
Desenvolvedora: Lancarse
Publicadora: Square Enix
Data de lançamento: 22 de setembro, 2022
Preço: R$ 299,90
Formato: Digital/Físico
Análise feita no Nintendo Switch com chave fornecida gentilmente pela Square Enix.
Revisão: Marcos Vinícius
The Diofield Chronicle é um SRPG em tempo real que se utiliza do sistema Real Time Tactical Battle, resumidamente RTTB. O jogo é o mais novo título da gigante dos RPGs japoneses Square Enix em parceria com a Lancarse —os mesmos por trás de MONARK— e traz uma visão bastante clássica no que tange sua história, e o mundo construído.
O jogo tenta uma abordagem bem ampla, com personagens que se propõe a ter profundidade, uma quantidade extensa de informações de mundo, nuances e conflitos política e uma mitologias fantástica interessante. E como é de se imaginar, com essa quantidade de ambição em um gênero que já tende a não ter muito espaço para desenvolvimento, The Diofield Chronicle se propõe a difícil tarefa de equilibrar todos esses pratos, além dos diversos sistemas de gameplay oferecidos.
Isso leva The Diofield Chronicle a tomar algumas decisões interessantes, principalmente no que tange a jogabilidade, que é onde a experiência mais brilha já adianto, mas também afeta o ritmo da história. Sem mais demora, venham descobrir o quão bem eles se saíram nessa difícil tarefa de implementar essas ideias.
Combate e satisfação

Como eu disse anteriormente, o combate de The Diofield Chronicle é realmente o ponto mais alto dessa aventura, então vamos começar por ele. Com um balanço bem interessante entre ação e estratégia, o combate do jogo tem a chance de alcançar novos públicos, sem deixar os jogadores mais clássicos na mão. Apostando em um ritmo mais dinâmico, batalhas menores e mais frequentes e missões com objetivos variados e bem traçados, as partidas The Diofield Chronicle levam aproximadamente 10 minutos.
O RTTB, sistema empregado, traz uma urgência de ações no ritmo de batalha, já que nele você precisa estar constantemente dando ordens para as tropas em pequenos momentos pausados. O que consegue casar bem a experiência mais essencial do tático com a sensação de ação mais típica de outras gêneros. Outro ponto chave que define a jogabilidade de The Diofield Chronicle é a utilização de sistemas mais clássicos de JRPG de turno e transmitir tão bem sua ideia para um estilo diferente.
O jogador deve, enquanto remaneja os 4 personagens, se preocupar com desviar de skills inimigas, limite de alcance de ataques ou skills, mana, cooldown de skills, e até uma carga usada para uma espécie de ultimate. Toda essa encarnação de sistemas de RPG, somado a estrutura dinâmica mas com pauses ao mesmo tempo, coloca a experiência de jogabilidade de The Diofield Chronicle em um lugar bem único e eu consegui me divertir muito com isso.
Poucas experiências conseguem, ao mesmo tempo, criar um combate com uma jogabilidade interessante e fazer com que ele seja um desafio estratégico a mesma altura. Tudo isso somado ao dinamismo do tempo onde um série de batalhas curtas, cada uma sendo um puzzle a ser solucionado, são constantemente oferecidos ao jogador.

No fim, eu sinto que The Diofield Chronicle no quesito combate, cria muito mais a sensação de “party” do que em outros JRPGs Táticos. Enquanto normalmente o jogador tem a sensação de controlar um pequeno exército que se complementa no macro, aqui o jogador com poucos personagens precisa fazer com que a integração e sinergia entre eles funcione o que cria mais forte essa sensação de funções definidas e igualmente importantes para cada personagem e classe.
A história de The Diofield Chronicle
The Diofield Chronicle tem uma história muito evocativa e toma um rumo que a essa altura já está bem consolidado também no mercado de jogos, a de disputas políticas. E embora tenhamos visto esse conceito em diversas obras recentes, como TRIANGLE STRATEGY que é da própria Square Enix, aqui sinto que ele não funciona tão bem.
O jogo parece ter a ambição de criar mais ideias do que ele realmente pode trabalhar, me deixando com relativa frequência com dificuldade de se conectar. Por diversas vezes eu me deparei com longas cenas expositivas ou de narração que estavam carregados de informações de mundo que no primeiro momento nem sempre me foram úteis de imediato. Isso embora com objetivo de me imergir no mundo rico, criou uma espécie de distanciamento. Mas por outro lado o que resgata essa conexão são os personagens incríveis da aventura.

Os personagens são carismáticos mas ao mesmo tempo bastante relacionáveis. Todos com um background bem trabalhado mas que mesmo antes disso já podiam conquistar o público com seu carisma. Além disso, por mais que isso seja clichê, é sempre muito bom enxergar personagens femininos com respeito.
Waltaquin, a principal maga do grupo, poderia ficar em uma posição bem passiva durante o desenrolar da aventura, pois isso seria esperado do papel que ela desempenha, mas aqui fazem dela uma guerreira forte, obstinada, com vontades próprias e bastante força, apesar da leveza típica dessas personagens. O problema é que, esses momentos focados nos personagens se destacam mais ainda dos diálogos expositivos maçantes da história.
E esse sempre volta para ser o problema em questões de Lore de The Diofield Chronicle, embora ela sempre tente abraçar muitas nuances políticas, situações e tipos de conflito, ela acaba flertando com todas essas ideias sem se aprofundar ou se comprometer tanto.
De encher os olhos

Com uma direção de arte um pouco mais fria mas sem abandonar o estilo anime, The Diofield Chronicle traz uma combinação bem única nesse sentido. Esse sentimento desolador, de uma terra fadada a diversas guerras e conflitos, não é algo fácil de criar, ainda mais sem perder o charme, mas o jogo consegue.
A trilha sonora por sua vez agrega um tom mais épico a toda a sucessão da história e me agradou bastante com a sensibilidade artística. O design de personagem de Taiki —artista de Lord of Vermilion III e IV— também não fica atrás, conseguindo ao mesmo tempo transmitir a ideia clássica de seus estereótipos sem deixar de ser interessante e até mesmo refrescante.
Durante o combate, o jogador ainda pode fazer um summon, sendo essa a skill ultimate do jogo. Essas summons no entanto, possuem uma breve cena de invocações que é extremamente bem feita e da bastante gosto de ver um jogo visualmente tão legal no Nintendo Switch.
Embarque nessa aventura
The Diofield Chronicle pode oferecer um combate denso, dinâmico e único, evocar ideias de discussões políticas e ter uma mitologia e construção rica, mas é exatamente isso que ele tem para oferecer. Caso alguma dessas coisas tenha te chamado atenção, considero que ele possa ser uma excelente experiência para você, caso esses itens não te convençam, não acho que sobra muito para tirar do jogo.
Os personagens carismáticos com uma boa dublagem também contribuem bastante para que aja um nível maior de identificação. Mas ainda assim, não acho The Diofield Chronicle seja particularmente profundo ou difícil de entender ele só se torna maçante em alguns momentos, principalmente caso não seja tão fácil se afeiçoar ao mundo para você como foi para mim.
Por fim aos veteranos de SRPG, ou aos curiosos de primeira viagem, eu recomendo The Diofield Chronicle, embora ele por vezes pareça que poderia ter sido mais, não tem nenhum demérito notável de fato.
Prós
- Combate divertido e instigante;
- Passo dinâmico;
- Bom ponto de partida para novatos no gênero;
- Músicas e visuais combinam com a atmosfera do jogo.
Contras:
- O jogo pode ficar maçante em alguns pontos;
- Os temas da história não são tão bem aprofundados quanto poderiam;
- O combate pode ser difícil de se adaptar para alguns jogadores.