
Qualquer bom fã de jogos japoneses tem pelo menos um título que despertou sua curiosidade, mas que infelizmente foi lançado apenas no Japão. Embora seja cada vez mais raro que jogos de alta relevância passem por essa situação devido aos altos custos de produção e a um mercado internacional que parece estar mais aquecido e cada vez mais aberto a projetos variados, isso ainda é uma realidade, especialmente quando olhamos para títulos mais antigos.
Ainda há vários grandes clássicos que, por vários motivos, permanecem exclusivos da Terra do Sol Nascente. Em 2024, duas obras de fundamental importância para as aventuras narrativas foram reveladas para o Nintendo Switch: o clássico dating sim Tokimeki Memorial, e o pai dos otome games, Angelique. Embora não tenham nenhuma previsão de lançamento ocidental, são títulos que deveriam ter mais reconhecimento no mercado internacional e já passou da hora de serem oficialmente traduzidos pelo menos para o inglês.
Tokimeki Memorial: Um Fenômeno dos Dating Sims

Tokimeki Memorial é um dating sim originalmente lançado em 1994 no PC Engine e recebeu versões para vários sistemas, incluindo o Super Famicom. A obra da KONAMI foi um sucesso avassalador no Japão, dando origem a uma série e inspirando toda a indústria em uma escala muito além do gênero ainda incipiente naquele período.
Embora o termo “dating sim” possa ser usado de forma mais genérica para jogos de romance, o conceito é um tanto mais específico. A simulação de romance/namoro na verdade implica em fazer inúmeras escolhas em uma estrutura de jogo geralmente ligada a rotinas diárias e tentar conquistar um interesse romântico.

No caso específico do primeiro Tokimeki Memorial, assumimos o papel de um jovem rapaz em seu ensino médio. Cabe ao jogador aproveitar ao máximo os três anos de estudos para ter uma rotina de vida disciplinada e se aproximar das suas belas colegas de classe.
Na Nintendo Direct de agosto de 2024, a KONAMI anunciou uma nova versão do jogo para Nintendo Switch. Tokimeki Memorial forever with you Emotional celebrará os 30 anos da franquia com a oportunidade de ouvir as garotas falando o nome que o jogador selecionar, além de poder escolher entre os gráficos novos e os clássicos.

Infelizmente, a KONAMI só anunciou o jogo para o Japão mais uma vez. É uma pena enorme, pois o mercado ocidental para obras de cunho textual está em um momento ótimo, com muitas obras sendo produzidas, seja no Japão ou no Ocidente. Como um dos maiores clássicos do gênero dating sim, seria um título sem dúvidas mais procurado atualmente, já tendo um público amplo que conhece o seu nome, nem que seja por ter visto o vídeo do Tim Rogers.
Além do clássico que deu origem à série, a KONAMI já lançou no Switch os quatro títulos da subsérie Girl’s Side, que inverte os papeis para uma protagonista feminina e múltiplos rapazes como interesses românticos. Eles também foram lançados apenas no Japão, sendo outra pena, tendo em vista a fertilidade que a tradução dos otome games tem tido no Ocidente.
Angelique: A Raíz dos Otome Games

Atualmente, os otome games são uma demografia das visual novels com traduções bem frequentes, ocupando a maior parte dos lançamentos da Aksys Games e da HuneX. Temos também a especialista Voltage e várias traduções da PQube em produção.
Porém, quando falamos de otome games, uma empresa continua a não investir na tradução de suas obras desse mercado: a Koei Tecmo. A Koei foi uma das pioneiras no mercado de jogos com foco em romance para o público feminino, tendo lançado Angelique no Super Famicom em 1994 e criado a Ruby Party como uma subsidiária focada nessa linha de desenvolvimento.

Aproveitando-se do conhecimento de simuladores da empresa, com clássicos como Nobunaga’s Ambition e Romance of the Three Kingdoms, Keiko Erikawa trabalhou no jogo seguindo uma linha similar. A protagonista assume o papel de uma candidata a rainha selecionada entre as estudantes de uma academia, tendo que demonstrar sua capacidade de gerenciar o reino. Além da questão de se tornar rainha, o jogador pode escolher como gastar seu tempo, podendo se dedicar mais ao romance com os guardiões sagrados, que julgam as candidatas.

Em setembro de 2024, Angelique foi adicionado ao Nintendo Switch Online. O jogo só está disponível no serviço japonês do Super Famicom. Nenhum dos jogos da série foi lançado no Ocidente, sendo que o Switch também conta com o jogo mais recente da franquia, Angelique Luminarise, que foi lançado apenas em japonês e chinês.
Vale destacar que a situação é ainda pior quando temos em mente que apenas um jogo da Ruby Party foi traduzido. Justamente o título mais distante de sua especialidade, Touken Ranbu Warriors, que foi desenvolvido em parceria com a Omegaforce e nem sequer é focado no aspecto textual (ele também não tem nenhum nível de romance, diga-se de passagem). O jogo de ação é o único gostinho que o Ocidente teve de algo da equipe, já que nem mesmo o adventure Buddy Mission BOND, desenvolvido em parceria com a Nintendo, foi traduzido.

Fica a expectativa de que um dia a Koei Tecmo se abra mais para a tradução desses jogos, embora pareça que ela não se sente tão à vontade com jogos de foco textual. Afinal, até mesmo a coletânea Surge Concerto DX ficou apenas no Japão, mantendo o clássico simulador Ciel noSurge longe dos territórios ocidentais.
Chances que não deveriam ser desperdiçadas
Na atualidade, temos várias obras clássicas de adventure, visual novel e até mesmo simuladores tendo uma chance de se espalhar para os mercados internacionais. Há apenas dois ou três anos, era impossível imaginar que a TYPE-MOON teria suas visual novels clássicas disponíveis em inglês, mas hoje já temos o remake de Tsukihime, Fate/Stay Night e Witch on the Holy Night traduzidas.

Todos os anos temos várias obras da Otomate saindo, a Prototype já lançou o clássico Kanon da Visual Arts/Key, e até mesmo um outro clássico dos dating sims, Doukyuusei, teve seu lançamento ocidental no PC. A cada dia que passa, parece mais difícil ver grandes obras do gênero ficando exclusivas do Japão, mesmo que os lançamentos ocidentais ocorram apenas no PC.
Com os relançamentos desses dois clássicos (e outros, como Kamaitachi no Yoru x3), temos uma oportunidade ideal para expandir o público deles e dar a chance do Ocidente conhecer essas histórias que nunca vieram oficialmente ao Ocidente. Torço que isso não seja desperdiçado em um momento no qual essas obras poderiam ser reconhecidas por suas grandes qualidades.
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