Desenvolvedora: Sting
Publicadora: Idea Factory International
Gênero: RPG Tático
Data de lançamento: 19 de novembro, 2024
Preço: R$ 275,00
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com cópia fornecida gentilmente pela Idea Factory International.
Revisão: Paulo Cézar
No ano de 2024, vimos spin-offs lançados em formato de dungeon crawler e ritmo, como Touhou Genso Wanderer -FORESIGHT- e Touhou DANMAKU KAGURA Phantasia Lost, e agora com Touhou Spell Carnival, temos um RPG tático em tempo real. Asim como as iterações mencionadas anteriormente, Spell Carnival é mais um fangame que leva o nome de Touhou Project, devido a flexibilidade com que o criador da série dá para o lançamento desse tipo de obra desde que sejam seguidas uma série de diretrizes para tal
Por se tratar de um fangame, naturalmente, Spell Carnival não é muito interessante para aqueles que ainda não tiveram nenhum contato com os jogos mainline. Afinal, o jogo parte do princípio que todas as personagens apresentadas já são conhecidas pelo público e também não se incomoda muito em desenvolver ou sequer descrever o mundo em que o jogo se passa e as suas peculiaridades. Por outro lado, o que torna esse jogo interessante é a interpretação própria dos personagens e gameplay que distorce e reapresenta de maneira diferente as convenções da série.
Estão todas aqui
Touhou Spell Carnival se passa em Gensokyo, uma ilha remota onde yokais e humanos coexistem pacificamente. Certo dia, Reimu, a guardiã do templo de Hakurei, percebe a aparição misteriosa de torres ao redor de várias regiões de Gensokyo, sinalizando assim, o início de um evento chamado Spell Carnival que acontecerá no decorrer de 30 dias.
O evento é organizado por Yukari Yakumo, uma das yokais mais antigas de Gensokyo, e uma personagem recorrente em jogos da série. Dado o histórico da personagem, não demora muito para que Reimu desconfie das intenções verdadeiras de Yukari e decida participar ativamente do festival para investigar suas verdadeiras intenções.
O festival funciona como uma espécie de campeonato, onde cada uma das participantes devem utilizar cartas de feitiços para batalharem entre si e verem quem é a mais forte. Porém, logo nas primeiras batalhas, Reimu percebe que suas rivais foram enfeitiçadas e estão sendo coagidas a participar do evento. Após serem derrotadas, suas lavagens cerebrais se dissipam sem nenhuma memória de terem entrado no evento ou o porquê de estarem fazendo aquilo. Desta forma, Reimu vai conseguindo aliadas para auxilia-la em sua jornada.
Spell Carnival conta com um elenco de personagens bem variado, com cerca de 20 personagens recrutáveis para a party, todas recorrentes da série. Cada uma delas possui a sua própria história secundária que vai sendo desbloqueada conforme utilizadas em batalha. Não deixa de ser um incentivo para ajudar o jogador a alternar um pouco o gameplay, visto que cada uma das personagens tem focos e habilidades diferentes, mas no fim das contas, são apenas historinhas bobas que são no máximo engraçadinhas e não acrescentam muito para o plot principal mas que ainda assim, possuem aquele charme e leveza de um anime moe.
O mesmo pode ser dito a respeito da história principal, apesar de que não existe nada em termos narrativos que seja muito engajante, além do mistério acerca do porquê de tudo que está acontecendo com as participantes e as intenções finais do festival.
O festival começa
É difícil negar que Touhou Spell Carnival começa bem lento em termos de gameplay, tanto literalmente quanto metaforicamente. Isso se deve ao fato de que o jogo precisa estabelecer bem as suas fundações para o jogador antes de lança-lo ao caos que são as batalhas de alto nível presentes do meio pro final do jogo. Pode-se observar que se analisado individualmente, todas as personagens são bem lentas e possuem um cooldown alto para executar suas habilidades únicas, no entanto conforme mais personagens vão sendo adicionadas em campo, a coisa muda um pouco de figura e passa a ser entendível o porquê do jogo parecer tão devagar de início.
No que diz respeito as batalhas do meio pro final do jogo, pode-se dizer que são batalhas tão caóticas que exigem concentração total por parte do jogador, impedindo-o de ter qualquer outro pensamento relacionado a outra coisa, devido a quantidade de coisas acontecendo na tela. Este é sem sombra de dúvidas o maior trunfo do jogo, traduzir com maestria a experiência sensorial hiper estimulante de um bullet hell equilibrando-a com mecânicas de RPG e estratégia que costumam exigir um pensamento cuidadoso e ações mais demoradas.
No final das contas, o maior desafio de Touhou Spell Carnival é tentar administrar o campo de batalha enquanto desvia de projéteis inimigos e executa comandos e posiciona as personagens individualmente. Isso se torna uma tarefa particularmente complicada, considerando que o gênero de RPG tático em tempo real costuma ser originalmente feito para ser jogado em mouse e teclado, o que torna infinitamente mais fácil fazer a manutenção de todos os personagens um por um. Porém, Spell Carnival faz um ótimo trabalho em balancear o jogo, considerando que o tempo para executar uma ação pode ser um pouco alto.
Vale a pena mencionar a pequena exploração que está disponível no templo de Hakurei a qualquer momento do jogo fora de combate. Não há nada de especial aqui fora o fato de podermos ver as personagens recrutadas, utilizar um modo foto que é bem divertido, comprar itens e upgrades na loja e resgatar recompensas relacionadas a pequenos desafios em combate.
No que diz respeito a dificuldade do jogo, em momento algum Spell Carnival ergue uma barreira de dificuldade exorbitante ou injusta, mas principalmente no início, pode ser que um nível leve de grinding seja necessário para passar por uma batalha ou outra da história principal. Para isso, o jogo oferece algumas batalhas opcionais que são marcadas por um ícone verde no mapa. Um ponto negativo dessas batalhas é que elas são basicamente repetições de lutas que já foram executadas anteriormente e não oferecem nada de novo em termos de desafio, mecânicas ou recompensa além de um pouco de experiência e dinheiro.
Outro ponto negativo do jogo é o fato de que ele não entrega uma variedade muito grande de gameplay. Durante o jogo, o jogador praticamente só alterna entre cutscenes curtas e o combate em si, o que pode acabar tornando o jogo um pouco repetitivo caso seja jogado em longas sessões. Por conta disso, acredito que o jogo seja melhor aproveitado devagar e em sessões curtas, sendo assim, um título perfeito para o Nintendo Switch devido a sua portabilidade. A ausência de diferentes “sabores” que pode ser tanto uma vantagem quanto uma desvantagem do jogo, visto que de certo modo o conteúdo pode ficar limitado e repetitivo.
O fim do carnaval
Touhou Spell Carnival entrega a serotonina fácil de um anime moe combinado com uma gameplay interessante, inovadora e recompensadora com uma boa progressão. É notável que o jogo mira em um nicho bem especifico: Fãs de Touhou que também sejam fãs de combate tático. Porém, aqueles que se enquadram nessas caixinhas certamente conseguirão tirar grande proveito de tudo que o jogo tem a oferecer.
Prós:
- Gameplay inovadora, caótica e hiper estimulante;
- Combate equilibrado com dificuldade na medida certa;
- Bastante fanservice para entusiastas de Touhou.
Contras:
- História sem graça;
- Sem muita diversidade de gamplay.
Nota Final
8
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