsáveis pelos excelentes Blasphemous e Hollow Knight, respectivamente.
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Lançado no dia 15 de novembro, The Last Faith alça a desenvolvedora inglesa Kumi Souls Games — em seu título de estreia — nesse seleto grupo. Tratando-se de um ótimo Metroidvania que utiliza elementos de souls-like em meio a uma estética soturna.
Problemas que tiram o brilho do jogo
Antes de entrar em maiores detalhes no que se refere a história e jogabilidade do título, quero abrir um parêntese para falar um pouco da performance do jogo no Switch. E digo isso porque os muitos problemas que The Last Faith apresenta tiram um pouco o brilho do jogo no console da Nintendo.
Visualmente, no entanto, o jogo é impecável, apresentando um pixel-art muito bonito e com belos sprites de animação. O mesmo elogio eu posso fazer para as melodias e o design de som, que são incríveis. Só que o título apresenta quedas muito grandes de framerate em diversas áreas, o que torna um simples pulo em algo complicado.

Um outro problema chato que tive foi do jogo fechar e me jogar para a tela de início do Nintendo Switch. Em duas situações — em especial — isso me frustrou demais, pois tinha acabado de passar de chefões muito complicados. O jogo simplesmente quebrou e quando reiniciei meu progresso não tinha sido salvo, me obrigando a enfrentá-los mais uma vez.
A boa notícia, no entanto, é que a Kumi Souls Game está ciente dos problemas e vêm trabalhando em melhorias para estabilizar a performance do jogo. Desde o lançamento, por exemplo, já houveram duas grandes atualizações.
Enredo com elementos religiosos
Com um enredo que mistura elementos religiosos e místicos, The Last Faith se passa num mundo apocalíptico onde uma maldição tem transformado seres humanos em monstros. É dentro desse clima caótico e de corrupção que Eryk — portador da maldição de Nycrux — desperta sem lembrança sobre o seu passado. Nosso personagem possui um destino traçado pelos deuses ancestrais caídos da história, mas se nega a cumpri-lo. Dessa forma, ele precisa partir para uma jornada contra o tempo para salvar a si e o mundo dessa aflição.

A história é narrada de forma fragmentada, tal qual vemos em jogos como Dark Souls. Mas, felizmente ela é mais direta e menos subjetiva, como geralmente ocorre nos títulos da From Software. Assim, conforme avançamos, vamos aprendendo um pouco mais sobre aquele mundo, seja através do contato com alguns poucos (e bizarros) NPCs que cruzam o nosso caminho, seja por cartas e diários que encontramos ao explorar os longos labirintos, que dão pistas sobre o que está acontecendo no jogo.
Um Bloodborne com progressão lateral
Já mencionei anteriormente que The Last Faith possui elementos de jogos souls-like. E isso é perceptível tanto pelas mecânicas e ambientação, quanto pela dificuldade. Se fosse fazer uma comparação, o título me lembrou bastante Bloodborne, mas com uma progressão lateral.
No início podemos escolher entre quatro opções de classes, que modificam sutilmente o nosso combate e distribuem de forma diferenciada os atributos iniciais do nosso personagem: Lutador, Ladino, Observador de Estrelas e Atirador de Elite. Para a minha jornada, escolhi a classe “Lutador”.

Nos combates, devemos mesclar rolamentos com golpes com nossas armas e não só esmagar botões. As batalhas contra os chefões seguem o esquema de memorização de padrões, se baseando na dobradinha “tentativa e erro”. No jogo, podemos carregar duas armas na mão direita (espadas, machados, chicotes, foice etc) e duas armas na mão esquerda (arma de fogo e magias).
Conforme avançamos adquirimos “Estigmas” e “Amuletos”, que conferem habilidades especiais (como parry, escudo e aumento temporário de nossa velocidade) e melhorias em nossos atributos ofensivos e defensivos, respectivamente.
Um mundo labiríntico interconectado
A exploração — como em todo bom Metroidvania — não é linear. The Last Faith apresenta um mundo labiríntico interconectado. Apesar do mapa não apresentar um percentual do que foi explorado, há a possibilidade de colocar marcadores, desde o início, para nos lembrar de que existem locais não visitados devido a ausência de uma habilidade que iremos conseguir mais pra frente. O ritmo do jogo, no entanto, é lento e algumas habilidades — como o pulo duplo — demoram demais para darem as caras. Da mesma forma, a etapa final de The Last Faith, se arrasta mais do que o necessário, apresentando um plot bem previsível.
A mansão dos Oxnevylle, após passarmos do Distrito de Mythringal logo no início da aventura, passa a funcionar como uma área segura. É lá que podemos efetuar melhorias em nossas armas, subir de nível (melhorando nossos atributos) e comprar alguns itens essenciais para sairmos vitoriosos, como injeções de cura e Hemolinfa (que restaura a barra de foco).

Os pontos de Nycrux que conseguimos dos inimigos vencidos, funcionam como a moeda de troca, assim como as almas em Dark Souls. A campanha pode ser salva em altares que contém um livro com registros de todas as áreas exploradas. Esses altares funcionam também como fast travel, o que facilita demais a exploração. Uma vez que utilizamos os altares todos os inimigos sofrem respawm.
Dificuldade moderada
The Last Faith apresenta uma dificuldade moderada e bastante equilibrada. Não tão punitiva quanto o que vemos nos soulslike, mas também não tão amigável. Os momentos mais difíceis (e ao mesmo tempo mais divertidos) são sempre nas batalhas contra os chefões, principalmente contra os opcionais, que garantem armas e itens especiais.
O jogo da Kumi Souls Game é bem divertido e com uma história envolvente que me prendeu por um bom tempo. Levei cerca de 35 horas para terminar, com meu personagem no nível 120. Ainda que os problemas técnicos esmaecem o brilho do título no Nintendo Switch, The Last Faith é uma boa opção para a galera que curte Metroidvania.
Prós:
- Visual em pixel-art;
- Design de som e melodias;
- Batalhas contra os chefões;
- História envolvente.
Contras:
- Problemas de performance;
- Ritmo arrastado.
Nota Final
7
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