
Desenvolvedora: Inti Creates
Publicadora: Inti Creates
Data de lançamento: 28 de Julho, 2022
Preço: R$152,94
Formato: Digital
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Inti Creates.
Azure Striker Gunvolt 3 é um título que mostra como ainda há espaço para jogos de plataforma em 2D. Desenvolvido pela Inti Creates, o game possui uma jogabilidade sólida, belos visuais e uma trilha sonora bacana. O mais importante, contudo, é como o jogo preenche um espaço vazio, deixado para trás por um dos personagens mais carismáticos do mundo dos games. Gunvolt pode não ser o herói que muitos querem, mas é aquele que respondeu ao chamado.
Uma aventura 2D cheio de altos e baixos

Sendo lançado seis anos após Azure Striker Gunvolt 2, o mais novo título da série da Inti Creates certamente levou bastante tempo no forno para ficar pronto. Neste ínterim, a desenvolvedora lançou spin-offs, outros títulos e preparou o terreno com toda a experiência adquirida ao longo deste período.
Narrativamente, Azure Striker Gunvolt 3 acontece muitos anos após a última aventura do herói de mesmo nome. Em um tempo não específico entre os conflitos, Gunvolt despertou um novo poder, batizado de “Primal Dragon”, que o fez ficar berserk e colocar seus amigos em risco. Sem opção, o protagonista se entregou ao grupo Sumeragi, antigos vilões da série, em busca de uma forma de estudar suas novas habilidades.
Anos após a última aparição de Gunvolt, a organização Shadow Yakumo, um grupo que protege o mundo nas sombras, nota que a Sumeragi está agindo de forma estranha. Kirin, uma sacerdotisa da organização é enviada para investigar e após invadir um dos laboratórios secretos da Sumeragi, descobre GV, que agora está transformado em um dragão gigante e fora de controle. Utilizando sua habilidade especial, batizada de Radiant Fetters, a jovem sela o poder do herói.

Com Gunvolt agora em forma de cachorro, Kirin lhe explica as mudanças causadas no mundo após o herói se entregar para estudo. Novos dragões surgiram e começaram a causar problemas. Se sentindo culpado pelo problema, GV decide impedi-los. O grupo Sumeragi contrata a dupla para liderar uma força tarefa que fica responsável por impedir que os monstros saiam do controle.
A narrativa de Azure Striker Gunvolt 3 pode ser vista como um novo recomeço. Não existe muita menção aos eventos anteriores, apenas algumas referências a inimigos do passado de Gunvolt. Ela foca bastante em perdão e corrigir seus erros, algo que é um pouco inesperado em tal série. De fato, em toda a narrativa não há uma morte sequer de algum personagem, o total oposto do resto da franquia.
A história também fica bem simples conforme o enredo avança. Confesso que fiquei um pouco desapontado quando o foco mudou de lidar com as pessoas transformando em Dragões, e passar a focar em impedir a organização ATEMS de tentar refazer o mundo. Especialmente porque os vilões não possuem muita introdução nem um bom desenvolvimento.
Azure Striker Gunvolt 3 possui um belo foco em interações entre os personagens. Enquanto no menu de seleção de fases é possível conferir interações entre Kirin e sua equipe, que ajuda dando um interessante bônus durante a jogabilidade, as lutas é onde a Inti Creates decidiu brilhar neste quesito.

Novo para a série é o sistema de “Modo História+”, que pode ser ativado ou desativado a qualquer momento pelo jogador. Basicamente, tal mecânica permite que interações entre personagens aconteçam durante os estágios. Inicialmente é algo bem divertido, pois podemos ver bem a personalidade de cada um. Porém, a forma como foi implementado às vezes mais atrapalha do que ajuda. Isso porque as conversas acontecem na parte de baixo da tela, cobrindo coisas essenciais como a barra de vida dos chefes.
Durante os confrontos com os chefes, as conversas de Kirin e Gunvolt com o oponente demoram demais para terminar. Apesar de poder configurar o Modo História+, o melhor a se fazer é desligá-lo, pois fica difícil conseguir desviar dos ataques dos oponentes quando a mecânica ocupa metade da tela.
Sendo estiloso em 2D

Azure Striker Gunvolt 3 possui uma jogabilidade que incentiva a velocidade, destruindo inimigos rapidamente e sem deixar brechas para contra ataques. Para aqueles que jogaram os títulos passados da Inti Creates, especialmente os jogos de Mega Man que o estúdio desenvolveu, os controles serão familiares o bastante para se dominar.
Kirin e Gunvolt são os únicos personagens jogáveis do título, com cada um possui suas próprias habilidades e formas de ataque. A maior parte do tempo será usado para controlar a jovem, com o herói de azul sendo utilizado apenas em certos momentos. A sacerdotisa utiliza talismãs para marcar oponentes e itens do cenários, enquanto ataca com sua espada. Cada inimigo possui uma barra de vida e a heroína pode realizar até três ataques seguidos com sua arma. Marcar um adversário com talismã aumenta a quantidade de dano que cada ataque realiza, contudo, Kirin possui um certo limite do acessório, que precisa ser recarregado com dois toques do botão direcional para baixo. Inimigos e objetos marcados também podem ser atacados com a habilidade Arc Chain, que move Kirin em instantes enquanto causa dano.
Enquanto destrói inimigos com Kirin, uma barra, dividida em porcentagem, que indica sua habilidade Radiant Fetters vai se preenchendo. Sempre que 100% estiver disponível, é possível segurar ZR ou ZL enquanto estiver parado com a jovem. Fazendo isso, o controle muda da heroína para Gunvolt.

Gunvolt pode ser considerado o modo easy do jogo. Graças ao seu poder como um Primal Dragon, o herói de azul é invencível e possui habilidades que destroem tudo e todos em seu caminho. Enquanto GV estiver sendo controlado, a barra de Radiant Fetters vai diminuindo com o tempo, com o uso de certos ataques diminuindo ainda mais a barra e quando ela se esvazia totalmente, o controle volta para Kirin.
O herói azul utiliza uma pistola para marcar os oponentes. Inimigos marcados então podem ser atacados com os poderes elétricos de Gunvolt. As habilidades de GV também são bastante úteis nos momentos de plataforma, com o personagem podendo planar no ar e utilizar múltiplos pulos para alcançar locais inacessíveis.
Quando Kirin é completamente eliminada, existe a possibilidade da companheira artificial da dupla, Lumen, ativar uma de suas músicas especiais que desperta Gunvolt. Neste estado, o herói vai estar super poderoso e incapaz de ser recolhido. É necessário tomar cuidado ao utilizá-lo desta forma, com penalidades sendo aplicadas a pontuação do jogador.

Em Azure Striker Gunvolt 3, os jogadores estarão competindo não apenas para terminar os estágios, mas também para conseguir uma boa pontuação. Batizado de Kudos, o sistema é bem simples de se entender. Destruir inimigos gera pontos, com combos aumentando a recompensa. Sempre que Kirin é acertada, um cadeado se forma, trancando os Kudos, sendo necessário um certo número de ataques para desbloqueá-lo e re-adquirir pontos.
Assim, o game incentiva que jogadores evitem tomar golpes e aprender os ataques de cada inimigo. Conseguir uma alta pontuação recompensa com um bom rank que em retorno serve como uma forma de tentar conseguir melhores “Image Pulses”.

Image Pulses é uma nova mecânica de Azure Striker Gunvolt 3. Ao final dos estágios, jogadores são recompensados com habilidades na forma de memórias de Gunvolt. Tais lembranças assumem a forma de personagens dos games anteriores, que podem então ser equipados por Kirin, concedendo assim novas habilidades úteis à heroína.
Os Pulses são divididos em dois tipos: Ativos, que são ativados com uma das direções do analógico direito, e Passivos que possuem efeitos automáticos. A mecânica é bem interessante, contudo, adquirir novos Pulses pode ser irritante. Existem 150 dessas habilidades, divididos em raridades e personagens diferentes, com o resultado sendo determinado aleatoriamente dependendo do seu rank. Quanto maior for a pontuação, melhor são as chances de se conseguir um Pulse poderoso e alguns dos melhores estão escondidos atrás de dificuldades maiores.

Enquanto esse RNG incentiva jogadores a rejogar os estágios em busca de Pulses diferentes, pelo resultado ser aleatório isso acaba se transformando em um ponto negativo. Muitas vezes uma run será recompensada com a mesma habilidade, que é então convertida em dinheiro que pode ser usado para melhorar outros Pulses. Muitas das vezes, será necessário precisar de sorte para conseguir algumas habilidades muito úteis.
Kirin pode equipar quatro Pulses ativos e até seis Pulses passivos, com slots sendo desbloqueados ao subir de nível. Certas combinações de habilidades acabam por ser bastante poderosas, eliminando qualquer dificuldade presente no título. De fato, Azure Striker Gunvolt 3 é uma experiência bem tranquila ao se jogar na dificuldade normal. O desafio fica bem maior ao jogar o game nas dificuldades elevadas, que se tornam disponíveis ao finalizá-lo com o seu final verdadeiro.
Ação a todo vapor

A Inti Creates ficou famosa por ter desenvolvido a série Mega Man Zero no Game Boy Advance e Mega Man ZX no Nintendo DS. Mesmo com as limitações dos dois portáteis, a desenvolvedora sempre impressionou os fãs pela ótima jogabilidade de seus títulos e também por sua apresentação e música.
Com Azure Striker Gunvolt 3 sendo desenvolvido exclusivamente para um console, a Inti Creates finalmente pode criar algo sem muita limitação. O resultado é um game 2D que possui boas sprites, ótimas animações e uma trilha sonora bem chamativa. O poder do Nintendo Switch é utilizado para oferecer efeitos especiais ainda melhores, a resolução de tela também permite que problemas encontrados nos títulos portáteis, como inimigos fora do campo de visão, não sejam mais um perigo.

Os ataques de Kirin e Gunvolt possuem belos efeitos visuais para indicar o seu poder. Todos os personagens, incluindo os protagonistas, também possuem um animação especial que acontece ao se realizar a principal skill de cada. E os cenários são únicos entre si, sem repetições de assets.
Na parte sonora, Azure Striker Gunvolt 3 também dá um show. A trilha do game é muito boa, utilizando diferentes instrumentos para oferecer uma soundtrack bem eclética. Como já é de praxe na série, temos algumas canções cantadas por Lumen. Tais músicas ocorrem sempre que o jogador conseguir 1000 Kudos e concedem bônus durante a jogatina. O mais interessante é que existem várias melodias, que acontecem aleatoriamente cada vez que Lumen é invocada e as músicas ajudam a dar aquele clima de mostrar que Kirin é poderosa.
Além de poder escolher a dublagem japonesa original, Azure Striker Gunvolt 3 estreia pela primeira vez na opção de vozes em inglês para o elenco. Mais impressionante é o fato de que uma das opções de legenda é o Português do Brasil. Assim, é possível aproveitar a narrativa e as interações entre personagens mesmo caso você não entenda inglês.
Ser muito poderoso não tem graça

Azure Striker Gunvolt 3 roda a 60 quadros por segundo no Nintendo Switch. O game funciona muito bem tanto no modo portátil quanto no dock, e mesmo com toda a ação frenética que acontece na tela não existe queda na qualidade.
O game, contudo, possui alguns pequenos problemas. O sistema de gatcha é um deles. Outro ponto negativo envolve algo que pode acabar sendo um pouco subjetivo dependendo do quanto você, leitor, for bom com este estilo de jogo. Para mim, Azure Striker Gunvolt 3 foi um jogo muito fácil de se completar.
Mega Man é uma de minhas franquias favoritas de todas, venho jogando os games do robozinho azul há anos, com a série Mega Man X e Mega Man Legends sendo minhas preferidas. Apesar disso, o primeiro título da Inti Creates com a franquia, Mega Man Zero 1, sempre foi um que até hoje tenho dificuldades em zerar. O mesmo vale para suas sequências, que sempre ofereceram um desafio a mais se comparado ao resto da série.
Muito dessa dificuldade da saga Zero, contudo, está relacionado aos sistemas presentes naquela subsérie. A Inti Creates ao desenvolver os games, colocou certas limitações sobre os jogadores, oferecendo um peculiar sistema de risco e recompensa. Ou o jogador se limitava a jogar com o moveset básico de Zero e era recompensado com habilidades extras e ranks maiores, ou utilizava “itens” para avançar e ficava sem os poderes adicionais, além de pontuações menores. É um sistema que admito não ser o meu favorito, mas funcionava.

Para Azure Striker Gunvolt 3 a Inti Creates decidiu que a única limitação “imposta” aos jogadores que desejam um rank maior, seja a utilização de Gunvolt. Algo que por si só não faz muita diferença, pois, o game mal obriga fazer essa troca. Dificilmente me vi forçado a precisar usar GV, isso simplesmente porque o jogo oferece muitas formas de manter Kirin viva e ativa.
Azure Striker Gunvolt 3 não possui um sistema de vidas. Morrer faz com que a heroína retorne para o último checkpoint ativo. Dificilmente isso acontecerá pois muitas das habilidades passivas que o game oferece foca em recuperar a saúde de Kirin. Existe uma Image Pulse que literalmente impede que a sacerdotisa tome dano enquanto estiver com Talismãs, e tal habilidade é automaticamente concedida ao finalizar o primeiro estágio. Diferente da saga de Mega Man Zero, usá-las não vai diminuir o rank.

Mesmo que seja necessário alternar para Gunvolt, o uso sábio do herói ainda permite que um Rank de nível S, o maior, possa ser alcançado. Os chefes também não são um perigo desde que o jogador não parta para atacar sem se preocupar em desviar de alguns ataques. Buracos da morte e espinhos também tiram apenas um pouco de vida em vez de eliminar Kirin completamente.
Assim, Azure Striker Gunvolt 3 é um título que é bem mais fácil do que outros desenvolvido pela Inti Creates. A dificuldade só aparece mesmo quando o jogo é finalizado com o melhor final e outros níveis são desbloqueados. Jogar em um modo mais hard faz com que a barra de vida do jogador e suas habilidades se limitem, o que em si funciona, mas, mostra uma pequena falha de design, onde os equips extras são naturalmente muito poderosos e o jogo não foi balanceado com isso em mente.
Diversão à moda antiga

Tendo um time de desenvolvimento conhecido por entregar experiências muito boas, Azure Striker Gunvolt 3 é outro bom jogo produzido pela Inti Creates. Apresentando uma história bacana, boas interações entre personagens e jogabilidade divertida e simples de dominar, o game é ação pura e apesar de curto, ele possui muitos incentivos para múltiplas jogatinas.
Os fãs de Mega Man certamente irão gostar bastante do novo título. Para aqueles que nunca jogaram um game da série do robô azul ou de Gunvolt, a terceira aventura do herói elétrico ainda é uma boa pedida. Existem problemas, mas o pacote geral é bom o bastante para destacar as partes positivas e Azure Striker Gunvolt 3 é uma ótima opção do gênero de plataforma 2D.
Prós:
- Jogabilidade muito divertida;
- Apresentação excelente;
- Traduzido em PT-BR;
- Narrativa bem bacana.
Contras:
- Pouco desafio na história principal;
- Modo História+ é uma boa ideia muito mal aplicada;
- RNG para conseguir novas habilidades.
Nota Final:
8,5
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