Review | Celestia: Chain of Fate

Desenvolvedora: Agate Games
Publicadora: PQube
Gênero: Otome Visual Novel
Data de lançamento: 12 de setembro, 2024
Preço: R$ 161,99
Formato: Digital

Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela PQube.

Revisão: Davi Dumont Farace

Parece que eu pisco por um segundo e a PQube anuncia que está publicando um novo otome game. …Bem, não que eu esteja reclamando; especialmente considerando que eles dão uma chance para desenvolvedores indies criarem uma experiência nesse gênero. Mas será que a Agate Games conseguiu de fato fazer um belo otome game com o lançamento de Celestia: Chain of Fate?

Um mundo de anjos e demônios

Celestia: Chain of Fate começa com a história de duas tribos que existiam, a Angelus (ha, ótimo nome) e a Daemon. Um dia, houve o fato de que um Angelus se apaixonou por um Daemon. E esse casal teve uma filha que era metade anjo e metade demônio, que é a protagonista da história.

Mas, para protegê-la, eles decidiram mandá-la para o reino humano até que ela completasse 18 anos de idade. Durante sua festa de aniversário, Aria recebe um convite para a Celestia Academy. Ela deve estudar lá por um ano e depois decidir se quer se tornar um Angelus, um Daemon ou permanecer como humana. E se ela recusar? Bem, todas as memórias dela serão apagadas.

Humano, anjo, ou demônio: escolha sua rota.

Celestia: Chain of Fate possui três rotas no total, cada uma representando as três raças do mundo. Do lado humano nós temos Ash, do lado dos anjos temos Luke, e finalmente do lado dos demônios, temos Val. De acordo com o menu, são 20 capítulos no total. Porém, o método que Celestia utiliza para determinar as rotas é algo bem inesperado.

Ao invés de definir uma rota, Aria se junta com os três rapazes em um grupo que irão fazer as provas de cada um dos mundos. E a “decisão” de Aria no final da história dependerá de como o jogador responde à cada um deles em certos capítulos. Isso significa que todos os vinte são uma espécie de “common route” gigantesca. Porém, o jogo logo mostra suas caras de mobile.

No começo de cada capítulo, o diálogo se repete, o que provavelmente tem a ver com o fato de que o jogo mobile limita quantas cenas o jogador pode ler por dia. …Mas, assim, podia ter tirado isso no Nintendo Switch, não?

A vibe da história me lembra muito Harry Potter no começo, ainda mais que o jeito que a Aria vai para a Celestia Academy é via um trem voador numa plataforma escondida por magia. …Se isso não é coincidência, eu não sei o que é.

O romance da história é bem… medíocre, pra ser sincero. A história trata a protagonista como uma diferentona, sendo a única pessoa que é metade Angelus e metade Daemon. O que a princípio, não é algo ruim, mas a trama tem muitos momentos que parecem se resolver convenientemente por causa da raça dela… E além disso, até o Ash, que se mostra como um cara fechado imediatamente, se abre quando a vê. Não tem nenhum desenvolvimento nesse enredo.

Um otome que não possui díalogo com voz

Agora, infelizmente, notei imediatamente que esse jogo… não tem voz. E não, Celestia não possui dublagem parcial. Quando digo que não tem voz, quero dizer que não há absolutamente nenhuma palavra que sai da boca dos personagens. Isso me incomoda… muito mais do que eu imaginava, pois as vozes de um otome game são uma parte vital para sua imersão.

Ao invés de uma voz parcial, o jogo faz um constante “plim! plim!” para várias expressões, e sinceramente, isso me irritou tanto que até comecei a jogar com o volume no mudo. Eu aceitaria até o “beep speech” do Animal Crossing, ou os efeitos de diálogo do remake do Thousand-Year Door a esse ponto. Mas acho que eu vou ficar é louco com esse efeito que eles escolheram.

Além disso, sempre que o jogo dá zoom em qualquer um dos personagens, você nota que eles parecem quando você estica um JPEG no Photoshop, e começa a ver uns borrões. Sempre que o Val aparece na tela com seu cabelo pixelado, eu fico com ranso. Não sei se esse problema também está presente na versão para PC, mas vou ser bem sincero: Otome game e Nintendo Switch? Você não pode pedir uma combinação mais perfeita.

Considerando que esses prints que eu peguei foram tirados no modo portátil, onde a maioria dos jogadores que comprarão esse jogo no Nintendo Switch irão jogar… É, não é um bom sinal.

Após uma leve pesquisa, descobri que Celestia: Chain of Fate foi originalmente lançado como parte de um aplicativo mobile chamado de Memories: My Story, My Choice, que é competidor direto do Love365: Find Your Story da Voltage. E você consegue ver que nenhuma mudança foi feita em comparação à versão mobile. Considerando o preço que estão pedindo, eu esperava um pouco mais.

Muitos recursos comuns em otome que não estão presentes

Celestia: Chain of Fate também não possui vários recursos que seriam comuns em um otome game, como a capacidade de voltar para uma parte anterior do diálogo e, o maior pecado dele na minha opinião, a completa falta de um Love Catch. Para quem não sabe, o Love Catch é um indicador que permite saber que você escolheu a alternativa certa para aumentar seu grau de afeção com o personagem.

A ausência desse sistema significa que você terá de adivinhar se fez a escolha certa. E pra piorar, o jogo também tem muitos bad endings que acontecem simplesmente do nada. E lembra que eu falei sobre a falta de voltar? Se você pegar um bad ending, é de volta pra tela de título. Escolheu algo que deu uma resposta que você não queria? Espero que vc tenha feito um save manual, pois a falta de rewind deixa isso ainda mais frustrante.

*Tive que rejogar o prólogo inteiro novamente. Não foi algo legal, mesmo com o skip read.*

Genérico e sem muito o que dizer

Se eu tivesse de descrever Celestia: Chain of Fate em apenas algumas palavras… teria de ser… “que pena”. Quando vi o teaser desse jogo pela primeira vez, esperava que a Agate Games tivesse criado algo bom. Mas, em vez disso, Celestia é simplesmente incapaz de se destacar de qualquer maneira significativa. E, honestamente, achei difícil querer jogar ele por mais que 20 minutos.

A falta de diálogos com voz, os sprites de baixa qualidade dos personagens e o fato que estão pedindo 160 reais para, ao meu ver, apenas conseguir jogar um dos jogos de um aplicativo mobile sem ter que pagar por um passe VIP ou assistir anúncios. Honestamente, eu não recomendo que alguém pague esse valor. Existem muitos outros otome games que com um pouco de olho nas promoções você consegue adquirir muito mais barato e ter uma experiência muito melhor.